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terça-feira, 26 de junho de 2018

ianga ke tipoi, ianga

Agora a macumbeira aqui magoou, e se irritou feio.
No meu querido Circo Voador não. E nem em lugar nenhum. Nem contra ninguém de qualquer cor ou origem.
Não estava lá nessa noite, mas aprecio o maravilhoso trabalho dos ou da DJ, sempre voltado para a produção de todos os rincões brasileiros; nessa noite era uma moça, segundo a coluna do Ancelmo. E decidiu pôr pra tocar "Axé de Ianga/ Pai Maior", que bombou pouco antes do ano 2000 e para os que não ligam o nome à melodia tem o refrão, "Ianga ke tipoi iangá, didianga me".
Sou fascinada pela estrutura das línguas bantas mas os parcos conhecimentos nunca me alcançaram para entender o verso nem achei tradução. O que vem ao caso é a reação de outra moça na platéia, que armou barraco porque a DJ "era branca e não podia tocar essa música".
Querida, pode  tocar, cantar, divulgar e o que mais lhe der na gana, eu também e cada um de nós, brasileiros ou não, podemos. RA-CIS-TA!
Acabo de rever "Ianga" , pela Dona Ivone no bar Pìrajá e pelo Jongo da Serrinha (na Caixa, pelo jeito) este com a presença de músicos negros e brancos como Luiz Felipe de Lima, do candomblé, e a própria Dona Ivone. Que saudades da roda do Gallotti dos tempos do Sobrenatural. Que existe e Deus o proteja, mas sem a roda mágica; composta e freqüentada por gente de todos os tons e procedências. Lá por 1998 "Axé de Ianga" era o carro-chefe; antes fora a chiba de Nei Lopes, que a maluca vai dizer que não podia ter sido tocada.
É proibido agora gostar de Dona Ivone? é preciso ser negro. e de matiz tolerado pela patrulha? Ficou suspeito ser de qualquer outra cor num país de mestiços? Muito além de Dona Ivone, ficou ruim ser da Umbanda, ser mestiço, ser ruivo ou louro ou japonês?
Os ancestrais de muitos "brancos" brasileiros não tiveram culpa alguma da escravidão porque chegaram depois ds Abolição. Os ancestrais de muitos "negros" tiveram, porque venderam os seus
contra-parentes e desafetos aos portugueses (os muçulmanos tendiam a arrebatar mais do que comprar, mas compravam também, na outra costa); porque em terras africanas grassava a escravidão, talvez sem "tronco" mas com sacrifícios humanos; porque tão logo eram alforriados aqui, compravam escravo.
Não é mais patrulha, agora é racismo declarado; virá de uma minoria mas será bom rever os objetivos. Até porque estamos na iminência de ver o cargo máximo da nação ocupado por um sujeito que declarou que nos quilombos os homens nem servem mais pra reproduzir. Deveríamos estar TODOS na rua sem "alas de cor"  exigindo que seja julgado AGORA, como exige o calendário, pelo crime de ameaça e injúria que cometeu contra a deputada.
Que os Pretos Velhos tão citados em "Pai Maior" nos possam valer. Que Xangô nos dê justiça.

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