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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

rosário de flores

A igreja de NS do Rosário, no centro antigo do Rio, é uma das mais bonitas que temos aqui (também adoro NS dos Mercadores, NS do Desterro da Lapa e por causa da simpatia e vibração Sta Efigênia e-São Elesbão...  e várias outras menos lindas mas charmosas).
Como se sabe, foi erguida por negros libertos  ou forros de nascimento, e alguns ainda escravos que iam pagando sua pataca à Irmandade; e quando a Familia Real aportou por aqui, além do famoso "Ponha-se na Rua" com que se apoderava das residências que melhor lhe apraziam, pediu essa igreja pra ser catedral temporária e ouvir missa ali, obviamente nos primeiros lugares, relegados os donos legítimos aos bancos do fundo.
Quando o governo fez a antiga Sé, foi trabalhoso aos negros conseguirem de volta o  que era seu; tinham a posse mas o papel timbrado que restituia á Irmandade os seus direitos exigiu até advogado.
O nome é Nossa Senhora do Rosário e São Benedito; tenho impressão que a Aparecida não aparecera ainda e essa era, e é, a Virgem amada pelos negros. Diz o jongodo quilombo de São José da Serra ,
"Saravá São Benedito, Nossa Senhora do Rosário!". Nesse quilombo rezam missa afro aos domingos, com mãe de santo e mãe pequena paramentadas ao lado do padre, e ogã tocando tambor.
Aqui, a igreja do Rosário recebe católico, umbandista e todos os matizes religiosos aparentados. Perto das datas de São Lázaro/ São Roque, põem pipoca para Omolu ao pé da imagem (no caso a imagem é de São Lázaro). É como se lhe florissem a imagem.
Isso é ter a cabeça aberta. Vive cheia a igreja (pena que o museu por falta de verba foi fechado e o acervo ia pra Sta Efigênia, perto dali). Perto das datas dos santos sincretizados, fica mais.
Atotô Obaluaiê. Salve doboru, as suas flores.  Salve a harmonia entre religiões.
Atotô.

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