Até o Papa Francisco pôs um cocar simbólico. O CIMI (Conselho indigenista missionário) diz que Sua Santidade está não apenas preocupado, mas muito informado, apesar da saúde agora delicada. Nós também, Santidade, lhe desejamos força. Papa como esse nunca houve, e nem sequer houve religiosos entre os mis recentes mortos da floresta.
Há um desequilíbrio porém. Vejo sempre citarem a irmã Dorothy, outra vítima da ganância, e o saudoso Chico Mendes. Porém as vítimas locais, indígenas geralmente, deixam rastros locais. Furou um pouco essa barreira o Maxciel, de Tabatinga e membro da Funai, por isto e por ser o mais recente. No geral, a invisibilidade os persegue após a morte. Chico Mendes erra caboclo, articulado e falava português. Mesmo falando quase todos também o português os indígenas caem sem ruído, como pisavam na mata. Sábado 25, ontem mesmo, num confronto do MS um jovem guarani kaiowá morreu, o nome não foi revelado. Maxciel já não é o mais recente.
E a terra é afinal deles.
O mandatário evita mencionar o caso. Quando a diretoria da FUNAI, por ele aparelhada, e que demitira o indigenista, trabalhando este afastado por conta própria, sentiu desconforto o bastante para emitir nota de pesar e solidariedade, aí se manifestou, enfim. Eram as vítimas "mal vistas" .e o lugar perigoso. Também existe um vídeo (com o jornalista), em que agressivamente afirma que a Amazônia não é deles, é do Brasil. Sim, é. Mas antes de tudo a Amazônia pertence à Amazônia, às árvores e aves e águas e isso na cabecinha não encaixa. E dos povos nativos. Declara o ilustre não querer acabar com a Amazônia toda "porque todo mundo sabe que aí dá duas ou três safras e uma seca que acaba com tudo". Verdade. Mas a seca ameaça mesmo com "apenas" a mutilação. Rio depende da árvore, árvore depende do rio.
Como já foi dito em vários lugares, o invasor não tem cara de jornalista nacional ou estrangeiro. O invasor é traficante e muito armado. O educadíssimo vice tem interesses econômicos locais de todo incompatíveis com a preservação e dos quais alguns estariam à margem da lei..
Arrumaram um laranja que já foi descartado pela polícia. Mandantes ainda não foram identificados. Como muitas vítimas fatais noutros casos que parecem sentir o perigo, Bruno estava prestes a sair fora. Não teve tempo, e o Brasil não tem tempo. O ritual xucuru antes da cremação lhe terá agradado muito. Ninguém fará um assim por um país de cultura predadora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário