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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Hoje é dia de Zumbi, ou como agora dizem da Consciência Negra. Quem é da Umbanda, qualquer que seja a cor da pele, sempre tem ou deveria ter simpatia com igualdade racial, não nos deixem mentir os guias que carregamos. E igualdade racial significa exatamente isso. Alguns discursos que se escutam por aí preocupam. Este ano ouvi uma pérola numa reunião e nada pude dizer porque eram duas pessoas que conversavam juntas às minhas costas: Minha filha me disse, mãe, que pena que não teve apartheid aqui. A mãe, negra, dava razão à filha.
Quando morava fora, entrei no boicote de laranjas sul-africanas; de volta aos pagos, incomodei meu pai para conseguir Barbies morenas e negras para minha filha (e ele conseguiu); para agora uma senhora vir lamentar que não tivemos aqui apartheid. Não penso que aqueles que sofreram com ele concordem com ela.
Já comentei como é ofensivo para um umbandista ouvir perto do Treze de Maio que essa data não vale nada. Não se pode pedir que figuras históricas como a Princesa Isabel pensassem como jovens urbanos de hoje. Ela porém apoiava de verdade o abolicionismo e muito criticada foi, por proteger o Quilombo do Leblon e usar as suas camélias. Por que a Rainha Jinga, para usar um exemplo óbvio, seria só "boa" e a Princesa só "má"? É necessário informar-se e ler História, ninguém nasce sabendo.
Zumbi vale como símbolo; existiu ou não, e se existiu todos sabem era banto e NÃO iorubá como a linda cabeça que serviu de modelo ao seu monumento. Se existiu porém, dizem os historiadores, é provável que possuísse escravos ele próprio. Sempre me pergunto (publicamente às vezes com risco de cansar os leitores) por que Luiz Gama não é festejado nesta data. Existiu sem sombra de dúvida, fez questão de não possuir escravo algum, mesmo podendo, e mesmo sendo a norma para quase todo negro alforriado no Brasil de então. Manteve as mãos limpas até o fim, atraindo com isso muitos ódios, ajudou a alforriar a muitos, direta e indiretamente; e ainda escreveu belos versos.
Jinga era angolana, e de lá, com nome quase homônimo à região da rainha, nos veio a árvore mutamba. Suas folhas serenam os ânimos e trazem amizade. Estamos disso bem precisados, até fora dos campi neo-fascistas avessos á minissaia. Ewé, mutamba; ewé assá, as folhas dão jeito.



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