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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

cativeiros

A Líbia é um areal com oásis de fertilidade criados ou não pela mão do homem, onde coexistem (não se pode falar de convivência) três ou quatro tribos inimigas das quais pelo menos duas acolheram alegremente núcleos de matadores do E.I. quando este se expandia. A "revolução" consistiu em matar a pedradas o ditador, que pôs a Líbia no mapa porque na ONU votava consistentemente a favor dos desvalidos, contra o apartheid e tal; e após essa "execução" sem julgamento todos puderam se dedicar ao esporte de brigar entre tribos, o que o ditador não permitia até porque exaltava a sua própria em detrimento das demais.
Mas os líbios descobriram há poucos anos outro passatempo bem rentável, adaptado dos tempos antigos quando iam capturar escravos mais ao sul: apreender os candidatos a refugiados que aparecem no território fugindo de suas próprias guerras. Melhor ainda, trazidos por intermediários que aproveitam a falta de informação, analfabetismo, ausência de políticas públicas e tal para conduzi-los exatamente onde os estão aguardando com ansiedade para trabalhar nas residências e pomares, sem salário algum.
Isso soa familiar porque existe no Brasil, onde dão o injusto nome de "gato" ao intermediário, assim como na China o mesmo sujeito é chamado de "cobra". Só que aqui são quase sempre homens que caem na esparrela, e a Líbia aprecia cativas mulheres que têm mais de um uso. Da Nigéria chegam muitas, fugindo justamente de estupro familiar.
Isso também soa déjà vu, déjà entendu. No Brasil e no mundo, casos escabrosos resistem em lares de TODAS as classes. Não é privilégio da Nigéria, que está longe de ser o pior país africano para se viver. Inclusive para as mulheres; e por aí mesmo se vê o abismo que é preciso preencher com muita cidadania.
Enquanto subsistirem escravos e escravas legais (Mauritânia) ou tolerados pelo mundo, ninguém, como diz Caetano Veloso, ninguém é cidadão.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

vive la france

Intelectuais e artistas francesas se posicionaram, não a favor do assédio, mas contra a forma de que vem sendo tratado nos EUA (e por tabela aqui, onde não parecemos ainda capazes de construir pensamento independente).
Vive la France.
Está ficando ridículo. Evitemos o ridículo. Assobiar na rua pra uma mulher não é crime. Isso é coisa de quem não gosta de homem. E quem de fato não gosta mas se sabe bonita aos olhos masculinos, ora, que agüente, não tira pedaço. Eu também fui assediada algumas vezes por  mulheres com outra preferência sexual e tirei o corpo fora sem ter crise de asma nem ir à polícia.
O Brasil está ficando, nas metrópoles, ridículo, de tanto sectarismo e patrulha ideológica.
Assédio no trabalho, misturado com ameaça ou chantagem, é algo muito diferente- mas ameaça e chantagem já são crimes. O único assedio que me incomodou até hoje, e muito, foi em casa de santo, pela forma inadequada e deselegante; denunciei a quem devia, ao dono da casa que proibiu a entrada ao safado e ao então namorado de quem era supostamente amigo.
Comentei em "Umbanda Gira!" num pé de página e mais não merece o sem-vergonha que talvez já tenha partido ad patres. E embora levantasse ao vê-lo de mesa em que estivesse sentada, explicando o porquê aos presentes, nunca me ocorreu denunciar à polícia que nada tinha que ver com o assunto.
Vive la France! Assino embaixo. Um pouco de bom senso por favor

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

resgatando

Início de ano... a chuva apenas traz notícias alegres.
E também, ler que numa escola pública parisiense uma dupla de professores: um homem, uma mulher; ela judia, ele árabe pelos pais, dão juntos aulas de História das religiões para semear um pouco de paz e entendimento.
Sem isso há alunos muçulmanos que tentam censurar aos berros as aulas de História e impor o vestuário às mulheres que acham que deva ser o adotado.
Mas voltando à dupla, eles descobriram que durante a ocupação nazista um imã fez o que vários católicos fizeram e ajudou judeus a se esconder, fornecendo falsos certificados de religião muçulmana e até escondendo na mesquita várias pessoas. Os muçulmanos eram menos mal vistos pelo nazismo.
Infelizmente o imã foi denunciado ou descoberto, foi deportado e morreu em Auschwitz;  a memória deste herói foi resgatada pela dupla mista, e que o seu exemplo possa guiar.

Muitos padres franceses salvaram judeus, principalmente crianças, fornecendo falso certificados ou ajudando a se esconder; de muçulmanos é exemplo único, pelo menos entre os sacerdotes. Pode ter havido outros heróis anônimos laicos.

Que o ano que entra com chuvas tão refrescantes esfrie os ódios e sectarismos. Na França, no Brasil e em todo lugar.
Laroiê Exu.
Epa Hei Oyá.