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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

sua banda caiu no angome

O meu livro UMBANDA GIRA! serviu de base para uma entrevista que a Rádio Melodias de Terreiro fez comigo essa semana. Sendo nos dias que precedem a comemoração dos 103 anos oficiais, me sinto duplamente honrada pela sincronicidade.
Digo sempre "oficiais" porque participo da opinião que já exisitia então o que nós chamamos hoje de Umbanda, mas com o nome de macumba ou batuque. Podia ser mais africana do que cardecista, mas não entrarei aqui na briguinha entre as várias correntes até porque ela tende a desaparecer, por conta do bom senso (todos vestimos branco) e da frente comum perante as agressões. Por conta, talvez acima de tudo, das tênues fronteiras entre tal e tal linha, existe um sombreado onde elas se sobrepõem que muda de tom e sotaque mas nos envolve a quase todos: a Umbanda é de todos nós.
Seja como for, no CCBB anos atrás uma exposição sobre o Rio Antigo trazia o desenho (aumentado para o tamanho natural) de uma moça branca de cabelos soltos "dançando em rito africano" dizia a legenda, recebendo Seu Marabô, acrescentaria eu; e isso era pelos anos 1880-90.
Ao mesmo tempo que lamentamos a demolição da casa onde começou oficialmente a Umbanda, ao mesmo tempo que esperamos que após as obras em curso o Museu da Polícia passe a franuear o acesso às coleções afro-brasileiras, notamos um pouco mais de harmonia entre Umbanda e candomblé. Vejo meu livro ser levado para eventos na Bahia apesar da pecha que se ouvia "Umbanda não vende por lá"; vejo-me receber convites de irmãos da corrente vizinha, e talvez o que mais tenha gostado tenha sido receber convite para uma Feijoada dos Pretos Velhos no Treze de Maio este ano, organizada entre outros pelo Movimento Palmares na área do Valongo; e não recebi uma só mensagem dizendo coisas como "Preto Velho nada, viva Zumbi!"
Viva também Zumbi, os Velhos e as Crianças...
E a feijoada estava uma delícia.
Saravá Umbanda!
ps- "angome" ou angoma é o tambor sagrado, como no jongo. Salve a mistura de influencias!

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