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domingo, 11 de janeiro de 2015

o lápis é mais

Deixar a poeira assentar, ouvir amigos e parentes que estão por lá, escrever On Est Tous Charlie e assimilar o golpe.
É de somenos importância se a polícia vai pegar aquela moça, tão mal nomeada Hayat ("vida") ou se já foi entregue como prêmio a algum futuro "mártir" no EI.
Mais assustadores do que a Hayat que saiu de cena e está fichada, são os tweets, os pios, declarando "je suis Chérif" em reação a "Je suis Charlie". Isso no país que promoveu a campanha "Touche Pas à mon Pote" nos anos 80 contra o racismo; agora estudantes trazem a mesma mão de cartolina pregada no peito, dizendo Touche Pas à Ma Liberté d´ Expression.
Alguns desses "potes", desses amigos, acharam insuficiente a aceitação étnica, que era mesmo o mínimo que poderiam esperar, e querem submissão às crenças que professam, afinal a tradução de "islam". Já é abusar das leis da boa amizade; já é distorcer.
Pouco conhecido aqui, o filme egípcio "Edifício Yacoubian" mostra o que foi a realidade por lá,: passeatas pedindo um governo "islâmico, islâmico; democrático não".
No Rio de Janeiro, a única corrente evangélica que havia aceitado participar do Movimento Inter religioso preferiu deixá-lo poucos anos depois; as raras correntes muçulmanas representadas aqui não quiseram entrar (com exceção creio dos sufistas, que podem ou não ainda estar por lá).
Religiões ou formas de religião cuja tônica é a intolerância, a demonização do outro,  são o oposto da democracia e não foi à toa que desenhistas tupiniquins ouviram após o atentado à sede do Charlie-Hebdo censuras por parte de jornalistas evangélicos do tipo -Eu sempre lhe disse que com coisa divina não se deve fazer graça!
Em resposta, vimos os sinos de Notre -Dame, alvo freqüente de piadas com o divino, dobrando a morto pelas vitimas.
Quem for de rezar que reze, quem for de desenhar que desenhe, pela liberdade de expressão e pela paz; mas a paz sempre foi instável e frágil, exige acautelar-se cuidados paralelos: se vis pacem para bellum. E viva Charbonnier: melhor morrer lutando e de pé.

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