Bem-vindo ao Blog do Caminho das Folhas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

criançando

Habent sua fata libelli... dois livros infantis meus estão visíveis na editora virtual Clube do Autor e logo virá o terceiro. Os que já estão lá são MARICOTA, a história de um maracá teimoso, e PIPOCA E AS FORMIGAS, em homenagem a uma gata que venceu o medo.
Este, ilustrado pela pintora Ignez Rodrigues; o outro, pra escarmento de vossos pecados, ilustrado pela autora.
 Ambos podem ser visualizados até determinada página; no caso do MARICOTA é possível adquirir a versão eletrônica ou impressa, o outro só tem versão impressa por motivos técnicos que nem entendo quanto mais explico...
Para vê-los www.clubedos autores.com.br
e o terceiro é um garotinho que precisa de uma bacia nova para tomar o banho que deseja. Nos três casos a editoração, arte final, e mumunhas correlatas são de minha filha, portanto estou bastante orgulhosa...

sábado, 5 de dezembro de 2015

what´s in a name?

Este blog enfrentou inúmeros problemas técnicos que não sei resolver, mas nenhum tão irritante quanto os piratinhas do nome. Os dois que têm a elegância de acrescentar adjetivos não incomodam muito e têm o seu direito, mas existe um que ainda por cima é com fim lucrativo e deste, com veemência, gostaria de me dissociar.
Evoluiu o caminhodasfolhas.com de um perfil voltado para a saúde holística e ecologia para Direitos Humanos e ecologia, afinal sempre fui militante de Direitos Humanos e agora o meu blog também participa; é um tema um pouco mais candente do que a saúde de cada um de que confesso já desisti, mas também não quero ouvir nem ler as vossas mazelas à toa, gente fina. Me poupem.
O que não mudou é a preocupação com temas da Umbanda; e não foi por conta dos piratinhas nem dos piratões do governo que não postei uma saudação a Oyá em seu dia. Simplesmente foi muito trabalho preparar a sua festa. Ela sabe o que lhe devemos e o que me merece.
Que não nos desampare aos que lhe pedimos e apreciamos, e manifeste-se sempre formosa na terra como no céu.
Eparrei!



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

um brilho mortal

Se os Quinze de Luanda ainda estão sendo julgados, a portas fechadas, é bom dizer; e se o cantor MC Kapa foi proibido de viajar para o Rio esta semana, já se tem noção bem clara de como vai mal Angola,  queridinha dos cantores brasileiros nos anos 80.
Não é, e seria igualmente inaceitável que fosse, algo focado contra o rap: só Luaty Beirão entre os 15 é do ramo, creio. Mas o rap tem uma voz crítica, e crítica é tudo o que o Camarada Presidente não quer ouvir. Tem fama, o Camarada, de cleptomaníaco: chefe de estado com problemas psicológicos tem mas é que renunciar.
Mas há outros críticos; costumam ir pra cadeia. Que é onde está Rafael Marques pelo seu livro -denúncia cheio de críticas construtivas ao tráfico de diamantes angolanos.
Os diamantes africanos causaram muita dor e guerra civil nem tão longe assim; enfeitaram a coroa daquele assassino com cara de vigia noturno bêbado da África central (que nome tinha o país na época? república é que não era se o gajo se dizia imperador). Os diamantes de Angola estão sendo parte da vergonha do seu governo.
Angola não tem só música nem só escritores-famosos-de-origem-portuguesa-radicados-no-Rio; tem pensadores, gramáticos e jornalistas de excelente nível todos. O governo do Camarada não os merece.
E os descendentes de angolanos no Brasil fariam bem em divulgar as campanhas da Anistia portuguesa, que é a seção que se interessa pela sorte dos angolanos, porque de teoria só não se vive.
Muito antes pelo contrário.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

luto

O luto é por mais que as vítimas de Paris: onde desta vez, como disse o correspondente do Globo, parece que ao focar o homem comun quiseram mostrar que divertimento não é um projeto bem visto pelos jihadistas.
E naturalmente mataram no embalo diversos descendentes de árabes não radicais e é bom lembrar que numericamente as vítimas principais são árabes e muçulmanas pois estão bem ali à mão... Um jornalista publicado pelo Charlie Hebdo declarou que diferentemente de outras guerras não é preciso denegrir o EI/Daesh /ISIS ou como se chamem os famigerados (lá não tem patrulha ideológica contra o verbo, e há muitos africanos assimilados) "pois eles fazem isso tão bem sozinhos"....

O luto é pelo rio Doce e pela civilidade urbana. Pode um sujeito beber todas, cheirar todas e agredir com barra de ferro a mulher que rejeitou a sua gracinha?  (Acho que ela fez muito bem em revidar, como revidou). Podem a seguir dez homens comprarem a briga não no sentido de prestar auxílio à mulher, dominar o agressor e chamar a polícia mas protagonizando um linchamento?
Quanto ao Rio Doce a presidente afirma que ficara melhor do que antes e é bom mesmo; vamos lembrar que o Tâmisa foi declarado morto e nele agora nadam peixes, assim com muitos rios alemães.
E mesmo se ela cair, será tarefa pra quem ficar cobrar tudo da mineradora.
Salve a doçura do rio Doce, viva a doçura perdida do Rio e FORA CUNHA!

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O secretário estadual de Segurança reclamou com razão que a sociedade não se importa com as mortes dos PMs. A mim parece que metade das pessoas quer que todos eles morram (já ouvi tijucano dizer isso para a mãe) e a outra metade os trata como bonecos de barro do qual têm a cor, feitos a partir de inesgotável reserva, sem sentimento humano e completamente descartáveis.
Até assinei a petição da Anistia sobre PMs e execuções extra-judiciais; poderíamos acrescentar, crimes forjados como houve caso recente com rapaz de 17 anos. Não esqueçamos contudo do outro lado; dois dias antes disso OUTRO rapaz de 17 anos em Duque de Caxias executou um policial arrastando-o primeiro vários minutos com o seu cavalo. Desde então quantos morreram, como o moço que era PM por idealismo, tendo outra profissão?
E quantos civis foram executados por bandidos em morros onde não havia PM? inclusive há poucas semanas uma família inteira, casal de idosos e dois filhos.
Muito mais fácil encaminhar petição contra uma organização, como a Polícia Militar. Mas não é ela só que está doente e sim a sociedade inteira, atolada em suas contradições. A quem encaminhar este abaixo-assinado senão a cada um de nós?
As camadas favorecidas querem fumar e cheirar comprando da mão do bandido ou do avião que ele põe na rua, e não se sentem responsáveis pela violência. Chamam a odiada PM assim que aperta para o seu lado. A lei pune os que cultivam maconha para uso próprio. Coleciono, sem querer, histórias de PMs inclusive várias catarses de homens desesperados, amargurados; e como muito carioca tive um caso a prantear, um rapaz que ia sendo enterrado como indigente com carteira de reservista no bolso. Nada disso me faz discordar do Secretário. A polícia reflete a sociedade e temos a que merecemos.
Que a próxima petição da Anistia sobre crimes de PMs seja encaminhada para o Brasil.





segunda-feira, 2 de novembro de 2015

a língua dessa gente

Uma vendedora mineira preside uma organização de preservação visando limpar rios, e onde mais acharam campo pra atuar por enquanto foi no Estado do Rio! Guerreira assim merece muito sucesso e que a sua meta de limpar rios paulistas, sulistas e mineiros  se concretize, que o seu trabalho seja abençoado. Agora, se limpar é muito bom não sujar, e já o dizia Chico Xavier, é melhor; nem as comunidades ribeirinhas, nem as favelas cariocas, nem os governos, parecem entender tão sinples fato.
Não é de hoje que este blog reclama do município estar pondo a Limpeza Urbana pra podar árvore. Não é função deles, antes limpassem os rios e dessem palestras visando preservação. Árvore é até onde se percebe a maior inimiga desta Prefeitura, tanto que ao discar AQUELE famigerado número "poda de árvores" era dos poucos ítens que não caía no quesito "outros". E não podia ser diferente, decidiram que abricó de macaco cheira mal quando apodrece e puseram a Companhia de Limpeza pra "podar", mutilando, as belíssimas árvores do Largo do Machado.
Prefeito, tudo que apodrece cheira mal: inclusive o corpo humano, já reparou? E nem por isso... Melhor seria se os garis as recolhessem simplesmente. Mas existe uma vereadora, amiga de pendurar faixas nas esquinas alheias e inimiga há muito de árvore crescendo, que incentivou...
E com tais hostes a seu desfavor, lá ficaram os abricós sem o perfume da floração colorida.
Portanto mais ainda cabem loas à senhora mineira amiga dos rios. Ela sabe que com água suja a limpeza é precária, e sem água, inexistente.
Só uma coisa, dizia a marchinha, a água não lava: a língua dessa gente. Poderíamos acrescentar burrice e insegurança, base do ódio. E por isso, na terra da guerreira de Minas, um núcleo de mal-amados resolveu usar rede social para ofender com o seu preconceito malcheiroso a linda atriz carioca. E que fosse feia, não é essa a questão, certo?
Que a polícia ponha atrás das grades estes inafiançáveis, porque já cheiram pior do que os inocentes frutos do abricó. E sem direito a usar aplicativos. E vivam as flores do bom senso.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

akikò no terreiro, pelu adié

No disco de estréia da Famosa Cantora escreveram, "aqui có"; uma amiga minha insiste em cantar "ai, que có" seja lá o que estas frases signifiquem para ambas. Ninguém é obrigado a entender nagô, fora os nagôs; contudo quem canta o lindo samba de Pixinguinha deveria se informar...
O ENEM usou essa canção, uma do Chico Buarque, uma da Blitz e uma dos Titãs na prova de outro dia. Visando estimular assim, oxalá que com êxito, a reflexão sobre português, sobre música e no caso da "Yaô" do bom Pizin Din, sobre línguas africanas no contexto brasileiro.
Pixinguinha é de um tempo em que palavras nagôs eram comuns na boca dos descendentes daquela região da África. O aporte banto porém é maior, e o indígena maior ainda; por pouco deixamos de ter dois idiomas oficiais, sendo o outro o nheengatu, língua franca cujo uso acabaram restringindo para que fosse sumindo, e infelizmente sumiu. Nem por isso os falantes do guarani se exprimem em "dialeto" com ouvi na boca de um brasileiro. A outra língua oficial do Paraguai é um idioma, e muito devemos a ele por sinal.
Quanto à música... que se ouçam de muitos tipos. Quem só gosta de um ou não gosta de música ou não gosta da vida. Ouvir só ópera, ou só samba, ou só rock te deixa pobre. Ninguém pode gostar de todos os tipos? talvez. Mas conheça muitos. Haja lugar para rap e hip-hop (sim, querido, e salve Meriti) para Bach e para Miles e Bird e Villa; viva Chiquinha Gonzaga, Wilson Baptista, Cartola e Candeia e vivam em santa paz o galo em companhia das galinhas, no terreiro de São Pixinguinha, o Menino Bom...

E assinem pelos 15 de Luanda, que ainda presos estão...


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

angola de dumont a sharp

Não é preciso gostar de rap para se indignar com a acusação que pesa contra o angolano Luaty Beltrão e 14 outros presentes numa discussão do livro de Gene Sharp, "Da Ditadura à Democracia". Os quinze foram acusados de fomentar golpe de estado, desarmados como estavam; e não-violentos, pois a Anistia Internacional, cujo símbolo ( vela acesa cercada de arame farpado) vemos nos cartazes das ruas de Lisboa, não costuma se ocupar de vítimas violentas.
O MPLA está no poder desde a independência. Angola enfrenta, e não resolve, a desigualdade social brutal e a violência civil; um conhecido declarou ao regressar da terra de seus ancestrais pelo ano 2000 "eu era comunista até ir à Angola!". Ainda bem que escolheu Angola, seja dito, pra se livrar das ilusões. Fosse na Coréia do Norte talvez não voltasse pra nos contar...
Mas ser melhor do que o vizinho péssimo, ou o péssimo distante, não é suficiente. Luaty, por falar mais alto, foi espancado e entrou em greve de fome há mais de mês; as prisões ocorreram em junho e os intelectuais se queixam que fora a Anistia ninguém se preocupa com os quinze.
"L´Afrique Noire est Mal Partie" dizia  René Dumont (o livro foi reeditado há pouco e ainda se considera atual), sim, começou com o pé esquerdo. Se Dumont não podia prever nem a bandeira negra do EI nas muralhas de Timbuktu nem as monstrosidades de Bokassa, Idi Amin e outros Mobutus; infelizmente acertou no geral das previsões. Num continente que peleja por livrar-se das lutas étnicas e de clãs, dizem que o Botswana é não um paraíso, mas sim um oásis, de baixo nível de corrupção e alto nível de escolaridade, sem presos políticos. Por que tanta insegurança no governo angolano? quem discorda ou simplesmente discute idéias é perigoso subversivo? Por que pautar-se pelo vizinho errado?
Há lugar para o rap na terra dos cantos mais tradicionais de Elias dya Kimuezu; há lugar pra todas as línguas nacionais, patrimônio tão rico, ao lado do português; tem de haver lugar já, nas ruas de Luanda e do país inteiro para a discussão e a verdadeira democracia. Socialismo não se faz com frases e decretos, muito menos com calabouços.


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

doenças da saúde

Saúde não é abrir hospital (muito menos sem médico nem pessoal de apoio, para as máquinas caríssimas doadas por algum órgão apodrecerem sem uso; como é quase praxe em pontos da nossa Baixada. E há Estados onde hospital nem a isso chega: é placa apenas). Saúde não é abrir farmácia também não; é não precisar de farmácia.
Faz décadas que se comenta a carência de livrarias nesta cidade de São Sebastião e o excesso de farmácias, mas de dois ou três anos para cá a diferença aumentou; além de livrarias que fecharam (a Da Vinci segue impávida por enquanto, vamos todos lá pra que continue assim) abrem farmácias ao lado de outras. Parece falta do que fazer mas é pior; me asseguram que essas farmácias que abrem grudadas noutras, que não respeitam o domingo como estas, mais antigas e que põem aquele cartazinho avisando a farmácia de plantão (que punham; quem vai pôr cartaz indicando plantão de bairro se o incômodo concorrente não descansa?) estas neo- farmácias existem pra lavar dinheiro. E bem acredito!
Enquanto um ministro da saúde não entender isso e não investir na manutenção da saúde não teremos saúde no país.
Não que seja só aqui: na China, berço da acupuntura, médico no momento é assim: plantão de 24 horas receitando alopatia sem olhar pro paciente, e as consultas duram menos de três minutos. A China toda hora muda então desejemos que mude esse quadro para melhor.
Saúde também não pode ser profissional entupindo-se de bolinha. Quem usa o corpo como lata de lixo na hora do lazer, associando lazer a todo tipo de coquetel químico (estudantes de medicina não estão sós nisso, toda a área de Exatas está sujeita a isso, ou seja, todos os que têm mais acesso) na hora de tratar e de se tratar vai proceder como os chineses mudernos.
Mas estudante de medicina que agride a vida alheia ao cabo de uma noite de bebedeira, como tivemos há pouco o exemplo, esse deve ser afastado da sociedade e que jamais volte a tratar de ninguém.
A nossa Saúde está inspirando cuidados.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

...sentir a minha língua roçar a língua de luiz de camões...

...definiu Caetano Veloso. E por concordar com ele que minha pátria é minha língua, eu vos digo, "impeachment" é o cacete, como diz o bravo jornalista. Pode-se destituir ou depor a presidente (cá entre nós duvido que tenha pessoalmente se beneficiado com roubalheiras; mas fechou os olhos e pôs cargos e poder acima da ética. Pode-se até impedi-la de continuar governando (e isso já foi dito no tempo "Delle", com razão). Não nos faltam sinônimos. Tenhamos mais respeito com Camões, para sermos por ele respeitados.
Pior ainda é a UFRJ anunciar, como saiu publicado, evento "Summer Night Big Data". Eu hein Rosa. Isso seria pra aliciar os turistas do Carnaval? Tudo certo que "data" é latim, mas nem sabemos se os luzeiros que nomearam a coisa têm conhecimento disso; a esse nível eu já passo a duvidar de tudo. E sendo universitários o caso é muito mais sério.
Para ninguém se achar discriminado no Pedro II alguns docentes criaram o "alunx" gerando polêmica a todos os níveis; nem cabe tecer muito comentário. Como verbalizarão isso? Se alguém se ofende porque a língua não previu o rótulo GLT, lembre por obséquio que biologicamente há dois gêneros, e a esses nos referimos ao falar. Tivemos o infeliz caso dos que denigrem o verbo denegrir, já analisado aqui.
Mas pior mesmo que tudo isso é homem dizer "Obrigada" quando fala com mulher; crente que está abafando. Mulher que por preguiça ou inguinoranssa diz "Obrigado" tem muita culpa, e todos nós que por vinte anos dissemos "Valeu!" ao agradecer temos igualmente, e agora colhemos os amargos frutos.
Existe no Rio um movimento espontâneo de mulheres que descendo do coletivo gritam Obrigadaaaaaaa!!!! pro motorista carregando no A; e se você se identifica, divulgue ...
ObrigadA!






sexta-feira, 9 de outubro de 2015

sos patrimônio

Não é só criticar: elogia-se quando são tempos de elogios. A FPJ está fazendo bonito na Barra ; línguas pequenas e maldosas, murmuram-me ao pé do ouvido que é porque pela Barra circularão inúmeros atletas estrangeiros; e já que terão de ver a Baía em petição de miséria, para nossa imensa vergonha que escolhemos tão mal os nossos governantes, pelo menos que vejam 300 pés-de-pau recém plantados. Condomínios que haviam cortado 13 árvores há um ano foram multados, e já se plantou mais do que se cortou (NO LOCAL é bom deixar claro; no resto da cidade...)
Tudo espécies nativas. Sem dúvida São Francisco ajudou, que teve o seu dia agora domingo, já que a ele cabe que se peça proteção para o habitat das aves.
Passarinhos, aproveitem.
Mas não há desculpa para quatro igrejas lindas e tombadas estarem tombando no Rio... Uma delas é a de São Cristóvão, outra para a nossa surpresa é a antiga Sé do Rosário, essa mesma, Nossa Senhora do Rosário e de Sâo Benedito dos Homens Pretos. Apesar de toda a sua imensa importância histórica.
Sem dúvida o dinheiro é curto e a prefeitura optou por ir fundo nas Olimpíadas e vlts; sem dúvida é no mínimo um mau momento para se pedirem fundos ao governo federal. Porém...
Sempre lembrando que esse patrimônio é de todos nós independentemente da religião ou não-religião. Tanto faz se você é católico, as igrejas são também suas. Cuide-as.
Mais uma vez vamos pedir socorro aos santos?
SOS patrimônio.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Cauô Cabiecile, é dia 30 de setembro.
Que haja justiça para as mulheres escravizadas no mundo, as yazidi, que o EI usa como coisa sua "porque não são muçulmanas", as mauritanianas que ainda são escravizadas oficialmente; para as africanas, muçulmanas ou não, submetidas à infibulação nos casos brandos, à ablação do clitóris nos casos médios, ou ainda à extirpação de toda a genitália externa nos casos extremos, como é praticado na Somália; as nigerianas e vizinhas raptadas pelo EI e obrigadas a servir os seus combatentes após a conversão forçada; as mulheres que mesmo em países nem africanos nem muçulmanos são escravizadas em casa pela família não raro refugiada ou imigrada, e os ministérios locais não querem enxergar o problema; 
que haja justiça para as almas das mulheres e meninas assassinadas a sangue-frio em nome de Deus; 
e que haja justiça para as bravas combatentes curdas enfrentando os soldados do Estado Islâmico sabendo que não podem ser capturadas, que a última bala terá sempre de ser para elas próprias; eles acreditam, explicam elas, que se forem mortos por uma mulher perdem o lugar no Paraíso. E esse pavor que inspiram as tem protegido.
Que as siga protegendo; que sejam vitoriosas, e na verdade o seu ato já é vitoria em si.
Uma bênção às repórteres de guerra brasileiras que foram enviadas ao front e desempenharam seu papel com coragem e brio; e aonde estejam, carinho para as minhas amigas de infância curdas, Shirin e Tara, que deste horror que vivemos possa nascer um Estado Curdo, justo e luminoso.
Cauô!





segunda-feira, 28 de setembro de 2015

ainda São Cosme e Damião

"São Cosme e Damião" mesmo, como apareceu no Globo, como dizemos mesmo sabendo que a voz culta pede dizer duas vezes o "São", e como dizia o ponto de Umbanda que AQUELE bloco de Laranjeiras entoou ontem, no dia 27, em homenagem à Beijada.
Meus botões pensaram, "ih, não vai dar certo, ESSE bloco cantando pra Beijada? vão encher a cara, vão virar a Hora Grande!" Acabaram às cinco pro meio-dia; pra bloco carnavalesco até que é muito bom. Só tocaram músicas de roda, e cantaram um ponto de Umbanda só, "Alegria das crianças é São Cosme e Damião; é doce menino, é doce, é doce de São Cosme e Damião!"

Outra homenagem ainda mais surpreendente veio do padre da simpática Igreja da Ressurreição, a que tem bichinhos soltos e jardim com ervas bíblicas, celebrando no Arpoador missa para crianças do Pavão-Pavãozinho. Surpreendente porque para a Igreja Católica o dia dos santos gêmeos é 26 de setembro!! Ou será que o papa Francisco mudou isso também? Aproximação de dois cultos que não têm por quê serem adversários hoje em dia.
Sagaz, o padre distribuiu camisas amarelas pra ninguém confundir os garotos com moleques fazendo arrastão. Triste realidade a nossa.
Como declarou ao Globo esta semana que passou um carioca, - Sou negro; vou sair agora pra correr na praia, sem camisa. Só vou levar a chave pra não perder os documentos. Pela lógica que estou vendo vão me prender primeiro e depois perguntar quem sou.
Na mesma semana discuti no ônibus com outra carioca que achava correta a ação dos brutamontes da Zona Sul, quebrando ônibus de partida pro Jacaré. Fomos educadas; haverá esperança?
Pra quem perdeu a data ainda resta Crispim e Crispiniano.. que eles possam ajudar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

ago-iê das Crianças

Em cartaz um musical interessante sobre Ataulfo Alves. Podia falar menos da vida amorosa dele, creio. Mas Ataulfo foi um dos grandes cantores-compositores de seu tempo como Wilson Batista, Geraldo Pereira e Ismael Silva (da voz desses dois quase não temos registros, devido às contingências dos "misters" das gravadoras gringas do tempo. Sim, eu sei que o plural de "mister" em ingreis é Messrs. Obrigada.)
Ataulfo era ligado à Umbanda e deixou várias obras homenageando as entidades de sua preferência.
Pai Joaquim, entre outros, salve ele... Estes registros não se cantam em roda de samba (e nem devem ser, horresco referens) e são pouco conhecidos hoje.
Um de meus prediletos é o "Ago-Iê das Crianças" em que pede licença para celebrar não apenas Cosme Damião e Doum, como também Crispim e Crispiniano.  
"para a semana vou fazer uma festança , muito bacana pra agradar às Crianças..."
A festa é domingo agora dia 27.
E só nos resta preparar os saquinhos de doce e dizer como Ataulfo, AGO-IÊ! pras Crianças, pois ele sabia que a Criança também se deve pedir licença...

Doce, Beijada!



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

xô burrice!!!!!!!!!

Uma amiga via em cada ponto de exclamação louvação para a chuva (ou algo neste sentido, ela que me perdoe se a citação estiver imprecisa). Aí então ficam muitos, que cada um ajude a chamar.
No Nordeste já se pediu aos locutores de rádio e Tv não usarem a expressão "tempo bom" para descrever ausência de chuvas; creio que em todos os Estados. Até quando o nosso estado vai ficar na burrice da lanterna, equiparando chuva a coisa ruim? (Onde estão, por sinal, pergunto mais uma vez, as promessas de dessalinizar água do mar feitas no início do ano?)

Evento que tem de dar certo até com chuva ele vinga. Uma multidão lotou o Circo ano passado para ver Paulinho da Viola cantar. E como chovia.... Paulinho e o apresentador ambos homenagearam a água que caía do céu; mantendo-se fora desta cegueira que assola a nossa cidade.
Vingando ou não, evento cultural, por mais que se aprecie, não pode se sobrepor à vida. A evidência sopra nos ventos abrasadores que de uma hora para outra nos estão chegando da caatinga ou da boca do Inferno. Mais do que não chover, inverteu-se o tempo. Aquele que deveria estar fazendo.

Como é desolador ver um governante orgulhoso de ter ido mexer onde não devia. Como é abrumador ver um grande poder espiritual atrelado ao serviço do poder público, para uma causa tão fútil.
A conveniência imediata de uns não pode jamais se sobrepor à necessidade maior de todos sem exceção; brincar com as forças da natureza, além de representar falta de respeito, não traz nem boa vibração nem em última instância, bom resultado.
Deixem que a chuva que tiver de cair, caia naturalmente.
Xô burrice!!!!!!!!!


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

lá se foi...

Lá se foi o Escritor, vi no jornal. viveu bastante. Espero que árvore ele tenha plantado porque o resto da trilogia ele realizou.
Eu às vezes pensava nele, mas nos dávamos quando ninguém tinha nem internet nem celular e nunca mais tentou contato quando tinha o telefone que ele conhecia. A última vez que nos falamos eu não quis sair pois tinha marcado cinema com a minha filha. Não tinha por quê desmarcar, expliquei.
Ficamos que me ligaria na volta de sua viagem, o que não fez e eu deixei pra lá.

Não lamento nem ter recusado, nem ter aceitado outras vezes anteriores;  devo a ele aliás um conto que foi premiado e publicado, embora não na antologia que ele organizava então e que jamais saiu.
Mas não o teria escrito sem o incentivo da temática, para mim estranha. Ignoro se soube da publicação.
Não tínhamos muito em comum já na época e hoje teríamos menos;  fico feliz que o último contato, ao telefone, tenha sido leve e alegre, sem ressentimentos.
Nada sei de seus derradeiros vinte anos; que encontre onde esteja bons parceiros de xadrez;  acima de tudo, é claro, que os ventos sejam suaves com as suas cinzas, e que as ponham em bom lugar.



quarta-feira, 9 de setembro de 2015

misturebas...

Li que andou de moda na década bicho-grilo misturar feijão com leite condensado. Bicho, aí, ainda bem que eu estava fora do País no período... parei na mistura infantil de feijão e macarrão na casa da nossa tia.
Outra estranha mistura foi o paralelo traçado na imprensa entre a atual presidente e a Princesa Isabel. Vamos com calma aí (bicho). Sem dúvida duas mulheres fortes, voluntariosas e relativamente impopulares, herdeiras  políticas de alguém mais carismático; mas aí acabam as semelhanças.
A presidente teve quando jovem a coragem inegável de lutar pelos ideais que tinha, arriscando a vida nos anos de chumbo; viva ela. Melancolicamente, quando depois eleita, pôs a máquina política na frente de tudo e perdeu bondes e bondes onde poderia ter feito diferença. Desde o início critico o Minha Casa, nem tanto por proporcionar moradias de baixo custo, mas pela baixa qualidade e nenhuma criatividade das construções. Era o momento de usar água de chuva, reciclar a "água cinzenta" para descargas... nada disso foi sequer pensado. Favelinhas horrorosas sem infra-estrutura. 
 A Princesa longe de pôr a máquina à frente de tudo, perdeu o cargo pelos seus ideais como lhe haviam avisado na famosa frase. Já era mal quista na Corte, ela e a irmã, por insistir em usar as "Camélias do Quilombo" (do Leblon, protegido oficiosamente pela Casa Real. Está na moda em determinados meios dizer que a Lei Áurea quando veio já era inócua; mas 3 breves anos antes, em Campos, abolicionistas resgatavam escravos no tronco!) Se a Lei fosse tão inócua a Princesa não caía...
Enxergo trajetórias morais opostas, invertidas, entre as duas figuras; mas não é tempo de atirar pedras: que os ventos bons inspirem e protejam a todos nos que estamos aqui hoje, trazendo estabilidade, criatividade...e respeito aos ideais.

domingo, 30 de agosto de 2015

era a lua

"E quando nós saímos era a Lua" escreveu Rubem Braga no seu soneto "Soneto". Não o procurem naquele volume das cem melhores crônicas; o grande jornalista e imenso cronista reuniu "toda a [sua] obra poética", constando de quatro  poemas, mas que poemas! nas páginas finais do livro "O Conde e o Passarinho".
E assim aconteceu conosco, ao sair, e ao entrar também, em um sarau de poesia em Belford Roxo na noite de sábado.
Como [não] sabiam que vínhamos chamaram um bloco tradicionalíssimo de... Folia de Reis! Folia de Reis em agosto? Foi o seguinte: deplorando que ninguém por ali soubesse sequer o que é Folia de reis, e aproveitando que agosto é o mês oficial da Cultura Popular, os organizadores do sarau convenceram os integrantes (de sete a setenta anos) a fazer uma exceção e se apresentarem nessa data e naquele lugar; normalmente o bloco circula por outros municípios da Baixada.
E entre os poetas apresentou-se um rapaz que se dizia o primeiro declamador de rap do estado; não é preciso gostar do gênero para reconhecer boas idéias, bons conselhos e bom ritmo.
Depois de tantas boas surpresas só resta recomendar o livro, agora reeditado sem adaptações na linguagem, do escravo cubano que era poeta, Juan Francisco Manzano.
Sim, poesia numa hora dessas. Vale sempre.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

que a terra se possa molhar

Semana dedicada a Omolu Orixá da terra... orixá que gosta do seco. 
Mesmo se nos mitos "ele veio do mar". Talvez por isso mesmo. Orixá da terra, do sol a pino; uma de suas ervas nem floresce quase entre nós, por haver  normalmente umidade em excesso no ar para florir: é o aloés bíblico, conhecido entre nós como babosa.
Existem inúmeras variedades de aloés, no nosso país basicamente duas, a enorme que os feirantes vendem e a menor, inclusive mais medicinal ainda, e desprovida do ácido amarelo da outra. Trata queimaduras instantaneamente e cicatriza limpando os cortes. Há entre as ervas de Omolu uma que exatamente como a babosa, era usada no Brasil pelas lavadeiras no lugar do sabão, engordurado e malcheiroso que era: o melão de são-caetano, conhecido como "erva das lavadeiras". Não nascendo o melãozinho muito perto do rio, as moças arrancavam umas ramas e lá iam elas lavar, como Cora Coralina cantou em " Poemas dos Becos de Goiás": 
rodilha de pano, trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de são-caetano.

Mas para haver rios é preciso haver chuva. Se nos dias de outro orixá, sua mãe nos mitos, a grande Nanã, choveu contrariando as previsões, agora é necessário que a seca cesse.
Até melãozinho de são-caetano precisa d´água. 
Que dirá os seus filhos, meu senhor!
Ah to to.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

o que a estátua lia

Há uns anos tentaram implementar a prática de celebrar no duplamente trágico 11 de setembro a inteligência em vez da estupidez, deixando na rua algum livro. (Tenho um primo que faz isso rotineiramente quando acaba de ler).
Não vingou. Uns não sabem muito bem a respeito do golpe chileno, outros talvez o aprovassem, poucos têm livros sobrando e bom, no segundo ano já se via que não ia adiante. A Biblioteca Nacional porém volta e meia organiza trocas e doações de livros e uma acontecerá por estes dias.
Por este ou outro motivo, Manuel Bandeira ganhara ontem um segundo volume em sua mesa de trabalho.
 A estátua de Bandeira é uma das melhores que o Rio tem (precisamos de mais humor nas estátuas, vejam os países europeus, inclusive Rússia. Vamos parar de homenagear todo mundo que um dia viveu ou não haverá mais calçada). O poeta está de frente para a igreja de Santa Luzia, defronte à Academia, mas se voltou para conversar com o transeunte; na mesa de bronze temos livro de bronze, cafezinho de bronze, e bronze de bronze.
Vi tremular alguma coisa no vento do Castelo, e não é que ele lia um ensaio sobre literatura inglesa?
Bandeira e a cidade merecem. Obrigada ao anônimo que deixou, e ao outro anônimo que já deve ter levado embora para casa.
Menos burrice no mundo!

sábado, 25 de julho de 2015

à beira da terra molhada

Saluba!
Salve Nanã e Santana.
Salve a terra molhada.
Após 17 dias sem chuva no Rio, antes da chuvinha que caiu no início da semana, eu já reparara: os gramados do Aterro, sempre os primeiros a secar já que quem rega ali é São Pedro e os orixás de chuva, estavam verdinhos.
Como pode ser?
Acredito que deixando a cidade pedir água, a orixá da terra molhada vinha se adiantando à sua festa, molhando a terra por ali, que afinal é beira de mar, e beira d´água é o seu domínio.
E desde ontem à noite chove fino, salve ela...
Outro domínio seu é o fundo do mar. A organização virtual Avaaz, que luta tanto por direitos humanos como pela ecologia, lançou recente manifesto (assinem!!) contra a devastação do fundo do mar atrás de mais poluentes. Já existem áreas demais sofrendo com a nossa ganância. Sem prejuízo de recuperá-las, vamos respeitar o fundo dos oceanos.
Os peixes de lá carregam luz em seu terceiro olho, o da sabedoria. Que Nanã a sábia possa ensinar aos homens.
Saluba, Mãe!

terça-feira, 14 de julho de 2015

deixem os ancestrais em paz

Pode ser que muitos soubessem.. eu desde ontem fiquei ciente: se os Mórmons tanto se interessam pela genealogia (isso sim já sabia, tenho uma prima que pesquisa lá) é não apenas com o intuito de cuidar de seus antepassados mas sim de BATIZAR OS ALHEIOS!
Está certo, acredito nesse batismo forçado e retroativo quase tanto quanto acredito nas 70 virgens eternas aguardando os homens muçulmanos. A questão não é esta e sim a prática invasiva e desrespeitosa.
Diversas religiões oram pela coletividade anônima seja de vivos seja de mortos. A Umbanda é uma delas; isso se considera caridade, e não ofenderá a quem segue outras crenças, beneficiando indiferentemente a todos. E às vezes especificamos, os afogados , os atropelados, as vítimas de tal massacre. Pouco importa se a vítima foi boa pessoa, a prece visa lhe trazer luz aonde a alma esteja, melhorar a sua consciência quando reincarnar, se reincarnar. Algumas igrejas católicas têm preces mencionando os desempregados, os desalojados, e tal: são as que seguem orientação mais franciscana (reconhecível, me dizem, pelo Santo Antônio à esquerda da porta quando se entra); e ao se rezar por essa coletividade anônima de vivos, o padre não especifica "só os católicos" nem "só os caridosos, os batizados" ou o que seja. Preces coletivas e anônimas e respeitosas.
Agora ir futucar o nome de quem se foi para impor-lhe batizado póstumo é vergonhoso. Lembra as mãos que evangélicos mal orientados põem de força nas cabeças de quem veste branco, quando conseguem acuar uma vitima em algum ônibus. Não terá efeito? Parte de suposta boa intenção? Mas é agressivo e desrespeita ao outro.
Nossos antepassados, católicos, judeus, ateus ou  o que possam ter sido, podem ainda estar em posição de beneficiar-se com preces em que se sintam incluídos como eram, não precisam de condições restritivas para que rezem por eles.
Deixem os nossos antepassados em paz!

quarta-feira, 24 de junho de 2015

chuvas e ventos- e torneiras

Quando o dia de São João, sincretizado com Xangô, cai numa quarta-feira, pode acontecer e acontece mesmo com freqüência, como hoje, que Iansã também fale. Também é dona do dia da semana.
São vibrações compatíveis e afins, ambas têm a ver com o raio e o trovão. Mas a chuva e o vento são dela, e neste dia 24 de junho estão nos abençoando.
É bom nos lembrarmos aqui no Rio da seca dos mananciais no início do ano; bom lembrarmos todos, e mais em SP, que por ali ninguém conseguiu, segundo os jornais, fazer economia d´água.
Bom lembrar aos nossos governantes que no começo do ano, diante da ameaça das torneiras secarem, decidiram e prometeram construir plantas para dessalinizar água do mar, e outras instalações  e medidas visando a mesma coisa.
Você ouviu falar de alguma obra, ou pelo menos captação de recursos, nesse sentido? Não. Sò vemos políticos brigando. E sem dúvida gastando água para melhor lavar a roupa suja...
Por isso talvez Iansã esteja tão brava (eu amo a chuva. Mas reparo que estão violentos os ventos desa vez). Quando outra saia justa acontecer, ouviremos mais promessas? Que Xangô e Iansã nos livrem delas e dos que desrespeitam a vida, a água, os mananciais, e a vegetação que os faz viver.
Cauô Cabiecile!
Eparrei Oya´!

quarta-feira, 17 de junho de 2015

eu visto o branco da paz, e você?

Esta frase foi postada pela família da menina apedrejada por ser do candomblé; queremos todos crer que evangelismo seja paz e amor, mas que os pastores controlem melhor os seus rebanhos então. Toda solidariedade com a família de Kaylane.
Porém não escrevo para repetir o que os irmãos de branco, com razão, estão dizendo sobre o acontecimento. Escrevo, ia escrever, para falar de cor e de censura, de patrulha ideológica. Li com assombro e horror que um coletivo nomeado em homenagem à saudosa Carolina de Jesus atacou um discurso inteiro, tachando-o de racista, por usar a palavra denegrir. O que ainda é o de menos. Atitudes extremas existem. Existiram, existirão. Assombro mesmo é a docente "corrigir" o seu discurso, retraindo-se com medo; e isso foi outro dia, creio que na UERJ.
Negro e branco são CORES antes de definir grupos de pessoas; no nosso país é particularmente complicada tal definição. A política não tem de mandar no vernáculo a esse ponto. Há expressões ofensivas, sem a menor dúvida, que pessoas de bom gosto evitam pensar, quanto mais dizer. Mas "denegrir", francamente. 
A cor branca tradicionalmente representa a pureza pelo simples motivo do sujo nela se ver muito. Daí lírios brancos, rosas brancas, trajes de comungantes e véus de noiva; a palavra "candidato" que nos vem dos romanos indica que o mesmo se apresentava puro e branco feito o lírio. Creio que vestia branco para a ocasião. Se o gajo era de fato impoluto, isso era outra questão....
Dizer que a "situação esta preta" nada tem a ver com racismo; o juiz egípcio al-Shaban citado no Globo do dia 17 de junho, menciona a "noite negra que durou um ano" e assolou o seu país. O juiz será ou não bom juiz e boa pessoa; não é nem deixa de ser por usar as palavras "noite negra".
E assim por diante.
Os piratas usavam bandeira preta não porque "black is beautiful" e sim para  assustar; o mesmo faz o famigerado E.I., em Timbuktu, na Nigéria e na Síria (conseguem até usar nela caracteres árabes feios, o que exige esforço). Branco, não por racismo mas pelo motivo citado, é nas religiões de matriz africana, no bwiti, e no Haiti a cor da pureza, que vestimos às sextas em homenagem a Oxalá ou Olorun.
É preciso pensar um pouco antes de falar, e no caso da docente, antes de calar. Para que não caia no vazio a frase da família em Vila da Penha, "Eu visto o branco da paz, e você?"

segunda-feira, 8 de junho de 2015

o estado é laico

Espero ter interpretado errado a noticia; ou que estivesse incompleta. Mas ver que membros de religiões afro-brasileiras, todos chefes de terreiros, vão discutir com algum político o ensino religioso não é animador. É outro retrocesso, em cima do primeiro, anos atrás, que foi introduzir tal ensino num estado supostamente laico.
Não há o que discutir, é só rejeitar e exigir que acabe.
Da última vez que olhei ainda éramos todos contra este absurdo. E seguirei sendo, sem receio de que me imponham penalidades de silêncio como em outras religiões: não temos ninguém acima de nós para nos mandar calar.
Além da laicidade do estado, convém não esquecer da muito fraca distribuição de professores na rede pública, que enfrenta ainda problemas de segurança, provenham estes dos traficantes, como em geral provêm, ou mesmo dos alunos, como não raro ocorre. E ainda há o pequeno pormenor da formação dos professores...  de seus salários....  da escolha das matérias...
Ainda temos analfabetos funcionais (entre eles muitos de nossos médiuns). Ainda temos níveis altíssimos de incultura (idem, idem, acrescidos de advogados, médicos, informaticistas, técnicos de toda espécie e... professores).
Cidadania é também cultura. E o estado precisa achar pontos comuns entre os alunos da sua rede; jamais promover as diferenças. Usar os minguados caraminguás para resolver problemas candentes que já enfrenta. Não inventar novos.
Que na semana de Santo Antônio Exu não aceite que em seu nome se assinem contra-sensos.
Laroiê Exu.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

porta de livraria

Como uma bomba veio a notícia que a Da Vinci ia fechar. Ou vai. Livraria que fideliza clientes, que tem ainda clientes à antiga, de encomendarem livros de filosofia e literatura da Europa, que fez parte do panorama cultural desde que foi inaugurado o edifício Marquês de Herval, com a sua fachada modernista e a sua espiral levando ao sub-solo, onde fica a livraria: que acabou chamando outras duas, sendo uma delas livraria-sebo, provavelmente o melhor sebo da cidade.
Até os anos 1960 inclusive ainda existia o conceito de "conversa em porta de livraria", tradição muito forte nas primeiras décadas do século passado, já existente no tempo de Machado. Era onde diariamente os intelectuais se encontravam. O jornalista e diplomata Antônio Olinto teve uma coluna com este título por anos num grande diário carioca. A Da Vinci, nascendo perto do fim desse período e não abrindo direto para a rua, não sendo tampouco livraria-editora, talvez tenha congregado menos gente às suas portas, mas sim muito amigo dos livros frente às suas prateleiras. Sobreviveu incólume à ditadura, até agora nas mãos fortes da viúva e da filha do fundador.
Agora todos acorremos pesarosos comprar um livro, levar o nosso abraço e desejar que se encontre uma solução. Que talvez haja. Ouvimos falar de conversas e propostas; como disse um freqüentador desolado,- Tanta gente inventa movimento pra tanta besteira, pra salvar a livraria bem merecia criar um...

segunda-feira, 25 de maio de 2015

generalizando

As coisas do mundo raramente são cem por cento, sem mescla.
O esfaqueador da Lagoa (que acreditem não me desperta simpatias) é também vítima; e não é apenas vitima, nasceu psicopata e a sociedade tem de ser protegida dele.
Não é o único esfaqueador; nem todos são psicopatas; nem são só os ciclistas que correm perigo. Ou só os turistas, ou só mulheres.
A oitava vítima em dias corridos (houve outros antes) foi atacada no ônibus de Marechal Hermes em pleno dia e perto da Catedral. Homem, forte, negro e circulando de quentão.
A legislação sobre porte de facas e afins está sendo revista; é das mais ridículas de que tenho notícia. Para ficar em um único exemplo, a França considera suspeito portar arma branca em que, empunhada, a lâmina ultrapasse o dedo mais comprido do dono.
Aproveitem para rever a legislação sobre os usuários de crack que têm licença para perambular à vontade, deixando imunda a cidade e ameaçando as vidas de todos além da própria.
E é sempre bom lembrar que a mãe do garoto assassino era catadora num lixão em tempo completo. Não deveria  ter existido esse, ou outro lixão. O lixo deveria há muito ser separado, começando em casa. Em vez disso se vê má vontade do público e das autoridades; o trabalho da famosa fábrica de triagem de lixo não saiu do papel, nunca se puniu ninguém e o dinheiro sumiu; tampouco se reativou a idéia. Varre-se para debaixo do tapete o problema e o lixão vai além do físico, já é uma cultura.
 Quando o lixão real ou imaginário encontra a Lagoa...
Solidariedade com as famílias das vítimas de todos os bairros, de todos os tons de pele;  e lembremos que mais ainda do que legislação e policiamento, nos está faltando cidadania.

sábado, 9 de maio de 2015

pontuando

Circula nas ruas do Rio um taxista que põe pros clientes que aceitam ouvir discos de sua autoria. (Existe quem não suporte ouvir música, não goste de música cantada e por aí vai.)  Diz que primeiro, toca o seu disco de clássicos da MPB. Se a pessoa é amena à idéia, continua com outras gravações, essas de Umbanda.
O moço tem um disco de pontos de caboclo, um dos Compadres e creio que mais outro. (Forneço nome e telefone a pedidos). E naturalmente estão à venda, inclusive e principalmente no táxi (quem anda de táxi em geral tem mais dez reais sobrando). A voz é razoável e a garra é muita.
O motorista é ogã num Centro; normalmente sou pouco afeita a ouvir pontos recentes, preferindo sempre os tradicionais (ou os que recebi dos guias, nem preciso dizer). Mas a novidade que esse irmão de branco traz é a forma de divulgar não só a sua arte mas a própria Umbanda.
Às vésperas da nossa data maior, o Treze de Maio, cabe um grande axé para ele.  Que Ogun lhe dê bom caminho.
Saravá Umbanda.
Salve o Treze de Maio.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

caminhos

Inaugurou na rua da Carioca, tão ligado ao gênero, em lindo casarão restaurado, a Casa do Choro.
O local e a rua têm a ver com o choro, e na praça outrora existiam gráficas, livrarias (de livros novos) e leiteiras freqüentadas pelos escritores que iam às primeiras; são resquícios desse brilho os dois teatros.
Lindo o festival na Praça Tiradentes, sábado e domingo, apesar da presença vespertina dos que vão apenas pra conversar e beber. Depois vão indo embora e fica mais fácil se ouvir o que se veio ouvir.
Uma das diretoras sugeriu que a festa fosse anual, que entre no calendário oficialmente, e por que não seja comemorada no Dia de São Jorge "que é feriado mesmo". De fato esse santo, adotado como padroeiro extra-oficial pelo povo brasileiro no Sul, fazendo dobradinha com a Aparecida, tão querido  e tão ligado a Ogun pelo sincretismo, tem muito a ver com o Rio e por conseguinte com o gênero musical tão carioca.  Tendo dado caminho para que a Casa viesse enfim a existir, com o seu acervo de partituras inclusive do século xix, seria justa homenagem.
A chuva intermitente da tarde de sábado não caiu domingo, deixando aparecer a Lua (Lua de São Jorge, estamos no mês dele). Só voltou a cair na segunda de manhã; tão necessária sempre, parece que a chuva também quis abençoar o choro. Gotas d´água, gotas de música. Sempre bem-vindas.
E Ogunhê, saravá Ogun...

sábado, 18 de abril de 2015

zumbidos

Olhem como são belas as abelhas do céu... cantava Vinícius.
E a boa noticia, nesses tempos de abelhas sumindo, é que biólogos brasileiros vêm a público explicar o seu trabalho com abelhas sem ferrão naturais da América do Sul, essencialmente Brasil mesmo, e que não são do gênero Apis. Portanto eles não são "apicultores" são meliponicultores. Vivendo e aprendendo. Há várias espécies melíponas, e eu que sem ferrão só conhecia a carapanã....
Disse que a notícia era boa? é excelente. Estão expandindo o seu trabalho para os parques cariocas, como o da Catacumba; a metade desses já têm condições de hospedar as colméias. O mel é mais líquido do que o das Apis, que foram trazidas do Velho Mundo. Inclusive a horrorosa abelha africana, em tempos em que os organismos controladores que temos hoje pouco controlavam. Naquelas décadas negras, organismo controlador era a polícia e o exército...
Agora, agrotóxicos indiscriminados prejudicam as abelhas, a polinização e o trabalho de meliponicultor (e apicultor também).  Prejudicam a vida, em suma, o que estamos fartos de saber há anos, e ainda assim predominam.
Um pouco de bom senso só nos faria bem.

sexta-feira, 27 de março de 2015

hanging rock, um romance quaresmeiro

Pouco conhecido entre nós, mas rendeu muita bilheteria nos anos 1980 é o romance australiano "Picknick at Hanging Rock." Não é a que sai muito em fotos, aquela é Ayers Rock, mas nem vem ao caso. Se não resisto comentá-lo aqui, é que inteirinho é ambientado na Quaresma.
Embora em momento algum se chame a atenção do leitor para esse fato; é coisa pros atentos.
Logo após a Quarta de Cinzas, uma excursão de mocinhas com professoras chega a Hanging Rock para espairecer. As três mais velhas e mais bonitas resolvem atravessar o riacho, aproximando-se da imensa pedra, mais um morro cheio de bossas. Uma das menores, gorduchinha e teimosa, segue sem convite mesmo, reclamando da distância. As maiores atravessam umas moitas e somem. A gordinha decide voltar sozinha e logo. Inexplicavelmente, a professora mais velha, também portadora de óculos como a guria, sobe ao mesmo tempo que ela desce, e desaparece atrás das meninas.
A partir daí vê-se a determinação da pedra em conservar estas oferendas que recebeu, já puxando a docente no lugar da gordinha; quando um rapaz tenta descobrir o paradeiro das moças, é achado desmaiado e quase morto. Mas a tempo de indicar onde jaz o corpo, ainda com vida, de uma das três.
Essa dupla, que não chega a formar casal, ressuscitada da morte in extremis, não guarda lembrança de nada, nem do desmaio, e as três mulheres ainda desaparecidas se perdem de vez.
Mas a montanha não se satisfez, pois lhe roubaram segundo a sua matemática, uma cabeça, a do moço, além da moça resgatada. Passam as semanas quaresmeiras e um casal bastante antipático de professores é então imolado a distância, na pousada onde dormiam; não há comparação possível entre ersatz e original, de forma que pela Páscoa, ao mesmo tempo que a mais bela professora se casa e deixa Hanging Rock para sempre, a diretora, peixe gordo, vai expiar pecados de que aqui não falaremos atirando-se do primeiro precipício que encontra no sinistro morrote; que enfim saciado deixa em paz à população.
Vale a leitura, e a releitura!

terça-feira, 17 de março de 2015

a democracia e os cartazes

Se aprovasse corrupção tinha votado na presidente. Para o mandato presidencial, preferi a abstenção, e tampouco reelegi o presidente anterior. Considero, como muitos, que aquele partido traiu os ideais do tempo da fundação. Voto nulo neles!
Agora...
Enquanto houver o risco de estar na passeata ao lado de algum mentecapto, desmemoriado ou simplesmente, digamos a verdade, fascistóide, saudoso dos 21 anos pelos quais passamos, nem bato panela nem dou as caras. Quando houver marcha pela democracia acima de tudo estarei lá.
Democracia é bom, gente, até permite que maluco exiba na passeata cartazes como vimos, de
Belém a São Paulo, felizmente bem minoritários, pedindo o fim daquilo que permite a presença do seus nefastos dizeres na rua.

terça-feira, 10 de março de 2015

vecchio nuovo

Em Madagascar, ilha interessante pelas tradições, idioma. mistura étnica e avifauna, foram detectados casos da peste há coisa de um mês. Essa já foi endêmica até poucas décadas no extremo norte do nosso país e acredito esteja realmente controlada agora. Madagascar vive um caso agudo de desmatamento e pobreza e o combate será talvez árduo. Periga tornar-se um inferno sobre a terra.

Os europeus que conviveram com a Peste negra na verdade enfrentaram duas moléstias distintas, a peste transmitida pelo rato, bubônica, e a pulmonar, ainda mais letal e sem bubões. Curiosamente, a profilaxia adotada pelos médicos, empapar as roupas de vinagre e usar cones de papelão cheios de aromatas no nariz, como máscaras, acertavam em cheio numa e na outra. Mas a população que vivia em más condições de higiene não tinha como imitá-los em tudo e mesmo entre médicos muitos pagaram com a vida.

Até o século xvi existiu unicamente na ilha onde estão Inglaterra, Escócia e Gales um mal estranho que se extinguiu sozinho sem que se saiba o porquê; estudiosos consideram que se tratou de um hantavírus, o "suor inglês" que matava em horas, sem dor. A propensão a contraí-lo parece ter sido hereditária. Estirpes inteiras se iam em algumas décadas, v.g. a esposa, filhas e bem depois, filho do poderoso advogado Thomas Cromwell, que apesar da exposição morreu de outra causa mortis temível, a ira do rei Henrique VIII Tudor. Os netos de Cromwell porém já viviam numa ilha livre do suor, e de Henrique. Cuja filha e sucessora fez por merecer a alcunha de Bloody Mary...

Hoje volta a peste noutra ilha e o EI se expande como a peste a bordo das pulgas. digamos como os antepassados, da negra peste, livre-nos Senhor.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

pormenores



Até uma data recente não saía bloco na Quarta-feira de Cinzas. Até existiu o Bloco da Cremação, no centro da cidade, irreverente e simpático, mas um dia a Cúria resolveu vetar lá pelos anos 90. Agora há bloco os duas semanas antes e uma semana depois dos dias oficiais. Por um lado, depende muito da cabeça do prefeito; certamente os blocos pagam uma taxa que resulta interessante. Por outro creio que a Cúria anda pensando algo como, - Se estão no bloco, evangélicos não são, podem vir a ser bons católicos e alguns já serão- e reclama menos. Bem, se reclama, não o faz publicamente e não surte efeito algum pelo menos no Rio.
Não concordo com bloco soltando fogos altissimos para avisar que vai sair, nem bloco fechando a comunicação de um bairro com ele mesmo, entupindo a espinha dorsal. Copacabana não tem esse problema. Mas há bairros com UMA única rua principal, e essa não pode ser fechada.
Carro de som incita ao gigantismo.
Mas gigantismo mesmo impera na Sapucaí, onde cada ano tem-se vontade de cantar não "Até parece que estou na Bahia, até parece que estou na Bahia!"  e sim "até parece que estou na Disneylândia". Não, não é elogio...
E a doação igualmente gigante de dez milhões levou "aquela" escola à vitória, para indignação de muitos. Jamais esquecerei, e quem duvidar pesquise no JB de então, a cena da propina saindo de caixa de madeira pros jurados antes do desfile, em que creio foi também campeã. Figurões da nossa cultura estavam de jurado e não se sabe se levaram também... Foi logo antes de dividirem os desfiles em dois dias: a idéia era que fossem mais curtos, para os jurados não dormirem, e já se vê que não vingou.
E na página 11 do Globo de sexta-feira 20, o guiné-equatorial Tutu Alicante, defensor de Direitos Humanos, explica por alto como é viver lá. Por alto, porque pormenorizado, só sentindo na carne.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

o cuitelinho não gosta

Cuitelinho é como mineiro (goiano também, talvez?) chama o beija-flor.
"O cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia.."

E no Rio uma escola de samba resolveu homenagear um ditador africano. Imagina o povo pegando o embalo no nome Guiné, tão simpático para nós, nome de folha, componente de nome de Pretos Velhos e tal.
Pois é, mas de simpático o ditador não tem nada. Ignoro se é chegado aos mesmos desatinos canibalísticos que "aquele" e mais "aquele" de pouco saudosa memória, mas é ditador, e ainda por cima, que história é essa de aceitar verba de político (se cabe a palavra no caso deste senhor) seja de casa ou de fora.
Ano passado houve escola discorrendo sobre iogurte. Pois é. Deve ser o começo do fim.
Já estão querendo controlar a origem das verbas para o ano que vem. Vamos ter um pouco de bom senso. No mais essa escola é daquele bicheiro que na década de 80 "desapareceu" duas pessoas em plena Copacabana, de dia, e enterrou num areal. É triste. E mais triste ver homenageado um salafrário que fez cair muito e muito botão de rosa antes da hora, na infelicíssima Guiné Equatorial.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

as outras vítimas




O maremoto de fanatismo religioso islâmico fez outras vítimas que não os queimados, fuzilados e degolados. Trata-se, para os que ainda têm algum, dos nossos bons sentimentos, que vão murchando para vergonha nossa. Assim a pessoa se flagra dizendo- Bem feito- quando executam a terrorista iraquiana que nada tinha a ver com o assassínio do escritor e jornalista japonês (ela "apenas" tentara explodir uma festa de casamento); perde horas de sono imaginando a forma de eliminar o degolador mascarado; e na Jordânia um político, aos prantos na TV pela barbárie cometida pelo E.I. contra o piloto deles, declara; - Vamos matar as suas mulheres! vamos matar as suas crianças!

Muito boa idéia de abrir portas de mesquitas londrinas para demonstrar que muçulmano não é necessariamente elefante. Mas por que motivo os clérigos que tomaram a iniciativa, e os demais moderados, não procuram criticar, controlar, e convencer os seus muitos colegas fanáticos? Poucos dias após os atentados em Paris o Globo publicou uma lista com fotos e declarações de clérigos extremistas, no Sudão, no Egito e em Jerusalém (esse avisando os judeus sobre o seu próximo e definitivo massacre). Seria infantil acreditar que esses cinco são os únicos clérigos fanáticos soltando o verbo e fazendo cabeças. Até porque os irmãos Chaouki não estiveram com nenhum destes.

Costumo citar o livro de Saira Shah, realizadora do documentário "Por Trás do Véu", a qual por sua vez costuma citar Baghawi de Herat; por exemplo,"A tinta do sábio é mais sagrada do que o sangue do mártir"; "As mulheres são metades gêmeas dos homens"; "Vós me pedis para amaldiçoar os descrentes, porém não fui enviado para amaldiçoar". Há mais,deste sábio e de outros como ele; e certamente não serão todas de Saira as menções a clérigos muçulmanos pela paz.

Falando de paz, no bairro carioca do Cachambi, certamente imaginando que faltam pelo mundo exemplos de intolerância religiosa, fanáticos evangélicos atacaram um templo tradicional entre umbandistas, um exemplo para todos nós, o "A Caminho da Paz". Sem dúvida enxergaram também neste mundo um excesso de paz.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

lápis, fuzil e rosa



Mais uma vez a ABI acolhe representantes e membros de correntes religiosas, dessa vez unindo a data consagrada à luta contra intolerância ao candente e tristíssimo tema dos massacres parisienses e também nigerianos. Muitos muçulmanos a caráter, e não partiram deles as críticas ao Charlie Hebdo que alguns emitiram, embora condenando a matança.
Chegara eu a comentar com um dos cheiks que o semanário tinha inclusive simpatias pela causa palestina, informação que ele já possuía. Simpatias não incondicionais, mas o que é incondicional na vida? Não se pode exigir que religiosos que jamais haviam ouvido mencionar a publicação meçam liberdade de imprensa com a mesma vara da sociedade francesa, em grande parte não-praticante e amante do sarcasmo e da auto-ironia. A grande maioria dos que desfilaram nas passeatas nunca terá aberto um exemplar; não era disso que se tratava.

E sim se vamos permitir que selvagens armados ditem a conduta dos jornalistas (de onde vêm as armas? uma bandeira do Charlie- primeira versão era exatamente, Deixemos de fabricá-las). Vimos as multidões islamicamente barbadas no Paquistão, na Chechênia e alhures vociferando contra a imprensa. Ouvimos as palavras gravadas do assassino do Hyper Kachère:- "Não gostam de nós porque aplicamos a Charia, é isso?"
Sim, é isso. Organizações internacionais de Direitos Humanos continuamente iniciam campanhas contra enforcamentos, flagelações e prisões arbitrárias por exercício da liberdade de expressão, seja em Hong Kong, na Colômbia ou na Arábia Saudita; contra violência contra a mulher, seja em Teerã ou Dehli. Mas essa imisção, se é uma, não mata, não destrói, pelo contrário salva muitas vidas e não visa muçulmanos em particular, apenas governos que desrespeitam o direito pacífico à livre expressão.
Já entre nós, onde entre mortos e feridos salvam-se comparativamente todos, mercê da nossa índole mais pacífica, fundos pentecostais reconstruíram o terreiro de Caxias destruído por incêndio criminoso. Talvez seja o perfume da rosa branca que ganhei lá, mas voltei pensando que esse não-estourar de bombas, essa delicada e frágil coexistência, possa ser a contribuição do Brasil ao mundo nessa hora.

 

domingo, 11 de janeiro de 2015

o lápis é mais

Deixar a poeira assentar, ouvir amigos e parentes que estão por lá, escrever On Est Tous Charlie e assimilar o golpe.
É de somenos importância se a polícia vai pegar aquela moça, tão mal nomeada Hayat ("vida") ou se já foi entregue como prêmio a algum futuro "mártir" no EI.
Mais assustadores do que a Hayat que saiu de cena e está fichada, são os tweets, os pios, declarando "je suis Chérif" em reação a "Je suis Charlie". Isso no país que promoveu a campanha "Touche Pas à mon Pote" nos anos 80 contra o racismo; agora estudantes trazem a mesma mão de cartolina pregada no peito, dizendo Touche Pas à Ma Liberté d´ Expression.
Alguns desses "potes", desses amigos, acharam insuficiente a aceitação étnica, que era mesmo o mínimo que poderiam esperar, e querem submissão às crenças que professam, afinal a tradução de "islam". Já é abusar das leis da boa amizade; já é distorcer.
Pouco conhecido aqui, o filme egípcio "Edifício Yacoubian" mostra o que foi a realidade por lá,: passeatas pedindo um governo "islâmico, islâmico; democrático não".
No Rio de Janeiro, a única corrente evangélica que havia aceitado participar do Movimento Inter religioso preferiu deixá-lo poucos anos depois; as raras correntes muçulmanas representadas aqui não quiseram entrar (com exceção creio dos sufistas, que podem ou não ainda estar por lá).
Religiões ou formas de religião cuja tônica é a intolerância, a demonização do outro,  são o oposto da democracia e não foi à toa que desenhistas tupiniquins ouviram após o atentado à sede do Charlie-Hebdo censuras por parte de jornalistas evangélicos do tipo -Eu sempre lhe disse que com coisa divina não se deve fazer graça!
Em resposta, vimos os sinos de Notre -Dame, alvo freqüente de piadas com o divino, dobrando a morto pelas vitimas.
Quem for de rezar que reze, quem for de desenhar que desenhe, pela liberdade de expressão e pela paz; mas a paz sempre foi instável e frágil, exige acautelar-se cuidados paralelos: se vis pacem para bellum. E viva Charbonnier: melhor morrer lutando e de pé.