Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

quinta-feira, 19 de março de 2020

o bella ciao

Cada faixa de gerações parece que tem a sua provação. A faixa que se extinguiu ou se extingue com o meu pai conheceu a Segunda Guerra Mundial,; alguns conheceram os campos, outros o uniforme, outros apenas as privações e na Europa o susto dos aviões soltando bombas.
Daí pra baixo, três gerações pelo menos conhecem agora a prisão domiciliar da nova peste pulmonar, o corona.
A Grande Peste que dizimou o Velho Mundo eram duas na verdade, a bubônica e a pulmonar. As profilaxias usadas, pragmáticas embora, não estavam erradas. Mas nem todos podiam empregá-las, nem todos podiam tomar banho de vinagre (que afasta as pulgas do rato) nem a cada dia encher um cone de ervas aromáticas como faziam os médicos (era isso a estranha máscara que usavam, que os tornava semelhantes a pássaros); e mesmo assim muitíssimos médicos morreram, como agora já alguns deram a vida salvando outras.
Nenhuma criança que viveu esse confinamento haverá de esquecê-lo, e menos no Brasil onde o ruído das panelas e tambores pontua o encerro. Se a família é contra o panelaço é impossível deixar de ouvi-lo. Isso marca.
De Quintino ao Jardim Botânico; do Cosme Velho ao morro da Mineira. Na área da Cruz Vermelha-Bairro de Fátima um morador tocava O Bella Ciao no saxofone.
Pode ser lido como o "Tchau Querida!" àquela senhora em quem também não votei, e contra quem ainda mais decididamente não fui manifestar; e pode ser simplesmente vivido como é vivido na Itália. Bella Ciao, originalmente cantando pelas plantadoras de arroz, tornou-se canto dos partigiani na luta anti-fascista.
A letra deve estar disponível na barra de pesquisa. Ciao, ciao, ciao!

Nenhum comentário: