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sábado, 20 de maio de 2023

equilíbrio distante

 Madrugada de insônia e ouço perguntarem à grande atriz, no rádio, sobre a trilha de filme que mais a marcou. Imediatamente pensei, As minhas, "Romeu e Julieta" do Zeffirelli claro, e "Anônimo Veneziano". Logo a seguir outra dobradinha, Blade Runner e The Graduate cujo título aqui mais do que beira o ridículo. E deliciosos filmes tupiniquins cuja trama é também trilha sonora: "O Homem que engarrafava Nuvens" "Palavra Cantada", e as ficções em cima de letras do saudoso Renato Russo. "Faroeste Caboclo",  "Eduardo e Mônica"; mas todos estes são outras propostas. Trilha, trilha, fico com aquelas quatro na ordem em que me vieram. As suas não sei; a da atriz? Não digo porque detesto o filme e não lembro da música... I don´t give a damn, ajudou?

O que leva ao terreno correlato da literatura. Há enlouquecidos desejosos de corrigir clássicos, não sei quais mas não vão conseguir. Quando muito coexistirão duas versões, acho que nem isso descolam. Faz dez anos vi o caderno cultural de um grande jornal detonar os contos de Grimm (versão Disney) acusando entre outras a Gata Borralheira de ter "zero sororidade". Essa filosofia além de burra, censura a História e como já se disse aqui, censuras à História são mentirosas e perigosas, para não dizer fascistas.

 O que leva ao terreno correlato das pautas identitárias, já que assim se chamam. Com imensa tristeza li estes dias o motivo pelo qual a Constituição chilena apadrinhada pelo jovem e bem-intencionado presidente foi rejeitada pela maioria,  trazendo o país de volta à ameaça da extrema-direita. Excesso deste tema, 39 vezes a palavra "gênero" e coisas que até a mim assustam, e levam os mal-intencionados a inventar as famosas "mamadeiras de p...". Deixem as pessoas não binárias serem não binárias em paz, e não torrem a paciência dos outros. Deu no que deu.  Pobre Chile, pobre continente nosso sempre em equilíbrio na corda-bamba.



terça-feira, 2 de maio de 2023

contra um, contra todos

 

Em Araras neste fim de semana um terraplanista (definição do UOL que tem repórteres para entrevistar  in situ) entrou numa capela católica e saiu destruindo imagens de santos. Isto é guerra religiosa. A Arquidiocese protestou, eu vou mais longe e peço CADEIA para quem agrediu.

No mesmo final de semana prolongado, um grupo de quatro mulheres com indumentária de candomblé parou um táxi em Caxias, na pista ,para ouvi-lo dizer que ali elas não iam entrar. Fizeram B.O. Peço que atentem todos para o rico pormenor: o motorista enquanto motorista tinha todo o direito de não querer levar as pessoas, mas parar para dizer isso já é agressão psicológica. Parou porque quis. Porque quis espezinhar.

Tem mais, hoje na mesma visita à página de notícias descubro que grupos de evangélicos adentram shoppings aqui e ali e se põem a cantar hinos. Em resposta grupos de umbandistas  vestidos de branco combinam entrar nos mesmos locais e entoam hinos da Umbanda. Pelo amor de Deus parem já com isso, todos. A resposta foi à altura mas facilmente essas coisas levam a uma escalada. Se vir (horresco referens) um grupo desse cantando e pedindo "avivamentos" no meio da rua não terei opção senão ir a outra esquina próxima e cantar "Refletiu a Luz Divina" e não acho que a via pública, lojas incluídas, terminais rodoviários e aéreos, restaurantes e tal, seja o palco adequado para nada disso.

Já incomodei no zap o deputado umbandista e o católico do PSOL. Quem tem de ser parado primeiro é quem começou, claro. Sigam o meu olhar. Não é perseguição religiosa ou intolerância da minha parte. Rezo todas as noites pela ministra Marina, que é evangélica, e o seu ministério.  Mesmo observando que nunca, jamais, elevou publicamente a voz para criticar destruidores de templos, e agora não há de ser exceção (mas, tomara, quem sabe?)

O que creio é que seja você católico, kardecista, candomblecista, ou qualquer outra coisa inclusive protestante civilizado, ataques destas naturezas agridem a você também. Pois são a barbárie contra o Estado de Direito. Se agridem a um, agridem a todos. 

E Saravá Umbanda.


domingo, 23 de abril de 2023

 


Aqui dessa vez não houve a Alvorada de Ogun no morro; houve um modesto foguetório de quinta para sexta, véspera de Tiradentes.. NADA no dia  23. O que geralmente quer dizer que o "dono do morro" da vez é evangélico. Bandidos  semi-evangelizados como se sabe existem, e aquele famoso pastor se a pandemia não o levou para outro plano, que abençoava as metralhadoras. Tinha os cultos do afro-brasileiro por demônio maior. Pena a estupidez humana; e digo "aquele " pastor, pode haver outros. Todos sabemos que existem muitos que são decentes mas aquele não o tenho por merecedor do elogio. 

Quanto a Ogun, aqui no asfalto alguns foguetes diurnos escutei. Nada como a Alvorada.

Me diz uma prima que a Academia de Letra da Bahia quer nomear, ou já nomeou, a famosa cantora de Santo Amaro para a cadeira deixada vaga por um historiador, remoto contra-parente meu. Mesmo tendo sido ogã de Xangô numa das grandes casas do Recôncavo não sei se apreciaria a escolha. O irmão da cantora tem letras históricas,, trabalhadas e poéticas. Tem excelentes livros publicados, autobiográficos sim e daí? A mana só tem a arte da interpretação, que sim é notável mas é a Academia de LETRAS, não de cultura.

O exemplo já vinha da ABL matriz. O que têm de comum um grande jornalista, uma imensa atriz e outro artista do Recôncavo? Estão todos na ABL. O artista tem um livro com suas letras publicado por alguém, disseram na época. Acho pouco. Mas todos estes (a atriz publicou as memórias, com colaboração de outra pessoa...) puseram "letras" no papel assim ou assado. A grande cantora não. 

Então se agora vai ser assim que Ogun dê caminho para que a casa se torne Academia Brasileira de Cultura. Sai ABL e entra ABC. Pode ser que ajude a acabar com o analfabetismo funcional.




quarta-feira, 12 de abril de 2023

peixe vivo

 Tem coisa muito boa em Minas. Destaco o maravilhoso pão de queijo com café da Rodoviária de BH, destaco o sabiá branco que ensinou Minas a cantar o Peixe Vivo. Muita coisa ruim tem naturalmente, como o inculto extremista que ontem comparou o presidente a Hitler.  Somos um país que elegeu palhaços para o Congresso, literalmente, então o nível desse vereador não deve surpreender.

Tem também uma Câmara municipal na honrada cidade de Caratinga que resolveu atacar um Centro de Umbanda, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição. Exige menos volume sonoro nos atabaques (vá lá, não ouvi) proíbe a presença de menores de 14 anos (normalmente vão pouco, mas podem precisar ir por motivos de saúde física ou espiritual) e culmina proibindo gira de Exu. Vou repetir, Caratinga quer proibir, por ora proibiu até que algo se faça a respeito, as giras de Exu. E também o uso de qualquer bebida alcóolica, o que inclui portanto o vinho dos Pretos Velhos. A denúncia, em forma de colina de opinião, estava na Dois da Folha de ontem segunda,  Folha essa que por sorte comprara. Dizia a jornalista que o ato viera à tona na Semana Santa. Denunciei pra quem podia e o deputado estadual umbandista respondeu que estava ciente e postara sobre isso; o federal é católico e nenhum é mineiro. Caratinga é mais uma vergonha nacional nessa hora; e aliás infringe a lei.

Porém a Academia de Letras Mineira acolheu o seu mais novo membro, uma das coisas boas que acontecem por lá. Trata-se do pensador e ambientalista indígena e mineiro Aílton Krenak; cujo terceiro livro estou lendo e que prepara um novo, maior e " difícil" segundo ele. Isso nem repara o genocídio país afora nem conserta o estrago no rio Watu, o Doce. Não traz de volta o Pico de Itabira que foi descrito por JM Wiznik como existindo agora em negativo, o mesmo volume de outrora cavado no chão. Mas respeito e bom. Viva  a Academia Mineira que soube não ser "acadêmica", o Krenak e o Watu. 

Que o peixe vivo possa voltar àquelas águas e o nome Doce volte a fazer sentido. Viva o sabiá-branco!



quarta-feira, 5 de abril de 2023

de números e de um nariz de borracha

 


A PF está começando a investigar os presentes recebidos pelo ex-mandatário, os  catalogados, já que descobriu um número muito menor que não foi catalogado (consta por escrito que o então presidente tinha a posse e a guarda) Então: a polícia já está ciente que os 9 mil ítens não são no geral constituídos de joias ou armas. Há um boneco inflável do general que encabeçava o GSI (não, não sei se dobradinho no invólucro ou cheio de ar; nesse caso bom lembrar que objetos infláveis de borracha vão soltando o ar devagar); outro item de borracha, um nariz e não, não sei se é de Pinóquio. Há.. 245 máscaras usadas pela pessoa durante os 4 anos. Para quê: Não se sabe. Usem máscara os senhores policiais ao revolver o acervo, as máscaras serviram ainda que uma vez só.

Outros números que devem nos preocupar muito mais são as crianças e adolescentes atacados; a cada dia  sem exagero debelam-se tentativas e algumas destas são levadas a cabo. Como já se disse e todos veem, muitas são na base da faca; fogem ao controle de armas oportunamente ressuscitado pelo governo. Fogem sobretudo ao controle do ódio, que brota como lava de um vulcão. Isso é um país doente.

Por fim e para dar um toque menos sombrio, parece cada vez mais claro que o ex-ministro da (in)Justiça insistiu para bloquearem as estradas na Bahia porque "não era possível sem fraude o candidato L ganhar assim do candidato B no primeiro turno". Já que não lhe parecia possível, impeça-os de votarem "fraudulentamente" no segundo.  Não tenho a porcentagem dos que não conseguiram chegar até as urnas. Mas como disse na época, a diferença teria sido um pouco maior se tudo tivesse fluído normalmente. 

Tenho pena desse rapaz, tão novo e tão apto a torcer a lei, tendo sido delegado e ministro da Justiça, e por crer que armas e Bíblias devam andar juntas. Ah sim, um item não catalogado do ex-mandatário é o arcanjo Miguel, espada em punho, em pedestal móvel circular, pisando num demônio.  Demônio este que o ex-ministro pretendia ajudar a aniquilar.


domingo, 2 de abril de 2023

à ouvidoria da ebc

 





Ouço a MEC FM TODOS os dias de manhã cedo, e geralmente à noite também,  após a Voz que fala sozinha. Isso desde os tempos da presidente Dilma, e passando pelos quatro infelizes anos do ex-mandatário. Nenhum fez o que o governo federal faz agora, primeiro levando ao ar propagandas de candidatas "verdadeiramente conservadoras", que retirou após protestos gerais inclusive meus; que protestei no zap e junto a um deputado.
Desta vez o governo noutro erro de cálculo imaginou que se tanta gente não quer ouvir as tais deputadas (de partido evangélico ligado a certo bispo, e que o presidente sonha em atrair para a sua base em nome da governabilidade) é que essa gente não se importará de ouvir propaganda do Partido dos Trabalhadores.
E uma fração pode até não se importar, mesmo.
Os outros ouvintes se importam, e muito, mesmo os que votaram no atual presidente por não haver outra via.

Quando deixou de levar o nome Rádio Ministério nasceu a Rádio MEC, inicialmente uma só, como se sabe. Quando o MEC foi cindido em dois ministérios a sigla passou a significar Música, Educação e Cultura, lema que permaneceu até o ex- mandatário de sinistra lembrança apagá-lo. Minto aliás ao dizer que não tentou interferir: certo ex-juiz e então ministro criou um programa cedo em 19, para discutir pena de morte, escrevi à Ouvidoria, outros podem ter feito o mesmo e a coisa saiu do ar. Não houve mais tentativa.
Rádio pública, dedicada à cultura, não é lugar para governo algum se enaltecer. Elogio em boca própria é vitupério. Muito menos o partido do governo.

O Globo de hoje Domingo de Ramos traz na Nove matéria sobre erros de comunicação e de estratégia do atual governo. Na MEC (sem dúvida toda a EBC) estamos vendo exemplos disso.
Além de fugir à ética propaganda fora de período eleitoral,  é mentiroso dizer que o PT cuida da democracia após os ataques de 8 de janeiro, (algo neste sentido). Quem cuida é o governo do presidente Lula, que vem a ser do PT, e no governo de quem há muitos integrantes de outros partidos. Marina, Sônia Guajajara, a Tebet, os ministros militares, os do Centrão e tal. Cuidar da democracia, sob ataque ou não, é o mínimo que um governo democrático pode fazer, diga-se.
Dizer que o PT " cuida da Amazônia" também é inexato. Quem cuida é o governo, e falta ainda muito.
Não se trata só da Amazônia, votamos também pelo Cerrado e o Pantanal e a Mata Atlântica, votamos contra a destruição promovida por garimpo e agro pecuária; e a destruição não terminou, há centenas de garimpeiros à solta e depois de erradicar a destruição será preciso replantar.

Votamos pelo Estado de Direito, no melhor dos dois candidatos, mas não votamos às cegas. Uma imensa fração dos que votaram não é petista e não será; esse tipo de propaganda representa dinheiro no ralo e tiro no pé.
 
A cultura transforma. 
Como diz certo general que escreve às vezes no Globo, Paz e Bem.
Viva a MEC FM e seu primoroso trabalho. 









sexta-feira, 31 de março de 2023

 Como podem meter o próprio Voldemort num avião com o nome de Harry Potter, série de que certamente o distinto nunca leu a primeira linha? Se fosse a autora protestava. Esse presente antecipado de Páscoa é mais do que indigesto, e claro o capetão desejava passar certa data vexaminosa com apoiadores.

Dois ministros do STF estiveram conversando com os criminosos ainda detidos pelas violências e depredações de janeiro e saíram assustados com o grau de alucinação e alienação. Um eles explicou que estava indo "orar" (o verbo foi capturado por pentecostais e neos) e chegando na altura da Esplanada, Jesus mandou ir se esconder debaixo da cadeira do senador Pacheco, onde ficou até ser encontrado pela polícia. Por favor ministros não os soltem, me parece que manicômios judiciários foram ou estão sendo desativados (o que parece absurdo, e há coisa de  vinte anos soltaram o Bandido da Luz Vermelha, pois a nova lei obrigava o parente mais próximo a abrigá-lo querendo ou não; não queria. O dito prontamente tentou matar um vizinho que o abateu, e que foi absolvido em pouco tempo, claro).

Não creio que pastores neo-pentcostais enlouqueçam ninguém que já não tivesse propensão, mas certamente não demonstram curar. Então mantenham bem longe das ruas os terroristas que ainda não foram soltos.  Não precisamos de loucos celebrando à sua maneira uma data cuja celebração pública as autoridades militares afirmam terem proibido.

Que possamos ter um bom Domingo de Ramos. Uma semana de cada vez.