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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

quando a hora é chegada o burro camba sem querer

Saudando o dia 20 de janeiro, quando reabrem os terreiros após o recesso natalino, e ainda a São Benedito, a todas as folhas e às vibrações, quero compartilhar a surpresa que tive ao reler MACUNAÍMA, de Mário de Andrade. Um dos prediletos da adolescência, relido várias vezes depois; recentemente temia abri-lo e me decepcionar. Pois reli e além de continuar vivo e próximo, (re)descobri que o capítulo Sete, apropriadamente chamado "Macumba" em toda singeleza, nos traz a descrição de um batuque- não convém dizer "gira" no caso- na casa de Tia Ciata. Há um lista extensa de freqüentadores famosos inclusive Manuel Bandeira; não lembro se estava também Sinhô cujas letras refletem a sua fé (a citação lá e cima é dele)
O relato pormenorizado demonstra o que sempre digo e escrevo, havia UMA FORMA de Umbanda antes da Umbanda nascer oficialmente (é certo que esse nascimento foi por volta do batuque relatado). Aquelas entidades todas, como o Boto Tucuxi, não acabavam de nascer e inclusive nada tinham a ver com o Caboclo das Sete Encruzilhadas e a sua rosa branca. À meia-noite acontecia o que ainda acontece em certos terreiros e chamamos de "virar a gira', bate-se para Exu (a maioria hoje acaba trabalhando noutros horários para os Compadres).
Bem, nesse conturbado presente, as folhas deram um belo recado. Árvore adotada e mutilada dias antes do Natal por um caminhão-cegonha desgovernado está rebrotando inteira do lado machucado. É uma mutamba, não parece ter uso medicinal mas que linda vibração. Algum uso de fitoterapia porém terá ainda que não figure nem no Lorenzi nem no "Ewé Orixá"; pois a gata devora as folhas, já secas, que trouxe para casa após o acidente. Ensinando a mim e a todos!
Ewé assá, as folhas dão jeito; e como diziam no batuque da Tia Ciata, Vamos saravá!

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