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domingo, 28 de maio de 2017

poréns e quiçás

O famigerado califado islâmico matou mais umas dezenas de coptas a caminho de um templo seu (modelo de comedimento o comunicado diz quase isso, não fala em cães infiéis ou se falou não foi divulgado) e o Exército egípcio prontamente atacou as bases do EI "no território egípcio e na Líbia".
Muito bem, mas além do exército egípcio jamais se ter distinguido, reconhecer que existem bases no território nacional é difícil de aceitar.
Os coptas são normalmente todos cristãos, a língua litúrgica  deriva do egípcio antigo ou melhor, seria o baixo-egípcio do tempo da cristianização, sendo o egípcio um distante parente das línguas semitas como o árabe e hebraico. E o próprio termo "copta" indica ligação com o aquele chão já que as consoantes "cpt" estão replicadas no nome do país e derivariam do nome do deus Ptah.
Em toda esta família lingüística importam acima e tudo as consoantes. Inclusive no árabe dos súditos do califado.

Já as bases líbias... ao ser morto o ditador Khadafi se descobriu que a Líbia não existia, era e é um vasto areal povoado por tribos inimigas e bastante agressivas, algumas ds quais acolhem e aplaudem o E.I.  Sim, era um ditador. Mas fez mas pela democracia do que os atuais alucinados, e achar que matar alguém a socos e pedradas elimina o mal é erro que o Sendero Luminoso, mais perto de nós, já cometeu.

E ainda mais perto de nós, o atual presidente merecia muitas críticas mas bradar Fora ele! volta ela! era esquecer que Ela o pusera lá. Agora, que pecados próprios são revelados, não que nos causem espanto, cabe o brado. Como diz o outro, Fora todo mundo, volta Dom Pedro II!
Um historiador sugeriu contratar Obama por quatro anos já que está desempregado, é simpático e jamais foi acusado de roubalheiras; outros pleiteiam diretas-já o que é quase tão irreal. Mas e no campo do possível torçamos pela doutora. Quiçá preenchesse o vácuo com efeitos positivos. Mas o que vemos é o moço se aferrando a todas as firulas jurídicas que encontram os advogados para permanecer grudado feito carrapato ao poder. Porém quem sobrará para votarmos em seguida?

sábado, 13 de maio de 2017

cativeiros

Mais um 13 de Maio e não contem comigo para falar mal da Princesa Isabel, que além de usar as famosas camélias do quilombo leblonense libertara todos os seus escravos muito antes da Lei Áurea, pagando-lhes salário. Está na moda, mas a data é a maior celebração da Umbanda e acabou-se.
Porém inevitável é pensar em todos os cativeiros que resistem pelo mundo. Não apenas o oficial na surpreendente Mauritânia; surpreendente também pelos contrastes e aparente fraternidade e liberdade extensiva às mulheres e que não deve abranger senão regiões específicas: ou não teríamos todos assinado, pela Avaaz ou Anistia já não lembro, manifesto contra a severa punição de um homem que libertara a escrava contrariando as leis locais.
Trabalho escravo existe, amplamente denunciado no Brasil: nos últimos anos não se têm libertado trabalhadores escravos ou porque a prática diminuiu enfim ou por motivos menos animadores. Em compensação estouraram ainda ontem cárcere privado de mais alguns chineses retidos ilegalmente em porão insalubre pelos compatriotas.  E nem se sabe se eles gostam de ser libertados pela polícia já que a família fica refém da sinistra máfia chinesa.
Trabalho escravo no Golfo; primeiro iam paquistaneses mas reclamavam demais das condições, davam entrevista a repórter, e no Golfo passaram a importar justamente chineses, na mais perfeita legalidade. Perguntados, diziam que chinês é forte e não se importa com uma coisinha como ventilador quebrado e pouca água. Ou passaporte retido. Há cativeiros voluntários.
O chocolate que comemos é geralmente processado em situação de cativeiro  em regiões da África embora haja marcas que se recusam a entrar no esquema e põem no mercado chocolate mais caro e mais difícil de se achar.
Mas quando estupradores se filmam em pleno ato, dizendo à vítima, - Cala a boca que senão todo mundo vai saber que é tu!- vemos que cativeiros atingem ainda outras dimensões. Não menos a escravidão à máquina e à rede social. Mas aí já é assunto para outro dia.
Saravá os Pretos Velhos no Treze de Maio e sempre.

quarta-feira, 10 de maio de 2017

cidadania

Luaty Beirão, o rapper angolano que passou muitos meses preso e semanas em greve de fome, vem à FLIP, parece. Excelente, mas isto não significa que Angola se tornou um país democrático, há ainda opositores na cadeia, gente que deseja que a verdade e a razão prevaleçam. Significa que a pressão internacional funcionou para Luaty e os outros 16, e se não funcionou para outros casos igualmente escandalosos pode até ser, ou não, pelos contatos que a família de Luaty possui. Luaty é porém um ícone da democracia e sempre é bom ver ícones da democracia circulando em liberdade.
No continente africano onde existem apenas três democracias, as três ameaçadas o seu tanto (Botswana, Gana e Cabo Verde) outra notícia interessante foi a soltura de mais 70 daquelas moças capturadas pelo Boko Haram. Das 270 de 2-3 anos atrás, entre as fugas em massa, as libertações e infelizmente os fuzilamentos, com estas 70 o BH deve agora reter menos de cem, das quais talvez algumas se tenham convertido de coração. Não esqueçamos que engravidam lá e parem filhos. A quem é de se presumir, amam.
A notícia consideramos interessante apenas e não inteiramente boa; não apenas pelas menos de 100 que lá ficaram presas, mas porque se trata de uma troca, estas moças por cinco Bokos presos pelo Exército. Que agora ficam livres para retomara as armas.
É bom ver que a Nigéria apesar de tudo não se esqueceu dessas mulheres, e que possamos saber das restantes.
No Brasil saindo dos palcos e redes sociais as mulheres são espécie sujeita a estupros coletivo (amargamos mais um semana passada, adolescente de 12 anos) e às vezes individual com força de armas. A juíza que "ofendeu" um ator-estuprador desta última categoria foi multada em dez mil reais. A pergunta que não quer calar é, estuprador tem lá honra para se melindrar com alguma coisa?
Está faltando cidadania, comodidade que pode evoluir dentro ou fora da democracia e independe dela. O Brasil está se coisificando.


segunda-feira, 1 de maio de 2017

responsabilidade

Além de assassinarem gente no asfalto e nas favelas a três por quatro, e nem falo das balas perdidas que ceifam vidas a toda hora; gente que é criança, transeunte, policial turista ou o que seja-  agora os bairros estão todos à mercê do luto do tráfico.
Necessária a  presença da polícia sem dúvida é; mas é também enxugar gelo.
Não haveria esta violência se houvesse cidadania.
Se VOCÊ deixasse de comprar do branco e do preto na boca, ou mandar comprar pelo avião o que dá na mesma pro município, até se você não se expõe ao deixar de subir até ela.
O tráfico de droga não é a única fonte que alimenta o crime. Tráfico de armas muitas vezes independe da boa vontade e consciência do cidadão comum, coisa de peixe grande e arma grande.
Peixes esses que circulam em círculos seletos e que estariam  brilhando naquelas colunas sociais à antiga que acredito nem se façam mais.
Mas cada um pode fazer o seu pouco. Dizer "não obrigado" é um bom começo. Considerar inocente de toda pecha o usuário que compra é falácia. Plante se tiver de plantar.
Países como Portugal e Colômbia que conseguiram diminuir o tráfico (em Portugal, ao liberar o uso de tudo) têm perfis e dimensões físicas bem diferentes de nós.
Mas um dos motivos que os colombianos anos atrás disseram à delegação brasileira que o implantado lá não daria certo aqui era que lá criminoso preso ficava preso. Aqui começou a mudar apesar das tornozeleiras de algumas figuras de bolsos forrados que conseguem sair das grades pra ficar em casa.
Então mudemos mesmo, se não quisermos viver reféns ilhados num espaço cada vez mais restrito.
Salve a Trezena de maio e que possa nos dar caminho.