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terça-feira, 7 de junho de 2011

cinco em oito dias

Absolutamente todo mundo já falou, e não é mesmo coisa de só falar. Enquanto falamos vão matando mais gente no Pará. Nem é só no Pará, em pleno Estado do Rio lemos sobre pescadores ameaçados de morte porque denunciam despejos ilegais da Baía. Lembremos que o ambientalista que hoje monitora a Lagoa Rodrigo de Freitas antigamente trabalhava denunciando despejos semelhantes, e de tão ameaçado de morte (seguiam-no quando mudava de endereço, ameaçavam a família e por aí vai) um dia, após vários anos de luta, jogou a toalha e veio para a capital do estado.
Lemos sobre quilombolas igualmente ameaçados em Minas Gerais. Em suma, a certeza da impunidade alimenta as ameaças e a sua concretização (o pescador, na fotografia, tem uma perna engessada porque mesmo escoltado por PMs como agora anda, sofreu tentativa de atropelamento, e o criminoso fugiu).
Mal ou bem, o pescador fluminense anda oficialmente protegido. As ameaças ao ambientalista carioca se deram antes do partido de oposição, que dizia representar os trabalhadores, ser governo como é hoje. Nunca poderíamos imaginar, quando votávamos nesse partido nos tempos em que manifestava a sua indignação com outros assassinatos na mata amazônica, a presente situação de trabalhadores sem pai nem mãe, alvejados um por um – cinco em oito dias!- a polícia ausente quando não cúmplice, correntes arrastadas no chão para arrancar os tocos e plantar soja ou criar boi. Certamente campos de soja e arrobas de carne aparecerão mais em termos de PNB do que a mata intacta. Mais um malefício da carne, vocês carnívoros.
Mas nós pensávamos que o Brasil era “um país de todos”. Alguém perverteu o roteiro.
Para dar o toque fúnebre se ainda faltasse um, faleceu antes de seu último livro sair o professor da UERJ e babalorixá que tanto fez pelas folhas. Decididamente o mato está de luto.
Enquanto há vida há esperança. Nesse mês regido por Exu e Xangô, que a justiça enfim abra caminho de Brasília à Amazônia, e não se esqueça das restingas e chapadões.

PS- como a provar que ainda resta um pouco de esperança, hoje leio que a Coppe está pondo em prática um projeto de criar uma espécie de base para vegetação de restinga tendo por base lixo metálico retirado da Baía de Guanabara.

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