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sábado, 31 de maio de 2014

papo mulher

Faz sangrar o coração o estupro e assassínio das duas meninas Dalit (Intocáveis) na Índia. Assim como ocorria com indígenas e negros nas colônias, intocável só na hora dos direitos civis; na hora do estupro tocam, encostam, e tocam terror. Tentaram mascarar como suicídio. (Nas cidades indianas, agora os direitos dos Dalits valem; mas no campo os outros dão bem pouco valor à letra da lei. Se então se tratar de mulher...).Há um ano aquele estupro-e-morte horroroso indignou a Mãe Índia; muitos outro ocorrrem por lá, e no vizinho Paquistão outro dia a família matou a moça que ousara casar com quem queria... e se soube que esse amado assassinara a esposa para poder casar com ela (não foi por isso que a família "justiçou" a noiva grávida diante do tribunal).
A vida das mulheres parece que segue valendo bem pouco, haja vista o seqüestro e conversão forçada na Nigéria, cujo segmento norte é dominado por islâmicos há décadas.
Tem-se nojo de estar viva.
Uma das raras coisas positivas resultantes do tráfico negreiro no Atlântico terá sido - e isso o poeta esqueceu de cantar- o surgimento de mulheres sacerdotisas cumprindo funções mais abrangentes do que do lado de lá. Não que lá inexistissem ou inexistam; porém é mais restrito.
E a esse respeito lembro de um amigo senegalês lamentando que a batalha conra a excisão e circuncisão feminina, que ele apoiava, não tivesse o discernimento de separar a excisão do saber daquelas mulheres que a praticavam; notadamente o conhecimento de ervas que elas tinham e é de se esperar ainda tenham.
Creio que as feministas dos anos 70 podiam ter voltado os olhos para muita coisa que ficou então sem dizer..

quinta-feira, 22 de maio de 2014

juízo, sr juiz...

O juiz que inicialmente declarou que Umbanda e candomblé (pra não dizer nada do omolocô) não são religiões já se retratou. Talvez ainda mais importante do que a retirada dos vídeos. Os que vi no ato me pareceram retratar (imagem e som não muito bons) a intolerância já consabida nas igrejas neopentecostais, onde a tônica é mesmo "tirar a Pomba-Gira das pessoas".  Havia gente comentando que esses eram os mais brandos, pode bem ser.
Insisto que é preciso acabar com o ensino religioso nas escolas públicas porque criam diferenças onde o uniforme deveria aplainá-las, num Estado laico; aceito que se removam de espaços públicos os crucifixos até, com que estivemos acostumados, em troca disto. (Penso inclusive que já saíram?) Acho mais essencial do que retirar os vídeos, que idealmente não deveriam jamais ter sido postados.
Porque JOVEM preconceituoso é pior do que o mais velho. Foram jovens, que o pastor, sincero ou hipócrita, desautorizou post-factum, que destruiram o templo umbandista no Catete. Foram jovens que aderiram à Marcha das Vadias ano passado, formando ala evangélica, declarando serem a renovação contra a caretice dos pastores, e... levando imagems santas para quebrar.

As declarações do juiz e a não retirada dos vídeos mantiveram o ato na ABI conforme marcado. Sala cheia. Estiveram presentes entre outros representantes de Dom Orani Tempesta, da Federação Israelita, da Federação Muçulmana do Brasil, dos Bahai, dos Hare Krishna e o que é muito importante, do Movimento Indígena que hoje diz encontrar boa acolhida nos terreiros de ambas religiões. Cantou-se. O candomblé sabia cantar o hino da Umbanda. Os umbandistas sabiam cantar Oni Saruê.
Entre os integrantes da mesa que vieram a ser aplaudidos de pé, os três pastores, presbiteriano, luterana e mais ainda um pentecostal. Mais que eles, ou pelo menos tanto quanto eles, só Mãe Beata de Iemanjá que declarou, "Esse moço, o juiz, precisa de amor, gente."
Depois de Mãe Beata, o que dizer?


domingo, 11 de maio de 2014

carlos gomes, rebouças e o 13 de maio

Tive a oportunidade de ouvir o quarto movimento de uma sonata de Carlos Gomes, chamado esse de "Burrico de Pau"; quer saber por quê, vá escutar e me conte. Muitas vezes é executado a parte; porém mesmo a sonata inteira é muito palatável, ao contrário de peças mais famosas do maestro, pesadas para o gosto de hoje.
Rubens Fonseca escreveu uma biografia muito pesquisada sobre o mesmo, apelando em raros casos para a ficção e só para dar liga. Por isso não creio ser senão verdade  terem pedido ao músico, em visita ao país, para libertar dois escravos ainda criançolas, nascidos cedo demais par se beneficiar com o Ventre Livre.
Entendamo-nos, Carlos Gomes apenas subiu ao palco, estendeu as cartas de alforria prontas e recebeu as palmas. Quem libertou de fato mediante negociação foram os abolicionistas e em última instância, o senhor. Carlos Gomes apesar de mestiço prezava mais o seu lado indígena; e tão confuso abolicionista era que tentou comprar outra escrava... para si. Tencionava levá-la para Milão, onde certamente não pensava pô-la no tronco.. "apenas" não lhe pagar salário, coisa que exigiam os complicados fâmulos italianos. Não se puseram ele e o senhor de acordo quanto ao valor da alforria.
E o que aconteceu com os dois quase adolescentes? largados no mundo, viraram mendigos. Pois a alforria parecia suficiente, e se indenizava apenas o senhor pela perda do objeto, não o escravo pela perda da liberdade. Davam-se melhor os que custeavam a própria liberdade, e foram muitos, pois esses tinham trabalho certo e amparo de amigos.
Tudo isso sem querer denegrir nem o confuso e genial maestro, nem a Princesa, que perdeu o trono por defender as idéias que achava corretas (para os inocentes: os republicanos tupiniquins eram geralmente A FAVOR da escravatura). Amigo íntimo de Gomes, o engenheiro negro Rebouças era monarquista e chorou com a proclamação da república.
Mas...em 2014 basta de tanta boneca loura num Brasil mestiço. Basta de tanta modelo loura. Dia 13 de maio, dia dos Pretos Velhos, no Santíssimo haverá um ato na praça que lhes leva o nome, contra o racismo ainda vigente e o que existe fora daqui.
E salve o velho feiticeiro Pai Benedito!!

Post Scriptum: fui falar de Rebouças e dois dias depois, na data sagrada do 13 de Maio, enfim inauguram o busto duplo dos dois irmãos, pelo escultor Duvivier. Já não era sem tempo...



sexta-feira, 2 de maio de 2014

frutas vermelhas, é? tá certo...

Há meses adquiri no impulso uma caixinha de chá em saquinhos da maior marca brasileira, dizia que de frutas vermelhas.
Em casa li que continha: Casca de laranja, casca de maçã, pedaços de maçã, folha de hibisco, rosa mosqueta e saporizantes ARTIFICIAIS.
Levei um bom ano pra terminar aquilo, pois a química dos saporizantes (que não conseguiam dar sabor de framboesa, morango etc) ardia na boca. Com os meses o ardor passou: a química deve ter caducado.  O sabor ficou igual, vaguíssimamente frutado: a rosa mosqueta, laranja e tal.
Aí outro dia vi outra caixinha na mesma loja, chá de frutas vermelhas em saquinhos da maior marca... ...inglesa dessa vez. Aquela mesma que você está pernsando. Comprei no impulso pra me desagravar da primeira compra. E tirar a teima.
Em casa li que continha: pedaços de casca de laranja, casca de maçã, pedaços de maçã, folha de hibisco, rosa mosqueta e saporizantes dessa vez NATURAIS, o que faz uma diferença enorme no sabor e na ardência, que não há mais.
Não há problema com a folha de hibisco, que é inclusive medicinal. Quiabo é um hibisco também.
Só acho que chá de fruta vermelha deveria conter fruta vermelha.. ainda que a marca inglesa supostamente até posso conter, ocultos nos "saporizantes naturais".
Agora minha filha por razões de família na França me escreve que achou um SEM maçã e tal... aguardo com curiosidade!