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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

cena carioca

No ônibus pro Grajaú o rapaz de uns 40 e poucos despeja para a mulher a sua opinião da cidade. Não presto atenção, mas ele fala alto e volta e meia se ouvem frases como a que me assombrou: define "esse presidente" como "um frouxo".
Meu Deus, há mutos adjetivos que creio encaixarem muito bem no presidente, poucos dentre estes elogiosos, mas "frouxo" não é um deles. Fico a imaginar o que terá motivado a definição do evidente eleitor desiludido.
(Leio que alguns arrependidos achavam que a coisa seria mais educada, sem queimadas nem desmonte da Cultura e tal. Mas não era este o caso do esbravejante passageiro; era o oposto.).
Bem, a toda hora o mal-vindo chefe de clã diz algo e depois recua (diria que faz pra ver se cola). Para citar alguns recentes, recuou no tocante à "Folha de São Paulo" cuja assinatura no Alvorada pretendia cancelar; recuou na intenção de mandar um ministro qualquer à posse argentina. Disse que não ia e não foi, mas mandou o seu representante mais oficial e que domina o idioma hermano, o seu vice.
Uma destas atitudes terá irritado o passageiro? Ou foi, inacreditavelmente, o conjunto da obra até agora?
Queria ver implementados Atos Institucionais, gente metralhada na rua, pilhas de corpos como após a queda de Allende em 73? Roupas envenenadas lançadas de helicóptero nas áreas ocupadas pelos indígenas, para ver se desocupam o espaço de uma vez?
Na hora do pleito, isso ainda é capaz de escolher o "frouxo" por falta de coisa mais adequada ao paladar. Um terço do eleitorado ainda acha que o "frouxo" é bom governante. Essa fração é que tem de ser trabalhada por todos os que rejeitam o ódio e a intolerância.
Agora.

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