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quarta-feira, 16 de maio de 2018

xícara de café

A editora Pallas publicou em seu blog, pela ocasião do Treze de Maio, um conto  avulso meu sobre um incidente sem-esquecido  da família, de antes da Abolição.
Tratei-o como uma história policial, o que na verdade é.
A Pallas me diz que o conto ficará acessível sempre por lá, ilustrado oportunamente com um desenho do Debret; e como dele gosto particularmente espero que entrem lá e o leiam!
Abraços

segunda-feira, 7 de maio de 2018

flotes e balas

Existe um livro muito bem pesquisado da Companhia das Letras sobre Abolição ("Flores, votos e balas").
Traz luz para certos aspectos.
Ao contrário do que se poderia imaginar, a maioria dos abolicionistas  de classe alta, negros e brancos, custou a libertar os próprios escravos. O próprio Rebouças, cobrado pela consciência e por alunos (que também os tinham, em casa de papai)  os foi alforriando uma a um; os derradeiros, três ou quatro, já meses depois do Ventre Livre. Pelo menos todos eles chegaram à Abolição sem cativos.
E nunca será demais dizer, o grande Luiz Sá nunca os teve e se recusava a considerar a idéia. Infelizmente morreu relativamente cedo, de tanto brigar na Justiça usando a lei contra ela mesma a favor dos escravos, e assim libertou muitos. (Luiz Sá é aquele mestiço que foi criado na casa-grande pelo pai português e por este pai vendido para saldar dívidas de jogo; e que prosperou graças ao apoio de rapazes de sua idade, filhos dos amos, e que se tornaram amigos).
Outro ponto esclarecedor é a resistência dos escravagistas no interior, muito maior do se imaginaria, às vésperas da Abolição. De um delegado fluminense linchado barbaramente em casa, diante de mulher e filha, porque era amigo de abolicionistas e se recusava a condená-los; até outras barbaridades, cometidas contra os escravos  (ilegalmente) enquanto "podiam", de pura raiva, por alguns escravagistas. Ilegalmente, porque no papel torturas estavam proibidas havia décadas; se tais relatos chegaram até nós porém, foi que mesmo depois da morte de Sá, ainda houve gente para denunciar.
No livro não consta o nome de minha tia-trisavó, primeira abolicionista mulher no Brasil, por se focar mais a Corte e aquelas províncias que libertaram os cativos antes do Treze de Maio. O que não foi o caso do Pará, onde nasceu e viveu Leonor Porto.
Mas batiza uma rua em São Cristóvão; salve a sua memória e acima de tudo salve os Velhos, no Treze de Maio e o ano inteiro.
Saravá Umbanda!