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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

as vítimas inocentes

De novo? Infelizmente, sim. Arrancaram mais uma jurubeba, recém-adotada. Antes que venham me dizer “pra que vocês então insistem em plantar jurubeba?” lembremos dos óculos do Drummond de bronze, do chafariz da Glória... Deixar o vândalo ganhar é acovardar-se perante ele. Mas quem ganha com o crime? Ninguém, a não ser quem deteste jurubebas. E quem detesta jurubebas ao ponto de arrancar as que nascem no bairro, do campo de futebol da descida do morro ao parquinho em frente à rua Alice, é quem antigamente quebrava a mutamba (parou, qundo adotei, parece que deu um axé...) e quem vandalizava a planta defronte à sinagoga (pode parar com essa, seu vândalo, que a Academia de Cabalá se mudou, o que é pena. Acrescentavam.) Isso se chama intolerância religiosa, e é crime. Arrancar árvores também é.
Ao mesmo tempo o Globo mostra a banda de rock-evangélico do BOPE, convertendo marginais e cita “ tu tem que aceitar Jesus, seu isso e aquilo”. Estão tirando pessoas do crime com a sua arte, e mais vale a guitarra do que o fuzil; mas como é que é? TEM que aceitar Jesus? Isso também é intolerância religiosa. Compreensível que a pessoa física se expresse assim? Mas vinham retratados como um grupo do BOPE, e este é pago pelo estado, e o estado é laico, esqueceram? Não deve converter ninguém.
Ao lado da ex-jurubeba vem nascendo outra, e eu mesma semeei mais. Se vingarem serão as primeiras que planto. A re-adoção da jurubeba sobrevivente e da mutamba, bem como da planta arrancada, deu trabalho que nem se imagina. As adoções estavam na Comlurb. Orientações divergiam, correspondências se perderam. Quem me deu a notícia comentou que por ela não teriam aprovado, porque o canteiro ela achara feio. Canteiro feio é aquilo com que diariamente a Prefeitura nos brinda, ao cortar árvores centenárias e deixar o tronco ali apodrecendo.
Se você conhece biólogos, botânicos, ecologistas, se conhece gente de vibração, se você conhece pastores ou evangélicos que não transfiram a sua jihad para as árvores que Deus criou, se você gosta de ruas com árvores e de árvores que dão remédio, encaminhe esse texto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

isolando o isopropil

Isola! Isola! A doutora Hulda Clark, falecida há exatamente um ano, e deixando muitos seguidores que mantêm viva a sua memória e o seu portal virtual, atribuiu a multiplicação de células cancerosas à conjunção de dois fatores. Um parasita, salvo engano Fasciolopsis buski, para a eliminação do qual inventou um aparelhinho, o “zapper”, que o próprio paciente aciona; e o uso de substãncias contendo propil, isopropil, propyl ou qualquer forma desse nome.
Ora, prevenir não custa nada, e fui ver o que eu tinha em casa com propil no meio. Meus sucos em caixinha não têm conservantes- (esclareço que não os tenho como fontes de vitamina, e preconizo o consumo de frutas frescas, secas e de verduras e raízes. Em vez de ter refrigerante ou cerveja na geladeira tenho esses sucos, e sim, certamente os recomendo como alternativas para cerveja e refrigerante.) Consumo pouquíssimos produtos industrializados, mas no banheiro descobri que o xampu em uso continha, enquanto que outro frasco fechado, diferente mas da mesma marca, não. As pastas de dentes mais comuns parece que não, mas a que comprei promocional junto à escova que os dentistas recomendam, sim!
O líquido para lentes de contato, também. Vamos ver se a marca rival inclui a indesejável substãncia. Estou terminando as embalagens abertas e passarei a evitar propil sempre que possível. Devo acrescentar que outros médicos, como Peter W Pappas de quem acabo de ler na rede a declaração, discordam da dra Clark dizendo que “falta pesquisa séria e corroboração de outros profissionais”, o que dizem mesmo para tantas e tantas formas de tratamento... Florais, notadamente: como se sabe o dr Bach, precursor, foi riscado dos quadros da Faculdade de Medicina pelas suas formas de curar pouco ortodoxas.
Mas quando for comprar material para acupuntura, procurarei nas estantes o livro dela, que traz um capítulo sobre cura de cãncer e os outros sobre a de outras doenças. Acredito na prevenção, e pingo me foi letra. Pingo de álcool isopropil...

domingo, 10 de outubro de 2010

feng shui na era pre-vitoriana?

Mais Feng Shui de onde menos se espera: Charles Dickens, tão pouco lido no Brasil, onde tem muita gente achando que aquele mágico da televisão nasceu com o nome que usava... Ocorre que volta e meia releio certos autores, tudo que possuo deles. Machado é um, Cortázar e Naipaul são outros, e Dickens é outro ainda. Desta vez fui anotando o que me chamara a atenção anos atrás. Acrescento que para o caso é pouco relevante que você leia Dickens ou não: basta observar as coincidências.
Fiquei assombrada- sem trocadilho, como o que segue poderia sugerir – com as que vi entre usos e crenças ali registrados apesar da diferença espaço-temporal(Dickens morreu aos 57 anos, em 1870). Em Dombey and Son, um mordomo insiste que casas de esquina trazem má sorte. Ora, essa é uma das recomendações do Feng Shui, antes de pensar na harmonia do espaço interno (eu acho uma pena, adoro quartos com janelas em “ângulo reto”, outra coisa que mandam evitar se possível, mas também nunca morei em um...)
Isso é pouco? Tem mais. Tomem-se Barnaby Rudge e Bleak House (creio que não estão traduzidos. Curiosidade: em B.H. Dickens encena um óbito por combustão espontânea, forma de morte ainda não esclarecida de forma satisfatória – satisfatória para os sobreviventes, é claro): abundam menções de velas que ardem mal quando a situação pesa. Ora, isso é comprovável, se alguém trabalha com velas saberá confirmar. No tempo de Dickens eram de cera ou sebo, as nossas são por ora de parafina (mas se a escalada do preço das velas se mantiver, em breve voltaremos à lamparina) e no entanto já reagiam da mesma forma. Gotejam, formam o que os ingleses chamavam de “mortalhas”, e havia instrumentinhos para limpar o pavio, evitando isso. Mas o pavio, acrescento eu e deixa implícito Dickens, não se suja quando a energia produzida e recebida está limpa. A descrição mais pavorosa e detalhada de vela “suja” é a que ilumina a descoberta do corpo de um opiômano. Na mesma casa em que depois.. ni-na-não, vão vocês ler.
O mais surpreendente porém e ver um personagem de Barnaby Rudge “dar pro santo” antes de beber, jogando no chão e murmurando algo que para minha infelicidade o autor não registrou, e talvez nunca tenha conseguido saber. Já vi senegaleses fazerem isso, o que não surpreende, haja visto as influências africanas na nossa cultura; inglês é o único registro que conheço, prova de que sou bem ignorante.
Caminho das folhas, o blog que cita os clássicos.

sábado, 2 de outubro de 2010

cinco tostões

Não houve como postar isto em setembro, muito menos nos “primeiros dias de setembro” mas recebi duas mensagens (só duas; já verão por quê) contando uma história complicada de que na cultura chinesa, quando em agosto acontece de haver cinco segundas-feira e não sei mais que outro dia da semana, quem conta isso logo no início de setembro ganha dinheiro. Tal fato só ocorre a cada 823 anos, explicam (nessa parte eu até posso acreditar mas adianto que também não fiz os cálculos!)
Já se vê por que as mensagens foram só duas, é que passados os “primeiros dias” ninguém mais via sentido em tentar ganhar dindim repassando...
Uma das mensagens ainda acrescentava que isso era “na cultura do Feng Shui”.
Bem, nenhum de nós estará aqui daqui a 823 anos. Mas talvez eu possa ajudar a evitar outras confusões. Em primeiro lugar, o calendário tradicional chinês NÃO usa os nossos meses nem os dias da semana; hoje usam ambos calendários, sendo o lunar de longe o preferido para tudo que é de uso nacional, daí a imensa migração do Ano Novo de que todos ouviram falar; e em vez de semana usava, e a astrologia do Feng Shui ainda usa, grupos de NOVE dias que não permitem realizar mapas astrais, aí é outro estudo, e sim calcular hora e dia favorável ou menos desfavorável, arte essa que esta vossa criada aprendeu.
Feng Shui visa harmonizar os espaços, inicialmente a posição das sepulturas (yin feng-shui) e hoje os espaços construídos (yang feng-shui). De fato, cursos de Feng Shui tradicional podem e devem incluir o ensino do cálculo de horas porque vai ser útil e mesmo necessário (eu disse Feng Shui tradicional, que é uma coisa viva. As Estrelas Voadoras. As imitações são estáticas e pouco funcionam...)
Mas essa mensagem não é Feng Shui, não é astrologia, não é da cultura chinesa e também não é cultura... Lembrem-se disso daqui a 823 anos, ou da próxima vez que chegar uma corrente dessas para vocês.
Caminho das folhas, o blog que pensa nas gerações futuras...