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quinta-feira, 30 de junho de 2011

emburanê, emburaná

Um amigo me conta que se curou de sinusite crônica graças à IMBURANA DE CHEIRO, estando com operação marcada, que todo dia agradece à planta e a quem lhe indicou. E me contou por conhecer essa faceta de meu trabalho.
Mas eu não conhecia imburana, nativa do Nordeste, a não ser de nome, pois é recorrente em pontos de capoeira e toadas nordestinas; e tive que ir procurar no famoso pai dos burros digital. No outro também está.
Estou em excelente companhia, pois o fantástico Herborista de Copacabana nem vende nem conhece (por enquanto, comercializando só a FAVA perfumada, cujo cheiro lembra o da baunilha.)
A fava eu vi que da Bahia pra cima se usa bastante para tratar gastrite. Nós aqui usamos dente de leão e principalmente espinheira santa (NUNCA use um fitoterápico, mesmo chá de folhas do quintal, direto dia após dia; dê paradas irregulares de dias ou semanas. Se a gastrite é crônica então precisa tratar de outra forma, acupuntura sendo dos mais indicados. Acrescento que o amigo não teria chegado a marcar a tal operação, felizmente desmarcada, se tivesse se tratado comigo...)
Contudo o que cura sinusite não é a fava nem a folha e sim a entrecasca, me diz o amigo. Quem está vendendo são os erveiros de rua, que abundam no Bairro de Fátima e outros locais.
O nome científico é Amburana cearensis, fácil e simpático; mas também é Torresea cearensis Allen, e até mesmo Bursera leptophloeos!!! vamos combinar chamar de Amburana cearensis. Emburanê, emburaná..

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Deixa essa pedreira aí...

Em uma coisa avançamos na despoluição da nossa Baía de Guanabara: um bando de colhereiros foi avistado e devidamente fotografado na Ilha do Fundão. O biólogo (inclusive há poucas semanas mencionado aqui) explica que foi replantado mangue -vermelho; árvore da família das rizoforáceas, originária do Pará, vejo no pai-dos-burros digital (também existem mangue-branco e mangue-preto, e cada uma pertence a uma família diferente).
Como o nome diz é típica de manguezais e é extremamente vivaz e expansiva: tem a peculiaridade de soltar sementes já prontas para germinar. Por isso em pouco tempo a área atraiu as aves, que Deus possa abençoar. O nome “vermelho” corresponde à cor que vemos ao se raspar a casca.
Vermelho, cor de Xangô.
Quando mencionei o trabalho heróico desse biólogo, logo antes do 13 jde junho, foi em relação aos assassínios absurdamente impunes no Pará, que além de mangue-vermelho também dá coronel sem-vergonha, polícia corrupta e madereiro corruptor. Nesse meio tempo mataram mais um. Quem diria que o vermelho do partido agora no governo iria um dia fechar os olhos para essas mortes e para a destruição (além de propor e incentivar medidas que a acelerem).
Pedi a Exu o que peço agora a Xangô, caminho para a justiça. Justiça no caso não pode ser apenas pôr na cadeia quem apertou o gatilho, nem que vá junto o mandante também; e nem isso se fez até agora. Justiça precisa ir além da retribuição e restaurar aquilo que serviu de estopim, reflorestando a área.
Peço que deixe a pedreira e exerça a sua força, pois a terra precisa dela.
Xangô, meu pai, deixe essa pedreira aí,
Umbanda tá lhe chamando, deixe essa fogueira aí;
Cauô Cabieciele! Salve o São João!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O semelhante cura ao semelhante

Esse não é o lema da acupuntura, já que yinizamos o excesso de yang e yanguizamos o excesso de yin. (Como o meu mestre dizia, “Você pode estar tão yin que uma pera pode te yanguizar”.)
Mas não tenho nada, realmente nada, contra a homeopatia, o que seria profundamente estúpido da minha parte.
Quando saiu UMBANDA GIRA!, certamente tentando descobrir quem era a criatura que conseguira a façanha de ser publicada na Palllas, algumas pessoas que espiaram o www.caminhodasfolhas.com foram ver no Google se eu fazia homeopatia, deduzo; pois eis que apareceu na tela um manifesto virtual a favor que eu assinara, e nem lembrava.
(É comum a confusão floral-homeopatia, ou floral-fitoterapia. Não esqueçamos que o doutor Bach, afinal, passou pela homeopatia.)
No início do ano alguns médicos cariocas houveram por bem organizar um “dia sem homeopatia” (sic) em que, parece, fariam passeata e discursos. Me resta esperar que este absurdo tenha sido mal sucedido de todas as formas possíveis.
Mas agora, e talvez em decorrência de atitudes como esta, fechou a antiga farmácia homeopática de Botafogo, e noto que o alopata do lado expandiu-se, com letreiro tapando o casarão: um crime contra o patrimônio. Não moro mais no bairro e não tenho certeza do mês, mas fechada está uma das casas mais tradicionais da cidade. Por fora e por dentro, igualzinha àquela do Debret. Durante um tempo até me tratei nela, depois passei para a acupuntura e não parei mais. Tinha sala de espera com bancos de madeira e assoalho gasto, fachada branca e verde. Eu cobrava o tombamento externo e interno. Nunca veio.
Em homenagem ao Ledun Palustre que um dia tomei contra infestação de micuins, aqui fica o meu pêsame ao Rio, e o desejo que a fachada branca e verde como a do famoso Alienista de Machado possa denunciar a falta de juízo, numa cidade em que farmácia alopática brota como cogumelo em bosta de vaca após a chuva, de criar mais um espaço desses às custas do bom Hahnemann.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

a bananeira que plantei à meia-noite...

Laroiê!!!!

um mês exatamente após o 13 de Maio é o dia de Santo Antônio, dedicado a Exu na Umbanda.
O assentamento dele costuma ficar à esquerda da entrada, nas casas-de-santo; e nesta posição a imagem do santo se encontra em muitas igrejas católicas, mas não consegui saber o motivo exato. Já mencionei aqui que a fama de casamenteiro do santo deve ter influenciado na hora de escolher uma figura santa para o sincretismo forçado do tempo do cativeiro; já que Exu representa a força vital e sexual. Não é à toa que a banana lhe pertence. Também mencionei um “Santo Antônio Hermafrodita” português, que teria espelhado para os escravos a dupla natureza de Exu; sem obter maiores detalhes ainda. No caldeirão borbulhante do Google, a única menção visível hoje, unindo estas palavras, é a minha de dois anos atrás...
Acredito que a posição à esquerda da entrada, se já existia naquele tempo, deve também ter ajudado. Não consegui saber o porquê com os católicos da família, e perguntar a um padre provavelmente não adiantaria... Com urgência preciso localizar um padre português e camarada que me tire todas as dúvidas!
Agora se não existir regra definida para a posição de Santo Antônio nas igrejas eu vou pensar, e muitos comigo, que a influência se deu em sentido contrário...
Existe um interessante projeto de livro sobre o uso dos cemitérios cariocas (sim, isso mesmo, o uso) e sugeri à autora, entre outras coisas, não deixar de pesquisar o rico rol de pontos cantados, cerimônias e rituais associando Exu e cemitérios no Rio de Janeiro.
Mas o meu pedido aqui ao orixá Exu para o dia 13 de junho é que mantenha vivos e atuantes os defensores das matas; que abra caminho para a justiça de Xangô; que todos nos tornemos defensores e que deixem de existir, pelo mal ou pelo bem, os agressores, pois ko si ewe, ko si orixá: sem folha não há vida, nem orixa algum.

terça-feira, 7 de junho de 2011

cinco em oito dias

Absolutamente todo mundo já falou, e não é mesmo coisa de só falar. Enquanto falamos vão matando mais gente no Pará. Nem é só no Pará, em pleno Estado do Rio lemos sobre pescadores ameaçados de morte porque denunciam despejos ilegais da Baía. Lembremos que o ambientalista que hoje monitora a Lagoa Rodrigo de Freitas antigamente trabalhava denunciando despejos semelhantes, e de tão ameaçado de morte (seguiam-no quando mudava de endereço, ameaçavam a família e por aí vai) um dia, após vários anos de luta, jogou a toalha e veio para a capital do estado.
Lemos sobre quilombolas igualmente ameaçados em Minas Gerais. Em suma, a certeza da impunidade alimenta as ameaças e a sua concretização (o pescador, na fotografia, tem uma perna engessada porque mesmo escoltado por PMs como agora anda, sofreu tentativa de atropelamento, e o criminoso fugiu).
Mal ou bem, o pescador fluminense anda oficialmente protegido. As ameaças ao ambientalista carioca se deram antes do partido de oposição, que dizia representar os trabalhadores, ser governo como é hoje. Nunca poderíamos imaginar, quando votávamos nesse partido nos tempos em que manifestava a sua indignação com outros assassinatos na mata amazônica, a presente situação de trabalhadores sem pai nem mãe, alvejados um por um – cinco em oito dias!- a polícia ausente quando não cúmplice, correntes arrastadas no chão para arrancar os tocos e plantar soja ou criar boi. Certamente campos de soja e arrobas de carne aparecerão mais em termos de PNB do que a mata intacta. Mais um malefício da carne, vocês carnívoros.
Mas nós pensávamos que o Brasil era “um país de todos”. Alguém perverteu o roteiro.
Para dar o toque fúnebre se ainda faltasse um, faleceu antes de seu último livro sair o professor da UERJ e babalorixá que tanto fez pelas folhas. Decididamente o mato está de luto.
Enquanto há vida há esperança. Nesse mês regido por Exu e Xangô, que a justiça enfim abra caminho de Brasília à Amazônia, e não se esqueça das restingas e chapadões.

PS- como a provar que ainda resta um pouco de esperança, hoje leio que a Coppe está pondo em prática um projeto de criar uma espécie de base para vegetação de restinga tendo por base lixo metálico retirado da Baía de Guanabara.