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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

não gostei? quebrei!

Vou pouco ao teatro, confesso, prefiro música, balé e cinema. Não dá para ver tudo. Talvez por isso descubro só agora que uma peça sobre Luiz Gama está há quatro anos em cartaz. Salvo engano em dois palcos simultâneos e dias diferentes, a Arena Cultural de Madureira e a  Laura Alvim na Vieira Souto.
E para os que não ligam o nome à pessoa, Gama foi aquele indevidamente vendido pelo pai português aos dez anos (indevidamente, na lei de então; a mãe era livre), um dos principais abolicionistas (não chegou a ver o 13 de Maio) dentre eles o que se recusava a possuir escravos. O incansável Rebouças, nascido livre de pais já livres, infelizmente possuía e libertava os seus a conta-gotas, alguns por pressão de seus alunos (que voltavam para casas onde sem dúvida o papai tinha também os seus). Rebouças assim, com todos os seus méritos encarnou nisto o "jeitinho brasileiro" no que ele tem de pior.
Mas Gama foi um dos maiores homens do Brasil.
Tudo isso para implorar que me esclareçam sobre o que o vereador eleito na capital paulista pelo ex-partido do presidente estava fazendo no Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, onde quebrou, não uma placa, isso foram seus colegas de chapa, não é? mas um cartaz montado sobre mortes de negros pela PM, cartaz que fazia parte de uma exposição sobre a negritude.
Estive lá esses dias para a homenagem à Umbanda, que foi muito lindamente organizada, mas ou não se mencionou a exposição ou ainda estava sendo montada. O vereador comentou ao quebrar a placa.. ops, desculpe, o cartaz, que se consertassem e pusessem de volta "teria de fazer de novo". Alguns vereadores foram fazer Boletim de Ocorrência, entre eles aquela jovem vereadora do PSol que reclamava durante semanas da falta de memória dos seguranças: de segunda a sexta pediam a sua identidade. A essa altura já devem saber quem ela é.
O vereador paulista depois de ouvir as palavras ponderadas do presidente da Câmara declarou que não escolhera a melhor maneira de se manifestar. Já o colega carioca pendurou no gabinete metade da placa quebrada. Isso e pra gente não esquecer quem são eles, mesmo se deixaram de ser o partido do capitão.

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