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domingo, 18 de junho de 2017

reféns sem glória

Não era novo o carro, até eu sei disso: modelos novos têm cores e feitios surpreendentes e esse era mais achatado e esmaecido. Não era por ser novo, mas por estar ali; talvez com a janela do motorista aberta, eu não podia ver de onde estava, no banco do ônibus seguindo para o Castelo.  Um dos usuários de crack que há umas semanas sentaram praça, sem trocadilho, na praça defronte ao Outeiro, praça essa que não tem outra finalidade que a de arejar e abrir espaço, o que já é algo, levantou a cabeça, viu o carro parado no sinal e veio a passos trôpegos mas determinados, com cara de pouquíssimos amigos. O que pretendia boa coisa não era, e o motorista aguardou o sinal abrir para arrancar no instante em que o crackeiro o alcançava. Arma não portava ou no máximo uma pedra na mão fechada; dia desses pode ser mais rápido e o motorista  vir distraído.
A lei não permite que se interne compulsivamente a população de rua. Desde sempre acho que uma categoria deve sim ser retirada das ruas: as crianças, com ou sem os pais; rua não é lugar de criança. Naturalmente é para dar atenção e cuidados, e não trancafiar onde não incomode visualmente.
Agora outra categoria se junta a esta, os usuários de crack. Não temos nada com isso se eles querem se destruir. Destroem a cidade, destroem qualquer projeto de segurança e de urbanismo.
As cenas vistas em São Paulo são replicadas no Rio, em menor escala (agora é que o crack chegou à pista da Glória; não creio que dure muito por ali, é por demais visível; faz tempo que uma das escadas de acesso a Santa Teresa ali perto foi "colonizada"... entre outros). Já se ouvem vozes pedindo a internação compulsiva do dependente achado na rua. Apóio e insisto: existe cura para dependentes, principalmente crianças, havendo boa vontade de ambos os lados. Vemos depoimentos de gente que hoje trabalha com música ou toca projetos sociais.
Sim, serão aves raras. Sim: sem a mútua boa vontade não se recuperam. Sim: boa vontade falta em grandes doses ao país do jeitinho. Começar é preciso. Não podemos seguir reféns de mais isso.
Pense nas conseqüências ao alimentar o tráfico, direta ou indiretamente. Foi-se há muito o tempo em que traficante no RJ não veiculava crack: aqueles morreram todos e estes vendem sim.
Pelo fim de toda cracolândia.




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