Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

de garoas e maravilhas

Leio que São Paulo não é mais a terra da garoa. Da chuva, sim, mas que não tem garoado ultimamente, e devido às mudanças climáticas. A garoa, que tive a honra de ver pessoalmente da primeira vez que estive lá, não é exclusividade paulistana, como a origem quechua do termo indica. Era igualmente típica de Lima, por exemplo, e sem dúvida em inúmeros outros lugares dos quais ficam não poucos, provavelmente, no Brasil. E espero que em todos eles se mantenha impávida. Morrer a garoa porém num local qualquer é um pouco como ter morrido uma espécie biológica num lugar qualquer, ainda que se mantenha forte noutros. Um pequeno grande luto que fomos buscar para nós.
Quando o Brasl se preocupar menos em comprar telefones celulares e automóveis (e em trocá-los pelos do ano) e mais com plantio e replantio pode ser que ela regresse à esquina da rua Ipiranga com a Avenida São João.
E falando de plantar, nasceram maravilhas novas para o dia de Santa Bárbara na minha jardineira. Quando morreu há poucos meses a antiga, que levava dois anos comigo, sabia que viria alguma nova mas nasceram três. Maravilha para quem não sabe também é chamada de bonina ou jalapa. O nome científico Mirabilis jalapa, mirabilis como coisa maravilhosa, que se deve admirar, jalapa como a região mexicana de onde dizem que provém, expressa o que qualquer um diz descobrindo uma belo dia a delicada trombeta rosa choque: - Que maravilha!
E ainda serve para fazer florais.
Serviu de lição também pois nasceram juntas e a mais forte veio crespa, avermelhada na folha como pinhão-roxo, e sem vestígio das articulações características da planta. Pensei que fossem duas maravilhas e um pé de pinhão. As outras duas já vieram lisinhas e tenras, com parte da haste rosa-choque pra não haver dúvidas. É comum ouvirmos por ai que folha quando brota é preciso esperar para ter certeza do que é, e às vezes esperar dar flor, o que neste caso não foi necessário: já a planta maior alisou todas as folhas que perderam o tom vermelho e exibem a forma quase triangular característica (a haste segue verde e lisa), a segunda se mantém modesta e a terceira sucumbiu à seleção natural... E se alguém ficou com pena do pinhão, rebrotaram ambos os antigos, cada um em seu lugar. Que possam dar caminho.
Fica uma breve homenagem à garoa, Poema Quechua, de Eu Comi a Lua:
Chácara: garoa, charque/ Garoa: charque, chácara/ Charque: chácara, garoa.

Nenhum comentário: