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quarta-feira, 23 de abril de 2014

bendito seja o santo nome de são jorge...

... "que no Rio é Ogum e na Bahia é Oxóssi" como diz o samba.
 Na Bahia Ogun é São Bento Pequeno, cuja imagem é de assustar, com o devido respeito: um Cruzado deixando assolado o campo de batalha atrás de si. Bem, são-bento-pequeno é também um toque de capoeira, e assim entendemos o porquê.  Talvez a intenção fosse exatamente esta, assustar: "Ogun já venceu demanda" e acabou com os inimigos. Continuo preferindo, carioca que sou, a imagem do santo matando o dragão.
Uma prima já viajou pra Turquia diversas vezes com a família, quero crer que seja lindo. Numa dessas foi à Capadócia e me trouxe um São Jorge combinado com aquele olho turco de vidro azul, amuleto pra não se botar defeito.
Ah.. igualzinho à tradição carioca... Não é bem assim. O São Jorge que as raras igrejas dali cultuam é "tipo um monge" me disseram; pode ser que na tradição o santo em algum momento após matar o dragão se tenha feito eremita no planalto capadócio, depondo as armas.
Mas os turistas não reconheciam a imagem familiar do soldado romano e os turcos, com invejável tino comercial, passaram a fabricar e vender com grande êxito o São Jorge cavaleiro que tão bem conhecemos. O tal monge não combinaria nada com a imagem de Ogun.

Salve Ogun de Ronda; salve Ogun Iara. Salve muito o Beira-Mar! Salve o outro padroeiro do Brasil!
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quinta-feira, 17 de abril de 2014

"journée de la jupe"

Existe um excelente filme com Isabelle Adjani, já na fase botocada, assim entitulado. No colégio do subúrbio parisiense em que leciona, as professoras (pra nem falar nas alunas, essas então...) sofrem pressão da maioria de alunos muçulmanos para não usar saia, que é imoral para os padrões deles  por deixar as pernas de fora. O figurino tolerado pras francesas é calça comprida, pras alunas muçulmanas é ideal mesmo o hijab, túnica por cima da calça.
Claro que a personagem reverte isso no filme, e até as garotas começam a usar saia. O "Dia da Saia", "Journée de la Jupe" em que a saia vence e se afirma.
Pois aqui no Rio, um colégio público decretou que o figurino tem de ser calça para todos.  Acho bem abusivo mas enquanto ninguém reclama não hemos de ser mais realistas do que o rei. Agora reclamaram. Uma aluna evangélica foi suspensa por causa da indumentária.
Não estou aqui pra defender os evangélicos enquanto evangélicos e sim, como já fiz e farei, como seres humanos. O direito da menina a vir trajada de saia- direito extensivo às demais, ao meu ver- não lhe pode ser negado.
Estão comparando á proibição do uso da burca na mesma França do filme. Não é igual. A burca oprime, oculta, anula. Impede a identificação; tem mais é que ser proibido (proibiram lá também o véu nas escolas públicas). Proibir uma garota de usar saia na escola é ridículo. Tomemos pro exemplo o Pedro II, excelente colégio público, modelo para os demais. Meninas de uniforme, saia e a famosa blusinha com debrum azul marinho.

E falando em ensino público e religião, mais uma vez e sempre: abaixo o ensino religioso. O Estado é laico e deve amenizar e não acentuar as dissensões.

Boa Páscoa!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

arria a bandeira e vamos trabalhar

Que Santo Antônio é sincretizado no Brasil com  Exu, todos sabem. Que a Quaresma pertence a este, muitos sabem também, já que os orixás e guias estão em seu descanso (parece que para o candomblé estão sim em Aruanda, mas resolvendo as suas diferenças, guerreando ). Para nós é assim mais pacífico...
O que nem todos sabem, mesmo morado no Rio, é da existência no centro da cidade, na região da Cruz Vermelha, há uma igrejinha de Santo Antônio dos Pobres; vê-se o piso antigo de ladrilhos hidráulicos, a cerca de um metro abaixo do piso atual.
Vidro temperado permite a visão deles aos sortudos que sentarem nas primeiras filas. ´Da igrejinha original é o que parece ter restado, com algumas imagens. A diferença de nível é devida ao fenômeno bem conhecido na arqueologia: as cidades vão acumulando sedimentos e ficando mas altas. Acumulando também, dirão alguns, muitos pecados....
Vale a visita ainda mais nesses dias antes da chegada da Páscoa. É uma área onde vibra o nosso passado.
E salve Santo Antônio, o ano inteiro:
"Santo Antônio é ouro fino,
arria a bandeira e vamos trabalhar!" 
Laroiê....

sábado, 5 de abril de 2014

tempo de fazer e de tempo deixar de fazer

Pois é. Outro dia me arrepiei com a coincidência. Demorou mas aconteceu.
Certa artista plástica do tempo em que eu vendia cristais na praça da Glicério, ao lado do Chorinho da Feira (isso foi antes do mafuá e da cerveja tomarem conta; foi bom enquanto durou) eu nunca mais vira.
E estava com algumas coisas atravessadas na garganta pra lhe dizer... esquecera do rosto mas não das desculpas que lhe devia, pois ela me comprava pedras "hoje vou pintar o jaspe e amanhã pinto a rodocrosita"  e eu internamente me horrorizei com essa coisa de pintar pedra.
Mas ela queria dizer RETRATAR, me explicaram depois- só que nunca mais a vi.
Ela nem lembrava e se lembrasse talvez nem tivesse percebido a minha reticência. E ao sentar do meu lado no 184 me reconheceu e se identificou...

E enquanto desenrolávamos essa história e ríamos do fato, lembrei que por outro lado a mesma pessoa me prognosticara que eu "não ficaria na Umbanda, uma vibração tão baixa".
Contei o fato em UMBANDA GIRA1 e o relatei com a maior cara-de-pau, fingindo não lembrar que fora ela quem me "avaliara" dessa forma.

Doze anos e pouco, foi o tempo necessário a limpar esse obstáculo duplo no astral. Mas limpou!
Saravá Umbanda.... e salve,  pedras de cura.