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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

pormenores



Até uma data recente não saía bloco na Quarta-feira de Cinzas. Até existiu o Bloco da Cremação, no centro da cidade, irreverente e simpático, mas um dia a Cúria resolveu vetar lá pelos anos 90. Agora há bloco os duas semanas antes e uma semana depois dos dias oficiais. Por um lado, depende muito da cabeça do prefeito; certamente os blocos pagam uma taxa que resulta interessante. Por outro creio que a Cúria anda pensando algo como, - Se estão no bloco, evangélicos não são, podem vir a ser bons católicos e alguns já serão- e reclama menos. Bem, se reclama, não o faz publicamente e não surte efeito algum pelo menos no Rio.
Não concordo com bloco soltando fogos altissimos para avisar que vai sair, nem bloco fechando a comunicação de um bairro com ele mesmo, entupindo a espinha dorsal. Copacabana não tem esse problema. Mas há bairros com UMA única rua principal, e essa não pode ser fechada.
Carro de som incita ao gigantismo.
Mas gigantismo mesmo impera na Sapucaí, onde cada ano tem-se vontade de cantar não "Até parece que estou na Bahia, até parece que estou na Bahia!"  e sim "até parece que estou na Disneylândia". Não, não é elogio...
E a doação igualmente gigante de dez milhões levou "aquela" escola à vitória, para indignação de muitos. Jamais esquecerei, e quem duvidar pesquise no JB de então, a cena da propina saindo de caixa de madeira pros jurados antes do desfile, em que creio foi também campeã. Figurões da nossa cultura estavam de jurado e não se sabe se levaram também... Foi logo antes de dividirem os desfiles em dois dias: a idéia era que fossem mais curtos, para os jurados não dormirem, e já se vê que não vingou.
E na página 11 do Globo de sexta-feira 20, o guiné-equatorial Tutu Alicante, defensor de Direitos Humanos, explica por alto como é viver lá. Por alto, porque pormenorizado, só sentindo na carne.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

o cuitelinho não gosta

Cuitelinho é como mineiro (goiano também, talvez?) chama o beija-flor.
"O cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia.."

E no Rio uma escola de samba resolveu homenagear um ditador africano. Imagina o povo pegando o embalo no nome Guiné, tão simpático para nós, nome de folha, componente de nome de Pretos Velhos e tal.
Pois é, mas de simpático o ditador não tem nada. Ignoro se é chegado aos mesmos desatinos canibalísticos que "aquele" e mais "aquele" de pouco saudosa memória, mas é ditador, e ainda por cima, que história é essa de aceitar verba de político (se cabe a palavra no caso deste senhor) seja de casa ou de fora.
Ano passado houve escola discorrendo sobre iogurte. Pois é. Deve ser o começo do fim.
Já estão querendo controlar a origem das verbas para o ano que vem. Vamos ter um pouco de bom senso. No mais essa escola é daquele bicheiro que na década de 80 "desapareceu" duas pessoas em plena Copacabana, de dia, e enterrou num areal. É triste. E mais triste ver homenageado um salafrário que fez cair muito e muito botão de rosa antes da hora, na infelicíssima Guiné Equatorial.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

as outras vítimas




O maremoto de fanatismo religioso islâmico fez outras vítimas que não os queimados, fuzilados e degolados. Trata-se, para os que ainda têm algum, dos nossos bons sentimentos, que vão murchando para vergonha nossa. Assim a pessoa se flagra dizendo- Bem feito- quando executam a terrorista iraquiana que nada tinha a ver com o assassínio do escritor e jornalista japonês (ela "apenas" tentara explodir uma festa de casamento); perde horas de sono imaginando a forma de eliminar o degolador mascarado; e na Jordânia um político, aos prantos na TV pela barbárie cometida pelo E.I. contra o piloto deles, declara; - Vamos matar as suas mulheres! vamos matar as suas crianças!

Muito boa idéia de abrir portas de mesquitas londrinas para demonstrar que muçulmano não é necessariamente elefante. Mas por que motivo os clérigos que tomaram a iniciativa, e os demais moderados, não procuram criticar, controlar, e convencer os seus muitos colegas fanáticos? Poucos dias após os atentados em Paris o Globo publicou uma lista com fotos e declarações de clérigos extremistas, no Sudão, no Egito e em Jerusalém (esse avisando os judeus sobre o seu próximo e definitivo massacre). Seria infantil acreditar que esses cinco são os únicos clérigos fanáticos soltando o verbo e fazendo cabeças. Até porque os irmãos Chaouki não estiveram com nenhum destes.

Costumo citar o livro de Saira Shah, realizadora do documentário "Por Trás do Véu", a qual por sua vez costuma citar Baghawi de Herat; por exemplo,"A tinta do sábio é mais sagrada do que o sangue do mártir"; "As mulheres são metades gêmeas dos homens"; "Vós me pedis para amaldiçoar os descrentes, porém não fui enviado para amaldiçoar". Há mais,deste sábio e de outros como ele; e certamente não serão todas de Saira as menções a clérigos muçulmanos pela paz.

Falando de paz, no bairro carioca do Cachambi, certamente imaginando que faltam pelo mundo exemplos de intolerância religiosa, fanáticos evangélicos atacaram um templo tradicional entre umbandistas, um exemplo para todos nós, o "A Caminho da Paz". Sem dúvida enxergaram também neste mundo um excesso de paz.