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segunda-feira, 6 de julho de 2009

des-culpe

Quem disse que uma lâmpada quebrada não consegue iluminar? Pois uma me trouxe muita luz. Há meses instalei uma num foco onde fica de cabeça para baixo. Dei uns passos e ela se espatifou no chão. Como vocês, deduzi que tinha atarraxado mal. Nem capaz de atarraxar uma lâmpada eu sou...
Essa pequena culpa eu conscientemente esquecera no dia seguinte, mas sabia de forma semi-consciente que não esquecera, já que nunca mais me animara a tocar no foco. Afinal, eu era incompetente!
Outro dia um amigo me ajudando com algumas coisas da casa pediu um foco móvel de luz e descobriu a base metálica presa lá dentro (já tirou, obrigada, e a lâmpada nova está lá bonitinha). Ou seja, a incompetência foi 100% do fabricante.
Ou seja, assuma as suas culpas mas nunca assuma como seus os erros dos outros. E tem gente perita nessa arte. Tem gente também que não só vive culpando aos outros por suas próprias falhas como chamando a si culpas de ainda outras pessoas- porque se acostumaram a ver o mundo assim, em termos de culpa.
Os florais podem ajudar nisso. Não vão cegar ninguém para os próprios erros; vão ajudar a definir e assumir. Na linha de Minas tem essência para quem se sente perpetuamente culpado, e para quem vive projetando a culpa nos outros. Pode ser a mesma pessoa!
Acho uma tendência perigosa movimentos se organizarem em cima da culpa alheia, principalmente herdada. Neste país e neste mundo se formos criar divisões entre pessoas pautados pela culpa acabaremos por não falar mais com ninguém. Nem vamos nos alongar sobre os 21 anos de ditadura miltar. Vamos olhar no espelho: quase todos somos mestiços. Vamos apresentar contas a metade de nossos ancestrais? Teríamos que saber a qual. Quem tem nas veias sangue europeu nem se fala, sangue negro teria de se voltar contra os avós brancos e também os africanos que capturaram e negociaram vidas humanas do outro lado do oceano. Quem tem sangue indígena - quase todos nós- vai xingar os avós caboclos que diziam que índio bom era índio morto? Minha avó me legou sangue índio e a ouvi dizer isso, é muito triste e muito feio e nem por isso deixa de ser minha avó.
Mas, como tinha todo esse sangue indígena, não sentia a culpa do corpo e do prazer que as amigas reprimidas do Sul sentiam. Contava como os casais iam no Marajó tomar banho de rio à noite, o homem vestido vigiava enquanto a mulher se banhava, depois ela se vestia e entrava ele n´água. As amigas achavam terrível. Quem tava vendo era o marido, explicava. Mas lhe vendo nua, Lydinha! tornavam as velhinhas escandalizadas. Ela dava de ombros.
Pelo menos essa culpa ela não chamou a si indevidamente- nem culpou o marido por mandá-la entrar no rio. Vamos todos nadar com mais critério.

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