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sexta-feira, 31 de março de 2023

 Como podem meter o próprio Voldemort num avião com o nome de Harry Potter, série de que certamente o distinto nunca leu a primeira linha? Se fosse a autora protestava. Esse presente antecipado de Páscoa é mais do que indigesto, e claro o capetão desejava passar certa data vexaminosa com apoiadores.

Dois ministros do STF estiveram conversando com os criminosos ainda detidos pelas violências e depredações de janeiro e saíram assustados com o grau de alucinação e alienação. Um eles explicou que estava indo "orar" (o verbo foi capturado por pentecostais e neos) e chegando na altura da Esplanada, Jesus mandou ir se esconder debaixo da cadeira do senador Pacheco, onde ficou até ser encontrado pela polícia. Por favor ministros não os soltem, me parece que manicômios judiciários foram ou estão sendo desativados (o que parece absurdo, e há coisa de  vinte anos soltaram o Bandido da Luz Vermelha, pois a nova lei obrigava o parente mais próximo a abrigá-lo querendo ou não; não queria. O dito prontamente tentou matar um vizinho que o abateu, e que foi absolvido em pouco tempo, claro).

Não creio que pastores neo-pentcostais enlouqueçam ninguém que já não tivesse propensão, mas certamente não demonstram curar. Então mantenham bem longe das ruas os terroristas que ainda não foram soltos.  Não precisamos de loucos celebrando à sua maneira uma data cuja celebração pública as autoridades militares afirmam terem proibido.

Que possamos ter um bom Domingo de Ramos. Uma semana de cada vez.


quarta-feira, 29 de março de 2023

treze anos; e agora?

 Vontade não falta de amordaçar o presidente que não aprendeu a calar as besteiras que não deveria pensar. Castigo veio a cavalo e ficou afônico e com princípio de pneumonia, não viajou como previa, e tudo isso atrapalha.. o País, claro.

Ô presidente, vamos ver se nos entendemos. Massacres e tentativas de massacres nem que fosse um só por ano não dá.

O que vamos fazer a respeito? O governador de SP sugere um PM em cada escola. Pode até ser mas é um curativo e não uma cura.  A cura será lenta e nem teve início. Passa por monitorar melhor famílias de estudantes com histórico de agressividade (mas nem todos manifestam antes de pegar nas armas) , passa por seguir desconstruindo a política armamentista do ex-mandatário (está sendo feito. Mas os dois cariocas deste mês usaram facas...).

Passa acima de tudo por uma sociedade em que violência não possa ser vendidas como divertimento. Isso ocorre há décadas. Vídeos, antes físicos, agora baixados eletronicamente.

A polícia não pode monitorar TUDO, já corre trás da pedofilia; vídeos violentos, proibidos ou não penetrarão no país, garotos morando em favelas violentas não acreditam sempre em discursos de paz; enxugaremos muito gelo mas  toca de enxugar. Vejo duas pontinhas da meada por onde começar, vídeos "engraçadinhos" para crianças dos quais alguns na verdade já são bem violentos; os futuros criminosos ririam com o nível, mas a lição fica. Brinquedos também. Há anos  existiu um brinquedo repugnante, um boneco que se devia torturar, só não podia cortar ou queimar. Como isto foi vendido livremente? como vendem livremente a máscara que o assassino de 13 anos usava, relativa à supremacia branca?

A outra pontinha que enxergo são, claro os pais. Ir com tudo para cima deles, preventiva e punitivamente. Fichar NA ESCOLA, discretamente, os armamentistas; não que todo menino assassino seja filho de pais assim, mas a maioria é. Não que todo assassino seja homem ou menino, agorinha nos EUA foi uma jovem mulher. A sociedade deles está doente há muito tempo, massacres e massacres em escolas ou onde seja, crianças  de seis anos encarceradas porque cometeram a indecência de dar um beijo no rosto da outra. Nós não queremos ficar assim.

E claro, pôr um freio nas redes, para que nem divulguem mentiras lesivas ao bom senso nem estimulem a violência. O assassino de treze anos tinha mentores, que se orgulhavam dele. Por quê? Saberão, na cadeia? A direita clama por reduzir a maioridade penal; nunca me pareceu absurdo mas este assassino ainda fica abaixo do que pedem, Então como solução, é parcialíssima.  Na Inglaterra de uma ou duas décadas atrás dois garotos de 8,9 anos mataram a um menor, de forma gratuita e cruel. Vão reduzir a maioridade até cinco anos? 

O sambista Walter Alfaiate declarava não ter paciência para bandido se dizendo malandro. - Malandro, rapaz? na cadeia servindo de mulher pros mais fortes, comendo lavagem? Malandro é quem não tem por quê ser preso.

Talvez mentores e assassinos precisem aprender com estas palavras. Mas a sociedade inclui muitos candidatos a malandro mais, muitos doentes sociais como esses esfaqueadores; ela lhes deu de comer lixo, e lixo eles se tornaram.


sábado, 18 de março de 2023

nas ondas

 Todos sabem que a Rádio MEC, antiga Rádio Ministério, pertence ao governo, é pública; depende hoje do ministério da Cultura desde que desmembraram o MEC mas o nome ficou; e até o governo passado a sigla vinha valendo por "Música, Educação e Cultura".e pena que não tenham retomado o bom uso. Nesse pouco saudoso governo passado foi inclusive tombada, o fim não devia ser valorizar a música; mas aí está. Bom lembrar que tanto a presidente do partido dos Trabalhadores como o ex, antes da eleição, pensaram extinguir porque "dava traço", Palavras deles.

Muita gente não ouve rádio e não sabe que existem duas Rádios MEC, uma mais voltada para clássicos de medieval até os dias de hoje, e a outra mais popular, de excelente qualidade e com algumas faixas em comum. E ainda existe a Nacional AM, a FM foi vendida a evangélicos nos anos 80 ainda..

O caso é que justamente no dia 14 de março, os 5 anos de Marielle Franco cujo nome dispensa explicações, na FM entrou um anúncio duplo de duas deputadas "verdadeiramente conservadoras" do partido DAQUELE bispo, tio DAQUELE outro que foi prefeito aqui. Inteiramente fora de horário eleitoral e de qualquer sentido. Mandei mensagem na hora, outros devem ter mandado e no dia 15 as nobres deputadas não nos falaram, Dizem-me que na MEC AM foi pior, começando  com o mês de março, e que o PSOL reclamou.

Pois dia 16 voltou UMA deputada verdadeiramente conservadora à carga na FM, Dessa vez além de reclamar, escrevi para um dos dois únicos deputados de que tenho o contato, o do PSOL. Deixo o outro, pouco amigo do governo e menos amigo do partido do tal bispo, para se precisar. Ontem 17 de março a FM ficou livre da ingerência, a outra espero que também.

O governo certamente preza muito mais as combinações entre políticos do que a cultura. Tem a desculpa de ter base pequena no Congresso, o que causa tensão a todos os que votamos nele. Mas é tiro no pé estender tapete vermelho para tentar mostrar ao oponente que é bonzinho. 

Música a salvo de politicagem por favor!



domingo, 26 de fevereiro de 2023

poesia niuma hora dessas

 Afundação

Amarradores de chuva, que mandam a seca indevida, 

seguram a a nuvem por lucro e ressecam a própria vida

Se afoguem na mesma água


Inundadores de terras, sequestram o belo fluir

Tornam em lama a água pura, tornam zenite em nadir

Afundem no próprio charco


Quem fora de hora mexa com a força intempestiva,

uma linha contra a outra, que nasceu pra ser amiga

Se espete na mesma flecha


E quem contrata o malfeito, a insanos remunera 

para ver brilhar seu nome enquanto morrem na terra

Se perca na própria guerra





domingo, 19 de fevereiro de 2023

pra não dizer que não falei dos livros

Ou pelo menos das livrarias, sobre as quais circula um texto de quem gosta delas.

Na primeira das minhas encomendo o que me parece interessante no jornal, na segunda o que a primeira não tem, na terceira só entro quando vou ao cinema NAQUELA galeria da Praia, e é a única onde realmente olho o que tem exposto. Perigosa visita. E claro, ainda tem a quarta ou primeira, o abençoado sebo brilhando de limpo, no final da descida em caracol do famoso prédio da Rio Branco.

Consegui no auge da pandemia entrar em mais uma, para achar o disco póstumo do Aldir. Na porta dois garotos de uns catorze anos, que costumavam pedir, mais alto na Voluntários, uma caixinha de doce "para vender no ônibus" pediam .. que eu comprasse um doce da caixinha - Não tenho um tostão. Dinheiro plástico. - Compra um livro?

Claro, com o maior prazer! Procurei e achei um que atendia aos meus requisitos. Ficção de autor nacional, nem muito grosso, nem, confesso, muito caro, e ainda por cima dividido em Quatro Histórias, creio até que era o título.  Um parente meu declara que terão revendido. Da outra vez que passei sem entrar estavam, com os doces, disseram que gostaram do livro.  Na terceira não estavam, vendendo doce ou estudando, suponho. (Assaltando, diria o parente.)

Outra história é menos sorridente. Na primeira das mencionadas lojas chega uma senhora de óculos e sobrolho carregado indagando se tem o livro do Pastor Fulano. Cara de nojo quando ouve que não. - Havia algo naquela prateleira ali- diz a livreira. A mulher voltou felizmente com um fininho, Filosofia da Religião ou algo assim... até aí ótimo.. e ficou alisando o livro infantil que eu comprava. Com intenção, distração não era; nem que não houvesse risco de contágio! Rezei para a coisa ser rápida, e pedi que a livreira higienizasse com álcool antes de embrulhar. Se eu tivesse dito o que queria, ela perigava voltar com coleguinhas das duas únicas igrejas evangélicas do bairro, que justamente ficam perto dali, as duas. E a livreira o mais das vezes trabalha sozinha ali.

Vocês estão achando que é passeio comprar livro no Rio de hoje?

E não, o presenteado não indica que sofreu influência.  Haja álcool.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

serei politicamente incorrreta

 Não vou dizer pessoas mumificadas. Não vou usar linguagem "neutra", agride o ´português. Não dou razão alguma às mães folgadas, seja ou não autista o rebento, que não pagam mais por assento na janela e tentam tirar quem pagou; mas além dos mútuos tapas brasileiros, agora houve outro caso nos EUA, só com xingamentos (da parte da mãe folgada do adolescente ) e dizem os comissários que toda semana acontece algo assim. Não digo "pessoas escravizadas", digo escravo ou cativos. Há um romance recente em que o autor, negro, pergunta revoltado se acham que não dizer "escravos" elimina o cativeiro. "As pessoas escravizadas de Jó..."  Ah sim, mas essa música, semi-banta na língua (são os escravos "didjó", os de dentro)  como outras, sofre censura.

Quando Daniela Thomas lançou um filme sobre cativeiro, foi detonada pelo Movimento Negro porque mostrava escravos comendo terra e outros acorrentados pelo pescoço. Publiquei o blog sobre este preconceito, não dela e sim do MN. Comer terra era ato de rebeldia, forma de suicídio ao longo das semanas. Amarrar pelo pescoço infelizmente se fazia, e nos anos 80 um grande fotógrafo flagrou cena semelhante e a denunciou. Comentei sobre as críticas ao filme que iam acabar querendo censurar Debret, e não teve dúvida, já li alguém lamentando. a publicação da obra. Isto é censura, e pior ainda, burrice. Lamentemos a maldade humana e o fato de ter existido cativeiro, dos dois lados do Atlântico (outra coisa que tentam calar). 

Agora saiu num jornal de Brasília texto (com erro de português) reclamando da presença do famosos relógio de Luiz xiv oferecido a Dom João. O que fazia tal objeto num prédio que representa a República? O prédio não representa a instituição republicana, representa a nação. Se o tivessem levado para o palácio imperial de Petrópolis seria pior, não era da Família Imperial. Pertencia, vamos repetir, à nação. 

Burrice é violência sorrateira. Censurar a História não a corrige. Sem-noção é sem-noção. E eu sou hétero, não me chamem de cis, que nunca permiti.



Imagem incorporada

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

pra não dizer que não falei dos cantos

 Esse vai pra Rubem Braga,

Na Argentina um engenheiro percebeu um cilindro de pau amarrado ao poste que devia vistoriar na pampa. Percebeu que o cilindro era um pedaço do poste antigo. E descobriu entrando e saindo pelo orifício que haviam produzido um casal de pica-paus.  Cuidando da ninhada. Parece difícil imaginar o par aguentando a barulheira de serrarem o poste acima e embaixo do pedaço preservado, mas preferiram isso a perder o trabalho.

Não descobri como se diz pica-pau por lá, Sabiá sei, é zorzal. Serve?

Na banca onde compro toda semana um exemplar da Folha e às vezes do Estadão, está suspenso uma gaiola mínima com um coleiro dentro.

Reclamo com o jornaleiro, um da família que vejo pouco: o coleiro é dele

.- Esse é um que comprei pequeno ainda .Pequena? Gaiola grande não serve não pra passear. Em casa tem um gaiolão.

O jornaleiro vem trabalhar. O coleiro vem passear (e servir de rádio). Divisão de tarefas.

- Fêmea? Claro que tem. Dentro da gaiola grande. Em casa.

Pragmatismo, a fêmea não canta, então não "passeia", é uma coleirinha do lar.

Não suporto que engaiolem passarinho mas esses, comprados no criadouro ou viveiro ou como lá se chame, não têm vida ruim. Rubem Braga ia gostar de saber.