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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

akikò no terreiro, pelu adié

No disco de estréia da Famosa Cantora escreveram, "aqui có"; uma amiga minha insiste em cantar "ai, que có" seja lá o que estas frases signifiquem para ambas. Ninguém é obrigado a entender nagô, fora os nagôs; contudo quem canta o lindo samba de Pixinguinha deveria se informar...
O ENEM usou essa canção, uma do Chico Buarque, uma da Blitz e uma dos Titãs na prova de outro dia. Visando estimular assim, oxalá que com êxito, a reflexão sobre português, sobre música e no caso da "Yaô" do bom Pizin Din, sobre línguas africanas no contexto brasileiro.
Pixinguinha é de um tempo em que palavras nagôs eram comuns na boca dos descendentes daquela região da África. O aporte banto porém é maior, e o indígena maior ainda; por pouco deixamos de ter dois idiomas oficiais, sendo o outro o nheengatu, língua franca cujo uso acabaram restringindo para que fosse sumindo, e infelizmente sumiu. Nem por isso os falantes do guarani se exprimem em "dialeto" com ouvi na boca de um brasileiro. A outra língua oficial do Paraguai é um idioma, e muito devemos a ele por sinal.
Quanto à música... que se ouçam de muitos tipos. Quem só gosta de um ou não gosta de música ou não gosta da vida. Ouvir só ópera, ou só samba, ou só rock te deixa pobre. Ninguém pode gostar de todos os tipos? talvez. Mas conheça muitos. Haja lugar para rap e hip-hop (sim, querido, e salve Meriti) para Bach e para Miles e Bird e Villa; viva Chiquinha Gonzaga, Wilson Baptista, Cartola e Candeia e vivam em santa paz o galo em companhia das galinhas, no terreiro de São Pixinguinha, o Menino Bom...

E assinem pelos 15 de Luanda, que ainda presos estão...


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

angola de dumont a sharp

Não é preciso gostar de rap para se indignar com a acusação que pesa contra o angolano Luaty Beltrão e 14 outros presentes numa discussão do livro de Gene Sharp, "Da Ditadura à Democracia". Os quinze foram acusados de fomentar golpe de estado, desarmados como estavam; e não-violentos, pois a Anistia Internacional, cujo símbolo ( vela acesa cercada de arame farpado) vemos nos cartazes das ruas de Lisboa, não costuma se ocupar de vítimas violentas.
O MPLA está no poder desde a independência. Angola enfrenta, e não resolve, a desigualdade social brutal e a violência civil; um conhecido declarou ao regressar da terra de seus ancestrais pelo ano 2000 "eu era comunista até ir à Angola!". Ainda bem que escolheu Angola, seja dito, pra se livrar das ilusões. Fosse na Coréia do Norte talvez não voltasse pra nos contar...
Mas ser melhor do que o vizinho péssimo, ou o péssimo distante, não é suficiente. Luaty, por falar mais alto, foi espancado e entrou em greve de fome há mais de mês; as prisões ocorreram em junho e os intelectuais se queixam que fora a Anistia ninguém se preocupa com os quinze.
"L´Afrique Noire est Mal Partie" dizia  René Dumont (o livro foi reeditado há pouco e ainda se considera atual), sim, começou com o pé esquerdo. Se Dumont não podia prever nem a bandeira negra do EI nas muralhas de Timbuktu nem as monstrosidades de Bokassa, Idi Amin e outros Mobutus; infelizmente acertou no geral das previsões. Num continente que peleja por livrar-se das lutas étnicas e de clãs, dizem que o Botswana é não um paraíso, mas sim um oásis, de baixo nível de corrupção e alto nível de escolaridade, sem presos políticos. Por que tanta insegurança no governo angolano? quem discorda ou simplesmente discute idéias é perigoso subversivo? Por que pautar-se pelo vizinho errado?
Há lugar para o rap na terra dos cantos mais tradicionais de Elias dya Kimuezu; há lugar pra todas as línguas nacionais, patrimônio tão rico, ao lado do português; tem de haver lugar já, nas ruas de Luanda e do país inteiro para a discussão e a verdadeira democracia. Socialismo não se faz com frases e decretos, muito menos com calabouços.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

doenças da saúde

Saúde não é abrir hospital (muito menos sem médico nem pessoal de apoio, para as máquinas caríssimas doadas por algum órgão apodrecerem sem uso; como é quase praxe em pontos da nossa Baixada. E há Estados onde hospital nem a isso chega: é placa apenas). Saúde não é abrir farmácia também não; é não precisar de farmácia.
Faz décadas que se comenta a carência de livrarias nesta cidade de São Sebastião e o excesso de farmácias, mas de dois ou três anos para cá a diferença aumentou; além de livrarias que fecharam (a Da Vinci segue impávida por enquanto, vamos todos lá pra que continue assim) abrem farmácias ao lado de outras. Parece falta do que fazer mas é pior; me asseguram que essas farmácias que abrem grudadas noutras, que não respeitam o domingo como estas, mais antigas e que põem aquele cartazinho avisando a farmácia de plantão (que punham; quem vai pôr cartaz indicando plantão de bairro se o incômodo concorrente não descansa?) estas neo- farmácias existem pra lavar dinheiro. E bem acredito!
Enquanto um ministro da saúde não entender isso e não investir na manutenção da saúde não teremos saúde no país.
Não que seja só aqui: na China, berço da acupuntura, médico no momento é assim: plantão de 24 horas receitando alopatia sem olhar pro paciente, e as consultas duram menos de três minutos. A China toda hora muda então desejemos que mude esse quadro para melhor.
Saúde também não pode ser profissional entupindo-se de bolinha. Quem usa o corpo como lata de lixo na hora do lazer, associando lazer a todo tipo de coquetel químico (estudantes de medicina não estão sós nisso, toda a área de Exatas está sujeita a isso, ou seja, todos os que têm mais acesso) na hora de tratar e de se tratar vai proceder como os chineses mudernos.
Mas estudante de medicina que agride a vida alheia ao cabo de uma noite de bebedeira, como tivemos há pouco o exemplo, esse deve ser afastado da sociedade e que jamais volte a tratar de ninguém.
A nossa Saúde está inspirando cuidados.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

...sentir a minha língua roçar a língua de luiz de camões...

...definiu Caetano Veloso. E por concordar com ele que minha pátria é minha língua, eu vos digo, "impeachment" é o cacete, como diz o bravo jornalista. Pode-se destituir ou depor a presidente (cá entre nós duvido que tenha pessoalmente se beneficiado com roubalheiras; mas fechou os olhos e pôs cargos e poder acima da ética. Pode-se até impedi-la de continuar governando (e isso já foi dito no tempo "Delle", com razão). Não nos faltam sinônimos. Tenhamos mais respeito com Camões, para sermos por ele respeitados.
Pior ainda é a UFRJ anunciar, como saiu publicado, evento "Summer Night Big Data". Eu hein Rosa. Isso seria pra aliciar os turistas do Carnaval? Tudo certo que "data" é latim, mas nem sabemos se os luzeiros que nomearam a coisa têm conhecimento disso; a esse nível eu já passo a duvidar de tudo. E sendo universitários o caso é muito mais sério.
Para ninguém se achar discriminado no Pedro II alguns docentes criaram o "alunx" gerando polêmica a todos os níveis; nem cabe tecer muito comentário. Como verbalizarão isso? Se alguém se ofende porque a língua não previu o rótulo GLT, lembre por obséquio que biologicamente há dois gêneros, e a esses nos referimos ao falar. Tivemos o infeliz caso dos que denigrem o verbo denegrir, já analisado aqui.
Mas pior mesmo que tudo isso é homem dizer "Obrigada" quando fala com mulher; crente que está abafando. Mulher que por preguiça ou inguinoranssa diz "Obrigado" tem muita culpa, e todos nós que por vinte anos dissemos "Valeu!" ao agradecer temos igualmente, e agora colhemos os amargos frutos.
Existe no Rio um movimento espontâneo de mulheres que descendo do coletivo gritam Obrigadaaaaaaa!!!! pro motorista carregando no A; e se você se identifica, divulgue ...
ObrigadA!






sexta-feira, 9 de outubro de 2015

sos patrimônio

Não é só criticar: elogia-se quando são tempos de elogios. A FPJ está fazendo bonito na Barra ; línguas pequenas e maldosas, murmuram-me ao pé do ouvido que é porque pela Barra circularão inúmeros atletas estrangeiros; e já que terão de ver a Baía em petição de miséria, para nossa imensa vergonha que escolhemos tão mal os nossos governantes, pelo menos que vejam 300 pés-de-pau recém plantados. Condomínios que haviam cortado 13 árvores há um ano foram multados, e já se plantou mais do que se cortou (NO LOCAL é bom deixar claro; no resto da cidade...)
Tudo espécies nativas. Sem dúvida São Francisco ajudou, que teve o seu dia agora domingo, já que a ele cabe que se peça proteção para o habitat das aves.
Passarinhos, aproveitem.
Mas não há desculpa para quatro igrejas lindas e tombadas estarem tombando no Rio... Uma delas é a de São Cristóvão, outra para a nossa surpresa é a antiga Sé do Rosário, essa mesma, Nossa Senhora do Rosário e de Sâo Benedito dos Homens Pretos. Apesar de toda a sua imensa importância histórica.
Sem dúvida o dinheiro é curto e a prefeitura optou por ir fundo nas Olimpíadas e vlts; sem dúvida é no mínimo um mau momento para se pedirem fundos ao governo federal. Porém...
Sempre lembrando que esse patrimônio é de todos nós independentemente da religião ou não-religião. Tanto faz se você é católico, as igrejas são também suas. Cuide-as.
Mais uma vez vamos pedir socorro aos santos?
SOS patrimônio.