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sábado, 16 de setembro de 2023

subo nesse palco

 Apesar da luta dos moradores, e suponho que da classe artítica, o Teatro Leblon vai virar templo evangélico da igreja de um pastor dos mais preconceituosos.

Como o teatro fica(va) num edifício cuja convenção proíbe atividades não-comerciais, moradores perceberam que o templo se inscreveu noutra categoria, a de atividades religiosas, e circula um abaixo-assinado para que pelo menos não possam entoar cantos. Vocês lembram do Veneza? Pois é. Tenho para mim que se a categoria contraria a convenção, pedissem logo o embargo, mas é palpite de leiga: entre os moradores há não poucos advogados e saberão os porquês.

Mas as musas da Tragédia e da Comédia Melpômene e Tália, reagiram. O Teatro do Planetário reabriu. no dia que o outro morreu. Confesso que fui ver quem era a "musa do teatro", porque só sabia a da Dança. E descobri de uma tacada que são estas duas, cada uma com a sua máscara, e por isso, obviamente, o teatro sempre é simbolizado pelas duas máscaras juntas. Também davam, no pai-dos-burros virtual, o significado do nome. Melpômene é a poetisa, Tália faz brotar flores (meu latim é ruim, mas o meu grego inexiste). Pois é, agora o espaço ouvirá pregações de ódio, especialidade do pastor fundador.

Agradecendo embora a  ambas, não custa lembrar-lhes que o excelente teatro na entrada de Copacabana, acredito que o  nome fosse Villa Lobos mas fazem anos e não tenho certeza, segue fechado após o incêndio. E recordemos, não era UM teatro, havia pelo menos um palco menor, se não eram dois. Melhor teatro da cidade em termos de visibilidade e acústica. Ajam, musas!

Bem, Tália vem fazendo por merecer, o físico inadequado ao cargo do ministro dos Desportos e a atitude dos advogados-dos-golpistas são de chorar de rir.



domingo, 10 de setembro de 2023

ovelhas que mordem


 Na região de Jundiaí um pai-de-santo havia solicitado permissão,  negada pela prefeitura, para realizar um evento na via pública. Ignoro o porquê do pedido, o motivo da recusa é fácil de imaginar, ainda mais na área do interior paulista, de onde vem e onde recebe muitos votos o brilhante ex-mandatário, uma joia de pessoa.. Porém semanas depois a mesma prefeitura autorizou uma passeata evangélica. O pai de santo processa a prefeitura, e exige a decência que ganhe a causa.

Em Paris há muitos brasileiros ou semi-brasileiros. Muitos são franco-brasileiros, outros têm ou tiveram parceiros daqui, e muitos estão porque ali se acomodaram, o que não faz muito sentido, creio. Mas votam (a fila ano passado no Consulado dava a volta no quarteirão) e de uns vinte anos para cá criaram a tradição da lavagem das escadarias da Madeleine, igreja chiquésima em bairro super direitista mas que possui o requisito básico de ter escadas. Muita gente de branco, muita gente de fio de contas, e muito tambor.

Tambor que nem a todos agrada. Em ano que ainda não consegui determinar, mas parece ter sido durante a ditadura, a rádio MEC (já com este nome) recebeu a ordem de apagar as fitas com ritmos e cantos afro-brasileiros, e bem pior, quebrar os instrumentos que então possuía. Parece difícil acreditar, mas as ordens do major foram executadas. Nas fitas os funcionários escreveram "Fita apagada por ordem do Major Fulano" e os instrumentos se quebraram era porque quiseram, certo? ou punham inteiros na rua ou levavam. A informação veio em inserção da rádio MEC, que comemora indiretamente cem anos (é avatar da primeira rádio do País). Exatamente como o tal major pensava  quem quebrou. 

Em todos os segmentos há gente ruim ou intolerante. Na ditadura militar muitos fardados gostavam da Umbanda, embora um major ser diretor da rádio do governo aponte para aquele tempo; destes extremos nos livramos apesar de tudo no recente passado. Ler num dos principais diários a entrevista de pastor desancando nominalmente os colegas mais incondicionais do governo anterior demonstra que há entre eles cabeças pensantes, racionais e democráticas. Ainda assim é muito pastor, e as ovelhas de muitos são adestradas para morder.


terça-feira, 29 de agosto de 2023

as piadas prontas

 Houve há poucas décadas uma firma de tapetes chamada "Tapearte", creio que deixou de existir. Não por causa do nome, pois durou anos o "picolé" luminoso com o anúncio; parei de ver. Não por causa do nome nunca fui lá, mas não chega a ser boa propaganda a intenção assim declarada.

Tivemos e ainda está por aí um mandatário cujo nome anunciava que já ia. Talvez por isto já  acostumada, a sua esposa diz, à brinca mas sem atentar para o vistoso cacófato, que vai abrir uma joalheria chamada Mijoias. A Stern que se cuide. 

Agora piada mesmo será o sobrenome do governador mineiro, cuja intenção declarada vem a ser atrair os mais extremistas dentre os eleitores daquele senhor hoje inelegível, significar "caridade, cortesia , generosidade " e coisas afim (em alguma língua do leste mediterrâneo. Seria de origem sérvia ou montenegrina, fixou-se na Calábria, há descendentes aqui como se nota.) Mediterrâneo ou Marte, citar Mussolini e aplaudir o 8 de janeiro indicam altas doses de cortesia e caridade. Em Marte. 







quinta-feira, 17 de agosto de 2023

ficção política

 



(Lembrando que só algumas pessoas, eu mesma não incluída, recebem o blog com cabeçalho. Tenho de copiar pra cá e enviar. Pelo menos dessa vez registrou a minha assinatura)


Já não bastava o alucinado "Peluca", como o chamam devido à farta cabeleira, querer liberar venda de órgão es armas (imaginem a combinação. Vai ter gente estropiada e gente abatida pelos desafetos)

Hoje leio que a Coisa Hermana pretende suprimir ministérios. Da Educação. Da Saúde. E Bem-Estar Social. A Educação fará ainda mais falta do que já parece fazer; digo porque uma sociedade que nas prévias escolhe isso, carece muito de cidadania. E os endinheirados seguirão pondo os rebentos em escola particular, se um decreto não os proibir, se não forem sequestrados pelos órgãos que portam..  A Saúde mandará se catar os que vierem trazer as mazelas, decorrentes ou não de ablação de órgãos.  Do resto nem se fale. Ficção política da pior espécie e que periga se concretizar, após décadas de democrática crise e antes disso, outras de sangrenta repressão.

Vamos pedir por eles, que merecem. A Argentina, como o Irã, é país de alta cultura a quem a civilização mundial muito deve; sempre o brilho coexistiu com a barbárie, que rege o Irã há mais tempo do que gostamos de lembrar, e periga reger o país irmão, com tempero de chími chúrri.



domingo, 13 de agosto de 2023

mestiço!!

Havia uma simpática organização que lançou discos e jongo e organizava visitas ao Quilombo de São José da Serra. A primeira das simpatias era o nome, Brasil Mestiço. O Brasil é mestiço.

No Censo da presidente petista havia apenas quatro opções, branca negra parda e .. japonesa. Nada contra, mas indignada declarei-me parda. O Censo do ano passado trouxe melhora significativa ao  oferecer a opção indígena. Declarei-me indígena, mas também não sou. Sou mestiça. O Censo não quer nos ver, nem quer se ver.

Mais da metade do meu cabelo são fios ainda negros duros, indomáveis, rebeldes e pesadíssimos. Dos Povo Originários, Uns 35% talvez é de fios finíssimos e que eram castanho claros, quase dourados. Uma pequena proporção, a primeira a embranquecer, dura e armada, levando ao desespero a adolescente que fui, vendo  colegas sacudirem cascatas sedosas. Esses da ancestral africana que também me legou a propensão aos queloides, aquela cicatriz alta. Digo A ancestral porque tenho certeza que era mulher.

O Movimento Negro aqui não gostava do conceito de mestiço, copiando os movimento norte-americano até nos erros. (Outro erro é considerar que racismo só de branco para ngros.) Um  antropólogo tupiniquim agora corrige esta "fantasia racista e negacionista" dos EUA, se propondo "resgatar a mestiçagem".. lá. Não li o livro, aplaudo a noção, mas é mais do que tempo de resgatar a mestiçagem aqui.




















domingo, 6 de agosto de 2023

o amigo

 Existe no interior de São Paulo uma Organização Não Governamental que acolhe cavalos e outros animai que sofreram maus-tratos. Cavalo é o foco, porque o fundadores não escondem a paixão,  mas recebe jegues e tal, bovinos e também cães, daí o nome, Abrigo São Roque.

Mesmo eles não fazendo mais parte da vida cotidiana como outrora raras são pessoas que lhes têm ojeriza. A importância do cavalo no passado, e no imaginário de todos nós, lhe vale no Brasil a proibição do consumo da sua carne. Não se come o amigo.  Então não se explica que dois estados nordestinos sigam lei diferente, nem que exportemos cavalos e jegues para países que não têm esse pudor. Não sei quais são, não me espantaria que fosse França, onde desde o Sítio de Paris passaram a comer, e seguem comendo mesmo sem guerra, e China, que come tudo que vê pela frente.

Mas, se for em vez disto o Baluquistão e o México, segue a mesma hipocrisia nossa. Não pode comer, ah, mas vender pode. Não se pode, talvez, deixar que proliferem sem controle, vão achar anti-econômico.  Ouviram falar de castração? O animal que serviu na roça agorinha, ou no caso do Nordeste que trocou jegue por motos (!) há poucas décadas, deve morrer de velho no pasto.  E nem entro no mérito do singular costume do Jóquei de abater na pista o animal que quebrou a perna. 

País que pretende acertar as suas pontas não pode se pautar pela hipocrisia nem a ingratidão. Parem de se achar superiores aos que não são dotados de fala; a cada dia demonstram o quanto lhes falta para chegar lá. É grande o hiato.

E no mês de Omolu e sempre, salve o Abrigo São Roque,  que possa ser abençoado. Viva o dia 16.














sexta-feira, 21 de julho de 2023

o gosto do sal

cObservando as negociações, tememos a perda da essência das diretrizes. Algumas temos de reconhecer , estão se mantendo, como a rejeição à política armamentista, para dar um só exemplo.; essencial quando se sabe que tantas armas de  policiais vão parar nas mãos do crime, tomadas em entreveros ou mesmo vendidas em casos extremos. Na política externa este governo nos reinsere no radar. Com a infeliz nódoa do apoio a ditaduras supostamente "socialistas".  
Muito bom ver o empenho por manter uma excelente ministra da Saúde. Mas se a da Ciência cair, não será botando uma mulher qualquer, só por ser mulher, que garante bom trabalho. Indo de encontro à tendência da hora, não dou tanto valor ao gênero, e sim à competência e a honestidade. Aí temos o exemplo da ex- ministra Goiabinha, hoje senadora, da esposa do ex-mandatário e por aí vai. Valendo o mesmo para a cor, claro, exemplos estão aí. Deveria set natural a mistura de matizes e gêneros; não é. Ainda precisamos de muito caminho.
Então não se enxerga muito bem o que uma eventual ministra das Ciências alinhada com  ou egressa do partido daqueles bispos, por exemplo, faria pelo país. Lembramos com horror que o ex-prefeito e então bispo licenciado cometia cultos no pilotis da  Prefeitura; estado laico? esquece.
Sim, a governabilidade. Mas abrigar o adversário não significa necessariamente cortar-lhe as pretensões. A fome  de poder não se aplaca assim, se é que se aplaca. E no caso destas pessoas tão... episcopais, consideram dever sagrado expandir-se em detrimento dos outros; não se despreze o risco dos outros estranhos aliados, menos missionários, mas igualmente ávidos.
Doença interna também mata. Se o sal, diz a Bíblia, perder o seu gosto o que será dele? Não se está dizendo que o atual governo represente o sal da terra. Mas certamente, alguns aliados representam a lama.