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domingo, 29 de maio de 2011

sangria

O meridiano da Vesícula, cuja emoção correspondente é a raiva, é um dos mais longos do nosso corpo, descendo pela lateral externa do canto do olho até o pé. Animais que possuem vesícula, e isso vale para todos os órgãos e vísceras, possuem o meridiano, mas com menos pontos (talvez tenham até OUTROS pontos só deles segundo as espécies; nunca estudei acupuntura veterinária).
Este é o caso, portanto, dos felinos. Eu estava me preparando a trabalhar numa limpeza de situação raivosa, para controlar uma solicitação sem fundamentos que recusei, e ouvi o gato berrar uma vez só, tão alto que fui correndo ver. Toda a lateral da perna esquerda (o lado receptivo), lateral externa, regida pela Vesícula, estava ensangüentada. Muito sangue. Examinei o gato, quase tão assustado quanto eu. Não quis machucar mais, besuntei de bastante dendê e fui fazer o previsto.
Duas horas depois fui ver e o gato dormia placidamente. Quando o pude examinar, nem sombra de ferida. Olhei várias vezes, não havia nada. Nem dendê, nem sangue. Gato tranqüilo. Pele limpa.
O que pôde acontecer? O canal Triplo-Aquecedor/ Vesícula Biliar, o Pequeno Yang, dividido em Hsiao Yang do pé (VB) e Hsiao Yang da mão (T Aq) é, segundo os antigos chineses, um dos que têm mais energia do que sangue. Talvez tenha havido um sangramento dentro do meridiano (meridiano do gato; gatos servem como paraventos para emoções negativas que vêm de fora e alguns são mais médiuns do que outros) devido à raiva da situação. Sobrecarregando um canal energético que não comporta normalmente muito sangue.
Quando uma ação minha desencadeou um começo de limpeza, a primeira pulga que picou o gato na coxa externa fez sangria, limpando o meridiano. Sim, meus gatos têm pulgas, não têm aquele remédio caro. São poucas e servem de baliza energética segundo que aumentam ou diminuem. Afinal, na sessão de acupuntura acontece com freqüência de sangramento ocorrer quando se vai tirar uma inocente agulha, smepre num ponto que provocou limpeza do canal. A pulga serviu de agulha.
Ou então o Hsiao Yang sangrou sozinho, limpando. É possibilidade que não descarto. Afinal, a pulga foi picar logo no canal que precisava??

quarta-feira, 11 de maio de 2011

saravá a banda

Os tempos aqui na terra parece que vêm soprando alguma conciliação. Vejo até ex-guerrilheira apertando mão de militar. É saudável os sobreviventes de uma guerra conseguirem viver em paz e até descobrirem alguns objetivos comuns.
Estamos nos preparando para festejar o Treze de Maio, data que deveria simbolizar perdão e redenção. Em alguns círculos tinha virado moda demonizar a Princesa Isabel, em seu tempo igualmente demonizada pelos escravocratas, por insistir em usar as “camélias da liberdade” plantadas no quilombo protegido do Leblon. Ofender a sua memória é falta de conhecimento. Mas os grandes heróis da festa são mesmo os Pretos Velhos. Tenham eles “cavalos” pardos, negros, mestiços, louros ou índios; e tenham eles ainda cavalos, ou como se diz “não venham mais” porque já alcançaram a luz.
Recentemente saiu um trabalho sobre liberdade e escravidão onde fiquei triste de ler que [pesquisando o passado, podemos] “ver como os brancos eram cruéis e desumanos”. Isso nada acrescenta a ninguém. TODO cativeiro, tenho vontade de escrever para o autor, e espero um dia lhe dizer, é cruel e desumano. Assim foram os descendentes dos colonizadores portugueseses, assim foram os negros africanos que venderam os seus irmãos já escravizados por eles, assim foram os mestiços libertos que fizeram comércio de escravos, e assim foram os ciganos que Debret retratou, reproduzindo uma casa-depósito perto do Valongo, o sinistro mercado de escravos no tempo que o Rio tinha um tamanho de um ovo. E cuja restauração prometida, ainda que parcial, festejamos, para que o nome viva na memória. Censurar o passado não costuma dar certo.
Este ano organizam uma caminhada festiva na região, para saudar o Treze de Maio e a importância da herança negra na cultura brasileira. Fui convidada e vou, se Deus quiser e os Compadres ajudarem! Gostei da iniciativa, que ao invés de dizer “Treze de Maio não está com nada, viva o 26 de novembro” entre outras coisas que já precisei ouvir e rebater, estende a mão amigavelmente, relembra, homenageia e a todos respeita.
Afinal, todos nós descendemos de alguma das pessoinhas “cruéis e desumanas” mencionadas acima, e perdoamos a nós mesmos; o perdão precisa ser mútuo e abrangente. A Umbanda saúda os Pretos Velhos em sua maior festa, sáuda o fim de todos os cativeiros, os legais nas fazendas brasileiras ontem, os ilegais nas fazendas brasileiras hoje, no norte do País, na Mauritânia onde a lei já proíbe e contudo persiste; e em muitos países africanos onde o trabalho escravo ilegal e esquecido planta o chocolate que comemos.
Saravá a banda dos Velhos!

domingo, 8 de maio de 2011

onde achar seu "BASEADO"




Onde achar seu “BASEADO”

Finalmente meu livro BASEADO saiu. Comédia de costumes com sabor agridoce, foi um de meus primeiros trabalhos que ainda reconheço hoje e de que, confesso, gosto imensamente.
As duas não-ficções, (SINAIS DE VIDA & UMBANDA GIRA! ) que já publiquei se parecem entre si o bastante para não surpreender o leitor de ambas. Quem conhece, não entende é a relação com BASEADO. Ora, explico nesse instante a relação: NENHUMA!!!!!!
Quem foi que disse que só posso escrever sobre saúde holística, religião ou ecologia?! Até porque em 1995 eu apenas começava a estudar acupuntura. BASEADO já parece mais com outro trabalho meu que batalha editor ainda, AS FLORES DE CAMPO ABERTO AINDA ASSUSTAM MUITA GENTE. Pelo menos eu acho que se parecem, como dois irmãos ou primos de gerações diferente.
Onde achar o BASEADO é que é. A editora é pequena e parece que só quer saber de vendas pela rede:
Mas aos poucos vai chegando em algumas livrarias, como a da UERJ e breve a do Museu. Bom caminho para ele!




http://www.editoramultifoco.com.br/literatura-loja-detalhe.php?idLivro=442&idProduto=457

segunda-feira, 2 de maio de 2011

sabor de vingança

Não vi motivo de alegria na morte de Bin Laden, e me chocam as cenas de comemoração nas ruas norteamericanas. O quase xará do terrorista, o O-B-ama, diz que “justiça enfim se fez”.
Natural que um político deseje capitalizar esse êxito militar. Natural também, nas circunstâncias, que o exército gringo fosse em cima até conseguir, quando ninguém mais acreditava. Dizer porém que justiça se fez é demagogia, e pena que tanta gente acreditou. Tão culpados quanto o Bin Laden foram os supostos mártires do ataque e os que deram apoio aos ataques, tão injustos quanto ele os muitos que por desorientação se alegraram com as mortes do 11 de setembro, mundo muçulmano afora.
Não é sequer que com esta morte o terrorismo islâmico chegue automaticamente ao fim. Bin Laden não era Hitler, não representa a cabeça de um Reich. Tomara que não surjam outros “mártires”... Dirão, “não foi na sua terra” e isso é verdade. Compreende-se um sentimento de satisfação, somos todos humanos e imperfeitos; a euforia, a festa é que pegaram mal. Mesmo na guerra, alegrar-se com a morte do outro não é coisa de justos.
Absolutamente não têm a ver com terapia holística essas considerações; mas há horas em que é necessário tomar posição. A raiva em excesso, para não dizer que não falei de saúde, faz mal não apenas à pressão, ao coração, mas também aos olhos, o que os caminhos dos meridianos de acupuntura explicam. “Raiva cega” é uma expressão que não nasceu à toa. Que descansem em paz os mortos do 11 de setembro 2011 em Nova Iorque, os do 11 de setembro 1973 em Santiago do Chile, e todos os mortos da intolerância.