Acontece de a gente apoiar uma causa, às vezes contra ventos e marés, para mais adiante vê-la seguir estranhos caminhos. Sempre participei das campanhas da Anistia Internacional, já do tempo em que as cartas eram manuscritas. Agora ficou mais fácil, é um clique, em compensação assino a página de 3 países e ainda há a Avaaz, a ForceChange e outras. Mas nem por isso concordo com a posição da filial tupiniquim de só pedir justiça para crimes da Polícia Militar, sem pedi-la para os cometidos contra os seus membros, dizimados por bandidos nas ruas. Cidadania para todos.
No tempo em que morava fora participava de boicotes ao apartheid sul-africano através da rejeição às laranjas do Transvaal entre outros. De volta aos pagos deparei-me com os brinquedos das lojas e a minha filha foi por longos anos uma das poucas, talvez a única, que possuía Barbies negras e morenas porque as pedi ao meu pai que servia fora. Nessa época, da Abertura, floriram bonecos de pano negros e brancos e bebês de borracha e plástico idem, que ainda se vendem. Mas Barbies não.
Agora porém numa onda cada vez mais patrulhadora, de que tivemos exemplo com o burríssimo ataque ao filme "Vazante", atacam de forma covarde uma atriz porque aceitou um papel sem ter a pele no matiz desejado pela patrulha.
Já foi dito o bastante, o pai da moça é negro. Mas se ela tem sobrenome e cara de italiana, e daí? Escolheu-a em vida a homenageada, e a sua família. E tem mais. Eu que vou pouco a teatro, assisti a duas peças de Shakespeare em que o protagonista era negro. Uma pelo menos era nacional. Não vi ninguém do "colorismo" dizer que dinamarquês no palco não podia ser negro. Talento é talento, e a cor não determina.
Se Fabiana Cozza, que cumpre compromisso em Cuba, país mestiço como o nosso onde a terão apoiado, imagino, voltar atrás e encarnar a Dona Ivone farei questão de ir assistir. Senão nem as melhores críticas..
Tenho lido as declarações de negros e brancos lamentando essa desistência e essa patrulha. O sambista historiador. A jornalista perita em fotografia. Esse e aquele. Ninguém foi mais contundente do que o cronista que diz ter 17 leitores e meio: " A ira, o preconceito e o racismo demitiram Fabiana Cozza."
Um pouco de bom senso por favor.
domingo, 10 de junho de 2018
algo de podre no reino da Dinamarca. Só da Dinamarca?
Posted by Caminho das Folhas at 11:30
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