Só com muita má-fé se pode achar que este governo e o anterior sejam iguais. Valorização do desarmamento, do anti-racismo, nada de ameaças quase diárias à imprensa e Estado de Direito. Infelizmente outros grandes diferenciais vêm sendo corroídos, alguns por conta da pouca base de um Parlamento indigno, os outros devidos, pior ainda, visão peculiar do mundo que é a do mandatário.
Dentro do nosso presidente existe ainda um valoroso torneiro mecânico com os pés no PC, que aprendeu um dia que a Rússia é o umbigo da salvação proletária, e o torna incapaz de julgar. Sua visão parece ser que o ucraniano não passa de um pirralho atrevido e ingrato. E então sua real opinião e as pressões contrárias que sofre de ministros ou esposa ou de outros chefes de Estado levam a repetidos fiascos e evasões diplomáticas. Como se não bastasse a vergonha muito maior nesta semana tão nefasta, abraçando o ditador da Venezuela que se proclama "esquerdista" (provando mais uma vez que a clivagem não é pelo conceito de direita e esquerda, e sim pela oposição democracia/ ditadura. Alguém acha que o ditador coreano seja de esquerda?: Não pertence a quadrante algum a não ser o da autocracia, e isto eu chamo de fascismo.) Ah.. mas o ditador vizinho ostenta bigode à moda de Stalin (que não era russo, apenas soviético) e também declara-se na luta do proletariado.
Estas escolhas puseram abaixo a boa impressão lá fora e se não mudam a situação dos venezuelanos, afetam a credibilidade nacional. Porém mais assustadores são os desmontes sistemáticos de ministérios emblemáticos e posturas essenciais. Há coisa de semanas acendeu o alerta quando alguns empresários sugeriram simplesmente extinguir o ministério do Povos Originários. Aconselhando-se com correligionários, articularam melhor e deu nisso que vemos. Não se imagine por um minuto que deixa de influir o gênero aqui; vimos a fala machista de certo político nortista, e ontem quarta 31 o desligar sistemático do microfone da deputada pessolista. Se fosse ministro homem talvez mandassem pistoleiro.
Não bastasse a visão retrógada do Parlamento, temos , perdoem que insista, a do chefe da Nação. Que deseja abrir uma tal Ferrogrãos na Amazônia, corroendo ainda mais o ecossistema. Ecossistema ele no fundo acha coisa de burguês, gosta de boi e de "desenvolvimento". Aqui sugiro que em vez de estrada de ferro, evidentemente absurda, se transportem os grãos a bordo de aviões. Podem ser solicitados aos políticos evangélicos cujas recentes façanhas cannabísticas ainda nos impressionam.
Exu em sua trezena , e sempre, proteja Marina, Sônia Gumajajara guerreira e todas as Terras Indígenas, pois não há planeta B.
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