Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

lixo e luxo

Se o Brasil e a cidade saírem com o nome mais ou menos limpo desses Jogos já será bom. Antes de sequer iniciarem, já denegrimos o nome da cidade na Oceania, com a palhaçada dos alojamentos da delegação australiana (nossa, e que prédios mais horrendos, mesmo para os padrões da Barra!) para logo em seguida dois PMs do Grande Rio executarem seqüestro-relâmpago achacando o atleta neozelandês. Que obviamente foi à polícia ao ser solto e a dupla dinâmica está presa. Ah, e  tudo por 2 mil reais! Como foi que passaram no psicotécnico? ou será que não aplicam psicotécnico?
Mas não poucos cariocas se sentem revoltados; não foi mero vandalismo a pichação do VLT clamando que  "jogos=luxo e cidade=lixo". Médicos do Hospital do Fundão relataram há uns meses a indignação de pacientes e funcionários com os dois campos olímpicos, um de rugby e o outro de hóquei no gelo creio lembrar, sob as janelas de um hospital onde falta até iodo. "Ainda por cima", diziam, "dois esportes que no Brasil nem são praticados". E que fossem...
Sim, são agendas separadas, caixinhas separadas; ainda assim.
Inauguraram estação de trem de luxo, todo moderna com  inclusive facilidades para cadeirantes; Marechal Hermes creio; aplausos, maravilha, ocorre que sem os Jogos os cadeirantes da área iam continuar a padecer como os das demais estações. Para não dizer nada daquelas onde a polícia tem medo dos traficantes e imperam cracolândias nas imediações dos trilhos.
Não somos contra tudo o que o Prefeito faz; a renovação do centro, sem a famigerada Perimetral herança da ditadura e que tomara o lugar do antigo Mercado art nouveau, o Museu do Amanhã e o MAR, até o VLT para quem ele puder ser útil, tudo isso é legado de importância. Não somos contra a PM de forma geral; apenas de seus abusos e de seus abusos ridículos, como o relatado.
Mas pelo amor de Deus mantenhamos o sentido do equilíbrio, e tenhamos um pouco de bom senso! Os atletas vão embora, da Oceania e do resto do mundo; os cariocas ficam...


quarta-feira, 6 de julho de 2016

O Espírito Santo não será o Estado mais dinâmico da União mas de lá vieram por exemplo o grande Rubem Braga (sim, sim, eu sei, e o outro Braga, o RC). E lá existe um museu ou fundação de arte negra correndo o risco de fechar por falta de verba. Muitos escravos bantos foram levados para lá, o ES integra a "área do jongo" com os estados de SP, RJ, MG. Longa vida á casa; seja mantido o acervo, as coleções cuidadas. Visitadas! Valorizadas!

Não vejo muita graça na FLIP, onde me parece que vão acima de tudo pessoas que não têm muito desenvolvido o hábito de ler. Pelo menos as que conheço que vão, ou que foram... Falar de livros é coisa mais pra crítico e prefiro descobri-los, e relê-los. Mas noto que reclamaram muito do baixo número de autores negros.
Creio que qualquer que seja a categoria, adolescente, mulher, homo-afetivo, negro, índio, japonês, oriundo da Itália, ferreiro ou dentista, deve representar onde quer que seja se houver obras de qualidade na área em questão; mas não vejo por que negros só poderiam escrever sobre cultura africana ou afro-descendente ou sobre candomblé; ou só negros sobre nada disso. Tolhe e limita a criatividade, acima de tudo produz clivagem em vez de integração. Essa temática foi insistentemente lembrada na ocasião da Flip. Deixem as pessoas escreverem sobre o que quiserem; e pessoas, pelo amor de Deus, de todos os tons de pele, de todas religiões ou ausência de, diversifiquem-se! Que negros redijam tratados sobre budismo, ou cravo na corte austríaca; que sanseis nos falem de capoeira e de Charles Dickens. Que não seja cobrado a umbandistas escrever romance sobre a Umbanda.

Esses dias um humorista  revindicava medalha por ser o "único Casseta acima dos 50 anos negro capaz de nadar de um Forte a outro"; perfeito o humor.
Mas o que não dá nem um pouco vontade de rir é ver a KKK vender as suas vestes sinistras pela rede virtual e abertamente organizar encontros em diversos pontos do território norte-americano com cruz ardente e tudo. Alguém fez notar que não estão enforcando ninguém, que foram mais agressivos no passado. Gente, estão botando as manguinhas de fora. Só isso. Se elegerem por lá esse alemão ignorante e queixudo... valha-nos Deus.


sexta-feira, 1 de julho de 2016

menos mal que algumas crianças...

Num mês de tanta notícia ruim atitudes de algumas crianças alentam os corações. Bem, a adolescente que na undécima hora conseguiu embarcar pra prova internacional na Dinamarca já não é criança. Mas criança, estudou sempre em escola pública e aprendeu vários idiomas; a alucinante burocracia nacional quase a priva da oportunidade de viajar. Viajou porém, e ganhar é o de menos. A sua presença na prova já é coroa de louros.
A burocracia não é o pior de nossos males. Violência contra a mulher é tão comum que no ônibus uma moça desceu diante da delegacia gritando que ia prestar queixa contra o companheiro, que saltou também, enquanto outra passageira comentava - Ele disse que ia BATER, não MATAR. Falou "eu te bato" e não "eu te mato"!- Outras concordavam com a cabeça. Acharão normal, decerto, quando vítimas forem elas.
Um garoto de onze anos não achou normal. E denunciou por rede social o pai que há três anos bate na mãe; quem viu as fotos constatou que exagero não havia.
Coragem e determinação do menino. Agora, que faltam na cidade - no país todo- recursos para abrigar essas mulheres, isso falta. Se ela já havia denunciado outras vezes o marido, o que fazia na casa dele? como pode ser que ele ainda circulasse solto?
Falta tudo na cidade, menos dinheiro para os brinquedos prediletos dos prefeitos, sejam competições esportivas ou obeliscos inúteis com passarelas desmontáveis que depois vão pra sucata. Abrigo para mulher vítima de violência, julgando pela reação daquelas passageiras, não vai ser tão cedo prioridade.
Menos mal que algumas crianças não se acomodam.