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quinta-feira, 24 de julho de 2014

na hora da criação ela já estava

Saluba.
Dia 26 de julho é dedicado a Nanã, sincretizada com Santana. Uma das mais antigas paróquias da antiga capital. Uma das maiores igrejas do Rio, não a mais bela sem sombra de dúvida mas talvez erguida daquele jeito pra conter todos os moradores da então pantanosa Cidade Nova. A igreja, larga, baixa e cor de terra me parece sempre o ideograma da própria orixá, como se dançasse curvada em dois à beira d´água, na terra molhada, saias abertas arrastando. Mais uma vez, Saluba!
É também o dia Nacional do Jongo. "Galo cor-de-rosa, suas penas são douradas. Tenha pena de im, galo sereno, tenho medo de me bolar n´angoma".
Jongo paulista esse, ouvido no Quilombo de Sao José.
E dia 25 vejo que é da internacional da mulher negra. Festeja-se Thereza de Benguela, dirigente quilombola. O quilombo dela, infelizmente, foi desbaratado após uns meses, como a maioria dos quilombos. O de São José era realmente muito bem escondido e sobreviveu.
No mais que me perdoem o mau jeito, mas eu já acho que Dia da Mulher é todo dia. Agora vamos ter o Dia da Mulher Negra, da Mulher Nissei (exijo um da Mulher Mestiça Descendente de Indígena) e francamente quanto mais divisões se criem, pior me parece. Asseguram-me também que existe, em réplica, um Dia do Homem. Eles também vão querer especificar. Dia do Homem Sansei. Dia do Homem de Pai Judeu.
Irei aos dois eventos para que me convidaram, nem que seja pela amizade que tenho pelos realizadores. Viva a memória de Thereza de Benguela, todos os dias.
E que Nanã nos dê sabedoria para criar amálgamas e não divisões, assim como água e terra amalgamadas viram a lama de que se fazem os tijolos para construirmos; as vasilhas que contêm o alimento que compartilhamos. Vivam os seres vivos.

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