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domingo, 14 de junho de 2020

o andor

Convenhamos, há mais estátuas no Rio de Janeiro do que militares no atual governo e se trata de tendência tupiniquim.
Quanto ao excesso de militares, foi gratificante ler que a entrevista do general que se retira, amigo do presidente há décadas, pegou mal com eles também, a categoria como um todo, no governo e fora dele. Afinal, "dize-me com quem andas..", não é mesmo? Nem gostaram da nota conjunta do dito cujo e vice. Bom saber disso.
Quanto ao excesso de estátuas, a estatuária nacional na via pública é afligida pela falta de imaginação.
Para cada pérola como o Bandeira diante da ABL, cheia de humor e de inventividade, ou o Drummond à beira-mar com os óculos tantas vezes surrupiados (fosse por admiradores...mas é por larápios do mal, mesmo) temos dez outras, feias e mal concebidas, como a do pobre Braguinha à saída do Túnel Novo ou a metros do Bandeira, um presidente de casaca dourada que parece que vai cair de bêbado. TODAS homenageiam figuras conhecidas; rápida pesquisa das estátuas pela Europa aponta criatividade e pensamento lúdico.
Na esteira do tal Colombo decapitado falam aqui alguns mais radicais em quebrar a de Dom Pedro II (confesso que não sei onde fica), da Princesa Isabel e do bandeirante. O trigo e o joio: os bandeirantes escravizavam indígenas e negros, é triste que estejam postados, em pedra ou bronze, ameaçando avenidas. Se aquela deve ser removida? não sei.
Já Dom Pedro II quando alguns negociantes ricos quiseram erguer-lhe uma estátua de ouro pediu que, com aquele valor, construíssem cada um na então Capital uma escola pública pronta para o uso, que o governo se encarregaria de contratar os docentes. Assim devemos lhe agradecer as diversas "escolas do imperador",  uma delas ocupada pelo Exército, as outras em atividade e no geral belíssimas. A mais bonita sedia um centro de cultura negra na Gamboa.
Então devagar com o andor, sair quebrando é mais fácil do que construir.
Temos exemplos disso todo dia no Planalto.


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