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domingo, 4 de dezembro de 2016

túneis

Sim, que haja luz no final desse...
Mas queria falar do túnel Santa Bárbara. Creio que nunca o fiz aqui e se o fiz, pois faço de novo e pronto.
As pistas de ida e vinda, como se sabe, são separadas no túnel por uma parede, erguida na década de 1980 para diminuir a poluição e diminuiu mesmo. Antes, muitos lembram, os vapores e metais pesados ficavam presos lá dentro e eram inalados.
Sim, continuou-se a sujar o ar, apenas não se aspirou tanto material tóxico ao entrar ali (motorista de ônibus então agradece mais ainda).
E no começo da obra os operários que usavam um espaço normalmente fechado para trocar de roupa e guardar ferramentas encontraram um imenso e lindo painel de Djanira em homenagem à santa. E não menos aos operários que haviam se acidentado durante a construção. Mosaicos creio.
Começou então uma luta de várias Associações de moradores, Laranjeiras, Catumbi e Santa Teresa, todas declarando terem mais direito. No final das contas se fez a coisa pior de todas, se desmontou , CRIMINALMENTE, o painel e se levou pra algum lugar (certamente mais um galpão) da Prefeitura.
Gostaria de saber que foi reinstalado no túnel, oculto, para a santa e os operários. Exatamente como a artista desejara. Ela bem sabia que expô-lo à fumaça não era boa idéia e atiçaria as cobiças dos que passariam.
Como nunca mais ouvi falar do painel, desconfio que se estraga no depósito onde o deixaram. Ou foi dali levado por alguém que gosta de arte e achou que fazia um favor ao ficar com ele.
Adoraríamos saber que voltou ao seu lugar original, já que não foi feito para ser exposto. Fazia parte da homenagem e removê-lo foi um estupro.
Mas, se não voltou, que a santa ajude em seu dia e sempre para que seja reinstalado.
Salve Iansã, salve Santa Bárbara, e salve o Riode Janeiro. De todos os lados do túnel.
Epa Hei Oyá.

domingo, 27 de novembro de 2016

.. e as outras palavras!

O neném gostou do desenho de um peixe rosa e amarelo e a mãe baixou  da rede. Muito bem, uma hora pediu pra ver.

Era um vídeo infantil sim, mas evangélico. Juro que não é implicância com o prefeito eleito (que apoiou o que sai e que agora sai de vez, pra Miami parece. Prefeito de uma cidade e o seu sonho era morar fora dela... meu Deus).
Voltando ao vídeo, foi oportuna coincidência, oportuna porque agora sei exatamente com quem vamos lidar.
Primeiro e por muitos minutos e cenas, a afirmação seguinte, 
- Quem não lê a Bíblia não cresce/ Tem que ler a Bíblia pra poder crescer. 
As imagens não variavam, crianças e Bíblias abertas. Depois vieram os bichinhos que justificavam o desenho do peixe, em número de três. -Se eu fosse um elefante, com a minha tromba eu louvaria o Senhor. Se eu fosse um urso polar, com todo o meu pelo eu louvaria o Senhor. Se eu fosse um peixinho no fundo do mar, eu louvaria o Senhor.
Não havia acabado. As crianças voltaram, vestidas de soldados, não de soldadinho de chumbo mas uniformes verde-oliva com capacetes brilhosos. Declaravam que eram o exército da Bíblia.
Comentei com a irmã do neném que se eu achasse que ler a Bíblia fosse ruim em si, não a lia volta e meia na minha casa, nem menos dava uma edição infantil ilustrada para ela. Mas que jamais me passaria pela cabeça proferir ameaças do tipo "ou lê ou não cresce" e pra mim estava de bom tamanho. Ela assentiu gravemente e como o neném não permitia que se desligasse, saí da sala.
Logo apareceu a menina, indignada. Tinha atingido ela também o seu limite, que era declararem as crianças que eles eram Os Cristãos. Como a mãe é católica praticante e o primo acaba de fazer comunhão, se sentiu atingida.
E agora sabe exatamente ela também com quem lida, sem ninguém ter precisado fazer a cabeça. 
Pois é, há palavras de boa vontade; mas como disse antes, há as outras.




terça-feira, 15 de novembro de 2016

as palavras de boa vontade...

Um mimo pra gente, diziam todos. Esse ano estava imperdível o Festival Mimo que é internacional e itinerante, mas cai como uma luva em português. Fortuna, Totó la Momposina, Antônio Nóbrega, ganenses e cabo-verdianos, e muitos excelentes brasileiros.
Confesso que foquei nos três primeiros (com o recital do cabo-verdiano de lambuja, na Praça Paris) e só posso louvar a cabeça aberta dos padres de Nossa Senhora da Glória do Outeiro por oferecerem o espaço sagrado à Fortuna com os seus cantos tradicionais de Sefarad. Ela retribuiu entoando dois cantos gregorianos que no disco são levados pelo coro do Mosteiro de São Bento e emendando com Salaam e Om Shanti além de Shalom, para o mundo todo.
Eu já sabia da boa vontade desses padres pois no tempo em que o Movimento Inter-religioso organizava a sua "Aldeia Sagrada" (pode até ser que ainda organize, eu deixei o MIR faz tempo) a igrejinha linda e tombada oferecia o seu espaço externo para as diferentes barracas e correntes religiosas.
Não sei é se os padres sabem que Nossa Senhora da Glória do Outeiro também, e ainda mais inusitadamente, protege o cinema do Museu da República. Acontece até de ser aplaudida quando aparecem os dizeres antes da sessão...
Como é feriado (e comemoração do nascimento OFICIAL da Umbanda; como muitos, acredito que começou a nascer muito antes, de raízes indígenas, católicas e africanas principalmente cambindas) hoje fico só nas palavras de boa vontade. Mas terei de falar de outras pois assisti por engano alheio a um vídeo estarrecedor....
Om Shanti pra vocês também; Saravá, Axé, Shalom, Salaam, Erehé, Hidjedjé e Tz Bei!



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

quatro anos no mínimo

Duas eleições preocuparam o eleitor carioca, a municipal e a norte-americana já que poder econômico é algo que tem o potencial de afetar a quase tudo. Afirmaram especialistas de lá e "Brazil Watchers" que na verdade América latina interessa bem pouco e que um candidato ou a outra não fariam grande diferença; a diferença estará na política interna e sim, na externa mas não em relação a nós.
Bem, teremos quatro anos para descobrir se é verdade.
No mínimo.
E meus pêsames ao mundo.
Já no Rio, temos que desejar que o eleito acerte mais do que erre; que não incorra em despesas faraônicas, como já declarou não querer incorrer. Que respeite a lei e as suas próprias declarações.
O ainda prefeito cuja primeira ação após a derrota do "seu" candidato foi sair voando pra alguma cidade dos EUA, não lembro qual, onde já estava a família, declara com razão aliás querer ser prefeito até o último dia. Dizque o cafezinho chegar quente é sinal de poder, e que quente chega. Melhor pra ele.
E como prova do que diz já mandou cortar uma imensa figueira nas Laranjeiras, perto de onde mandara cortar um ipê: até o final conviveremos com a sua alergia a árvores, a sua incontinência verbal, o seu cavaquinho e o seu riso escancarado. Bem, ele deixou uma cidade assim, com igrejas tombadas ruindo, hospitais quebrados (em ambos sentidos) escolas que nem te conto, dívida de 80 milhões (talvez uma parte já paga?) com os fornecedores dos Jogos e faltando os ônibus que mandou sumir, e ri tanto: imagino que pela proximidade do aeroporto.

Agora o pior será ter saudades do seu estilo, o que parece hoje difícil mas tudo é relativo. Veremos...
Mas correndo o risco de me repetir já que este blog comentou fartamente a coisa em 2013, entre os famigerados black blocs daquele ano que tanta destruição causaram, havia alas religiosamente intolerantes, digamo-lo assim, e que deixando a calçada do Palácio Guanabara pela Pinheiro Machado arrebentaram a fachada de um bazar de caridade porque era gerido por casa de Umbanda.
Fica o recado pros que votaram naquele senhor dizque contra os blocs cor de formiga; até o cardeal, assim nos dizem.
Meus pêsames a todos nós.







segunda-feira, 17 de outubro de 2016

surpresas

Eleição mais esquisita. Aquele senhor tão erudito e amigo do samba e das árvores apoiando o "bispo", onde já se viu? Nunca fui ao casarão no Catete e agora é que não irei mesmo. Não gostar do outro candidato é sagrado direito dele; o apoio é que surpreende.
O nosso futuro ex-prefeito apoiando na foto o outro Marcelo, que me dizem deu aula de História a presidiários; ia votar no moço até sem esse pormenor; mas talvez não seja pormenor.
Quanto ao ainda prefeito, esse foi mais um acerto então, além da demolição da Perimetral e dos Museus que criou (mas tanta construção tombada e tanta instituição pede socorro que melhor não entrar o mérito da tempestividade..) Pena foram os erros...

Outras boas surpresas foram aportar por aqui para algumas palestras o sociólogo angolano Rafael Marques, fora da masmorra e que seu bordejo por estas plagas não o devolva e elas; e criar-se no Largo da Lapa um pomar misto com aroeiras e couves e tal, cuidado pelo Circo.
Há meses haviam arrancado as lindas lajes de granito (e pra onde foram?) deixando poeira amarela em seu lugar. Agora entendemos o porquê. Maravilhosa iniciativa que inclusive refrescará no calor; só precisamos é ficar sabendo o paradeiro daquele granito todo.
Poucos sabem da existência de outro pomar, mais antigo, na encosta do Dona Marta lado de Laranjeiras. Moradores do asfalto fizeram um mais modesto não longe dali. Pomares quanto mais, melhor! Que as folhas e frutos possam unir a cidade partida para além das crenças políticas e religiosas.
E que vivamos para gozar boas surpresas...



terça-feira, 11 de outubro de 2016

sonhando

Guerra em Copacabana, UPPs atacadas.. PMs mortos isso a gente vê um por dia (e infelizmente nem é exagero) no Grande Rio inteiro. Santa Teresa vive guerra de facções com direito a tiroteio há umas semanas já. Mas atacar UPP é meio demais.
Teremos no Rio capital segundo turno para Prefeito e qualquer que seja o eleito espero que cuide das árvores e dos ônibus com mais carinho do que o futuro ex-prefeito. Que não derrube aqui dizendo que vai plantar onde ninguém fiscalizará, que restitua os ônibus noturnos (era pra caber numa estatística). Que cesse essa aritmética alucinada e torta com que convivemos há anos demais.
Mas quanto à segurança, o Marcelo eleito fará bem de lembrar das vinculações da bandidagem. Num caso, os elos existentes em diversos bairros como a Ilha, e outros, entre tráfico local e igreja evangélica. Não deveria existir, mas intimidação armada a casas afro-brasileiras existe, e há anos. Pastores que se prestam a benzer armas e compactuar com isso deveriam levar puxão de orelhas do superior, mas esse vê que fechou um terreiro e acaba fechando os olhos pro resto. Então o Marcelo ligado a essas igrejas precisa querer pôr um fim nisso.
Sonhar é bom...
Já o outro Marcelo faria bem de lembrar que bailes funk, sejam ou não expressão da cultura popular, são viveiros de homens armados vendendo o que não devem, e ele que tanto os defendeu , se fosse eleito não poderia fechar os olhos para a realidade mais do que seu oponente o ex-bispo. Baile sim pra quem gosta, mas sem proibidão, sem incitação à violência e sem tráfico.
Sonhar realmente é bom.
E que sobrevivamos...

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

centro e periferia

Na periferia já tão sofrida do Rio, as milícias exigem que o candidatos que se dispuserem a panfletar na área delas paguem. Há um candidato  no qual vou por sinal votar, que anos atrás foi ameaçado de morte por denunciá-las.
Não se trata de "chamar o ladrão". Mas exigir segurança. O "ladrão" também não é flor que se cheire e é exatamente alimentado  pelas cheirações dos que querem dar as suas narigadas, e também chamar a polícia se forem assaltados.
Quando esses dias numa operação policial morreu um traficante procuradíssimo, o comércio foi obrigado a fechar, num bairro do qual se vai a pé para o centro da cidade (eu justamente ia) e no centro do qual se destaca a Delegacia de polícia. Disse um bairro? Três, Catete, Glória e Lapa. Nada periféricos!
Repetindo a dose dia seguinte para o enterro. O recado é claro, mataram aquele mas há outro em seu lugar fazendo a lei.
Por um Rio sem milicia, sem traficantes, sem tanques senão os das áreas de serviço, em que a paz possa imperar.
Assim peço na pedreira!!!
Cauô Cabiecile!


terça-feira, 27 de setembro de 2016

hoje tem alegria!

Doce, Beijada!
Que possam trazer luz e proteção para as crianças da terra, consciência ambiental e ética!
Doce Beijada!
Doce Beijada!
Doce Beijada!
Doce Beijada!
Doce Beijada!
Doce Beijada!
Doce Beijada!

e nos valha dia 30 Xangô em São Jerônimo....Salve a pedreira!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

nomes imagens e metonímias

Os "17 de Angola" foram libertados pela segunda vez (a primeira foi indulto de Natal que pouco durou) e a Anistia pede assinaturas para que fiquem livres da condicional. E podem até ficar;  porém qualquer espirro mais contestatário levará de volta o seu autor para a masmorra do Primeiro Camarada. A vantagem da petição é que arquivando-se o processo por fim, um espirrador detido não arrastaria os demais 16. Mas amordaçados estão, e essa era a intenção.
Um dos 17 tem por nome Hitler + sobrenome quimbundo e prefere que o chamem de Hitler + outro sobrenome quimbundo, provavelmente mais expressivo mas que sugere que em Angola o ensino de História está abaixo da crítica.
O que não será surpresa alguma, História é a primeira matéria a entrar na mira das ditaduras. A segunda é língua pátria ou línguas minoritárias. No Brasil uma das vítimas foi a crase, que pode ser definida em cinco palavras. Contrataram eminente gramático para teorizar em cinco páginas e o resultado foi que a quase totalidade de quem aprendeu depois do golpe não sabe crasear.
Voltando ao jovem angolano, o caso lembra a velha piada de Benedito Bosta que preferia ser Frederico Bosta, porque achava mais bonitinho; ou o mui verídico processo movido por imigrante libanês a fim de traduzir o seu sobrenome. Era Um Dois Três Buzeitun Arbaa e passou a se assinar com orgulho Um Dois Três de Oliveira Quatro...
Nomes e imagens estão sempre passíveis de desagradar a outrem. Houve quem contestasse a imagem da árvore frondosa da presidente destituída e sugerisse outro corrosivo em vez de fungo. A imagem da árvore foi bem pensada, pena que a moça, como o partido que representa, nunca tenha antes disso se preocupado dois minutos sequer com preservação do meio-ambiente. A votação da semana passada foi no modelo perde-perde: ninguém tinha como sair ganhando.
É como fulminou numa rede social  da vida um gaiato meio a sério:
- Sai todo mundo, volta D. Pedro II!

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

o que será ?

O que será da mãe do garoto de 16 anos que conseguiu refugiar-se aqui fugindo da guerra, com ferimento de bala no ombro? Candidamente ele declara que preferia a Espanha, mas não deu. Claro que preferia, era muito mais perto da Somália, de onde chegou. A mãe já perdeu um, assassinado pelos extremistas porque não queria juntar-se às forças do E.I. e cria mais meia dúzia com o que lhe rende a venda de khat, alucinógeno vegetal suave tolerado em quase todo o continente mas que os extremistas querem proibir, como proíbem música, canto, dança e praticamente tudo que existe.
Que seja bem-vindo.
Preso na Nigéria ano retrasado numa derrota do E.I. por lá, um jovem chefe de brigada do Mali com cara de brasileiro se diz arrependido e aceita a pena do Tribunal Internacional que deverá alcançar nove anos no mínimo. O delito foi incentivar e ajudar o pelotão a destruir diversos mausoléus e até uma mesquita tombada em Timbuktu. Os mausoléus talvez fossem pré-muçulmanos, ou seja delituosamente pagãos; o que os terroristas tinham contra a mesquita não se disse.
Num continente pobre, um país pobre cuja única riqueza eram as até então bem conservadas ruínas da real cidade de Timbuktu; se o arrependimento for sincero, que possa um dia ajudar na reconstrução.
Enquanto isso, invisível no Brasil que só queria saber de Jogos, um extremista nascido na França decapitou em sua casa, que invadiu, uma jovem policial na frente de seu filho de três anos. A única coisa boa é que se matou ali mesmo.
O que será do filho dessa mãe? Que solução haverá para  ele?



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

que a terra se molhe

A mãe e o filho juntos no mesmo dia..
16 de agosto festa de Obaluaiê. Terça-feira, dia de Nanã. Duas vibrações Terra muito fortes. Nanã a terra molhada. Omolu já que gosta de sol a pino, não. Mas sabe que é necessário que a terra se molhe com água do céu.
E nos mitos essa mãe e esse filho não são amigos.
Mas encontraram-se nesse dia de agosto, e mitos são mitos. E choveu forte na véspera.
Que possa ser pelo entendimento nas famílias, entre pais e filhos e mais ainda, indicam os santos, mães e filhos. Que a chuva não nos abandone e molhe a terra, nutrindo.
E que o entendimento se possa estender à família extensa: amizade entre irmãos, inclusive irmãos geográficos como sérvios e croatas e kosovares, como árabes e israelenses, e por aí vai. Pois estes exemplos precisos andam demonstrando nos Jogos Olímpicos, que desportos serão muito bons para quem os deseja praticar porém por si só não fomentam paz alguma nem aplainam diferenças.
Se assim fosse não exacerbavam estas últimas instalando jacuzzis para algumas delegações (sogam meu olhar) nem ofereciam churrascos VIP para outras ainda. Será que alguém acredita mesmo que aquele desfile de bandeirinhas representa paz e igualdade?
Que a mãe-terra ensine humildade e respeito.
Ah toto.
Saluba!

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Há coisas que só poderiam acontecer aqui. Ou essa é a impressão que fica. A entrada de armas ilegais periga ficar mais fácil, e não mais difícil, com a morte de determinado traficante, porque quem pegou o gajo foi um grupo rival e como "prêmio" autorizou um terceiro grupo a agilizar o percurso Paraguai -Rio sem etapas. O pistoleiro está preso e esperam que possa ajudar a polícia.
Outra anomalia, e essa creio que por algum triste motivo seja mesmo estréia mundial, são as tentativas de estupro de camareiras por parte de atletas de fora. Foram duas, como se uma não fosse já muito; e serão decerto as únicas, quando mais não seja porque os faltosos foram presos em flagrante e expulsos da competição.
E isso que os países desses infelizes não são nenhum Emirado ou afim. O Marrocos é sim muçulmano mas de longe não é o lugar onde mais se reprimem mulheres; e que dizer da Namíbia. Basta ver a linda foto da delegação no desfile (com o candidato a estuprador carregando a tocha). Mas são sim países onde a mulher é em muitos casos subordinada ao homem. Mas por que razão esses anormais foram escolher o Rio? Justamente porque são uns anormais e não estavam na Olimpíada anterior. Bom motivo; será suficiente?
Será que o turismo sexual, os cartões postais agora proibidos que só mostravam bundas, as esculturas de areia de mau gosto, agora também repaginadas por força maior, influíram? Será - e não culpo a vítima, não foram elas quem vendiam os cartões nem esculpiam mulher nua pra ganhar dinheiro (de quem? dos turistas!)- será que vendemos por demais e inclusive lá fora, a imagem do corpo em detrimento da mente?
Quando vemos o culto da maromba e das academias onde só se malha a parte externa podemos talvez associar uma coisa à outra.
E não me digam que o esporte enobrece tudo; aí estão esses dois cretinos em prova do contrário. Que sobrevivamos!
E viva o barulhinho de muitos dedos batendo na palma da mão e imitando chuva: essa é a criatividade que queremos. Que possa chamar a tão necessária água do céu!

sexta-feira, 29 de julho de 2016

lixo e luxo

Se o Brasil e a cidade saírem com o nome mais ou menos limpo desses Jogos já será bom. Antes de sequer iniciarem, já denegrimos o nome da cidade na Oceania, com a palhaçada dos alojamentos da delegação australiana (nossa, e que prédios mais horrendos, mesmo para os padrões da Barra!) para logo em seguida dois PMs do Grande Rio executarem seqüestro-relâmpago achacando o atleta neozelandês. Que obviamente foi à polícia ao ser solto e a dupla dinâmica está presa. Ah, e  tudo por 2 mil reais! Como foi que passaram no psicotécnico? ou será que não aplicam psicotécnico?
Mas não poucos cariocas se sentem revoltados; não foi mero vandalismo a pichação do VLT clamando que  "jogos=luxo e cidade=lixo". Médicos do Hospital do Fundão relataram há uns meses a indignação de pacientes e funcionários com os dois campos olímpicos, um de rugby e o outro de hóquei no gelo creio lembrar, sob as janelas de um hospital onde falta até iodo. "Ainda por cima", diziam, "dois esportes que no Brasil nem são praticados". E que fossem...
Sim, são agendas separadas, caixinhas separadas; ainda assim.
Inauguraram estação de trem de luxo, todo moderna com  inclusive facilidades para cadeirantes; Marechal Hermes creio; aplausos, maravilha, ocorre que sem os Jogos os cadeirantes da área iam continuar a padecer como os das demais estações. Para não dizer nada daquelas onde a polícia tem medo dos traficantes e imperam cracolândias nas imediações dos trilhos.
Não somos contra tudo o que o Prefeito faz; a renovação do centro, sem a famigerada Perimetral herança da ditadura e que tomara o lugar do antigo Mercado art nouveau, o Museu do Amanhã e o MAR, até o VLT para quem ele puder ser útil, tudo isso é legado de importância. Não somos contra a PM de forma geral; apenas de seus abusos e de seus abusos ridículos, como o relatado.
Mas pelo amor de Deus mantenhamos o sentido do equilíbrio, e tenhamos um pouco de bom senso! Os atletas vão embora, da Oceania e do resto do mundo; os cariocas ficam...


quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Espírito Santo não será o Estado mais dinâmico da União mas de lá vieram por exemplo o grande Rubem Braga (sim, sim, eu sei, e o outro Braga, o RC). E lá existe um museu ou fundação de arte negra correndo o risco de fechar por falta de verba. Muitos escravos bantos foram levados para lá, o ES integra a "área do jongo" com os estados de SP, RJ, MG. Longa vida á casa; seja mantido o acervo, as coleções cuidadas. Visitadas! Valorizadas!

Não vejo muita graça na FLIP, onde me parece que vão acima de tudo pessoas que não têm muito desenvolvido o hábito de ler. Pelo menos as que conheço que vão, ou que foram... Falar de livros é coisa mais pra crítico e prefiro descobri-los, e relê-los. Mas noto que reclamaram muito do baixo número de autores negros.
Creio que qualquer que seja a categoria, adolescente, mulher, homo-afetivo, negro, índio, japonês, oriundo da Itália, ferreiro ou dentista, deve representar onde quer que seja se houver obras de qualidade na área em questão; mas não vejo por que negros só poderiam escrever sobre cultura africana ou afro-descendente ou sobre candomblé; ou só negros sobre nada disso. Tolhe e limita a criatividade, acima de tudo produz clivagem em vez de integração. Essa temática foi insistentemente lembrada na ocasião da Flip. Deixem as pessoas escreverem sobre o que quiserem; e pessoas, pelo amor de Deus, de todos os tons de pele, de todas religiões ou ausência de, diversifiquem-se! Que negros redijam tratados sobre budismo, ou cravo na corte austríaca; que sanseis nos falem de capoeira e de Charles Dickens. Que não seja cobrado a umbandistas escrever romance sobre a Umbanda.

Esses dias um humorista  revindicava medalha por ser o "único Casseta acima dos 50 anos negro capaz de nadar de um Forte a outro"; perfeito o humor.
Mas o que não dá nem um pouco vontade de rir é ver a KKK vender as suas vestes sinistras pela rede virtual e abertamente organizar encontros em diversos pontos do território norte-americano com cruz ardente e tudo. Alguém fez notar que não estão enforcando ninguém, que foram mais agressivos no passado. Gente, estão botando as manguinhas de fora. Só isso. Se elegerem por lá esse alemão ignorante e queixudo... valha-nos Deus.


sexta-feira, 1 de julho de 2016

menos mal que algumas crianças...

Num mês de tanta notícia ruim atitudes de algumas crianças alentam os corações. Bem, a adolescente que na undécima hora conseguiu embarcar pra prova internacional na Dinamarca já não é criança. Mas criança, estudou sempre em escola pública e aprendeu vários idiomas; a alucinante burocracia nacional quase a priva da oportunidade de viajar. Viajou porém, e ganhar é o de menos. A sua presença na prova já é coroa de louros.
A burocracia não é o pior de nossos males. Violência contra a mulher é tão comum que no ônibus uma moça desceu diante da delegacia gritando que ia prestar queixa contra o companheiro, que saltou também, enquanto outra passageira comentava - Ele disse que ia BATER, não MATAR. Falou "eu te bato" e não "eu te mato"!- Outras concordavam com a cabeça. Acharão normal, decerto, quando vítimas forem elas.
Um garoto de onze anos não achou normal. E denunciou por rede social o pai que há três anos bate na mãe; quem viu as fotos constatou que exagero não havia.
Coragem e determinação do menino. Agora, que faltam na cidade - no país todo- recursos para abrigar essas mulheres, isso falta. Se ela já havia denunciado outras vezes o marido, o que fazia na casa dele? como pode ser que ele ainda circulasse solto?
Falta tudo na cidade, menos dinheiro para os brinquedos prediletos dos prefeitos, sejam competições esportivas ou obeliscos inúteis com passarelas desmontáveis que depois vão pra sucata. Abrigo para mulher vítima de violência, julgando pela reação daquelas passageiras, não vai ser tão cedo prioridade.
Menos mal que algumas crianças não se acomodam.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

tardou agora não falhe

Na semana de Xangô nem tudo é luto.
Por exemplo, até que enfim o nobre deputado Bolsonaro, carinha de boneco Ken e tudo, vai ser julgado por incitação ao crime e injúria.
Trata-se da agressão verbal de finais de 2014 contra deputada do PT, que segundo ele "não merecia ser estuprada por ele" , por não estar à altura dos lindos olhos azuis. A pena se condenado será pequena, é o previsto por lei, mas o STF ter acatado a denúncia já é bom caminho.
Tardou a justiça, agora que não falhe!
E falando em estupros outro tribunal, o Tribunal Penal Internacional, condenou num processo onde a juíza por sinal era brasileira o ex-presidente e senhor de guerra Bemba, do Congo, por usar estupro e violência sexual- além de muita execução, a moeda corrente de todo ditador- como arma sistemática contra os civis da República Centro-Africana há mais de dez anos, tempo demais para quem não é de por ali lembrar com nitidez de notícias com destaque relativamente pequeno.
Pois é, mas o TPI não deixou cair no esquecimento, e Bemba foi condenado. As três penas de 18 anos são concomitantes, e ainda descontaram os 8 anos já preso na Bélgica. Mas o importante foi a punição; Augusto Boal lembrou certo dia que democracia não é torturar o torturador.
Que o Senhor da Pedreira nos possa sempre valer quando a razão estiver do nosso lado, deste e do outro lado do Atlântico e onde mais estivermos.
Cauô Cabiecile!


terça-feira, 21 de junho de 2016

mais luto

Vir me falar de pira olímpica é piração total. Não desfaço de quem aprecia mas estou enlutada.
Pelo PM budista, no enterro de quem até baleiro da avenida Brasil apareceu; por São Sebastião do Rio de Janeiro (tira as flechas do peito do meu padroeiro!) em que bandos de traficantes invadem hospital pra resgatar sem-vergonha, e estranho foi não morrer mais gente. Se o PM não tivesse separado briga na mão e levado garrafada na cabeça, não estaria ao hospital e possivelmente estaria ainda ajudando a todos.
Certamente foi acolhido onde quer que os budistas de mérito vão depois da passagem. O que parco consolo traz à família.
E o luto é maior ainda pelo Acerola. Acerola era um dos poucos botos da nossa Baía de Guanabara, e creio também o mais novo. polícia e ambientalistas diziam que quem matou o mamífero a facadas não podia ser pescador porque pescador protege a fauna. Bom, nem todos, mas pescador não costuma de fato matar boto. Mas maluco alucinado e assassino pode aparecer em qualquer camada social, qualquer profissão.
Ontem o Acerola, amanhã o cachorro do cego, ou o próprio cego.
O coração chega a doer e a vergonha de compartilhar o mesmo planeta é grande.
Ah sim, e no Brasil morre um ambientalista por semana, que tal? encabeçamos a lista. Vão pra pira que os ardeu com os seus Jogos...
Que Xangô na sua pedreira saiba vingar.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

sons do amanhecer

Pois é, o som do amanhecer foi só o bem-te-vi, tão querido. Cadê os fogos de Santo Antônio?
Todo ano ecoam no morro por quase meia hora, como na alvorada de São Jorge; às vezes outros santos também, principalmente Xangô ainda em junho.
Na verdade espoucaram no anoitecer de sexta, por pouco tempo; imaginei que haviam começado cedo, sem dúvida nas outras noites se fariam ouvir. Esqueci, pelo inusitado, e despertei pontualmente na segunda-feira 13 às seis horas, na manhã gelada e escuríssima de junho e aguardei. Levantei com o passarinho, mas sem os fogos.
O fogueteiro soltou na sexta porque ia ter de se ausentar? do São Jorge para cá se converteu ao evangelismo e sabendo disso outra pessoa disparou os fogos de sexta? ou pior, o silêncio teve a ver com os seis tiros nítidos que se fizeram ouvir - não perguntem de que tipo de arma- tarde na noite de domingo? Não era tiroteio, só seis tiros todos iguais, em volume e direção. Seguido pelo silêncio.
E mais silêncio de manhã.
Vão longe, mais de dez anos sem deixar saudades, os tempos de guerra nesse morro, nesse vale. Não se pode dizer o mesmo da cidade inteira, e balas ceifam vidas inocentes o ano todo. Foguete não é tiro; como trilha sonora vale bem mais.

E falando em trilha sonora, da TVE não posso dizer nada pois nem televisão tenho mais; porém deixe este governo provisório as rádios públicas em paz. Vivam Nacional, MEC e Roquette Pinto; que Santo Antônio dê proteção.
Mojubá, laroiê Exu.

sábado, 4 de junho de 2016

"clube da limpeza e ação"

Uma garotinha de sete anos fundou um clube cuja finalidade é tirar lixo reciclável de onde não deveria estar, jardins, gramados, beiras de matas.
Tornei-me membro honorário assim que vim a tomar conhecimento, explicando que membros honorários não precisam comparecer aos encontros (de patinete, skate ou bicicleta!) mas apoiam a causa à qual muitas vezes já eram simpáticos. Ou na qual já eram ativos...
Que quatro ou cinco pirralhos efetivamente se desloquem, se encontrem e saiam a bordo das patinetes para recolher lixo na selva urbana é um tanto utópico; que o convite honra a fundadora e pode ajudar o despertar em muitas outras cabeças -de crianças e até de pais- é inegável.
Num momento em que a selvageria latente nos deixa á mercê dos "donos da boca", os quais um dia avisam que "vão apagar" aos 33, dia seguinte organizam passeata obrigatória com cartazes clamando que foi sexo consensual; em que ouvimos em toda parte julgamentos sobre a vítima do estupro coletivo do gênero "tinha de apagar todos, eles e ela, não vale mais que eles", como se certificado de bons antecedentes agora fosse necessário para não ser linchado ao pôr o pé fora de casa; iniciativas civilizadas como a do Limpeza e Ação trazem algum consolo.
A nossa soberba de adultos sempre lucra ao aprender com animais, plantas e crianças, e esse é apenas mais um exemplo.
Santo Antônio dê bom caminho!

sexta-feira, 27 de maio de 2016

trinta e três

Não é só a idade do Cristo. 33 bandidos estupraram uma adolescente, freqüentadora de baile funk. Seriam bandidos por esse ato apenas, e já eram bandidos antes.
O ato digno dos piores momentos do subcontinente indiano, onde a violência contra a mulher atinge tais cumes que vingança comum é estuprarem, todos os homens de um clã, alguma mulher de outro, chama a atenção para a violência nos morros e bailes, cometida por bandidos, e que no asfalto se procura esquecer. Quem vai adquirir alucinógeno na mão do bandidozinho pé de chinelo, alegando (com bastante razão inclusive) que aquele não passa do último elo de um crime muito maior, esse então quer mesmo é esquecer.
Como os facínoras se filmaram, num cúmulo de alucinação, pode ser que a polícia encontre logo todos.
Bandos de homens violentos comentem violência ao quadrado. No morro. Na saída das boates caras e dos bailes populares. Na Índia, no Paquistão, no Brasil e em qualquer bairro onde estejam; os anormais que destruíram e atiraram no chão um dos leões do Parque Guinle parecem não ter sido os craqueiros que volta e meia estão debaixo do viaduto, pondo a segurança de todos em risco, como infelizmente permite a lei. Eram, isso sim, garotões voltando de madrugada para seus apartamentos de classe média alta.
E ao contrário dos 33 bandidos, estes delinqüentes ao serem localizados terão papai e mamãe pagando advogado pra provar que a culpa foi do amiguinho fortão. Da próxima vez pode ser que em vez de arte destruam uma vida. Mendigo. Mulher. Índio aculturado. Tudo isso já aconteceu, e em repetidas ocasiões. Ah, sim, se presos, a maioria terá curso superior? cadeia com privilégios? Dá nojo de pertencer à mesma espécie.
O grão de esperança foi ver, na mesma noite de sábado em que os marombados de classe alta arrebentavam patrimônio desta sofrida cidade, diversas crianças em aniversário de adultos, todas na faixa dos dez-onze e super permeáveis pela idade aos joguinhos eletrônicos e redes sociais, brincando horas a fio de Batatinha-Frita-um-dois-três e de pique-esconde. Nunca tinham se visto e podiam ter se ignorado. Interagiram, socializaram, foram crianças e foram gente. De gente, meu Deus, a cidade e o país precisam em todos os escalões.






sexta-feira, 20 de maio de 2016

as ligações perigosas

A confusão rege o Brasil e o país se polariza, o que é pena: tem-se de abominar ou idolatrar o ex-presidente, não se pode criticá-lo e achar uma ou duas medidas boas, as pessoas querem silenciar os aspectos que vão de encontro ao modo de pensar de cada um; e não é assim que se chega a nenhuma forma de objetividade.
Enquanto imperam palavras de ordem simplistas e conchavos pouco recomendáveis, chega a notícia que no Malawi assassinam albinos. Albinos, gêmeos e gente ruiva tradicionalmente, mundo afora, ao nascer ou foram demonizados ou santificados; que em 2016 esteja acontecendo epidemia de mortes de albinos, seqüestrados e depois encontrados sem vida e mutilados, é inadmissível.
A Anistia começa uma campanha, por enquanto creio que ainda não a seção tupiniquim mas não é difícil achar na rede virtual onde manifestar-se para que essas mortes não passem em silêncio.
Já na Nigéria, onde o Boko Haram perdeu muito território mas não toda força, o exército libertou outra moça, das primeiras quase 300 que nunca haviam reaparecido, com exceção notável de 70 que fugiram com meses de cativeiro.
Com mais sorte do que muitas, a moça e seu filho encontraram a família à sua espera, quase toda ainda viva.
Para quem se confunde nas fotos, moça de véu colorido é muçulmana e já era antes do seqüestro, já que a área hauçá, no norte, onde ocorreram os raptos, tem forte proporção de muçulmanos. O Boko as cobriu de preto anos atrás para as fotos de divulgação, não sendo essa a opção das moças. E as sem véu não são muçulmanas.
Para além do drama pessoal das famílias, preocupa no Boko Haram as "ligações perigosas" que tem ou procurou ter com o E.I. - e talvez seja nesse quesito que esteja perdendo mais chão. Escreve o jornalista nigeriano Max Siollun no NY Times que o grupo poderia com o tempo tornar-se errante e atacar periodicamente, o que seria "um problema, mas não uma ameaça existencial para o país."
Que encontremos aqui o nosso fio condutor existencial também.

terça-feira, 10 de maio de 2016

dá licença pai antônio

Chegando o Treze de Maio e os Guias estão em reboliço. Que nos possam ajudar a limpar o massacre da vida e não menos a vida vegetal: dez árvores cortadas em Laranjeiras em área não aedificandi e a FPJ se recusando por ordem do Prefeito a receber a denúncia a não ser pelo infame telefone que bem sabemos.
Salve Umbanda, as festas pelo Treze de Maio aonde seja, nos terreiros umbandistas, homenagens de religiões irmãs e por que não? no Clube Renascença que organiza um evento!
Salve umbandistas e quimbandas; bom lembrar que o substantivo masculino quimbanda se aplica ao curador, como demonstrou entre outros Ney Lopes em seus trabalhos.
E como demonstra um ponto cantado de que reproduzo a letra:
"- Dá licença Pai Antônio,
eu não vim lhe visitar,
vim mostrar essa doença 
pro senhor poder curar.
-Se a doença for de Deus, Pai Antônio vai curar;
se a doença for feitiço Pai Antônio vai tirar.
Coitado de Pai Antônio feiticeiro rezador,
foi parar na Detenção por não ter um defensor.
Pai Antônio é quimbanda , é rezador
Pai Antônio é quimbanda , é rezador 
Pai Antônio é quimbanda , é rezador
Pai Antônio é quimbanda , é rezador ...

(dizem que o cavalo de Pai Antônio no tempo das perseguições oficiais foi mesmo incorporado para a Detenção;  "Se o meu cavalo vai eu vou junto! - e para desespero dos policiais lá ficou, montado no seu burro, até ser este solto no dia seguinte. )
Há quem se assuste e grafe ou cante "é quem manda"; porém rezador que tira mazela é chamado de quimbanda mesmo!
Salve o Treze de Maio, saravá Umbanda.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

" com a lei debaixo do braço"

Indignava-se o feirante e a expressão é dele.
Para o Dia das Mães vão deixar sair a famosa matricida; só seis dias que é o que a lei permite.
Mas a lei não faz o menor sentido. Ao elaborá-la os valorosos bacharéis e juízes não pensaram por um segundo, ou tiveram preguiça de pensar, que certas pessoas são matricidas, parricidas e outras matam os próprios filhos. Se esse fosse o caso da criatura, sairia também por seis dias?
Fazer o possível para amenizar, dentro e fora das grades, a vida dos filhos das presas que nasceram na penitenciária, já se tem tentado e ficam curtas as providências. Não faltará quem diga, -aplicar os recursos para os filhos de quem nunca cometeu delito era o correto- mas criança é criança e estas têm logo ao nascer uma carga mais pesada do que a maioria.
Premiar uma pessoa que inclusive já tentou receber a herança da sua vítima é absurdo; naquele caso a lei era clara e ela nada recebeu. Falta clareza agora em nome das vitimas, e se matricidas são raras, vítimas fatais de maus-tratos familiares nem sempre por parte do padrasto são infelizmente por demais comuns entre nós.
Está aí uma lei que em nome das mães e dos filhos pede emenda pois como a fizeram escarnece de todos nós.
Lei é assim, vemos todos os dias a vergonha dos que não cessam de querer dobrá-la e interpretá-la, em seu proveito, nos mais altos escalões.
E sem boas notícias nessa Terra Brasilis, bom Dia das Mães mesmo assim; sopros de paz nas famílias.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

gente não é peão de xadrez

...mas pelo mundo acham que é.
Na Síria, Assad acaba de matar o último dentista e o último pediatra de Alepo e estava focando alvos civis no bombardeio que os matou, a eles e a várias crianças e enfermeiros.
 Já aqui, estão tentando nos fazer crer que o governo que criou o Bolsa -família precisa ficar no poder para sempre ou o benefício acabará. Isso tem nome, sabia? Nome feio daqueles.
Nunca fui contra o Bolsa-família e inclusive o defendi e defenderei; mas não a essas custas. Sou sim contra não o princípio do Minha Casa mas a maneira com que é executado, nas coxas.
Era a oportunidade para o governo recém-eleito preocupar-se com meio-ambiente lá atrás, usar energia solar e sistema de água ecológico, botando por exemplo a água cinza para a descarga.
Como é que é? ah sem dúvida, entregaria menos unidades. E daí? estas vagabundas que entregou, já rachando, não chegam perto da meta também não... O caso é que o partido no poder JAMAIS teve consciência ecológica, acha que é coisa de burguês e um militante me disse isto textualmente. O militante além de antipático era burro, mas era sincero; insinceros são os militantes que chegaram ao poder e que usam a sinceridade do burrinho. E os seus estranhos aliados.
Por isso pergunto, com as moças que foram reclamar na Cinelândia: até quando? até quando vamos ver os nobres Cunha e Bolsonaro se entre-elogiando? como é possível que não esteja preso um, como é possível que não esteja cassado ainda o outro, após as declarações mais de um ano atrás, denunciadas aqui, sobre a honra que seria para determinada parlamentar ser estuprada por ele? Agora é que após os elogios ao mais notório torturador da ditadura é que parece que enfim vão abrir o processo com que acenaram um ano atrás.
Xô facínoras; e que qualquer que seja o governo, gente passe a ser respeitada, e não tratada como peão em tabuleiro.


sábado, 23 de abril de 2016

ogun


Salve ele sempre e nos dê caminho:


" Saravá Ogun, mandinga da gente continua
cadê o despacho pra acabar?
Santo guerreiro da floresta,
se você não vem eu mesma vou vingar."

Ogunhê!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

lacrimosa dies irae


Pedreiros raramente são associados a sensibilidades climáticas; pescadores sim, mas pedreiros... É luta para que ponham máscara. O calor abrasador e fora de época fez dois suspenderem o trabalho. primeiro o ajudante, rapazinho magro e forte, depois o principal, homão enorme. Eu os ouvia aqui do lado reclamarem do calooor, calooor, e ouvi-os avisarem que suspenderiam até vir algum ventinho. E assim foi feito; mas a parca brisa que permitiu a volta deles ao trabalho umas horas depois não vingou. Estamos na boca do inferno, avisos não faltaram e ainda há alienados que acham bom porque dá praia.
Serão cinco semanas sem chuva no Rio na quarta-feira; pior ainda é a temperatura absurda, que após as Águas de Março retrocedeu para padrões inusitados e insuportáveis.
Sigam desperdiçando água; conheci quem por preguiça de abrir e fechar torneira na sua cozinha abria o registro e aí lavava copo, enchia vasilha e tal, para só no fim parar a saída da água e não cansar os dedinhos. Sigam achando que o problema não é seu e que "tem muita água". Sigam dando as costas para o verde.
As Sibilas e as Cassandras estão com a goela seca de tanto prever; mas ninguém previa exatamente isto, mormente após um verão mais do que razoável. Que agora estamos pagando.
Sinto-me dentro do tradicional réquiem, solvet saeclum in favilla. Favilla sendo o nome dado ao borralho quente onde ardem brasas. Não se apagam estas com lágrimas.
Se todos não colaborarem poupando água e aprendendo a atrair chuva, dies irae, dies illa.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

cumprindo o papel

Na Nigéria o Exército fez bonito, expulsando o Boko Haram de muitos lugares, libertando muitas moças capturadas e reduzindo as áreas onde os famigerados implantavam práticas não africanas como apedrejamento; que tampouco é prática muçulmana "stricto sensu"; é um sinistro uso pre-islâmico, atestado no Velho Testamento e adotado com entusiasmo por muitos países islâmicos isso sim, como o Irã, que nem árabe é. Ali os aiatolás têm modernizado o processo de execuções, enforcando a torto e a direito; mulheres também. Aquelas fotos de gente tão simpática, com cara de intelectual, de compadre da gente, moças bonitas e tal, nas mãos de ativistas iranianos em Paris?... tudo gente que foi recentemente enforcada.
Voltando à Nigéria, aplauda-se o exército que cumpriu o seu papel, que é este e nenhum outro, daquele ou deste lado do oceano... Mas aí acabam os festejos. Pois apesar de libertadas as moças, razoavelmente limpas e bem alimentadas nas fotografias, são refugiadas em seu país: a guerra destruiu famílias e casas, e muitas não têm para onde ir. Pesa-lhes a desconfiança e o desprezo de todos- inclusive do Exército, que as alimenta e acolhe- por terem vivido com o Boko Haram. Algumas trouxeram filhos nos braços; meninas de oito anos para cima eram estupradas, e como o modus operandi há anos é o mesmo por ali, a descrição que elas dão do cativeiro bate milimetricamente com a que  Leonora Miano, dos Camarões, relata em seu livro publicado em português pela Pallas, "Contornos do Dia que Vem Vindo". Miano não descrevia islâmicos mas sim grupelhos terroristas sem religião explícita e claro, sempre se terrorizam as mulheres primeiro para ter a quem estuprar.
Não é que a vida esteja imitando a arte, é que a vida por ali tem sido muito ruim mesmo. Não que esteja boa na maioria das regiões daquele sofrido continente.
Talvez demorem muito a melhorar de vida as refugiadas, muçulmanas ou não, que saíram das garras dos extremistas hauçás na Nigéria; talvez piore antes de melhorar. Mas podemos rezar pelas crianças que conceberam deles:  que possam crescer numa África melhor.


domingo, 3 de abril de 2016

com exeção de todos os demais

Tudo sempre pode piorar; mas acontece às vezes de ficar tão ruim que até melhora. Então tomara que seja assim em Angola. E se muitos de nós assinarmos, entrando no portal da Anistia por todos os nossos endereços e todas as vezes que nos depararmos com alguma petição, moveremos talvez não o mundo, mas as portas de alguma cadeia. Toda hora acontece.
Pois lá piorou mais um pouquinho. Manuel Chivonde Nito Alves, ativista de Direitos Humanos e um dos 15 de Luanda que são agora 17, não gostou de ver o juiz desrespeitando o seu pai, dele Chivonde. Foi logo ameaçado de se complicar mais. Declarou que pouco lhe importava de perder a vida, que o julgamento era palhaçada mesmo. Imediatamente foi posto à parte para novo julgamento e periga levar pena maior do que a máxima dos 17 que vem a ser nada escassos oito anos. Fora as delícias do cárcere luandês.
Denunciar o governo angolano, que ainda exibe os louros desbotados do tempo da independência como se hoje os pudesse merecer, é ajudar a todos que lá lutam por uma real democracia.
Democracia que aqui, ali e lá se for democracia será parecida. "O pior de todos os sistemas com exceção de todos os demais" disse Churchill e nisso tinha razão. Em país democrático com freqüência há corrupção e roubalheira, e têm de ser denunciadas. Corrigidas na medida do possível. Trabalho de formiguinha, sim.
Faltam países democráticos na África de norte a sul; alguns países se desfazem de tal forma que democracia nem é a questão primordial. Torno a citar o Botswana com um raro exemplo apesar dos problemas que enfrenta; e por isso choca mais ainda que um salão de Caxias, RJ, cujo nome fantasia é exatamente esse, tenha exigido de uma funcionária negra alisar o cabelo para se "adequar ao padrão estético" da casa. A casa, se bem lembro, perdeu há pouco na Justiça.
Viva a democracia.

terça-feira, 29 de março de 2016

um tiro no peito, um tiro no pé; um tiro na democracia

Pobre Brasil. Pobre Angola.
Lá, permitiram que os 15 de Luanda  (ou pelo menos o da greve de fome, Luaty Beirão; creio que todos mas não afirmo) passassem o Natal em casa. Mas foram presos de novo e condenados sendo que agora totalizam 17; um dos acréscimos é uma moça. As fotos mostram com que elegância receberam o veredito. Um deles com VERITAS impresso na camiseta. Advogados e Anistia apelam, claro. Assinemos tudo que pudermos e torçamos. Gostaríamos de ver o Famoso Cantor que tem estado tão na berlinda por arte e graça da falta de educação alheia, agora se posicionar; tendo ele ido noutros tempos a Angola, quando se queria acreditar, sua crítica teria muito peso.
Lembrando que os livros ofensivos eram todos sobre democracia. Na qual o Camarada deu novo tiro.

Aqui, mais um menino lindo recebeu tiro fatal no peito, dessa vez em Madureira. Guerra de traficantes sendo que os vilões maiores são da Serrinha, tentando tomar morro próximo ocupado por outra facção; e o menino estava no lugar errado. Dói muito ver a Serrinha decididamente entregue ao tráfico; um dos grandes berços do jongo, e do samba cariocas.
Mas é tiro no pé queimar ônibus ou estação. Se uma atitude violenta dessas, embora não se possa aplaudir, até se compreende quando o tiro fatal parte da polícia, depredar a via pública é tiro no pé e agressão injustificável. Sinto muito se o leitor não concordar.
Páscoa sangrenta na Edgard Romero e em Lahore; pobres cristãos do Paquistão; pobre mundo.

quinta-feira, 24 de março de 2016

circuncisão feminina não existe

Circuncisão é um ato praticado exclusivamente nos varões, por motivos  religiosos e/ou de saúde. Assim todos os judeus, todos os muçulmanos e não poucas etnias africanas não-muçulmanas. Deixa a pessoa saudável e apta para a vida. Dos dois lados do Atlântico se pratica em alguns hospitais no recém nascido, por recomendação médica.
Circuncisão feminina não existe, é puritanismo de quem teme as palavras. Existe mutilação genital; como a infibulação: costurar a menina pre-púbere quase inteiramente para que a defloração, e depois os partos se encarreguem da volta ao normal; é acompanhada ou não da excisão do clitóris, segundo a região. Tudo a frio, claro. Mas certas regiões cortam fora tudo o que conseguem, deixando a mulher "lisinha " e quase fechada (até o parto) o que é muito valorizado. Não ficam nem saudáveis nem aptas para a vida, mas a prática não influi na capacidade de gerar filhos: que é a única função delas.
Sendo o governo da Somália um quase não-governo, promessas advindas dele têm escasso valor; ainda assim é um primeiro passo a declaração sobre as mutilações. Que cessarão ali e noutros países quando mudarem as mentalidades. 98% das somalianas sofrem esse processo; já foram 100%.
Aqui mesmo na Baixada Fluminense um energúmenos lutador de jiu-jitsu manteve em cativeiro por dois anos a mulher, argentina, em condições degradantes, ameaçando durante todo o período a vizinhança, e só anteontem graças à filha adolescente a polícia enfim liberou a moça. A família do monstro diz o seguinte, "ele não se metia na nossa vida então a gente não se metia na dele".
Mulheres que na Tunísia denunciam maus-tratos em casa (para a mulher ir à polícia, onde seja, denunciar maus-tratos do marido é que estes tratos foram muito maus mesmo) acabam não conseguindo efetivar a denúncia; ouvem que elas provocaram a reação masculina, ou como num caso recente esbarram num policial amigo do marido.
Mulher nem é pior nem melhor do que homem, mas é sim menos forte fisicamente e em muito lugar socialmente; ou práticas assim deixavam de acontecer. Tanta gente boa morrendo e gente assim fica por aqui pra barbarizar com os mais fracos. Em todos os planos.

sexta-feira, 18 de março de 2016

qué falta de respeto, qué atropello a la razón

"Vivimos revolcaos en un merengue, en el mismo lodo, todos manoseaos" continua o tango Cambalache de Enrique Discépolo (letra e música; nem todo tango é do grande Gardel).
Ambas partes dão nojo, deveras espojando-se num mesmo lodo, num jogo sem compostura. Só cantando, pra não chorar, nem vomitar. Não me parece que as manobras sejam exatamente ilegais a julgar pelo que lemos; mas quanta falta de elegância.
Perdeu-se o fiel da balança, polarizou-se o debate que é ver criança brigando por bala. Ou cachorro brigando por osso. Quem lê o blog sabe que não sou exatamente defensora de um Prefeito que pôs a Limpeza Urbana carioca para cuidar de árvore e desrespeita a população que anda de ônibus (ele anda de helicóptero sem dúvida). Mas tem TODO o direito de expressar as suas opiniões em conversa íntima,e sim, de dizer todos os palavrões que lhe aprouverem. Vergonha maior para quem gravou e para quem vazou a conversa.
Ainda bem que não votei em nenhum desses palhaços... para vereador e deputado ainda se encontram nomes razoáveis. Para os demais cargos venho anulando de forma sistemática. Mas onde estaríamos se todos fizessem assim? Talvez no parlamentarismo.
Que se resgate com urgência a civilidade da sociedade civil em todos os níveis; à rua bater panela não fui nem vou, pois tenho visto quem vai. Entregar democracia na mão dessas pessoas é pôr raposa pra tomar conta de pintinho.
Que possamos deixar de ilustrar os versos que tão bem pintam os governantes e seus adversários:
" Da lo mismo que sea cura,
 colchonero o rey de bastos, 
caradura o polizón" .


quinta-feira, 10 de março de 2016

passagens

Quando alguém se vai dessa vida raramente se deixa de ficar triste. Lá se foram George Martins e Nanã Vasconcellos, esse um pouco antes do seu término natural, mas viveu intensamente. Tive a sorte de ver o trabalho dos dois, várias vezes no caso do brasileiro. Figuraça, que fazia um trabalho socio-musical com crianças e fez música até com risos no lugar de instrumentos.
Mas cumpriram o seu tempo.
Fica-se realmente arrasado é quando alguém é assassinado a frio "porque achavam que era da PM" como estes dias aconteceu; e agora outros bandidos mataram uma pessoa definitivamente do bem, o diretor da editora Vozes, que descia a serra. O religioso recuperara a editora voltada para assuntos teológicos e sociais, que publica também belíssimos livros infantis; o trabalho de Joana Elbein dos Santos está nela, "Os Nagôs e a Morte", apesar de nunca ter sido católica.
Uma editora do bem, um frade do bem; o luto não é só da cidade de Petrópolis nem só da editora Vozes, é de todos nós.

segunda-feira, 7 de março de 2016

da (est)ética

Que coisa feia a Famosa Jornalista ir fazer gastronomia num país em que as pessoas morrem literalmente de fome, e ainda voltar elogiando o "luxo dos banheiros de mármore" que o ditador baixinho norte-coreano deixa existir para enrolar gente que quer ser enrolada.
Que coisa feia o camarada que xingou o Famoso Cantor (e família) de ladrão por ter apoiado o partido agora no governo tentar fugir ao processo alegando que "todos querem o melhor pro país, o Cantor pelo socialismo e ele pelo capitalismo". Deixa ver se entendi, todo socialista é ladrão?
Que coisa feia o ex-presidente fazer cara de choro em público após a entrevista com a PF. Se foi ilegal a forma de conduzi-lo até ela, ele que ponha advogado, mas assuma os erros e por favor tenha hombridade.
Que coisa feia os países do Golfo, entupidos de petrodólares, e que vêm investindo pesado, nos últimos 30 anos, na disseminação de um Islã fundamentalista e intolerante, em países extra-peninsulares onde ele não existia sob esta forma, fingirem que não têm nada com o fluxo de refugiados. Quando é que alguém vai perceber que eles têm muita condição de ajudar na acolhida das pessoas que fogem da guerra?
Agora feio mais que isso tudo junto é o candidato republicano, saído das telinhas sem pretensão pros debates presidenciais dos EUA, declarar que não condenará jamais o Ku Klux Klan. Foi bom: porque agora alguns republicanos por decência ou temor de perder, querem tirá-lo da corrida. Em tempo, o candidato é de origem alemã e suponho que também não condena o nazismo, só que ninguém ainda lembrou de perguntar.
Precisamos todos com urgência de uma Operação Belezura, mas que desça fundo até as raízes.


segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

o sumiço

Sim, até saiu uma tradução de "La Disparition" que deve ser excelente, com esse título; oito anos penou o tradutor baiano para conseguir passar pro português esse romance sem a letra E. Palmas, Bahia, a façanha foi boa.
Porém o sumiço que preocupa é o de mil refugiados ADULTOS na Alemanha; será que os alemães tão meticulosos estão arredondando números? uma quinzena antes lamentavam o desaparecimento de mil refugiados crianças (provavelmente queriam dizer "menores de idade"). E já tendo havido casos documentados de seqüestros de criança refugiada (criança mesmo) temia-se a provável reincidência de organizações criminosas de pedófilos. Mas nem sendo alemães estes facínoras teriam condições de sumir com mil crianças em poucas semanas; e agora as autoridades descobrem que mil ADULTOS sumiram. Talvez usem algum mecanismo que dispare ao chegar a mil, talvez estejam menos eficientes hoje em dia; sem a menor dúvida estão assoberbados; o fato é que mil adultos sumindo preocupa, não pela segurança deles mas pela de todos.
Muitos refugiados são fundamentalistas intolerantes e organizações humanitárias cortam um dobrado para proteger, ainda nos campos de acolhida, cristãos e homossexuais. Muitos refugiados não estão necessariamente fugindo do E.I., para quem com freqüência para nós chocante, doam o primogênito para que se faça "mártir" glorioso; estão fugindo das bombas, o que é compreensível, mas muitos não são de paz e devem ser vigiados, não perdidos. Foi sugerido reunir as minorias de refugiados num centro especial e isso foi criticado por motivos de segurança: já não a dos refugiados cristãos e/ou homossexuais mas a de todos, se algum dos que já estão nas ruas puser uma bomba ali. Lembrando que há outras minorias como yazídis cujos membros estão sendo massacrados e não estão conseguindo fugir.
Os garotos nascidos no EI ou a ele doados são filmados participando em execuções; não é novidade. Agora existe o risco de quererem fazê-los de gloriosos mártires, às custas do resto do mundo, não apenas no califado sinistro mas em qualquer lugar; a começar pelos países que os ajudaram.
Que São Longuinho localize logo essas pessoas, crianças e adultos também.


sábado, 20 de fevereiro de 2016

natalidades e infâncias

Em tempos de malformações fetais tão sérias, importa muito que o Papa tenha deixado de proibir, digamo-lo assim, a contracepção que todos praticam mesmo por aqui; mas há países do continente onde as suas palavras terão impacto (e onde o vírus já chegou ou está para chegar). Aliás vírgula, nos morros cariocas há mulheres hoje em dia com 17 filhos, um caso verídico. Se nos anos 80 pecava-se pelo excesso oposto, induzindo as meninas a ligar as trompas no primeiro filho ou antes dele, agora o estado não sobe a encosta de tanto pavor: perdeu o controle de todo. E para aquelas moças que cogitariam de ter qualquer número de crianças ou tê-las muito cedo, o mosquito é fator que convence mais do que o Papa Francisco.
Mas que sopro bom de atualização mesmo assim! Verdade que não foi ele e sim o anterior quem resolveu pôr fim à triste ameaça do limbo para não batizados; mas foi ele quem comparou casal com mais de 3-4 filhos a coelhos, implicitamente sugerindo contracepção muitos meses antes do zika nos invadir.
Não é papel da Igreja defender ou mesmo aceitar o aborto; sejam os governos a permiti-lo em caso de malformação séria. Afinal permite-se, no Brasil, para acefalia. Eugenia seria obrigar a grávida exposta ao vírus a abortar. Oferecer a ela a opção de não carregar nove meses um feto que não viverá, ou terá uma infra-vida, é abrir os olhos para a realidade, pois gestantes de mais recursos recorrerão a clínicas particulares ao saber que portam fetos inviáveis.
E falando de criança, mobilizam-se europeus para ajudar às que chegam desacompanhadas por lá. Basta de engordar o plantel das organizações de pedófilos. Outra boa notícia, gotinha d´água que pode vir a trazer belas flores, foram os 40 participantes mirins da Mangueira do Amanhã, crianças refugiadas vivendo em SP e que aplicaram o português, aprendido lá, na Passarela do Samba, aqui. Algumas eram de família muçulmana. Os pais não se opuseram, e entre discussões e divergências escolheu-se  a fantasia de Pluft para elas.
Criança é futuro, e futuro sem intolerância é o único que vale a pena...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

águas lusas

O Encontro de Escritores de Língua Portuguesa aconteceu em Cabo Verde logo antes do carnaval. Muito válido se não formos esquecer que Angola, Moçambique e o próprio arquipélago do Cabo Verde falam também outras línguas, que hoje começam a ser mais valorizadas do que nos anos após a independência para não se dizer nada de ANTES da independência, claro).
O grupo banto é imenso e as principais de Angola são quicongo, quimbundo, umbundo e chokwe (quioco) , mas há outras ainda. Não ha nada de errado em se falar vários idiomas nacionais, no Senegal há oito e o historiador senegalês que me explicou falava seis, fora vários idiomas indo-europeus (inclusive os que usávamos pra conversar...) Errado é diminuir o valor da língua não européia ou querer igualar tudo, como no notório Acordo Ortográfico entre Portugal e Brasil. Coisa de políticos, que desagradou a muitos lusófonos e enquanto isso em Angola se escrevem apenas duas formas do famoso POR QUE, o que para nós é absurdo mas eles simplificaram, achando que já é difícil ter português como segunda língua sem as quatro diferentes formas... Escrevem salvo engano "vêem" também, com o acento cabível.
Pior é querer impor lista de palavras aceitáveis: conheci um cabo-verdiano muito preocupado com a hipótese e custou convencê-lo (se é que convenci) que não podem vir estrangeiros excluir ou inserir de força vocábulos do seu vernáculo sob pretexto de lusofonia; que o que se poderia exigir dele é que se expresse no mais correto e colorido português possível e no melhor cabo-verdiano também. Não se ouve mais falar dessa segunda parte do Acordo; desejo com veemência que o mosquito da chicungunha o tenha inutilizado.
Imaginou? em Angola são comuns catorzinha, quianda e pacaça; será que no Acre alguém sabe o que é isso? Viva a diversidade e respeitem a diferença mútua.
E parabéns ao corretor que me corrige as digitações mas deixou de pintar de vermelho esses termos angolanos... Progresso!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

brotos de oliveira nos escombros

Falta muito, muito, muito para a Síria voltar a ser um pais habitável (lembro de Damasco como cidade varrida, mais limpa e mais bonita, na arquitetura e no bom trato, do que as capitais vizinhas) mas o atual momento é de progresso; negociações sobre paz ainda por vir, presença da Human Rights Watch e de membros da Anistia Internacional.
A esse respeito encantou-me ver a representante da Anistia entrevistando moradores, entre eles diversas mulheres; não apenas pela presença da importante organização mas pelos cachinhos ruivos da mulher, trajada com naturalidade à ocidental. E na foto os olhos dos homens se dirigiam ao caderno onde anotava e não ao penteado "pecaminoso" da moça.
Poderá ser inclusive o marco zero para a volta dos refugiados que tão mal se vêm assimilando e a inversão do fluxo.
Enquanto a paz não vem, e vai demorar, o caos dentro do caos: cerca de mil crianças a quem foi permitido entrar desacompanhadas na Alemanha desapareceram. Tivemos, aqui, notícia do rapto de algumas poucas por evidentes pedófilos, filmados por câmara de baixa precisão; e aquelas tinham familiar para avisar a polícia. O pavor é que muitas dessas mil estejam em poder deste ou de outros iguais. Se você é um monstro desses, não se torna solidário subitamente, frente à desgraça alheia. Acha que ganhou um brinde do universo. Se organiza.
E pelo que se sabe das organizações que formam, se morrer criança no Mediterrâneo ou sob as bombas é péssimo, ainda é destino infinitamente pior viver criança na mão de pedófilo, até porque acabam... deixa pra lá, vocês captaram.
Isto não afasta a ameaça do Estado Islâmico e afins; que recentemente declararam querer retomar a Andaluzia a que declaram ter direito. Não estou aqui para defender os Reis Mui Católicos que a tanta gente mataram nas fogueiras, muçulmanos e mais ainda judeus; mas se o raciocínio for esse, terão de seguir todos os que se reconhecem por árabes de volta para a península de onde um dia os seus antepassados saíram.
Muito contentes ficariam os bérberes do norte da África, por exemplo.
Quem sabe antes disso ganhem de presente os degoladores do EI o nosso mosquitinho da zika... não o original africano e sim a mutação tupiniquim...




sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

os maus exemplos

O Brasil vai provar ao mundo que consegue levar olimpíada a cabo sem as condições básicas.
O mais óbvio é a maltratada Baía de Guanabara; até hoje não houve vontade real de governo algum de limpá-la nem das populações de mantê-la limpa. Há agora, novidade interessantes, barquinhos que catam o lixo maior e as garrafas. Não deveriam ter de existir. Falta cidadania da parte de quem suja. Falta educação que os governos não conseguem transmitir, e como vão conseguir se estão empenhados no que vemos?
Muito pior ainda é a poluição das indústrias e aí mesmo é que falta vontade aos governos de coibir. É dinheiro grosso. (E aí vem a público ex-ministro da ditadura se fazer de vestal como se tivesse participado de um governo impoluto).
A segurança? bom, bem ao lado dos trilhos do Veículo Leve sobe Trilhos tão alardeado pela prefeitura opera quadrilha de menores e maiores. Ficam no quadrilátero entre os fundos do Morro do Castelo, a igreja de Santa Luzia e o VLT. Parece que prenderam os mais velhos; os menores estão à solta, como a lei permite. A lei não deveria permitir que menor ALGUM dormisse na rua, infrator ou não; rua não é lugar de criança. Mas a opção oficial fornecida desde sempre é de meter medo, e sabemos o resultado. Fazer VLT por trabalhoso que seja é bem mais fácil do que achar solução funcional e humanitária.
Outro interessante aspecto da segurança é o terrorismo; depois do sujeito que foi exibir camiseta do EI na mesquita (e ninguém sabe por onde anda, nem se era imigrante ou brasileiro nato) agora há quadrilha de falsos passaportes. Olimpíadas são alvos evidentes, como o passado nos confirma.
E o que vai mesmo nos botar de vilões é um mosquitinho, que recebemos parece que de um pequeno país africano e ninguém sabe entender, que dirá controlar. A olimpíada não é em Cabo Verde, a olimpíada será aqui, e o mosquito chegou antes dos turistas.
Os habitantes da Terra estão se comportando de forma cada vez mais microcefálica; pode ser que esta seja a nossa paga, que este seja o nosso castigo. O controle natural à praga que nos tornamos.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

vozes longínqüas

Não é livro e pode ser que demore a ser, se vier a ser; nem é filme, romanceado ou documental. Por ora é um projeto que está aberto ao público só na rede, página do projeto Shadd. Mas pode virar exposição, que certamente virá ao Brasil alguma hora: pois é internacional o projeto e o Brasil não podia deixar de ser estudado já que o tema são as vozes (cartas, outros escritos) dos africanos (ou descendentes) que subiram na vida apesar do cativeiro para redigir memórias ou manter correspondência.
Tratam-se apenas das pessoas arrancadas de sua terra; a maioria dos escravizados por outros africanos morreu sem voz em seu continente, a não ser justamente alguns que obtiveram visibilidade do outro lado da Calunga Grande. Inúmeras sombras. Quem lhes haverá de ouvir as palavras, e quem lhes ouviria...
Acontecia deste lado do mar de o escravo ganhar uma questão na justiça e ter as suas palavras reproduzidas nas atas. A mulher a quem o nome homenageia, Mary Ann Shadd, mestiça, foi abolicionista e aí entra o pormenor dos documentos serem geralmente em inglês; é possível que aqueles originalmente em português ou espanhol tenham sido vertidos e só figurem na língua original em forma de fac-símile. Naquela extraordinária caligrafia dos séculos passados, tão legível...
O projeto crescerá a seu tempo e assim a sua divulgação; abolicionistas negros além do admirável Luiz Sá o Brasil teve entre outros os engenheiros Rebouças, principalmente o André; meu caminho cruzou com o negros que desconheciam tanto com a cor de Rebouças como a sua luta, achando que era só um túnel (ou uma avenida, creio, em São Paulo).
Minha tia-trisavó ou algo por aí era abolicionista o que era duplamente mal visto no início por ser mulher.. Luz para ela aonde esteja.
E viva o projeto Shadd que universaliza algo já existente no Brasil em não poucas pesquisas e livros, mas ainda fragmentário: as vozes do cativeiro ou que no cativeiro haviam nascido, transformando estatísticas em pessoas.


domingo, 10 de janeiro de 2016

os bons exemplos

Ser minoria ou pertencer a um grupo humano explorado nunca foi garantia de bons antecedentes nem de boas intenções. Não se pode livrar a cara de quem seja, independente de gênero, cor ou religião, por conta deste particular. Assim, estão sendo punidos os refugiados que na Alemanha atacaram, e em alguns casos estupraram mulheres que encontraram em seu caminho. O infeliz que invadiu delegacia parisiense, faca na mão aos gritos de Allahu Akbar! no aniversário do massacre no jornal Charlie Hebdo fora refugiado também, por coincidência na Alemanha.
Agora a nossa PF, tentando identificar o gracioso que arrancando a camisa em mesquita carioca exibiu bandeira do EI enquanto o imã pregava a não-violência, acabou chegando noutro freqüentador do mesmo local. O que foi contratado por uma das principais universidades do Rio, por conta do currículo, apesar de ter sido expulso da França pelos seus contatos e declarações de intenção.
E isto ilustra problema ético com que conviveremos a partir de agora; vai além da ética, passa pela auto-preservação. Podia ou não podia ter sido contratado o professor de física? Quando expulso pela França, devia ou não devia ter este país monitorado para onde ele seguia? Agora que todos sabem quem é, deve ser deixado em monitorada paz, já que no Brasil não cometeu delito algum até o momento?
A iniciativa na França de convidar para chazinhos da paz na mesquita (seguindo exemplo de imãs ingleses interessados na boa convivência) visa desarmar a desconfiança. Que fatos como esses mencionados acima só poderão favorecer.
Após décadas de bons exemplos de convivência vindos da Saara carioca, teremos de aceitar que nos dias de hoje, até no Rio de Janeiro, a confiança sera sempre um tantinho desconfiada. E é pena.


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Na terça dia 5 de janeiro manifestou-se no Globo psicóloga colombiana contra legalização de drogas começando pela maconha. Visava mais a proteção do indivíduo e também a contenção da violência. Nós que recentemente ouvimos a palestra de um sociólogo luso, premiado pelos resultados obtidos na terrinha justamente pela legalização geral, ficamos al mare.
Em pelo menos algumas coisas a moça tem razão; nas outras não posso entrar no mérito. Tem razão quando lembra que a Holanda é do tamanho aproximado do Piauí; e o tamanho do Brasil foi um dos motivos que impediriam a boa aplicação aqui do modelo colombiano, segundo especialistas do país vizinho quando há pouco anos receberam delegação tupiniquim interessada em saber como lutavam contra o tráfico. Outro motivo era que lá quem vai preso fica preso -ou assim afirmavam- sem padrinho que pudesse valer...
A luta da Colômbia é contra o tráfico. A luta em Portugal era contra a violência e degeneração social; o especialista português recomendou começar a legalizar exatamente pelo crack. Assusta e muito; mas lá obtiveram resultados. Inclusive, baixou o consumo!
Mais uma vez: dimensões territoriais tão díspares poderiam influir no êxito aqui do que deu certo lá. Mesmo em Portugal afirmou o moço que há restrições. Acima de tanto exigem que o usuário faça tratamento; acima de mais outro tanto, vai preso por tráfico.
Que soluções funcionariam no Brasil não temos idéia. Responsabilizar o usuário para que deixe de fortalecer o tráfico e mostrar leniência com gente que planta a sua erva para uso próprio pode ser um caminho.
Voltando à questão da imensa superfície nacional, talvez o caminho, qualquer que seja ele, passe por estados e até municípios interessados; não se cura sociedade doente com decreto federal.

sábado, 2 de janeiro de 2016

jesus na manjedoura ou no estádio?

Logo antes do Natal, quando imperavam Bons Velhinhos e Meninos Jesus pelas ruas (a ordem dos fatores retrata, apenas, a difusão das imagens pelos lojistas) publicou-se uma notícia sobre exorcismos na Polônia.
O papa Francisco reconheceu a Associação Mundial de Exorcismo e nada temos contra nem a dita cuja nem muito menos o papa; mas sim contra os excessos que vêm imperando notadamente na Polônia, país freneticamente praticante, e em vários pontos da África.
Autores africanos já relataram diversas vezes a pratica de se culpar uma criança por males que assolam a comunidade, acusá-la de bruxaria, e simplesmente organizar a sua morte pública. Isso foi denunciado nos Camarões e em Angola, onde Agualusa inseriu em seu mais recente romance as notinhas de jornais de seu arquivo. Lá em Luanda o fenômeno é urbano e a execução é pelo fogo. Não há motivo para se supor que estejam a salvo da barbaridade os países entre estes dois. Ilegal, sim, mas acalma os ânimos que não se voltam assim contra os que governam.
E um especialista ugandense em demonologia, convidado pelos bispos poloneses, lotou seguidamente o estádio de Varsóvia (evento "Jesus no Estádio") e se os resultados trouxessem paz... Mas casos de mortes e ferimentos graves vêm acontecendo como decorrência de exorcismos "caseiros".
Um padre polonês recomenda o uso do terço também contra partidos políticos "tomados por Satã". Está no seu papel de padre, talvez, e terço só é letal se usado para enforcar; mais preocupante é o uso da expressão escolhida. É responsabilidade de todos estes religiosos europeus e africanos moderar o vocabulário e mais ainda moderar os ânimos, ajudando os seus rebanhos a desenvolver o discernimento e a autocrítica. Muito mais fácil acusar o próximo de todos os males e sacramentar a acusação com o nome de Satã.
Acreditemos ou não nele ou no exorcismo, não podemos ficar indiferentes; ou podemos vir a ser os próximos exorcizados.