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terça-feira, 17 de agosto de 2021

mal na foto

A foto está aí que não deixa mentir: o sodado norte-americano aponta e grita, joelhos fletidos, para o afegão que passa armado e o ignora solenemente.

Não sei a história pregressa dos principais atores da foto. Mas o soldado uniformizado ficou  mal nela. Como seria bom pensar que está ali para defender vidas afegãs. Está ali para  proteger a saída dos seus compatriotas locais, inclusive o  seu embaixador.

Relata a cineasta afegã Sahraa Karini que já foram mortos diversos artistas populares; executados, não foi bala perdida. Nem você nem eu sabemos como são os artistas populares afegãos, mas esses morreram porque cantavam; ou participavam de filmes, e o Islã fundamentalista proíbe tanto a música como a reprodução da imagem humana, o que inclui cinema além de retratos. Há uma discussão a respeito do conceito de "Islã liberal", não poucos afirmam que isso não pode existir: que seria um oxímoro, digamos. Oxímoro ou não, há interpretações mais tolerantes do que a desses combatentes. 

Os novos talibãs, filhos daqueles, afirmam estar hoje preparados ao diálogo com outros países e determinados a preservar o patrimônio artístico e arqueológico (ainda) existente. Bom ler isso. Preservar vida, respeitar o outro e a outra também seria bom. 

Só as pessoas de lá podem um dia libertar-se do jugo, se considerarem jugo. choro pelas mulheres como Karimi que pretende "ficar e lutar pelo seu país", uma atitude não islâmica apesar de noutra foto termos visto a mocinha de burca turquesa empunhando armas no tanque, ladeada pelo pai, sogro ou quiçá marido, e pelo irmão, marido ou o que fosse. Ela provavelmente não teve opção, seguiu ordens, e ainda cumpria a função de distrair o atirador do outro lado com a sua presença.

É tristíssimo, como é triste ver brasileiros abdicarem do raciocínio para obedecer ao microfone do pastor. Mas só os locais podem resolver. E para isso, rezemos.





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