Tudo começou com o táxi que não tinha parado dando marcha a ré e detendo-se na minha frente. Subi na carruagem amarela para não virar abóbora na Primeiro de Março às escuras e erma.
Ou talvez tudo tenha começado na Casa Tucum, dos parentes, onde o sangue me chama,. Ou na agora reaberta Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, uma das mais belas numa cidade que cinta muitas lindas igrejas. No palco de arena onde um querido ator homenageava um poeta da Tropicália.
Sei que o taxista ponderou que era mais curto tomar o túnel e não o caminho pelo Catete que sempre solicito. - Se realmente for mais curto, Santa Bárbara vai me proteger. Para aliviar a tensão dentro do túnel perguntei se conhecia a história do mural de Djanira. Ouviu com interesse participativo e quando perguntei, Qual das três associações de moradores o senhor acha que era a menos pior pra ficar com o mural? respondeu, - A menos pior, a de Santa Teresa, onde ela morava e que fica logo acima; mas o correto mesmo era ficar onde ela quis, pros mortos.
Tendo combinado nisso, quis saber o que tinha ido ver no CCBB.- Preciso espairecer sempre que dás, trabalho com coia muito triste. - Coisa triste, é?: - Sou da Umbanda e minha obrigação é trabalhar em cima do que ocorre. - Eu também sou da Umbanda! Ogã Luiz!
Após os brados conjuntos de Saravá Umbanda! comentei, - Ogã tem um problema com mãe de santo.- Tem. - A gente recebe o ponto do santo, e se mostra pro ogã ele diz, "Bonitinho, isso é pra você cantar pro teu santo, ponto bom é esse daqui" e aí canta um samba! - Isso mesmo! concordou o taxista, sem que se saiba se também concorda que ogã costuma ter essa pretensão de compor melhor do que os santos.
Quis saber minha pomba-gira, botou um panamá na cabeça para homenagear Zé Pelintra, perguntouse eu era"de Iansã ou de Iemanjá". Estava na dúvida porque tou sentindo energia muito forte de Iemanjá também. - É porque tenho cantado todo dia para ela, e estou com a imagem aqui na sacola que comprei lá. Pra minha filha ficar boa. - Vai ficar! Já ficou! - afirmou o ogã Luiz, que achou por bem me testar com Ventou, mas que ventania! Cantei por cima dele mais alto e no tom. Assim chegamos na minha esquina, protegidos pelas orixás.
Saravá Umbanda.
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