Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

sexta-feira, 27 de março de 2015

hanging rock, um romance quaresmeiro

Pouco conhecido entre nós, mas rendeu muita bilheteria nos anos 1980 é o romance australiano "Picknick at Hanging Rock." Não é a que sai muito em fotos, aquela é Ayers Rock, mas nem vem ao caso. Se não resisto comentá-lo aqui, é que inteirinho é ambientado na Quaresma.
Embora em momento algum se chame a atenção do leitor para esse fato; é coisa pros atentos.
Logo após a Quarta de Cinzas, uma excursão de mocinhas com professoras chega a Hanging Rock para espairecer. As três mais velhas e mais bonitas resolvem atravessar o riacho, aproximando-se da imensa pedra, mais um morro cheio de bossas. Uma das menores, gorduchinha e teimosa, segue sem convite mesmo, reclamando da distância. As maiores atravessam umas moitas e somem. A gordinha decide voltar sozinha e logo. Inexplicavelmente, a professora mais velha, também portadora de óculos como a guria, sobe ao mesmo tempo que ela desce, e desaparece atrás das meninas.
A partir daí vê-se a determinação da pedra em conservar estas oferendas que recebeu, já puxando a docente no lugar da gordinha; quando um rapaz tenta descobrir o paradeiro das moças, é achado desmaiado e quase morto. Mas a tempo de indicar onde jaz o corpo, ainda com vida, de uma das três.
Essa dupla, que não chega a formar casal, ressuscitada da morte in extremis, não guarda lembrança de nada, nem do desmaio, e as três mulheres ainda desaparecidas se perdem de vez.
Mas a montanha não se satisfez, pois lhe roubaram segundo a sua matemática, uma cabeça, a do moço, além da moça resgatada. Passam as semanas quaresmeiras e um casal bastante antipático de professores é então imolado a distância, na pousada onde dormiam; não há comparação possível entre ersatz e original, de forma que pela Páscoa, ao mesmo tempo que a mais bela professora se casa e deixa Hanging Rock para sempre, a diretora, peixe gordo, vai expiar pecados de que aqui não falaremos atirando-se do primeiro precipício que encontra no sinistro morrote; que enfim saciado deixa em paz à população.
Vale a leitura, e a releitura!

Nenhum comentário: