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sexta-feira, 27 de maio de 2016

trinta e três

Não é só a idade do Cristo. 33 bandidos estupraram uma adolescente, freqüentadora de baile funk. Seriam bandidos por esse ato apenas, e já eram bandidos antes.
O ato digno dos piores momentos do subcontinente indiano, onde a violência contra a mulher atinge tais cumes que vingança comum é estuprarem, todos os homens de um clã, alguma mulher de outro, chama a atenção para a violência nos morros e bailes, cometida por bandidos, e que no asfalto se procura esquecer. Quem vai adquirir alucinógeno na mão do bandidozinho pé de chinelo, alegando (com bastante razão inclusive) que aquele não passa do último elo de um crime muito maior, esse então quer mesmo é esquecer.
Como os facínoras se filmaram, num cúmulo de alucinação, pode ser que a polícia encontre logo todos.
Bandos de homens violentos comentem violência ao quadrado. No morro. Na saída das boates caras e dos bailes populares. Na Índia, no Paquistão, no Brasil e em qualquer bairro onde estejam; os anormais que destruíram e atiraram no chão um dos leões do Parque Guinle parecem não ter sido os craqueiros que volta e meia estão debaixo do viaduto, pondo a segurança de todos em risco, como infelizmente permite a lei. Eram, isso sim, garotões voltando de madrugada para seus apartamentos de classe média alta.
E ao contrário dos 33 bandidos, estes delinqüentes ao serem localizados terão papai e mamãe pagando advogado pra provar que a culpa foi do amiguinho fortão. Da próxima vez pode ser que em vez de arte destruam uma vida. Mendigo. Mulher. Índio aculturado. Tudo isso já aconteceu, e em repetidas ocasiões. Ah, sim, se presos, a maioria terá curso superior? cadeia com privilégios? Dá nojo de pertencer à mesma espécie.
O grão de esperança foi ver, na mesma noite de sábado em que os marombados de classe alta arrebentavam patrimônio desta sofrida cidade, diversas crianças em aniversário de adultos, todas na faixa dos dez-onze e super permeáveis pela idade aos joguinhos eletrônicos e redes sociais, brincando horas a fio de Batatinha-Frita-um-dois-três e de pique-esconde. Nunca tinham se visto e podiam ter se ignorado. Interagiram, socializaram, foram crianças e foram gente. De gente, meu Deus, a cidade e o país precisam em todos os escalões.






sexta-feira, 20 de maio de 2016

as ligações perigosas

A confusão rege o Brasil e o país se polariza, o que é pena: tem-se de abominar ou idolatrar o ex-presidente, não se pode criticá-lo e achar uma ou duas medidas boas, as pessoas querem silenciar os aspectos que vão de encontro ao modo de pensar de cada um; e não é assim que se chega a nenhuma forma de objetividade.
Enquanto imperam palavras de ordem simplistas e conchavos pouco recomendáveis, chega a notícia que no Malawi assassinam albinos. Albinos, gêmeos e gente ruiva tradicionalmente, mundo afora, ao nascer ou foram demonizados ou santificados; que em 2016 esteja acontecendo epidemia de mortes de albinos, seqüestrados e depois encontrados sem vida e mutilados, é inadmissível.
A Anistia começa uma campanha, por enquanto creio que ainda não a seção tupiniquim mas não é difícil achar na rede virtual onde manifestar-se para que essas mortes não passem em silêncio.
Já na Nigéria, onde o Boko Haram perdeu muito território mas não toda força, o exército libertou outra moça, das primeiras quase 300 que nunca haviam reaparecido, com exceção notável de 70 que fugiram com meses de cativeiro.
Com mais sorte do que muitas, a moça e seu filho encontraram a família à sua espera, quase toda ainda viva.
Para quem se confunde nas fotos, moça de véu colorido é muçulmana e já era antes do seqüestro, já que a área hauçá, no norte, onde ocorreram os raptos, tem forte proporção de muçulmanos. O Boko as cobriu de preto anos atrás para as fotos de divulgação, não sendo essa a opção das moças. E as sem véu não são muçulmanas.
Para além do drama pessoal das famílias, preocupa no Boko Haram as "ligações perigosas" que tem ou procurou ter com o E.I. - e talvez seja nesse quesito que esteja perdendo mais chão. Escreve o jornalista nigeriano Max Siollun no NY Times que o grupo poderia com o tempo tornar-se errante e atacar periodicamente, o que seria "um problema, mas não uma ameaça existencial para o país."
Que encontremos aqui o nosso fio condutor existencial também.

terça-feira, 10 de maio de 2016

dá licença pai antônio

Chegando o Treze de Maio e os Guias estão em reboliço. Que nos possam ajudar a limpar o massacre da vida e não menos a vida vegetal: dez árvores cortadas em Laranjeiras em área não aedificandi e a FPJ se recusando por ordem do Prefeito a receber a denúncia a não ser pelo infame telefone que bem sabemos.
Salve Umbanda, as festas pelo Treze de Maio aonde seja, nos terreiros umbandistas, homenagens de religiões irmãs e por que não? no Clube Renascença que organiza um evento!
Salve umbandistas e quimbandas; bom lembrar que o substantivo masculino quimbanda se aplica ao curador, como demonstrou entre outros Ney Lopes em seus trabalhos.
E como demonstra um ponto cantado de que reproduzo a letra:
"- Dá licença Pai Antônio,
eu não vim lhe visitar,
vim mostrar essa doença 
pro senhor poder curar.
-Se a doença for de Deus, Pai Antônio vai curar;
se a doença for feitiço Pai Antônio vai tirar.
Coitado de Pai Antônio feiticeiro rezador,
foi parar na Detenção por não ter um defensor.
Pai Antônio é quimbanda , é rezador
Pai Antônio é quimbanda , é rezador 
Pai Antônio é quimbanda , é rezador
Pai Antônio é quimbanda , é rezador ...

(dizem que o cavalo de Pai Antônio no tempo das perseguições oficiais foi mesmo incorporado para a Detenção;  "Se o meu cavalo vai eu vou junto! - e para desespero dos policiais lá ficou, montado no seu burro, até ser este solto no dia seguinte. )
Há quem se assuste e grafe ou cante "é quem manda"; porém rezador que tira mazela é chamado de quimbanda mesmo!
Salve o Treze de Maio, saravá Umbanda.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

" com a lei debaixo do braço"

Indignava-se o feirante e a expressão é dele.
Para o Dia das Mães vão deixar sair a famosa matricida; só seis dias que é o que a lei permite.
Mas a lei não faz o menor sentido. Ao elaborá-la os valorosos bacharéis e juízes não pensaram por um segundo, ou tiveram preguiça de pensar, que certas pessoas são matricidas, parricidas e outras matam os próprios filhos. Se esse fosse o caso da criatura, sairia também por seis dias?
Fazer o possível para amenizar, dentro e fora das grades, a vida dos filhos das presas que nasceram na penitenciária, já se tem tentado e ficam curtas as providências. Não faltará quem diga, -aplicar os recursos para os filhos de quem nunca cometeu delito era o correto- mas criança é criança e estas têm logo ao nascer uma carga mais pesada do que a maioria.
Premiar uma pessoa que inclusive já tentou receber a herança da sua vítima é absurdo; naquele caso a lei era clara e ela nada recebeu. Falta clareza agora em nome das vitimas, e se matricidas são raras, vítimas fatais de maus-tratos familiares nem sempre por parte do padrasto são infelizmente por demais comuns entre nós.
Está aí uma lei que em nome das mães e dos filhos pede emenda pois como a fizeram escarnece de todos nós.
Lei é assim, vemos todos os dias a vergonha dos que não cessam de querer dobrá-la e interpretá-la, em seu proveito, nos mais altos escalões.
E sem boas notícias nessa Terra Brasilis, bom Dia das Mães mesmo assim; sopros de paz nas famílias.