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sábado, 8 de março de 2008

o que há num nome?

What´s in a name? Ao se falar de plantas, o nome é muito.
Antes de mais nada, praticamente toda planta de alguma forma é medicinal. As que não servem para uso interno nem externo, quase sempre servem ou para preparar florais (exemplo clássico, azevinho; o Holly
de Bach) ou então simplesmente ajudam pela vibração.
As que servem para uso interno podem trabalhar contra ou a favor quando as comemos na refeição.
Quem leu O Nome da Rosa talvez lembre do monge hervanário explicando ao jovem Adso que não existem plantas boas para comer que não sejam medicinais também.
Bem, ao se falar de banana ou goiaba, é difícil haver confusão (embora haja zil espécies de banana e algumas são mais adequadas do que outras para certos problemas) mas quando falamos em ervas é necessário um enorme rigor.
As tias (ou os tios) da roça ou do subúrbio podem não saber o nome científico mas sabem reconhecer a planta. E assim, os bons erveiros que trabalham nas nossas ruas. Erveiro bom trabalha com erva fresca. Evite ervas compradas na rua já secas. Dificulta o (re)conhecimento e a detecção de parasitas e sujeira. Para estar seca, é melhor adquirir uma marca com razão social conhecida, ou conhecer muito bem o erveiro.
Mas quando alguém lhe recomenda uma erva qualquer sem estar apontando para a mesma é preciso cuidado. Alguns nomes servem para UMA planta só e aí não há problema. Mas... nomes como mastruço/ mentrasto/ mastruz servem para inúmeras plantas, e também servem todos para designar algumas determinadas outras. Outros nomes são dados a várias espécies de uma família e ocasionalmente a espécies de outras famílias porque são superficialmente parecidas.
Pode ocorrer que isto não traga maiores problemas; por exemplo, toda planta conhecida como picão é excelente para o sistema hepático (equilibra o que estiver errado, e cura hepatite) mesmo sendo de qualidades diferentes.
Este raciocínio aponta uma tendência. Em geral quando lhe dizem que "mastruz" é bom para tal coisa, qualquer coisa chamada popularmente mastruz quebra o galho. Mas tendência não é fato. Cada tipo de "mastruz" tem múltiplos usos. Procure sempre conhecer o nome científico, a aparência da folha e do pé, o seu cheiro e onde e quando costuma dar.
O nome científico, como a crase, não nasceu para humilhar ninguém. É o passaporte internacional da planta, que lhe permite ser reconhecida sem sombra de dúvida em qualquer tempo e em qualquer ponto do globo ou do país. Veja, baiano chama manjericão de "basilicão"; outros chamam de alfavaca, independente do tamanho da folha, e há quem chame de estoraque! E manjericão é folha pra lá de conhecida... imagine as que não são.
Não podemos deixar de atentar para uma praga que contribui muita para a confusão. Trata-se da triste mania de chamar algumas ervas por um nome de medicamento de laboratório, como "melhoral". Esta mania tem poucas décadas, e é fácil ver como nasceu. A planta funciona como o tal medicamento.
Porém a planta não é o medicamento. Possui facetas que ele não possui. A planta que nasce em tal canteiro pode ser uma, e outra pessoa chama de "melhoral" outra espécie de outra família...
Para não dizer nada do malsinado hábito brasileiro de fazer propaganda gratuita para as marcas alheias, ainda vemos outro lado negativo (positivo não há nenhum) neste vezo. Apaga a confiança e a auto-credibilidade do conhecimento tradicional. Indiretamente, veicula a idéia que a planta só é boa porque funciona como tal comprimido. Uma clara inversão de valores.
A planta vai muito além.
Imaginou se chamassem salgueiro de "aspirina"? Por que nome será que a tradicional escola de samba tijucana ia ser conhecida?

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