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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

curtas e soltas natalinas

Neste período as pessoas mal lêem... mas tem gente me cobrando e aí vão umas dicas e lembranças soltas pra encaixarem nas frestas do seu dia a dia natalino...
Outro dia fui plantar umas folhas no matinho do alto da rua e descobri jurubeba nascendo, como contei. Até já fiz floral com as flores! Pois bem, descobri que uma árvore de folha totalmente diferente, a erva-prata, tem a flor igual... Ligeiramente menor, ou nem isso, já que diferentes jurubebas têm flores ligeiramente distintas. E de fato, comprovei que é uma solanácea como a jurubeba (e a batata branca, e, e, e...) Porém nem toda solanácea tem aquele modelo de flor- costumam isso sim ser bem vistosas. Sim, inclusive a batata.. que eu me recuso a chamar de inglesa já que é andina. Dizem que em rodelas batata cicatriza e ajuda em queimaduras... dizem que folha de eucalipto também... mas tem coisa melhor...
Água sanitária! sim senhor... depois da água fria como primeiro socorro, água sanitária esguichada direto onde queimou. Se chegar a empolar, empola pouco. Bem.. se puder ajudar com uma acupunturazinha auricular ainda é melhor, passa em minutos. Sem a acupunturazinha, mais do que nunca, vale a água sanitária.
E sempre bom lembrar. Pra qualquer mordida de inseto que fique coçando depois do inseto morto e dia seguinte ainda coça, SAL! O que eu uso em casa é o dito "marinho"; mas sal tipo Cisne também dá jeito. Só não vá esfregar sal grosso porque tem quinas agudas...
E falando nisso, banho de sal grosso nunca vai na cabeça, nem é ideal tomar puro, sempre com alguma erva junto. Retire a erva antes de introduzir o sal na vasilha e deixe-a de adubo num vaso ou num jardim, direto na terra pra lhe dar força e a você. Não jogue fora num saco plástico. E boas festas!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ventanias

Me pediram para falar um pouco de Iansã, cuja festa é 4 de dezembro, dia de Santa Bárbara, e ainda não o fiz neste espaço.
Orixás são vibrações, ligadas a forças da natureza. A vibração de Iansã (Ya Mesan Orun em ioruba: Senhora dos Nove Céus) está no vento, nos raios, na chuva também, principalmente no seu movimento. Portanto está na água, como as outras Mães, embora não nos rios. Iansã - o termo é um qualificativo de Oyá- vibra na verdade nos quatro elementos pois também está na Terra em sua persona mais sisuda, a Iansã que não tem medo de eguns.
Por conta desta característica é o único orixá que permanece durante a Quaresma quando os demais, na visão da Umbanda, estão em seu descanso na Aruanda. Permanece, mas não se bate normalmente para ela durante o período, e se deve evitar pedir-lhe graças nesse momento. Na realidade poucos são os filhos dela que resistem a lhe pedir uma proteçãozinha quaresmeira...
Algumas de suas folhas são a mutamba pacificadora, trazida da Angola, a folha de abacate, que baixa a pressão; por aí se vê que Oyá não é um orixá colérico (quem tem pressão alta via de regra é) e que não ter medo não significa ser agressivo. A dormideira, Mimosa pudica, é outra ainda entre muitas, e dela se faz na linha de Minas um floral para trazer coragem a quem dela carece.
Sedutora e apaixonada nos mitos, transmite algo disto às filhas que costumam dar muito valor à fidelidade mútua quando vivem um relacionamento. Quando se vêem solteiras, prezam a diversidade... Afinal o vento muda de direção e entra em qualquer lugar.
Que os filhos de Iansã, e os que não são, possam se unir para pedir-lhe que leve o excesso das chuvas que assolou Santa Catarina para irrigar a caatinga e o sertão. Ventou, mas que ventania...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ex fumo lucem

Este é o lema gravado no prédio antigo da companha de gás. E na vida também acontece que das sombras nasça luz.
Neste espaço falei da jurubeba que se foi numa ventania. E também do animal que partiu. Pois visitando a cova onde o sepultei, para plantar fortunas e alpínias, percebi que de uma semana para a outra DUAS jurubebas floriram no matinho (do qual também falei aqui) e ganharam imensas folhas novas onde certamente havia só brotos pouco reconhecíveis no conjunto das copas baixas, onde agora se destacam.
Vou poder voltar a preparar floral de jurubeba, e muito melhor do que o anterior já que estes pés não estão na rua...
Uns quatro ou cinco anos atrás tive dois sonhos que anotei. Num o gato que se foi era o que recusava ser apanhado no colo com os outros, preferia ficar sentado no gelo. No outro após um grande obstáculo uma mudinha brotava para mim bem no meio da folha. Era uma folha longa: uma espada de são jorge, pensei na época.Não conhecia ainda maricá. Que eu saiba é a única planta que dá brotos assim, saindo do meio da folha.
Agora além do maricá que nasce aqui perto ganhei duas lindas vizinhas de flores amarelas. A fortuna, que citei acima, também muito curiosa, é aquela que brota a partir das bordas da folha e em pouco tempo só com uma folhinha deixada no chão se tem uma touceira. É prima do saião e entra no lugar dele para qualquer coisa.
E nesse dia 4 de dezembro peço que os ventos sejam clementes com maricás, mutambas e jurubebas, e com tudo aquilo pelo que temos carinho.