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domingo, 8 de agosto de 2010

nigra notanda lapilli

Dão o nome de “cristais”, segundo quem fala, só aos de quartzo transparente – e não poucos unicamente ao quartzo transparente INCOLOR- e lembremos que nem toda pedra de quartzo é transparente. Outros usam o termo para toda pedra curativa, inclusive os quartzos opacos como o verde e o azul, e não-quartzos. Alguns terapeutas como Richard Gerber (Medicina Vibracional) dizem ter canalizado visões do quartzo incolor usado na decadência da Atlântida, para fins de repressão dos menos esclarecidos. Este uso distorcido de uma pedra de cura pode ter se dado, ou não. O diamante, como o rubi, a esmeralda, e outras, certamente entraram em receitas ayurvédicas de cura, que trazem em si duas falhas: não é cura universal e sim de príncipes perdulários, e exige a destruição da pedra. Hoje em dia sabemos o imenso ônus ligado a muitas dessas pedras, e ao diamante em particular, que o diga a famosa supermodelo... a que se “acostumara a ver diamantes limpos, e numa caixa”.
Pedras são ocasionalmente “mortas”, isto é, acontecem de explodirem ou racharem em dois no ritual purificador da “tenda de suor” que há vários anos aportou aqui vindo do hemisfério norte. Por isso, o terapeuta chefe da roda agradece a todo o povo das pedras (e ainda assim, elas se transformaram noutras menores, não viraram pó como no exemplo anterior.)
Porém pedras usadas para matar é coisa de bárbaros e embora aplicado por extremistas islâmicos o uso não é um fundamento da religião; tanto que a lapidação está registrada na Bíblia como vocês perfeitamente sabem. Era sim um bárbaro uso local, e pre-islâmico, hoje aplicado em países repressores e extremistas. Não necessariamente “árabes”, como desavisadamente declarou na Maratona dos Contadores de Histórias um conhecido poeta das madrugadas cariocas. Ó, conhecido poeta: a Nigéria negra e o Irã indo-europeu são até onde se sabe os dois países que mais lapidam. Ambos não- árabes. Apedrejar mulher, ou qualquer ser vivo, não é inerente a árabes, nem o é sequer de muçulmanos. É próprio de governos islâmicos fundamentalistas e autocratas, isso sim, como os acima citados, governos que desprezam a mulher. (Ao mesmo tempo a Síria proibiu a burca por entender que não é tradição local e não desejar ver expandir-se ali esse radicalismo.) Uma amiga espantou-se ao descobrir que “lápis e “lapidar” vêm de “pedra” em latim, que o adjetivo descreve texto breve o suficiente para caber em lápide, e que o verbo lapidar tem dois sentidos. Pois bem, marcarei com pedra negra, à maneira dos romanos, se amanhecer o dia em que se cumpra a sentença contra Sakineh Ashtiani, em Tabriz.

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