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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Cauô Cabiecile, é dia 30 de setembro.
Que haja justiça para as mulheres escravizadas no mundo, as yazidi, que o EI usa como coisa sua "porque não são muçulmanas", as mauritanianas que ainda são escravizadas oficialmente; para as africanas, muçulmanas ou não, submetidas à infibulação nos casos brandos, à ablação do clitóris nos casos médios, ou ainda à extirpação de toda a genitália externa nos casos extremos, como é praticado na Somália; as nigerianas e vizinhas raptadas pelo EI e obrigadas a servir os seus combatentes após a conversão forçada; as mulheres que mesmo em países nem africanos nem muçulmanos são escravizadas em casa pela família não raro refugiada ou imigrada, e os ministérios locais não querem enxergar o problema; 
que haja justiça para as almas das mulheres e meninas assassinadas a sangue-frio em nome de Deus; 
e que haja justiça para as bravas combatentes curdas enfrentando os soldados do Estado Islâmico sabendo que não podem ser capturadas, que a última bala terá sempre de ser para elas próprias; eles acreditam, explicam elas, que se forem mortos por uma mulher perdem o lugar no Paraíso. E esse pavor que inspiram as tem protegido.
Que as siga protegendo; que sejam vitoriosas, e na verdade o seu ato já é vitoria em si.
Uma bênção às repórteres de guerra brasileiras que foram enviadas ao front e desempenharam seu papel com coragem e brio; e aonde estejam, carinho para as minhas amigas de infância curdas, Shirin e Tara, que deste horror que vivemos possa nascer um Estado Curdo, justo e luminoso.
Cauô!





segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ainda São Cosme e Damião

"São Cosme e Damião" mesmo, como apareceu no Globo, como dizemos mesmo sabendo que a voz culta pede dizer duas vezes o "São", e como dizia o ponto de Umbanda que AQUELE bloco de Laranjeiras entoou ontem, no dia 27, em homenagem à Beijada.
Meus botões pensaram, "ih, não vai dar certo, ESSE bloco cantando pra Beijada? vão encher a cara, vão virar a Hora Grande!" Acabaram às cinco pro meio-dia; pra bloco carnavalesco até que é muito bom. Só tocaram músicas de roda, e cantaram um ponto de Umbanda só, "Alegria das crianças é São Cosme e Damião; é doce menino, é doce, é doce de São Cosme e Damião!"

Outra homenagem ainda mais surpreendente veio do padre da simpática Igreja da Ressurreição, a que tem bichinhos soltos e jardim com ervas bíblicas, celebrando no Arpoador missa para crianças do Pavão-Pavãozinho. Surpreendente porque para a Igreja Católica o dia dos santos gêmeos é 26 de setembro!! Ou será que o papa Francisco mudou isso também? Aproximação de dois cultos que não têm por quê serem adversários hoje em dia.
Sagaz, o padre distribuiu camisas amarelas pra ninguém confundir os garotos com moleques fazendo arrastão. Triste realidade a nossa.
Como declarou ao Globo esta semana que passou um carioca, - Sou negro; vou sair agora pra correr na praia, sem camisa. Só vou levar a chave pra não perder os documentos. Pela lógica que estou vendo vão me prender primeiro e depois perguntar quem sou.
Na mesma semana discuti no ônibus com outra carioca que achava correta a ação dos brutamontes da Zona Sul, quebrando ônibus de partida pro Jacaré. Fomos educadas; haverá esperança?
Pra quem perdeu a data ainda resta Crispim e Crispiniano.. que eles possam ajudar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ago-iê das Crianças

Em cartaz um musical interessante sobre Ataulfo Alves. Podia falar menos da vida amorosa dele, creio. Mas Ataulfo foi um dos grandes cantores-compositores de seu tempo como Wilson Batista, Geraldo Pereira e Ismael Silva (da voz desses dois quase não temos registros, devido às contingências dos "misters" das gravadoras gringas do tempo. Sim, eu sei que o plural de "mister" em ingreis é Messrs. Obrigada.)
Ataulfo era ligado à Umbanda e deixou várias obras homenageando as entidades de sua preferência.
Pai Joaquim, entre outros, salve ele... Estes registros não se cantam em roda de samba (e nem devem ser, horresco referens) e são pouco conhecidos hoje.
Um de meus prediletos é o "Ago-Iê das Crianças" em que pede licença para celebrar não apenas Cosme Damião e Doum, como também Crispim e Crispiniano.  
"para a semana vou fazer uma festança , muito bacana pra agradar às Crianças..."
A festa é domingo agora dia 27.
E só nos resta preparar os saquinhos de doce e dizer como Ataulfo, AGO-IÊ! pras Crianças, pois ele sabia que a Criança também se deve pedir licença...

Doce, Beijada!



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

xô burrice!!!!!!!!!

Uma amiga via em cada ponto de exclamação louvação para a chuva (ou algo neste sentido, ela que me perdoe se a citação estiver imprecisa). Aí então ficam muitos, que cada um ajude a chamar.
No Nordeste já se pediu aos locutores de rádio e Tv não usarem a expressão "tempo bom" para descrever ausência de chuvas; creio que em todos os Estados. Até quando o nosso estado vai ficar na burrice da lanterna, equiparando chuva a coisa ruim? (Onde estão, por sinal, pergunto mais uma vez, as promessas de dessalinizar água do mar feitas no início do ano?)

Evento que tem de dar certo até com chuva ele vinga. Uma multidão lotou o Circo ano passado para ver Paulinho da Viola cantar. E como chovia.... Paulinho e o apresentador ambos homenagearam a água que caía do céu; mantendo-se fora desta cegueira que assola a nossa cidade.
Vingando ou não, evento cultural, por mais que se aprecie, não pode se sobrepor à vida. A evidência sopra nos ventos abrasadores que de uma hora para outra nos estão chegando da caatinga ou da boca do Inferno. Mais do que não chover, inverteu-se o tempo. Aquele que deveria estar fazendo.

Como é desolador ver um governante orgulhoso de ter ido mexer onde não devia. Como é abrumador ver um grande poder espiritual atrelado ao serviço do poder público, para uma causa tão fútil.
A conveniência imediata de uns não pode jamais se sobrepor à necessidade maior de todos sem exceção; brincar com as forças da natureza, além de representar falta de respeito, não traz nem boa vibração nem em última instância, bom resultado.
Deixem que a chuva que tiver de cair, caia naturalmente.
Xô burrice!!!!!!!!!


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

lá se foi...

Lá se foi o Escritor, vi no jornal. viveu bastante. Espero que árvore ele tenha plantado porque o resto da trilogia ele realizou.
Eu às vezes pensava nele, mas nos dávamos quando ninguém tinha nem internet nem celular e nunca mais tentou contato quando tinha o telefone que ele conhecia. A última vez que nos falamos eu não quis sair pois tinha marcado cinema com a minha filha. Não tinha por quê desmarcar, expliquei.
Ficamos que me ligaria na volta de sua viagem, o que não fez e eu deixei pra lá.

Não lamento nem ter recusado, nem ter aceitado outras vezes anteriores;  devo a ele aliás um conto que foi premiado e publicado, embora não na antologia que ele organizava então e que jamais saiu.
Mas não o teria escrito sem o incentivo da temática, para mim estranha. Ignoro se soube da publicação.
Não tínhamos muito em comum já na época e hoje teríamos menos;  fico feliz que o último contato, ao telefone, tenha sido leve e alegre, sem ressentimentos.
Nada sei de seus derradeiros vinte anos; que encontre onde esteja bons parceiros de xadrez;  acima de tudo, é claro, que os ventos sejam suaves com as suas cinzas, e que as ponham em bom lugar.



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

misturebas...

Li que andou de moda na década bicho-grilo misturar feijão com leite condensado. Bicho, aí, ainda bem que eu estava fora do País no período... parei na mistura infantil de feijão e macarrão na casa da nossa tia.
Outra estranha mistura foi o paralelo traçado na imprensa entre a atual presidente e a Princesa Isabel. Vamos com calma aí (bicho). Sem dúvida duas mulheres fortes, voluntariosas e relativamente impopulares, herdeiras  políticas de alguém mais carismático; mas aí acabam as semelhanças.
A presidente teve quando jovem a coragem inegável de lutar pelos ideais que tinha, arriscando a vida nos anos de chumbo; viva ela. Melancolicamente, quando depois eleita, pôs a máquina política na frente de tudo e perdeu bondes e bondes onde poderia ter feito diferença. Desde o início critico o Minha Casa, nem tanto por proporcionar moradias de baixo custo, mas pela baixa qualidade e nenhuma criatividade das construções. Era o momento de usar água de chuva, reciclar a "água cinzenta" para descargas... nada disso foi sequer pensado. Favelinhas horrorosas sem infra-estrutura. 
 A Princesa longe de pôr a máquina à frente de tudo, perdeu o cargo pelos seus ideais como lhe haviam avisado na famosa frase. Já era mal quista na Corte, ela e a irmã, por insistir em usar as "Camélias do Quilombo" (do Leblon, protegido oficiosamente pela Casa Real. Está na moda em determinados meios dizer que a Lei Áurea quando veio já era inócua; mas 3 breves anos antes, em Campos, abolicionistas resgatavam escravos no tronco!) Se a Lei fosse tão inócua a Princesa não caía...
Enxergo trajetórias morais opostas, invertidas, entre as duas figuras; mas não é tempo de atirar pedras: que os ventos bons inspirem e protejam a todos nos que estamos aqui hoje, trazendo estabilidade, criatividade...e respeito aos ideais.