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quinta-feira, 21 de abril de 2016

lacrimosa dies irae


Pedreiros raramente são associados a sensibilidades climáticas; pescadores sim, mas pedreiros... É luta para que ponham máscara. O calor abrasador e fora de época fez dois suspenderem o trabalho. primeiro o ajudante, rapazinho magro e forte, depois o principal, homão enorme. Eu os ouvia aqui do lado reclamarem do calooor, calooor, e ouvi-os avisarem que suspenderiam até vir algum ventinho. E assim foi feito; mas a parca brisa que permitiu a volta deles ao trabalho umas horas depois não vingou. Estamos na boca do inferno, avisos não faltaram e ainda há alienados que acham bom porque dá praia.
Serão cinco semanas sem chuva no Rio na quarta-feira; pior ainda é a temperatura absurda, que após as Águas de Março retrocedeu para padrões inusitados e insuportáveis.
Sigam desperdiçando água; conheci quem por preguiça de abrir e fechar torneira na sua cozinha abria o registro e aí lavava copo, enchia vasilha e tal, para só no fim parar a saída da água e não cansar os dedinhos. Sigam achando que o problema não é seu e que "tem muita água". Sigam dando as costas para o verde.
As Sibilas e as Cassandras estão com a goela seca de tanto prever; mas ninguém previa exatamente isto, mormente após um verão mais do que razoável. Que agora estamos pagando.
Sinto-me dentro do tradicional réquiem, solvet saeclum in favilla. Favilla sendo o nome dado ao borralho quente onde ardem brasas. Não se apagam estas com lágrimas.
Se todos não colaborarem poupando água e aprendendo a atrair chuva, dies irae, dies illa.

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