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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

urubu-servando

Existe uma modalidade de limpeza energética muito interessante chamada Tenda do Suor, aplicada no Brasil por alguns mestres que seguem versões da religião xamânica. Os interessados que os procurem, pois estou aqui pra falar de aves de rapina.
Justamente a caminho de uma Tenda destas, a única de que participei, todo mundo amontoado numa van, a vizinha de banco declarou com deslumbramento ter visto uma águia. - Impossível, aqui não tem águia. - Mas eu vi.
Não era possível, no melhor dos casos teria visto um gavião. No Brasil não tem águia, insisti. Logo veio o chato de plantão, espremido na kombi, lembrar que existe uma, muito rara, no extremo norte, parece que em Roraima.
- Uma águia em Roraima não são águias, e não há águia nenhuma por aqui, portanto ela viu foi outra coisa.
- Ali! ali! vai dizer que aquilo não é uma águia?!
- Não- encerrei- é um urubu.

(E isso que dá ficar se traduzindo para fauna alienígena... Que me desculpem os adeptos). Urubus, aves utilíssimas, águias e gaviões são todos aparentados.
Pois leio que o Galeão já conta com uma equipe de quase vinte gaviões e falcões treinados para impedir que os sempiternos urubus passeiem pela pista e sejam sugados pelas turbinas.
Acho fantástico. É perfeitamente possível que algum deles almoce um urubu, que o RJ possui em profusão; esse urubu iria a óbito dentro da turbina, mais vale alimentar o belo predador e parente longínquo.
Vivam gaviões, urubus, águias e falcões (diz que treinaram falcões também, esse é outro que não temos a menos que contem o carcará; ou os peregrinos que nos visitam) e que todas as religiões respeitem a avifauna. Sempre é possível substituir. Entre os hindus brâmanes, um exemplo entre muitos, o homem mais velho era chamado à cozinha para abrir a abóbora. Por quê? porque antigamente havia sacrifícios humanos, e no ritual a abóbora os substituía, daí até no dia a dia ser venerada.
Ainda quero ouvir que NINGUÉM para ritual NENHUM está caçando e sacrificando bicho de penas que não seja galinha ou pombo. Será raro, mas nunca sera raro o bastante...Vamos respeitar a natureza.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

rosário de flores

A igreja de NS do Rosário, no centro antigo do Rio, é uma das mais bonitas que temos aqui (também adoro NS dos Mercadores, NS do Desterro da Lapa e por causa da simpatia e vibração Sta Efigênia e-São Elesbão...  e várias outras menos lindas mas charmosas).
Como se sabe, foi erguida por negros libertos  ou forros de nascimento, e alguns ainda escravos que iam pagando sua pataca à Irmandade; e quando a Familia Real aportou por aqui, além do famoso "Ponha-se na Rua" com que se apoderava das residências que melhor lhe apraziam, pediu essa igreja pra ser catedral temporária e ouvir missa ali, obviamente nos primeiros lugares, relegados os donos legítimos aos bancos do fundo.
Quando o governo fez a antiga Sé, foi trabalhoso aos negros conseguirem de volta o  que era seu; tinham a posse mas o papel timbrado que restituia á Irmandade os seus direitos exigiu até advogado.
O nome é Nossa Senhora do Rosário e São Benedito; tenho impressão que a Aparecida não aparecera ainda e essa era, e é, a Virgem amada pelos negros. Diz o jongodo quilombo de São José da Serra ,
"Saravá São Benedito, Nossa Senhora do Rosário!". Nesse quilombo rezam missa afro aos domingos, com mãe de santo e mãe pequena paramentadas ao lado do padre, e ogã tocando tambor.
Aqui, a igreja do Rosário recebe católico, umbandista e todos os matizes religiosos aparentados. Perto das datas de São Lázaro/ São Roque, põem pipoca para Omolu ao pé da imagem (no caso a imagem é de São Lázaro). É como se lhe florissem a imagem.
Isso é ter a cabeça aberta. Vive cheia a igreja (pena que o museu por falta de verba foi fechado e o acervo ia pra Sta Efigênia, perto dali). Perto das datas dos santos sincretizados, fica mais.
Atotô Obaluaiê. Salve doboru, as suas flores.  Salve a harmonia entre religiões.
Atotô.