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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

"a música foi a minha defesa"

 Ser músico salvou a vida do tradutor húngaro, quando adentrou o campo de concentração e sabia tocar oboé. E foi uma tortura a mais enquanto o valente poeta sergipano esteve atrás das grades na ditadura. Faziam-no dançar e cantar as próprias músicas. Encapuzado e nu.

Para o rapaz da Grota do Surucucu, integrante da orquestra de jovens (já aqui mencionada um ou dois anos atrás) ser músico foi uma bênção dupla; porque algum traficante preso tinha dado o seu nome à polícia em 2014, e o acharam parecido com uma foto. Como é que o traficante foi dar o nome do moço em 2014? O rapaz tinha então 16, 17 anos. Pode um dia na infância ter sido, ou não, olheiro ou vapor. E saiu dessa vida. Pode nunca ter entrado nela, e o tráfico de raiva deu o nome de presente. 

O essencial é que estivera tocando na hora do assalto e havia testemunhas. Ainda não toca no Municipal, tocava numa padaria chiquinha às oito da manhã. Nem por isso foram mais gentis com ele ao saber que havia um alvará para a soltura. Aguardar a entrega oficial do alvará, creio, a norma. Mas precisavam transferir para mais longe?

Conheço uma dupla de irmãos, negros, filhos de PM que insistiu para estudarem e não entrarem pra PM. Um fazia Direito e o outro Economia. Certa noite foram parados na rua e o PM fazia chacota aberta, "negão, tu não é estudante coisa nenhuma" e tal. Trancaram a matrícula, entraram para a PM. O que mais depressa ascendeu assim que pôde mndou chamar o antigo algoz e ficaram se olhando. O outro tem carreira de menos brilho e inclusive esteve no cado do gás de pimenta. Mas aí jáé outra história.

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