Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

domingo, 15 de outubro de 2023

o beija-flor e a orquestra

 A essa altura não adianta mais dizer, Judeus e árabes conviviam muito bem antes da criação do Estado de Ira. Quiseram, os colonialistas, redimir-se de décadas de antissemitismo dando uma pátria aos sobreviventes do Holocausto e essa pátria perigou ser na atual Uganda. O que não faz, reconheçamos, o menor sentido. Outras crises e outros massacres teríamos visto com certeza.

Os palestinos viviam sob jugo permanente de turcos, de ingleses, de não sei mais quem. Mas tinham casas das quais alguns ainda guardam chaves, como guardam ainda chaves de casas muito mais antigas algumas famílias sefarad, de suas casinhas na Espanha de onde também foram expulsos. "Dónde está la llave que estava en el cajón/"  Os palestinos foram expulsos, com extrema violência, e precisaram de décadas para receber de volta a faixa de Gaza.  Que tem o tamanho do município de Maricá, e rapidamente foi tomada pelo grupo islâmico extremista, financiado pelo ditatorial governo do Irã, cujos cidadãos (e cidadãs nem se fala) merecem viver em paz, em vez de ver levarem a guerra em seu nome. Árabes e persas, sunitas e xiitas costumam se detestar. Triste ver tal aliança apenas para matar o não-muçulmano, visto como pior do que o pior.

Nada justifica o terrorismo que mata adolescentes e crianças. Daniel Barenboim, ainda enérgico em seus 80 anos, ainda no século passado fundou com um amigo palestino a orquestra pela paz onde tocam palestinos e tocam judeus, juntos. O palestino morreu há dez anos ou mais, Barenboim segue, a orquestra também, como o beija-flor da parábola apagando incêndio com a água que lhe cabia no bico; porque era sua obrigação fazer o que conseguisse fazer; e outro maravilhoso beija-flor é o caballero  catalão Jordi Savall, que reúne nos palcos árabes, turcos, armênios, judeus, muçulmanos sufitas e gregos; além de um trio africano integrado por músicos de Madagascar, da Nigéria e do Marrocos.

Shalom e salaam. Pela paz um dia. Barenboim e Savall são heróis. Não o general nem o imã.



Nenhum comentário: