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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

vivendo e aprendendo mais

Uma revista de editora muito conhecida ligou pra Pallas querendo dicas de Umbanda pro ano novo. Tipo receitas. A Pallas gentilmente pensou em mim. Expliquei logo que não se trabalha assim quando se quer ser sério, e muito menos o “cavalo” do guia sem o guia montado nele, e menos ainda em publicações como revistas. Até no terreiro, onde o guia incorporado no seu cavalo muitas vezes faz trabalhos para por exemplo “aproximar ente querido que se foi”, o famoso “trago a pessoa amada de volta”, ate lá (além de não falar em “3 dias”) muitos filhos-de-branco questionam a prática e observam que remendos assim, quando funcionam não duram.
Portanto dei ao rapaz dicas sem cara de receita pronta de bolo, que são contrárias à minha filosofia. E muito me alugou a paciência o jornalista a quem tive de explicar por exemplo o que eram espigas de trigo. Ficamos que me mandaria a revista, e antes disso o texto pronto pra eu aprovar. Nunca mais que mandava e comecei a insistir, avisando que não recomendaria a matéria sem primeiro ver. Mandou já com desculpas “pelo atraso e porque tivera de reduzir o tamanho” o que significou que saíram cinco “receitas prontas de bolo”, só a quinta minha, mutilada pra ficar com cara de receita pronta, e meu nome em primeiro (sem dúvida por sentido de equílibrio do rapaz, até louvável, mas não havia mais como acertar, àquela altura. Era errar ou errar. Uma imensa falta de respeito.)
A reação inicial foi mandá-lo tirar meu nome dali, depois decidi aceitar a promoção grátis ao meu livro UMBANDA GIRA! mas, sendo uma situação de errar ou errar, já me rendeu frutos no sentido de um cidadão desesperado me escrever para que lhe traga a pessoa amada (não exige que seja em três dias porém...)
Que no ano que vai entrar possamos, eu em primeiro porque vejo que preciso muito, aprender a desconfiar mais, a não projetar desejos e imagens em cima de uma descrição vaga, a questionar para definir com exatidão. Que os que desejam a “pessoa amada” de volta aprendam a crescer e a compreender que existem outras pessoas no mundo e quem se foi, foi porque quis. Que os postes da cidade deixem de exibir essa lamentável promessa que humilha a quem pede.
E que todos aprendamos com os nossos erros, porque errar faz parte e a vida não tem rascunho. Harmonia e luz em 2011!

sábado, 11 de dezembro de 2010

de garoas e maravilhas

Leio que São Paulo não é mais a terra da garoa. Da chuva, sim, mas que não tem garoado ultimamente, e devido às mudanças climáticas. A garoa, que tive a honra de ver pessoalmente da primeira vez que estive lá, não é exclusividade paulistana, como a origem quechua do termo indica. Era igualmente típica de Lima, por exemplo, e sem dúvida em inúmeros outros lugares dos quais ficam não poucos, provavelmente, no Brasil. E espero que em todos eles se mantenha impávida. Morrer a garoa porém num local qualquer é um pouco como ter morrido uma espécie biológica num lugar qualquer, ainda que se mantenha forte noutros. Um pequeno grande luto que fomos buscar para nós.
Quando o Brasl se preocupar menos em comprar telefones celulares e automóveis (e em trocá-los pelos do ano) e mais com plantio e replantio pode ser que ela regresse à esquina da rua Ipiranga com a Avenida São João.
E falando de plantar, nasceram maravilhas novas para o dia de Santa Bárbara na minha jardineira. Quando morreu há poucos meses a antiga, que levava dois anos comigo, sabia que viria alguma nova mas nasceram três. Maravilha para quem não sabe também é chamada de bonina ou jalapa. O nome científico Mirabilis jalapa, mirabilis como coisa maravilhosa, que se deve admirar, jalapa como a região mexicana de onde dizem que provém, expressa o que qualquer um diz descobrindo uma belo dia a delicada trombeta rosa choque: - Que maravilha!
E ainda serve para fazer florais.
Serviu de lição também pois nasceram juntas e a mais forte veio crespa, avermelhada na folha como pinhão-roxo, e sem vestígio das articulações características da planta. Pensei que fossem duas maravilhas e um pé de pinhão. As outras duas já vieram lisinhas e tenras, com parte da haste rosa-choque pra não haver dúvidas. É comum ouvirmos por ai que folha quando brota é preciso esperar para ter certeza do que é, e às vezes esperar dar flor, o que neste caso não foi necessário: já a planta maior alisou todas as folhas que perderam o tom vermelho e exibem a forma quase triangular característica (a haste segue verde e lisa), a segunda se mantém modesta e a terceira sucumbiu à seleção natural... E se alguém ficou com pena do pinhão, rebrotaram ambos os antigos, cada um em seu lugar. Que possam dar caminho.
Fica uma breve homenagem à garoa, Poema Quechua, de Eu Comi a Lua:
Chácara: garoa, charque/ Garoa: charque, chácara/ Charque: chácara, garoa.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

eparrei

No Ceará, onde nasceu minha avó, existe um rio, o Jaguaribe, que conduz um vento muito especial, o Aracati.
Todos já vimos edifícios com esse nome, agora existe um documentário, “Aracaty” e essas homenagen todas não são demais, já que esse vento não é uma aragenzinha qualquer, é um vento com hora marcada que refresca os ribeirinhos do Jaguaribe. Vem subindo o vale de noite, antes da hora de dormir, e as pessoas reunidas à sua espera aproveitam a queda de temperatura. Quando vão dormir, o friozinho do vento embala os sonhos.
Esse vento, já se vê, depende da água para existir e para viajar. A água por sua vez é interdependente da vegetação, qualquer criança sabe disso hoje. Mais árvores, mais matos, mais chuva. Além de gerar água as folhas limpam a atmosfera. Repetindo o que aqui já se disse, a folha conhecida como espada de Santa-Bárbara, e a sua variação espada-de-São-Jorge, esta sem o debrum amarelo e mais reta, em alguns lugares chamada de língua-de-sogra, está no portal da NASA, onde recomendam seu plantio para limpar e despoluir o ar.
Plante-a onde morar, e mantenha-a saudável sempre.
Esta é a homenagem do portal caminhodasfolhas a Oyá, senhora dos ventos e das chuvas, que canta no trovão e ama tanto a água como a chama do fogo. Salve a senhora dos nove céus, salve Iansan; um grande eparrei, mãe querida, não deixe que nos falte nem a água, nem o respeito à chuva e ao vento que a traz.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

a mente que não deixa mentir

Recentemente quis se tratar comigo um conhecido que explicou estar muito mal da cabeça. Chegando ele, ficou claro que era também físico o mal. Tanto que defumei tudo com moxa após a sua partida, de tanto que estava encatarrado e rouco.
Assustou-se quando abri um envólucro de agulhas pois pretendia receber só uma receita de florais. O seu estado físico exigia tratamento imediato no plano físico, e diante do seu pavor inseri apenas 3 agulhas, na orelha, um ponto no pé para aterrar (aterrar no bom sentido...) e na mão, o ponto que qualquer pessoa que tenha tido uma aula de do-in informal conhece. O famoso IG4, quarto ponto do (canal de energia do) Intestino Grosso, em chinês e salvo engano “Vale do Encontro”. Todos os pontos têm nome; ao lado do nariz é “Bem-vindos os Aromas” mas o meu predileto nessa área é o ponto da Bexiga logo abaixo da batata da perna que se chama, apropriadamente, “Sustentando a Montanha”.
Enquanto isso conversava com ele, que explicava ter ficado traumatizado com a sessão mui doída que recebera certo dia de um chinês. - Está doendo? -Não! Só quando entrou a do pé.- O que me assombrou não foi ele se dominar, afinal se espera fortaleza mental de um praticante de artes marciais... foi ver a agulha da mão, lá no tal vale do encontro do polegar com os dedos, ereta e alegre, e não arriou em momento algum.
Ora, nesse ponto a agulha deita devagar ou correndo até quando a garganta não está doendo. Qualquer desequilíbrio nas vias respiratórias ou no intestino, qualquer queda de energia, lá vai ela arriando; nem por isso deixa de tratar. Serelepe, a agulha me olhava e o dono da mão fungava e tossia. Ao ouvir a série de fatos que o traziam até mim para receber florais ficou transparente a situação: profundamente angustiado por uma vida dupla e mentiras contadas diariamente a pessoas diferentes, ele deixara a garganta, onde está o chacra da comunicação, fragilizada. E desejara para si algo que lhe permitisse sentir pena de si, e obrigasse as outras partes a sentir muita, e com motivos. Seu organismo extremamente forte criara do nada um resfriado monstro, mas o IG4 dizia “foi tudo mentira, uma mentira que se tornou verdade.” Praticantes de artes marciais não costumam fumar, bebem muita água, comem equibradamente... e nisso tudo o moço leva nota dez.
Quando quis por primeira vez conhecer a acupuntura era uma pirralha adolescente, lendo Maria Antonietta Macchiocchi, jornalista que voltava da China, onde vira gente comendo salada de frutas, anestesiada com acupuntura, enquanto sofriam cirurgias no cérebro. O seu esposo porém, descrente das agulhas, não reagiu bem a uma sessão e precisou aguentar a crise renal até chegar a uma cidade maior onde recebesse medicação ocidental. Ou seja, a mente tem o seu papel no tratamento; e como se vê pelo caso do rapaz, não gosta de mentiras...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

o amor na bandeira

Feriado, proclamação da República, e o jornal traz um novo movimento para mudar o dístico da bandeira. Ela é querida e visualmente muito eficiente, mas há algo errado no que vem escrito... Já havia um movimento para “trazer o Amor de volta pra Bandeira”, desse sei que faz parte o Macalé. Esse agora quer pôr só “Amor” no lugar de tudo mais, “porque pelo Amor chegaremos à Ordem e ao Progresso”.
Quando um deles passar na minha porta eu me filio; sempre achei escandaloso que chutassem pra escanteio o que no lema positivista era a base de tudo. Ou seja, eles eram positivistas ma non troppo... esse negócio de amor não lhes pareceu coisa de macho, e deu no que deu.
Cuide do amor em você. Não é preciso estar apaixonado para tanto. Se estiver, muito que bem- e há quem diga que a paixão leva à insensatez nos atos. Amor porém nem precisa ser entre os membros de um casal. Se você é membro de um casal e vivem no amor, que ótimo. Se você é solteiro... não é verdade que só em par se é feliz, ninguém precisa estar apaixonado pra beijar na boca, e amor vai muito além do amor de um casal. Ame-se e para tanto seja amável, ame as plantas, os animais, ame o lado bom das pessoas inclusive o seu – ajude a despertar se estiver adormecido.
Cuide do coração, da mente e da língua, que a medicina chinesa vê como um broto do coração. Se estiver sempre suja, ou sempre tremendo, ou fendilhada ou mordida, algo não vai bem. Com certeza a acupuntura não recomenda perfurações nem aí, nem em lugar nenhum. Pense muito antes de enxertar um pedaço de metal na sua!
15 de novembro é também o aniversário da Umbanda que cumpre hoje 102 anos oficiais. Se você tem alguma religião, viva-a com amor, e respeite a dos demais. Em suma, vamos tentar botar mais amor nessa Bandeira.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

nossa mente e as grutas

Em uma de suas crônicas, publicadas agora em livro, Fernando Reinach relata ter se sentido excepcionalmente bem, como se pudesse viver o resto de seus dias ali, em dois lugares um tanto estranhos, porque eram grutas em sítios arqueológicos, um no Arizona e o outro no sul da França.
O que ele notou que os locais tinham em comum era a vista despejada (muito mais verdejante no caso da França) com rio ou riacho não muito longe e alguma vegetação. Descobriu tempos depois que a biofilia revela o desejo ancestral da mente humana de habitar locais assim: encostados em montanha íngreme e dominando a paisagem, por óbvios motivos de segurança; tendo água perto dali, e controlando ali de cima o acesso à mesma; com vegetação por perto, fonte de recursos naturais. A nossa mente ainda deseja, sabiamente, a mesma coisa, e o jornalista sentiu-se em casa nas grutas sem entender o porquê.
O Feng Shui não diz outra coisa. Nas cidades é quase impossível e até fora delas é difícil: mas a localização privilegiada, desejável entre todas, é a que se encontra encostada à montanha, no começo da subida, e de frente para a água doce. Ao ponto que nos cálculos das escolas tradicionais usar-se os termos “montanha e água” como sinônimos de “fundos e frente” respectivamente, e isso em documento antigos, antes de se falar na bem-vinda ciência da biofilia.
Para quem mora em casa então, por ter toda a energia do lugar concentrada sobre si, vale mais do que nunca a recomendação de, na impossibilidade de criar uma montanha do nada para encostar a casa, pelo menos evitar dar as costas à água. Quando a água era rio, o risco era evidente, inimigos podiam chegar em silêncio pelo rio. E ainda poderiam, o que causa desconforto subconsciente. Quando é piscina, ainda assim pode causar males diversos. (E piscina? Que coisa mais antiética nos dias de hoje! Melhor uma horta no lugar...)
Contudo, esta localização privilegiada é quase impossível; para acertar os desvios energéticos nocivos à saúde, às finanças ou às emoções, existe o trabalho dos consultores. E até numa casa que reproduza as condições acima, a regência anual haverá de cair regularmente em energias destrutivas... nada que a bússola não consiga ajeitar.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

as vítimas inocentes

De novo? Infelizmente, sim. Arrancaram mais uma jurubeba, recém-adotada. Antes que venham me dizer “pra que vocês então insistem em plantar jurubeba?” lembremos dos óculos do Drummond de bronze, do chafariz da Glória... Deixar o vândalo ganhar é acovardar-se perante ele. Mas quem ganha com o crime? Ninguém, a não ser quem deteste jurubebas. E quem detesta jurubebas ao ponto de arrancar as que nascem no bairro, do campo de futebol da descida do morro ao parquinho em frente à rua Alice, é quem antigamente quebrava a mutamba (parou, qundo adotei, parece que deu um axé...) e quem vandalizava a planta defronte à sinagoga (pode parar com essa, seu vândalo, que a Academia de Cabalá se mudou, o que é pena. Acrescentavam.) Isso se chama intolerância religiosa, e é crime. Arrancar árvores também é.
Ao mesmo tempo o Globo mostra a banda de rock-evangélico do BOPE, convertendo marginais e cita “ tu tem que aceitar Jesus, seu isso e aquilo”. Estão tirando pessoas do crime com a sua arte, e mais vale a guitarra do que o fuzil; mas como é que é? TEM que aceitar Jesus? Isso também é intolerância religiosa. Compreensível que a pessoa física se expresse assim? Mas vinham retratados como um grupo do BOPE, e este é pago pelo estado, e o estado é laico, esqueceram? Não deve converter ninguém.
Ao lado da ex-jurubeba vem nascendo outra, e eu mesma semeei mais. Se vingarem serão as primeiras que planto. A re-adoção da jurubeba sobrevivente e da mutamba, bem como da planta arrancada, deu trabalho que nem se imagina. As adoções estavam na Comlurb. Orientações divergiam, correspondências se perderam. Quem me deu a notícia comentou que por ela não teriam aprovado, porque o canteiro ela achara feio. Canteiro feio é aquilo com que diariamente a Prefeitura nos brinda, ao cortar árvores centenárias e deixar o tronco ali apodrecendo.
Se você conhece biólogos, botânicos, ecologistas, se conhece gente de vibração, se você conhece pastores ou evangélicos que não transfiram a sua jihad para as árvores que Deus criou, se você gosta de ruas com árvores e de árvores que dão remédio, encaminhe esse texto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

isolando o isopropil

Isola! Isola! A doutora Hulda Clark, falecida há exatamente um ano, e deixando muitos seguidores que mantêm viva a sua memória e o seu portal virtual, atribuiu a multiplicação de células cancerosas à conjunção de dois fatores. Um parasita, salvo engano Fasciolopsis buski, para a eliminação do qual inventou um aparelhinho, o “zapper”, que o próprio paciente aciona; e o uso de substãncias contendo propil, isopropil, propyl ou qualquer forma desse nome.
Ora, prevenir não custa nada, e fui ver o que eu tinha em casa com propil no meio. Meus sucos em caixinha não têm conservantes- (esclareço que não os tenho como fontes de vitamina, e preconizo o consumo de frutas frescas, secas e de verduras e raízes. Em vez de ter refrigerante ou cerveja na geladeira tenho esses sucos, e sim, certamente os recomendo como alternativas para cerveja e refrigerante.) Consumo pouquíssimos produtos industrializados, mas no banheiro descobri que o xampu em uso continha, enquanto que outro frasco fechado, diferente mas da mesma marca, não. As pastas de dentes mais comuns parece que não, mas a que comprei promocional junto à escova que os dentistas recomendam, sim!
O líquido para lentes de contato, também. Vamos ver se a marca rival inclui a indesejável substãncia. Estou terminando as embalagens abertas e passarei a evitar propil sempre que possível. Devo acrescentar que outros médicos, como Peter W Pappas de quem acabo de ler na rede a declaração, discordam da dra Clark dizendo que “falta pesquisa séria e corroboração de outros profissionais”, o que dizem mesmo para tantas e tantas formas de tratamento... Florais, notadamente: como se sabe o dr Bach, precursor, foi riscado dos quadros da Faculdade de Medicina pelas suas formas de curar pouco ortodoxas.
Mas quando for comprar material para acupuntura, procurarei nas estantes o livro dela, que traz um capítulo sobre cura de cãncer e os outros sobre a de outras doenças. Acredito na prevenção, e pingo me foi letra. Pingo de álcool isopropil...

domingo, 10 de outubro de 2010

feng shui na era pre-vitoriana?

Mais Feng Shui de onde menos se espera: Charles Dickens, tão pouco lido no Brasil, onde tem muita gente achando que aquele mágico da televisão nasceu com o nome que usava... Ocorre que volta e meia releio certos autores, tudo que possuo deles. Machado é um, Cortázar e Naipaul são outros, e Dickens é outro ainda. Desta vez fui anotando o que me chamara a atenção anos atrás. Acrescento que para o caso é pouco relevante que você leia Dickens ou não: basta observar as coincidências.
Fiquei assombrada- sem trocadilho, como o que segue poderia sugerir – com as que vi entre usos e crenças ali registrados apesar da diferença espaço-temporal(Dickens morreu aos 57 anos, em 1870). Em Dombey and Son, um mordomo insiste que casas de esquina trazem má sorte. Ora, essa é uma das recomendações do Feng Shui, antes de pensar na harmonia do espaço interno (eu acho uma pena, adoro quartos com janelas em “ângulo reto”, outra coisa que mandam evitar se possível, mas também nunca morei em um...)
Isso é pouco? Tem mais. Tomem-se Barnaby Rudge e Bleak House (creio que não estão traduzidos. Curiosidade: em B.H. Dickens encena um óbito por combustão espontânea, forma de morte ainda não esclarecida de forma satisfatória – satisfatória para os sobreviventes, é claro): abundam menções de velas que ardem mal quando a situação pesa. Ora, isso é comprovável, se alguém trabalha com velas saberá confirmar. No tempo de Dickens eram de cera ou sebo, as nossas são por ora de parafina (mas se a escalada do preço das velas se mantiver, em breve voltaremos à lamparina) e no entanto já reagiam da mesma forma. Gotejam, formam o que os ingleses chamavam de “mortalhas”, e havia instrumentinhos para limpar o pavio, evitando isso. Mas o pavio, acrescento eu e deixa implícito Dickens, não se suja quando a energia produzida e recebida está limpa. A descrição mais pavorosa e detalhada de vela “suja” é a que ilumina a descoberta do corpo de um opiômano. Na mesma casa em que depois.. ni-na-não, vão vocês ler.
O mais surpreendente porém e ver um personagem de Barnaby Rudge “dar pro santo” antes de beber, jogando no chão e murmurando algo que para minha infelicidade o autor não registrou, e talvez nunca tenha conseguido saber. Já vi senegaleses fazerem isso, o que não surpreende, haja visto as influências africanas na nossa cultura; inglês é o único registro que conheço, prova de que sou bem ignorante.
Caminho das folhas, o blog que cita os clássicos.

sábado, 2 de outubro de 2010

cinco tostões

Não houve como postar isto em setembro, muito menos nos “primeiros dias de setembro” mas recebi duas mensagens (só duas; já verão por quê) contando uma história complicada de que na cultura chinesa, quando em agosto acontece de haver cinco segundas-feira e não sei mais que outro dia da semana, quem conta isso logo no início de setembro ganha dinheiro. Tal fato só ocorre a cada 823 anos, explicam (nessa parte eu até posso acreditar mas adianto que também não fiz os cálculos!)
Já se vê por que as mensagens foram só duas, é que passados os “primeiros dias” ninguém mais via sentido em tentar ganhar dindim repassando...
Uma das mensagens ainda acrescentava que isso era “na cultura do Feng Shui”.
Bem, nenhum de nós estará aqui daqui a 823 anos. Mas talvez eu possa ajudar a evitar outras confusões. Em primeiro lugar, o calendário tradicional chinês NÃO usa os nossos meses nem os dias da semana; hoje usam ambos calendários, sendo o lunar de longe o preferido para tudo que é de uso nacional, daí a imensa migração do Ano Novo de que todos ouviram falar; e em vez de semana usava, e a astrologia do Feng Shui ainda usa, grupos de NOVE dias que não permitem realizar mapas astrais, aí é outro estudo, e sim calcular hora e dia favorável ou menos desfavorável, arte essa que esta vossa criada aprendeu.
Feng Shui visa harmonizar os espaços, inicialmente a posição das sepulturas (yin feng-shui) e hoje os espaços construídos (yang feng-shui). De fato, cursos de Feng Shui tradicional podem e devem incluir o ensino do cálculo de horas porque vai ser útil e mesmo necessário (eu disse Feng Shui tradicional, que é uma coisa viva. As Estrelas Voadoras. As imitações são estáticas e pouco funcionam...)
Mas essa mensagem não é Feng Shui, não é astrologia, não é da cultura chinesa e também não é cultura... Lembrem-se disso daqui a 823 anos, ou da próxima vez que chegar uma corrente dessas para vocês.
Caminho das folhas, o blog que pensa nas gerações futuras...

domingo, 26 de setembro de 2010

cirurgias milagrosas

São Cosme e São Damião, ou “São Cosme e Damião” como acaba se dizendo, e reza o texto da oração para catarata, foram médicos, viveram em terras do hoje mundo árabe e fizeram a primeira cirurgia de implante registrada na História. (Isso se existiram na matéria, já que vi umas polêmicas quanto a isso, parece que a Igreja queria “desabilitá-los”. Mas nada acho sobre o tema na rede, então devem estar sim “vigentes”...) Tenho o livro de um médico onde há menção da cirurgia- os gêmeos afinal são os padroeiros dos médicos- e até uma reprodução da pintura que representa a cena. Infelizmente sem referências, mas é do século xv ou no máximo xvi.
É pouco provável que o beneficiado tenha sobrevivido muito tempo, ou então o milagre foi dos graúdos mesmo. Não havia como saber da compatibilidade dos sangues, para ficar só num exemplo; valeu o esforço em todo caso. Muito curioso é que o receptor era branco e o doador, negro. Estranho é que cristãos uns aninhos mais adiante tenham começado a se perguntar se as pessoas que encontravam em terras d´África eram gente ou não; a cirurgia milagrosa deveria ter debelado essas dúvidas. Mais uma prova que os fazedores de escravos, negros, brancos ou cor de rosa, tinham mais cinismo do que argumentos. Do doador nada consegui saber. Pode ser que exista algo na rede, mas são tantos os arquivos que a pesquisa emperra. Gostaríamos de pensar que falecera de morte natural, já que era provavelmente escravo, e escravos, fosse o amo árabe, europeu ou negro africano, eram tidos por objetos.
Se nada achei sobre a cirurgia, vi que os santinhos são também os padroeiros dos farmacêuticos; mais curioso foi descobrir que os católicos comemoram no dia 26 de setembro e os umbandistas dia 27. Sempre achei que fosse dia 27 para todos. Que nessa data e sempre possam olhar pelas crianças; que esse implante mestiço abençoe as mestiçagens (de todos os matizes e não apenas preto-e-branco; lembremos da terra onde nascemos!), a tolerância e a harmonia entre nós. Salve as Crianças!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

juro, jurubeba

Juro, juro, juro, juro, juro, jurubeba, cantava Gilberto Gil; jurubeba, jurubeba, planta nobre do sertão. Cá no bairro existe um detestador de jurubebas. Ano passado cortaram no terreninho em frente à rua Alice uma que já tinha mais de metro e meio, estupidamente. Há pouco tempo descobri que as duas, lindas, do campinho de futebol da minha rua, sopé do Dona Marta, encosta até pouco tempo cuidada pela Prefeitura e agora cuidadosamente DESCUIDADA por ela também sumiram. Eu falei delas aqui, de suas flores preparei uma essência floral de que ainda tenho frascos. A jurubeba que eu adotara também morreu mas esse falecimento, como deixei registrado aqui e comuniquei à FPJ, deveu-se a uma batida violenta de carro roubado. Porém dela nasceram filhas e essas filhas hoje floriram.
Por acaso ou não é dia da árvore.
Dia da árvore claro que é todo dia. Como porém é hoje no calendário oficial, empurro outros assuntos para depois. Não se consegue falar com ninguém da FPJ, muito menos alguém que queira resolver. Já escrevi para a Ouvidoria, que dá um número para se verificar o andamento, com quem e aonde, esqueceram de dizer. Hoje escrevi novamente, ganhei outro número, continuo sem saber onde verifico e com quem, e acrescento: essa história de mandar o reclamante verificar, em vez de responder, é coisa de quem não quer atender o reclamante. Como não confio mesmo em burocracia, semana passada subi a rua e semeei jurubeba em diversos lugares da encosta que a une por cima à rua vizinha. Que as folhas dêem jeito!

domingo, 12 de setembro de 2010

desatando nós

A moça perguntou o título do meu livro e do canto do olho vi o erveiro acrescentar um molho ao que parecia ser o meu pedido, e era. - Por que três ervas? - A senhora que pediu. - Fiz cara de espanto e ele especificou, - Umbanda-gira. - Não tem nenhuma erva chamada umbanda-gira! - Tem essa aí- insistiu. Comecei a ficar arrepiada. - Tá, me diz outro nome dela que o senhor conheça então.- O erveiro mandou, - Desata-nó, joão-borandi.
Logicamente levei comigo, e levaria até se não conhecesse por outros nomes uma erva que me “escolhera”. Jaborandi ou joão-borandi, Piper jaborandi, não é das folhas mais fáceis de descrever por não ter nada muito marcante até se pôr na boca, onde causa dormência; afinal é uma piperácea. Usada na medicina popular para inúmeras coisas, inclusive aliviar dor de dentes e esfregada in natura no couro cabeludo, melhorar alopécia, tem o seu uso astral e freqüenta os terreiros, onde em geral é atribuída a Xangô. Realmente nunca ouvi falar em sete anos que trabalhei em terreiro, e nem ainda achei em alfarrábios meus, da denominação que o erveiro usou; mas a coincidência me impressionou e impressiona. Esta não é a primeira vez que um guia orienta e só apreendo o motivo em profundidade anos depois. Tenho muitos nós a desatar ainda, inclusive relativos a folhas e plantios por um bairro onde semana após semana vemos cortes e cortes e nenhuma resposta dos órgãos responsáveis. Agora achei mais um aliado.
Umbanda gira!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

de sambas e dentes

Há pouco saiu na coleção da Folha uma bela homenagem ao sambista Geraldo Pereira. Se você gosta de samba nem que seja um pouco, conhece vários dele até sem saber. Mas o que vem ao caso são as fotos, menos divulgadas que as que vemos habitualmente. Geraldo era um homão de 1m 90 e muito bonito, mas faltavam-lhe dentes. Especifiquemos: tinha os da frente e os primeiros pre-molares. Dos dentes do fundo nada sabemos; e de ambos lados, na maxila, brilha isolado o pre-molar. Nem caninos, nem segundo pre-molar. Curioso é associar o fato à vida de Geraldo e ao que sabemos da importância desses dentes. Mesmo sem caninos, associados à sexualidade, o moço era “pegador”, colecionava mulher. Já o primeiro pre-molar é associado à excreção e à sensação de segurança. Esta bem ou mal lhe veio na cidade grande, em decorrência da sua arte. Tanto que excesso de segurança foi um fator que levou ao óbito (a briga que puxou com Madame Satã). Já as funções excretórias... Bebendo sempre muito e sem dúvida comendo desequilibradamente, Geraldo evacuou sangue durante anos e com a briga ou sem ela, não teria durado muito. O segundo pre-molar duplica, nos dizem, a ressonãncia do primeiro. Tudo recaiu assim nos primeiros pre-molares. Quem sabe o que uma melhor dentição teria trazido à história do samba?
Esse é um dente que alguns ortodontistas adoram arrancar. Recomendo a vocês Biocibernética Bucal (Madras) em que dentistas sensíveis e cuidadosos denunciam esse fato. Pior é na China, onde aceitam arrancar os incisivos centrais de jovens endinheiradas para implantar porcelana, com o pretexto de acabar com o leve prognatismo comum entre orientais. "Fulan fez e a sua vida mudou", conta uma moça de 32 anos a Leslie T. Chang (Garotas da Fábrica, premiado estudo da China industrial). E arranca os seus, mas decide pôr uma ponte no lugar. Os incisivos correspondem à agressividade perante a vida. A vida da moça deveras muda: passou em meses de um apartamento grande no centro para um quitenete na periferia, mas isso sim, perfeitamente zen. E isto se deu há dois ou três anos...
Não arranque nada à toa, peça várias opiniões. A “estética” do ortodontista pode resultar em danos futuros. Pontes fixas normalmente exigem perfurar dente são... que assim, deixa de ser são. Pode ser melhor uma ponte móvel, mesmo. Pesquise: o dente extraído não cresce mais.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

fitoterapia: o tamanho do preconceito

O presidente da Associação brasileira de Fitoterapia encaminhou a um colega, produtor de ervas medicinais, a irada resposta de um antropólogo a declarações do Dráuzio Varella, as quais não vi no original; não tenho ligado a televisão.
De fato é uma pena tanto preconceito num curador inteligente e sensível como aparenta ser, ou ter sido, o DV (não conheço os trabalhos mais recentes, parei no Carandiru.)
Como em relação à acupuntura, em que grande número de médicos continuam a não confiar, e outros muitos a achar que funciona, sim, e portanto que só eles devem aplicar, existe ainda preconceito na classe contra tudo que não seja medicina oficial (que alguns chamam de "tradicional" o que leva à confusão.)
Me lembra ter ouvido de algumas pessoas, há muito tempo, antes de trabalhar na área, sempre a mesma frase: "Antigamente, as ervas tinham razão de ser, agora tem coisa muito melhor" (há muito tempo ...porque hoje como sou terapeuta ninguém que não queira brigar vai me dizer isso na cara).
Sei que esse pensamento contamina outras mentes. Recém-formada na acupuntura tentei implantar atendimentos no Dona Marta via um comitê do bairro, vinculado ao partido que agora está no poder. Não aconteceu, e depois fiquei sabendo que o referido partido, em todo caso, os membros do comitê que a ele pertenciam consideravam que essas terapias eram coisa de burguês. Sem comentários. O antropólogo em sua resposta a DV já detalhou muitíssimo bem e eu mando o texto a quem pedir...
Contrasta com esse pensamento estreito e puído atitudes com a do doutor Walter Radamés Accorsi, que na Escola Superior de Agricultura, em Piraciba, atendia -e curava!- com fitoterapia e conselhos gerais de saúde, e pesquisava confrei, ou consólida (Symphytum officinale) pesquisa essa a que atribuo ainda cultivar-se a planta entre nós e haver no comércio umas poucas fórmulas que a contenham. Pois os laboratórios a queriam proibir e erradicar. Que o doutor Varella, que reconheceu ser perfeita e humana a anamnese do fitoterapeuta que visitou, contrastando com a dos médicos oficiais dos postos de saúde, possa espanar a mente e abrir mais os olhos, abençoado pelo cheirinho de mato das hortas.

domingo, 15 de agosto de 2010

O sertão de Omolu

O inglês médico cujo livro já citei aqui duas vezes (está de bom tamanho a propaganda grátis... é aliás leitura fascinante) não gosta mesmo de acupuntura. Definiu a medicina chinesa como “terapêutica de tradicional e fútil feitiçaria” mas na hora de comentar a varíola, ou bexigas, deu o mindinho a torcer (o braço todo, não) lembrando que os antigos chineses “talvez já empregassem” uma forma de prevenção da doença. Ora, ela é atestada por gravuras comentadas, que Sidney Chalhoub reproduziu em Cidade Febril.
Certas regiões da África usavam método parecido, inalando o pó seco das bexigas para a manifestação ser branda. O pouco saudoso Cotton Mather, o que preconizava o extermínio dos indígenas, teve um escravo, Onesimus, que lhe contou. (Não li Cotton Mather não, li Sidney Chalhoub...) Graças a esse Onésimo, e à diligente pena de seu amo, sabemos da prática mas infelizmente não da região, que Mather não anotou. A isso se chamava variolização.
Menina, ainda conheci caras furadas de bexigas, como de um professor na casa dos 50, e não tinha sido das piores a virulência, concluo hoje, porque tinha os furos mas não os calombos. Quem contraísse junto ao gado a febre benigna chamada vacina (de “vacca” em latim) não desenvolvia varíola. É famosa a descoberta de Jenner junto à leiteirinha inglesa, que não temia a varíola porque tivera vacina. E daí hoje o temível flagelo está dado por extinto.
Um dos motivos que faz de Omolu um santo tão temido é a sua associação com as bexigas, cujas bolhas replicam os grãos de cereal. Assim, é ligado à vida e à morte, que são uma a condição da outra. Até o nome nagô da cerimônia para ele espelha isso, podendo significar “a comida do Senhor” como “o Senhor da destruição”. Qualquer manifestação que afete a pele lhe diz respeito. A energia desse orixá vibra na nossa bexiga e área sacral (segundo chacra pela maioria das escolas) e não custa lembrar que o meridiano da Bexiga é o mais longo, percorrendo do olho ao artelho menor e fazendo percurso dobrado nas costas, expandindo o caminho da saúde como da doença. Pois Omolu é também de cura. Ao ponto ouvido por Edson Carneiro e Bastide, reproduzido por Chalhoub, “Omolu vai pro sertão, bexiga vai espalhar, ele mesmo é nosso pai, é quem vai nos ajudar” podemos acrescentar o ...se meu corpo está ferido a ele vou recorrer, ele é meu pai Obaluaiê. Atotô!

domingo, 8 de agosto de 2010

nigra notanda lapilli

Dão o nome de “cristais”, segundo quem fala, só aos de quartzo transparente – e não poucos unicamente ao quartzo transparente INCOLOR- e lembremos que nem toda pedra de quartzo é transparente. Outros usam o termo para toda pedra curativa, inclusive os quartzos opacos como o verde e o azul, e não-quartzos. Alguns terapeutas como Richard Gerber (Medicina Vibracional) dizem ter canalizado visões do quartzo incolor usado na decadência da Atlântida, para fins de repressão dos menos esclarecidos. Este uso distorcido de uma pedra de cura pode ter se dado, ou não. O diamante, como o rubi, a esmeralda, e outras, certamente entraram em receitas ayurvédicas de cura, que trazem em si duas falhas: não é cura universal e sim de príncipes perdulários, e exige a destruição da pedra. Hoje em dia sabemos o imenso ônus ligado a muitas dessas pedras, e ao diamante em particular, que o diga a famosa supermodelo... a que se “acostumara a ver diamantes limpos, e numa caixa”.
Pedras são ocasionalmente “mortas”, isto é, acontecem de explodirem ou racharem em dois no ritual purificador da “tenda de suor” que há vários anos aportou aqui vindo do hemisfério norte. Por isso, o terapeuta chefe da roda agradece a todo o povo das pedras (e ainda assim, elas se transformaram noutras menores, não viraram pó como no exemplo anterior.)
Porém pedras usadas para matar é coisa de bárbaros e embora aplicado por extremistas islâmicos o uso não é um fundamento da religião; tanto que a lapidação está registrada na Bíblia como vocês perfeitamente sabem. Era sim um bárbaro uso local, e pre-islâmico, hoje aplicado em países repressores e extremistas. Não necessariamente “árabes”, como desavisadamente declarou na Maratona dos Contadores de Histórias um conhecido poeta das madrugadas cariocas. Ó, conhecido poeta: a Nigéria negra e o Irã indo-europeu são até onde se sabe os dois países que mais lapidam. Ambos não- árabes. Apedrejar mulher, ou qualquer ser vivo, não é inerente a árabes, nem o é sequer de muçulmanos. É próprio de governos islâmicos fundamentalistas e autocratas, isso sim, como os acima citados, governos que desprezam a mulher. (Ao mesmo tempo a Síria proibiu a burca por entender que não é tradição local e não desejar ver expandir-se ali esse radicalismo.) Uma amiga espantou-se ao descobrir que “lápis e “lapidar” vêm de “pedra” em latim, que o adjetivo descreve texto breve o suficiente para caber em lápide, e que o verbo lapidar tem dois sentidos. Pois bem, marcarei com pedra negra, à maneira dos romanos, se amanhecer o dia em que se cumpra a sentença contra Sakineh Ashtiani, em Tabriz.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Flores, frutas e folhas

Que iniciativa mais bonita: o padre da igreja da Ressurreição, no Arpoador, plantou um jardim com todas as flores da Bíblia, e uma plaquinha ao pé de cada uma citando capítulos e versículos. Salve elas, e ele!
Ainda na interessantíssima "História Assustadora da Medicina" vejo a lista do que se consumia na Inglaterra tradicional para marcar o início da primavera quando não se achavam quase frutos: “chá de margarida amarela, de beldroega e de folha de framboesa”, além de nabo preparado de várias formas. Sem que ninguém soubesse, evitavam assim o escorbuto.
Acrescento, e isso não está no livro de Gordon, que durante o inverno na Europa se consumiam reservas de frutas outonais, razoavelmente conservadas quando postas em estantes de pau ripadas e arejadas, como as inúmeras variedades de maçãs; havia quem as guardasse simplesmente em barris, de onde vem o ditado que “uma só maçã podre estraga o lote”. Além delas, frutas secas: bolotas de carvalho, castanhas, nozes e avelãs, sendo pelo menos as duas primeiras consideradas comidas de pobre quando não “de fome”. Passas de uva, em regiões vinícolas. O açúcar do Novo Mundo permitiu a conservação do excesso do verão em forma de geléias. Os chás primaveris mencionados por Gordon vinham a calhar entre o fim dessas reservas e a explosão das frutas.
Mas leio ainda que uma velhinha inglesa curava hidropsia com um chá de 20 ervas. Um médico, Withering, associou a cura à erva dedaleira contida na mistura e passou a aplicá-la sozinha, com igual êxito. Sua "História da Dedaleira" foi sucesso entre o público ledor da época. Ainda se usam para o coração medicamentos a base de digitalina, como lembra triunfante o autor do outro livro, explicando como Withering usou os rins (dedaleira é muito diurética) para drenar a água do corpo todo e assim melhorar o funcionamento do coração. Ou seja, Withering entendeu o que os chineses já sabiam há milênios, apesar de todo o escárnio do dr Gordon: que rins e coração trabalham juntos. Os chineses dão ao conjunto o nome de hsiao yin, Pequeno Yin.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

histórias de assustar

Estou lendo "A Assustadora História da Medicina" de Richard Gordon, inglês. Há uns quinze famosos do mesmo nome, inclusive um astronauta, mas o escritor é também médico, nascido em 1921. Bem, britãnicos médicos e nascidos naquele tempo costumam mesmo ter preconceitos quanto à acupuntura. Porém ele confunde Yin e Yang, no que não é o único: o fundador da macrobiótica, Osawa, também confundiu em seu livro e de maneira bem mais desconcertante, já que não inverte simplesmente, considera yin cerca de 80% das funções yang e vice-versa, as 20% restantes estão corretas. O que me deixa perplexa... Já o dr Gordon inverteu uma única vez numa única frase duas coisas em que não acredita mesmo...
Para o caso de terem o livro em casa (afinal o que comprei é a sétima edição BR)o yin na verdade rege os órgãos densos como o coração, e o yang "as vísceras ocas e bexiga" como escreve Gordon a quem voltarei nas próximas semanas.
Mas aqui lhes fica desde já uma dica avalizada pela ciência oficial... Os terapeutas holísticos e naturopatas costumam desaconselhar microondas e comida congelada por questões de energia, e suspeitas de que as ondas possam fazer mal às células. Pois não sabia eu que os médicos também desaconselham, pelo menos o bom doutor Gordon, porque multiplicam um e outra a probabilidade de contrair salmonela!
Tem certeza que vai querer um forno assim na sua casa nova??

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Salve o dia de Santana

Do meu livo Umbanda Gira (Ed. Pallas):

Nanã, vibração jeje "importada" para o culto nagô pelo sincretismo que se deu no Brasil, não está entre as mais conhecidas do grande público. Geralmente é vista como um orixá velho; em conseqüência, muitas filhas ou afilhadas temem recebê-la. Dizem que têm vibração de Oxum por exemplo. Ora, quem tem Nanã nasceu com ela... Nanã, orixá da lentidão, da terra molhada, da lama, é uma vibração que entre nos ficou também ligada ao fundo do mar, ao fundo dos lagos onde o lodo permite ao lótus vir brotar à luz do Sol. Os estranhos peixes das águas sem luz, e que portam a luz no seu terceiro olho, navegam nas suas águas - não é à toa que Nanã representa a sabedoria. O fundo das águas representa morte e vida, e Nanã é uma das vibrações que acompanha na última viagem. Nanã é uma guardiã dos mistérios da vida, é Mãe da raiz do mundo, Mãe dos segredos primordiais dos velhos mares de onde os primeiros seres saíram.

domingo, 18 de julho de 2010

falta de raciocínio também é um saco

Feng Shui para dar certo precisa, sempre é bom insistir, de uma leitura de bússola correta. Sem esse diagnóstico da energia, fica-se vítima de suposições. Um recurso que me assustou, ouvido por aí, consistia para “neutralizar energia de banheiro” em pôr os canos à mostra, pintá-los de vermelho, depois cobrir com cortiça e por fim fechar tudo de novo. Recomendei que a pessoa NÃO aplicasse. Por quê?
1-Banheiro em si: anula a energia boa ou ruim que por acaso caiu ali. Por ter ralos, e descarga, drena. Você não pinta sua barriga de vermelho nem a cobre de cortiça, contenta-se em usar uma roupa. A roupa do banheiro é a porta, mantenha-a fechada. Da mesma forma que alguns dispensam a roupa, alguns dispensam manter fechada, e mantêm aberta a tampa do vaso, problema de cada um. E assim como se mantém limpo, mantenha limpo o banheiro.
2- Canos: acho ótimo canos à mostra, muito melhor na hora de chamar o bombeiro, na Europa é assim e ninguém acha feio, pintam-se de cores neutras ou alegres. Mas na “receita” acima eram novamente escondidos após vesti-los com cortiça... Bem, agora cortiça ficou proibido, mesmo.
3-Cores: essa parte é de todo absurda do ponto de vista do Feng Shui e vai de encontro à filosofia dos Cinco Elementos. O colega aí recomendava pôr dois elementos para brigarem! Isso nunca se faz. Se fosse o caso de sedar a Água, se poria o elemento que a seda, não o que entra em conflito com ela, o Fogo representado pelo vermelho. Mas não se seda a Água que é a energia vital de cada um.
Mais considerações sobre o caso não cabem fisicamente aqui. Feng Shui por sinal não pode parar na porta da casa. Feng Shui que ignora o que acontece lá fora fica curto. Nem por isso aceitei o desconto do mercado quando a caixa perguntou se eu queria a sacola deles ou a minha. Já escrevi aqui, começaram pela ponta errada e faltou planejamento real nessa história: sem sacola de mercado vamos ter de comprar as sacolas plásticas para lixo, e o correto seria todo o plástico ser biodegradável, isso sim. Confirmei com o gentil biólogo de plantão que concordou comigo. Falta de raciocínio é um saco...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

azul como o vidro

Tendo falado do metal vou precisar falar do vidro, quando mais não seja porque ambos ajudam a sedar Terra negativa no Feng Shui clássico. Tive a sorte de encontrar em excelente estado um volume de contos brasileiros dos anos 1960 num bazar, e estou conhecendo autores que para mim eram nomes de rua. Pois no conto de Vicente de Carvalho um garrafão de cachaça se espatifa na areia na hora do embarque, mas o arrais insiste em mandar comprar outro. Previsivelmente todo mundo se afoga menos o narrador.
Vidro quebrando à toa está descarregando alguma coisa. Ou no mínimo indicando uma carga. Um paciente que levava frasco novo de florais para casa sentou para desabafar e deu um pulo: o frasco se partira no bolso da camisa. Fiz outro de cortesia, e no dia seguinte me ligou para contar que assim que chegara em casa e vira o pai, o frasco novo arrebentara. Como essa há várias histórias. Potencializa esta propensão do vidro juntá-lo com floral ou Feng Shui, porque potencializa a sensibilidade.
No Feng Shui uma das sedações que mais gosto é pôr em aquário redondo de vidro seis bolas idem, umas incolores outras azulonas. Como tudo nessa arte, é preciso saber o que se está fazendo, para onde se vai levar, ou seda a prosperidade (Terra positiva). Vidro corresponde à Água; Água na medicina chinesa corresponde, o que não chega a ser surpresa, aos rins e bexiga. Sua cor é azul escura ou preta (também roxo escuro no Feng Shui) e sua virtude, e aí já não estamos mais no Feng Shui, mas sim na filosofia chinesa, a sabedoria já que água tem a capacidade de se adaptar ao caminho, criando um quando não existe, contornando obstáculos. Já no I Ching representa normalmente perigo, além do trigrama representar, em vários níveis, o movimento da água. Porém o I Ching é repleto de múltiplos sentidos segundo os casos e até nele Água pode ser também sabedoria. Que alguma possa brotar entre nós para melhor protegermos nossas reservas hídricas!

sábado, 3 de julho de 2010

uma religião iniciada por "U"

Há coisa de dois anos em alguma de suas crônicas para O Globo o nosso bom Veríssimo comentou que participara de um jogo com palavras para o qual, afirmava peremptoriamente, “não havia nenhuma religião começando com a letra U”. Preocupações e correrias não me permitiram rebater na hora, pelo que me culpo; quis incluir essa declaração como segunda epígrafe e acabou não entrando. Epígrafe de quê?
Do meu ensaio Umbanda Gira! pela editora Pallas, que nesta semana começa a chegar nas livrarias do Rio, e breve aportará também nos estados. Fiquei sem ter certeza se o jornalista não lembrara da existência da Umbanda ou se lembrando, não considerava religião. Ambas hipóteses me chocam, mas o essencial agora é que o livro enfim saiu e logo estará em todas as livrarias que normalmente trabalham com a Pallas, que o vende também pela internet pra quem preferir.
Quem o ler vá desculpando as pequenas imperfeições de forma, inevitáveis numa primeira edição; e isto apesar de eu me ter disposto a corrigir as provas com olho de lince. O lince piscou na hora errada e entraram várias vírgulas fora de propósito (por que será que tantos revisores, com todo o respeito, adoram meter a esmo vírgulas e o pronome “se” no texto alheio? Também me escaparam dois desses... ) e mais uma ou duas pequenas falhas. As maiores, eu apontei e foram corrigidas, essas menores não chegam a dificultar a leitura. Mas me doem como pequenos estilhaços de vidro encravados na carne... A capa ficou linda e além dela sou muito grata à Pallas pela realização desse sonho, pois ali publicar o seu texto é o sonho de todo mirongueiro literato. A crônica de hoje é dedicada ao Veríssimo, que infelizmente volta da África do Sul, com o restante da delegação brasileira, mais cedo do que todos gostaríamos... Umbanda Gira!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

No alto daquela pedreira...

Viva o São João, e cauô Cabiecile. Xangô, cuja energia vibra durante o nosso inverno, também pode ser festejado no dia de São Jerônimo em setembro. Mas é mais comum saudá-lo em junho. Associam a ele a virtude da justiça. Justiça, a gente nem sempre lembra, funciona em mão dupla. Não é justo a gente cobrar que o gari não chega até a gente e sujar tudo com sacos plásticos até mesmo na hora de fazer oferendas... inclusive ao próprio Xangô. Não é justo, talvez, como declara hoje 23 de junho o presidente-que-tenta-emplacar-a-candidata, o cineasta norte-americano que denuncia Belo Monte não falar do vazamento em suas terras. Mas eu acho mais injusto acusá-lo de injustiça. Afinal o vazamento foi agora e o projeto do cineasta é anterior; queriam que ele largasse tudo e voltasse para casa? Bem, a resposta é sim, queriam, claro. E ninguém disse, nem pensa a sério, que ele seja a favor do vazamento; ser contra Belo Monte supõe automaticamente horrorizar-se com o óleo derramado. Não é só isso que não é justo. Não é justo, não é correto, que uma pessoa perseguida durante a ditadura agora aplique a mesma retórica rasa dos perseguidores.
Os governos militares gostavam muito de exclamar, quando acusados de envenenar indígenas, - Quem são eles para falar, que exterminaram os próprios índios? Também esses e outros governos gostaram de lembrar, até com justiça, que as grandes multinacionais são poluidoras maiores do que o nosso país. A injustiça começa na hora em que se diz, então poluiremos/ envenenaremos/ exterminaremos à vontade, porque eles começaram primeiro. Agora o mesmo raciocínio falho se votou a aplicar, vaza o óleo na Baía do México então me deixa construir Belo Monte em paz. Diga-se de passagem que a associação negativa de ideias não foi minha e sim do chefe da Nação.
Hoje fiquei sabendo por meu filho que as espadas de são-jorge e santa-bárbara absorvem e limpam quantidades enormes de poluição, e quem escreveu foi a NASA (e não seria justo eu não dar os créditos...) Bem, Santa Bárbara é sincretizada com Iansã, outra defensora da justiça, e até, curiosamente, com Xangô no Caribe. Vamos pedir então justiça a essas folhas, a essas espadas, a essas vibrações para os golfos, angras, enseadas e baías do continente inteiro. Cauô!

domingo, 13 de junho de 2010

Boa noite Compadre!

Aroeira merece uma crônica só para ela e esse ano, a dinâmica dos fatos fez que essa homenagem há muito devida coincidisse com o dia dos Compadres. Aroeira, grande curadora, nasce em inúmeras variedades (se os biólogos não mudaram as classificações de novo e resolveram que agora são duas ou três) e os nomes populares, como se sabe, nem sempre dão conta. De um modo geral, toda aroeira cura mas algumas dão também alergia quando se chega no pé. Essas são de um modo ainda mais geral as aroeiras-brancas. As vermelhas são as que dão as sementes consumidas em forma de iguaria com o nome enganador de pimenta rosa. Recomendo uso moderadíssimo da mesma a menos que saiba quem colheu e como; há uns anos no Estado do Rio as aroeiras resolveram não florir em protesto contra a colheita absurda, predadora e mal-feita.
Porque uma das maravilhas dessa arvorezinha é ser solidária às suas irmãs. E de toda forma semente é bom evitar na medida do possível, porque representa a vida da planta.
Nos cultos afro-brasileiros, aroeira pertence a Ossãe, Omolu e Exu segundo a hora do dia. Suas folhas geralmente nascem em cada galhinho trazendo o número desses orixás. Ocasionalmente, principalmente perto da festa de São João podem trazer o número de Xangô mas até onde sei não é por nenhuma casa ou linha a ele também consagrada. Primeiro, porque tal número é a exceção e não a regra. Depois, porque Ossãe e Omolu-Obaluaiê são orixás da cura, o que não é o caso de Xangô.
Me conta a minha prima antropóloga uma história linda sobre o que deduzo ser uma das aroeiras-brancas. Chamada em Santa Catarina de “aroeira de bugre” empola quem passa por baixo. É preciso respeito ao passar por ela, e cumprimentá-la ao avesso dizendo de tarde – Bom dia compadre pau-de-bugre!- e assim por diante. Observe-se o uso do termo “compadre” e o tema da hora do dia. Um padre recém-chegado à cidade de Lajes decretou que era coisa dos infernos e mandou cortar muitos galhos para montar os arcos de uma procissão. As priminhas da antropóloga, que eram pagens na procissão, empolaram só de passar por baixo. Outra forma de se prevenir, dizem, é que um homem urine na raiz, contanto que se ache um varão disposto a tanto. Não há registro se a proteção assim lograda seria só para ele, só pra os seus ou para quem passasse ali, nem por quanto tempo...
Cuide das que tiver em seu caminho, plante as que puder, aprenda a reconhecer a folha e fique longe da prática do consumo da semente. Deixe-as para os pássaros que são grandes apreciadores e ao contrário de você ao consumi-la estão fazendo um bem, disseminando e reproduzindo! E em todas as horas do dia, em todos os dias do ano, salve a aroeira e salve os Compadres! e a Comadre também.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

nove

Estou mergulhada num livro interessantíssimo e assaz recente de arqueologia, O Sexo Invisível; o que vem aqui ao caso é a informação que há mais de 12 mil anos atrás num vale do atual Chile o assentamento pesquisado possuía uma farmácia com 9 plantas locais e mais 9 plantas andinas ou da beira do mar. Segundo os autores, até hoje a população local se cura com essas mesmas 9 plantas locais.
Pode ser que isto os deixe indiferentes, nesse caso é provável que estejam lendo o blog errado. Mas além da magia das ervas ainda há algo fascinante nessa história para mim; naturalmente é o número nove, que não creio esteja aí por acaso.
Seria muita coincidência NOVE ervas locais ALÉM de NOVE outras ervas de outros lugares. Se o Nove, na cultura judaico-cristã não fez muito caminho, noutras é um número tão mágico como o Sete ou o Doze, por exemplo. Está presente na filosofia taoísta e portanto no I Ching onde representa o Yang Supremo e também a linha macho no jogo; no paraíso taoísta as ondas são de nove quebras em vez das sete que dizem ser o padrão. No Feng Shui, outra derivação, representa o Fogo; e quem for de Umbanda ou candomblé imediatamente pensa no número de Iansã, salve ela, eparrei.
Claro que outras plantas existiam no local; a rezadeira (ou o rezador) de treze mil anos atrás escolheu esse número mágico para trabalhar. Não é nada estranho, raciocínios semelhantes ocorrem hoje, na hora de limitar as essências no frasco de florais por exemplo. Meu mestre de acupuntura foi quem me iniciou na fitoterapia: trabalhando sempre com doze ervas (que nunca cheguei a saber quais eram com precisão, porque nunca perguntei, ocupada em descobrir outras e outras mais) me viu apaixonar-me pela folha cada dia mais, e sinceramente creio que não aprovou, virginiano que era, o meu interesse crescente pelas ervas fora do seu sistema pessoal. Havia, disso lembro, aipo, salsa, e carqueja “bem fraquinha, sentindo o doce na língua!” que sempre recomendava em vez de boldo dizendo que chá fraco de carqueja equilibrava e boldo podia piorar. Se soube das outras, esqueci. Como disse. E quantas eram essas? Ora, bom leitor, eram exatas nove!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

metalizado

Já podem ter reparado: todo dono ou trabalhador de ferro velho tem os olhos avermelhados, irritados, mesmo os muito novos. Um estado crônico devido à intoxicação do sistema hepático, pois lidam, segundo o alto-falante brada pelas ruas, com chumbo e alumínio entre outros. Entre outros porque recebem mesmo artefatos com elementos radioativos e por aí vai.
Metal não é um elemento que provoque ondas de simpatia ao ouvirmos mencioná-lo (sei que na tabela química dos elementos cada metal tem uma abreviação e pra vocês verem até conheço algumas! Mas emprego o termo dentro da acepção usada na medicina chinesa e ramificações como o Feng Shui). Ouvimos muita gente dizer que não gosta de cama de metal porque “acha frio”, frio claro está no sentido afetivo e não meteorológico.
E estas ciências nos ensinam a aceitar o Metal como aceitamos o nosso signo, já que a sua energia está em algum grau em cada um de nós, e é para alguns o elemento predominante. Os Elementos determinam as patologias às quais seremos mais sensíveis, Metal sugere tendência a problemas respiratórios e/ou intestinais. O motivo do Pulmão e do Intestino Grosso pertencerem ao Metal ainda é um mistério para mim; não, porém, a sua interação: como se sabe câncer de cólon é um freqüente motivo de óbito de fumantes. Mas há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que cabem na cabeça... o fato é que a esta dupla de órgão-e-víscera regida pela energia do Metal corresponde a virtude da polidez; lembrem de metal polido, e a cor regente é branca, como o brilho do metal.
Quando saímos da acupuntura para o Feng Shui o Metal passa a ser, mais do que algo que devemos aceitar como aceitamos a data do nosso nascimento, uma ferramenta poderosa se bem empregada. Seda Terra negativa, através dos objetos de metal e das Águas da Paz; só a bússola diz onde alocar essas ferramentas, que postas no quadrante errado podem sedar Terra positiva! Nesse caso não chamarão doenças fulminantes nem dissenções e sim a sedação da prosperidade, resultado que certamente também não queremos atrair! Pode ocorrer que uma de suas Águas da Paz fique como coberta de lodo num quadrante que esteja recebendo muita carga de raiva, troque a água mesmo sem ser o dia certo, sem deixar de trabalhar também o problema. O lodo é a prova que funciona!
Em tempo, eu também não gosto das camas de metal vendidas aqui nas lojas. Mas um meu sonho de consumo seria uma de latão das que eram usadas na Europa, apesar do motivo original... que era de reduzir os percevejos em relação às de madeira. Pois é.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

vai varrendo...

Deu no Globo que no final do ano, acontecerá no Rio a versão local de um evento chamado Let´s Do It! e que aqui será o Limpa Brasil. Eu quero participar! Lixo é um problema candente hoje em dia, mais ainda por não ter sido por muitos e muitos anos. Infelizmente a "sifilização" chega mais depressa aos lugares do que a cidadania, e toca de atirar pilha usada pra dentro do mato.
Ainda não consegui falar com todas as pessoas da Comlurb que preciso, tendo começado pelos telefones da Ouvidoria, no bairro da Tijuca; dá para perceber pela reação do ouvidor que me atendeu que a empresa se omite um tanto no caso específico das pilhas, escudando-se atrás da lei que manda o fabricante cuidar da pilha usada. A Companhia de Limpeza Urbana não vem fazendo (há uns anos fez) uma campanha que eduque as pessoas para não atirarem pilha na lata do lixo comum, no mar, no canteiro e por aí vai. Sem dúvida o fabricante e vários Ministérios e Secretarias poderiam e deveriam TAMBÉM estar trabalhando nesse ponto, nem por isso a Limpeza Urbana tem razão de, nesse aspecto, estar inativa. Me diz o ouvidor que "falam disso no site", ora, lembrei-lhe, a campanha que não está acontecendo deveria atingir a todos os que podem comprar pilha e bateria, ou seja a população acima dos sete anos aproximadamente, incluindo-se aí analfabetos virtuais e analfabetos de verdade.
Porém soube que existe uma Universidade da Comlurb, que dão palestras continuamente em comunidades carentes e escolas, num trabalho de formiga, que sentem a necessidade de expandir cada vez mais esse trabalho, e tive um primeiro contato com um dos palestrantes.
A responsabilidade é de cada um de nós. Lembro de uma comunidade contemplada pelo Favela Bairro reclamando que os garis subiam pouco e largando sacos plásticos no chão até na Pedra de Xangô (isso foi antes da campanha "Saco é um Saco", pode ser que hoje esteja melhor). O mundo é holistico, e como prova disso vejo o prédio onde moro, e em que lixo é um problema contínuo. Minha vizinha (quem sabe, em reação mui pessoal a esta campanha...) não descartou batatas deixando-as no chão, outro dia!? Tô falando...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

salve os Velhos....


Entrou maio e os gerentes de supermercado, que não são burros nem nada, enchem gôndolas de vinho licoroso que alguns só vendem nessa época, porque é o que agrada aos Pretos Velhos. (Outro dia surgiu uma questão se devemos grafar ou não com maiúscula: devemos grafar com maiúscula nomes de entidades que possam levar a confusão sem ela, como Crianças, Boiadeiros e assim por diante).
Ainda há muito preconceito entre praticantes dos cultos afro-brasileiros; e contra eles nem se fala. Ontem mesmo 6 de maio o Globo não publicou na 3a página do caderno cultural que Fulano, “outro supersticioso”, tomaria banho de pipoca?! Os "demais supersticiosos" eram membros de uma família de atores ligada ao candomblé; telefonei na mesma hora para a redação.
Mas o 13 de maio é hoje data só da Umbanda, a grande festa dos Pretos Velhos. Eles trabalham de formas às vezes curiosas; uns anos atrás eu estava numa reunião pre-natalina pluri-religiosa, em que nos havia sido pedido para formar grupos de três e falar cada um de nossas religiões. No grupo em que eu estava um distinto senhor, representando uma “religião de base alemã” (sic) declarou assim que sentamos, - Que bom estar aqui com vocês! Agora pergunto a vocês, o que é que um Preto Velho teria a oferecer? - Obviamente rebati, apesar de “passada” como se diz. No dia seguinte eu estava numa palestra sobre Angola e senti um desejo imperioso de desenhar no papel e lápis que nos havia sido fornecido para anotar perguntas, e assim ganhei de presente do meu guia a Moça das Ervas, que é a minha assinatura visual no cartão e no portal. Nesse ano fiz cartões de Natal com essa imagem, e permaneci muitos meses ainda naquela associação pluri-religiosa com um cartão na bolsa até me convencer que envergonhado sem dúvida, aquele distinto nunca mais daria as caras por ali. Aí, saí eu também.... Salve o Treze de Maio.

terça-feira, 4 de maio de 2010

baseado

Na sexta dia 07 de maio de 2010 haverá, no Casarão Cultural do Cosme Velho (Casarão Austregésilo de Athayde) a leitura dramatizada da minha peça BASEADO, com taxa de manutenção de 05 (cinco) reais para o espaço que nos acolhe. Já bastou escrevê-la!...não sou eu que assino a produção mas até onde pude ver está caprichadíssima. Daqui a uns meses ou quiçá umas semanas a peça sai como livro, novamente isso não depende de mim; informações sobre a montagem podem ser vistas no portal do casarão que também está no Twitter e afins!
Para os leitores e pacientes habituais que estranham o título, há um trocadilho intencional com o que vocês estão pensando e situações reais que serviram de base. 14 anos atrás me pareceu um bom título, e não vejo motivo algum para mudá-lo hoje apesar de toda a água que passou na minha ponte. Assim como a personagem Selene, costumo não aceitar os que me são oferecidos (hoje pergunto meu irmão, ela é do teu quintal?) e declaro-me aqui, como já diversas vezes me declarei, a favor da legalização do dito cujo para enfraquecer o tráfico. Quando a erva for legal, eu a plantarei para o orixá a quem corresponde, pois como se diz, "na matéria" não é muito minha praia, assim como inúmeras substâncias e coisas perfeitamente legais, tais como cerveja, panela de alumínio, novela de qualquer canal, BBB e por aí vai... Até lá ela e eu ficamos longe uma da outra; a não ser no título da minha peça. Às vésperas de ver publicado outro trabalho meu, esse bem recente, em que o campo semântico gira ao redor do dono dessa erva, festejo esta montagem da minha peça e o lançamento correspondente, e recomendo que, inclusive em relação às razões acima, assistam quando levada ao palco e leiam quando lançada! Pois o Caminho das Folhas jamais pretendeu ser caminho do monge, e escrever ficção sobre saúde holística pode dar certo, mas não está em mim.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A raiz e a flor...

Costumo repetir que florais atuam em três níveis sucessivos na gente, ao longo dos anos. Quando a gente começa, quer que o Universo deixe de nos machucar, depois vem a consciência de que nós é quem estamos machucando o Universo e por fim vemos que nós somos os primeiros a ativamente nos machucar. Não adianta querer subverter muito a ordem. Se uma pessoa leeeeenta resolver tomar, ou lhe receitarem, florais para acelerar como por exemplo Piperita da linha de Minas, sem ter primeiro analisado o que a faz lenta, que outros problemas manifesta e assim por diante, vai ficar acelerada sem por isso conseguir ser mais rápida. Tipo correndo esbaforida sem sair do lugar, e com o mesmo grau de inoperãncia de antes. Como em todos os raros efeitos colaterais dos florais, cessando a causa: aquela receita específica- cessa a conseqüência. Mude-se a receita.
Ilustrando esses três níveis, tomemos o exemplo de uma pessoa cujo maior problema ao chegar é tristeza e baixa auto-estima. Vamos ver de imediato a tristeza, talvez só precise durante um só frasco, e melhorar a auto-estima, isso é o primeiro nível. Começaremos também direto o nível dois pelas beiradinhas, por exemplo para que aprenda com os erros, cometa-os menos e se reduzam as oportunidades de sentir baixa auto-estima.
Aí a pessoa confessa que é também muito raivosa e por vezes explode - estamos em pleno nível dois caso a raiva não seja justificada. Podemos tratar a raiva para que só se manifeste quando justa (o floral sabe quando é) e de forma menos agressiva, talvez o medo também para ousar dizer o que pensa SEM necessariamente a explosão de quem andou se reprimindo. A pessoa fica mais suave e para algumas é isso. Para outras, cuja raiva reprimida estava afetando o sistema hepático-biliar, não senti-la, por antagonismos decorrentes de um ego forte demais, já atua no nível três.
Outras ainda... ficam um doce, param de explodir mas caem em depressão porque seguem se preocupando, num grau difícil de imaginar para quem não tem o perfil, com as besteiras alheias mais insignificantes, se Fulano vai perder o compromisso com terceiros, se amarrou bem o sapato, se deixou o guarda-chuva aberto na área de serviço para não enferrujar as varetas. Quando isso se percebe é tempo de mudar o floral da raiva, porque não era raiva nesse caso, era obsessão com o insignificante! A raiva era mera conseqüência nesse caso. Nível três de novo. Bem, tem gente que precisa de ambas essências, claro.
Nenhuma fórmula de floral é igual para toda a vida. Vibrando mais perto de um eixo de equilíbrio, pode-se longos meses tomar a mesma fórmula. Até que surge a brecha, você vê onde precisa melhorar e vê as causas dos efeitos. Nada de Rescue como eterna panacéia, meu caro, não vai curar os seus desvios.
Quando tomar a flor, sempre olhe a própria raiz.

domingo, 18 de abril de 2010

o que os olhos não vêem

.. o coração não sente? Ah, mas sente sim! o coração, a pele, os pontos de acupuntura, e de modo geral qualquer área do corpo pode sentir dores ou sensações que exames médicos não confirmam. Nunca tudo ao mesmo tempo, ou o organismo entrava em colapso! Sensações inexplicáveis assim não são raras, e quando incomodam continuamente querem dizer que ainda não se instalou um problema ORGÃNICO no corpo, por ora é só energético. Vai piorar se você não cuidar de você.
Eu insisto no "continuamente" porque uma sensação pontual não representa problema, ainda que "só" energético, no organismo; espelha, em vez disso, algo que acontece na vida da pessoa. Como sentir o chacra do coração rasgar ou doer até mesmo antes de identificar o problema na vida emocional ou social, para dar um exemplo freqüente; como sentir as mãos latejarem até doer quando é necessário fazermos algo por nós, ou como eu mesma senti outro dia apos uma limpeza energética caprichada de fim de Lua, a sensação insistente de ter um cabelo preso no indicador, e não havia nada ali. Mero sinal de que no final de outra Lua haveria ainda necessidade de limpar coisas que nessa não tinha como... A paciência é algo que se aprende.
Como no caso do cabelo imaginário, essas dores e sensações muitas vezes correm ao longo dos meridianos, e isso nos explica como a acupuntura pôde nascer. Se você estiver energeticamente carregado, intoxicado, pode sentir por exemplo uma dor aguda na testa ao fazer certos movimentos, subindo na vertical da sobrancelha; felizmente há um ponto da mesma víscera, mas bem longe da testa, que dizem curar até raiva (não ira, raiva de cão raivoso). Desintoxica a matéria e também a energia. O que quero dizer é que sensações ao longo de um canal de energia indicaram aos antigos chineses ONDE eram esses canais. Claro que médiuns sentem mais do que os outros. E quem disse que os que desenvolveram a acupuntura não eram médiuns?
Claro que eram!

sábado, 10 de abril de 2010

tragédia, (falta de) cuidado e futuro

O que dizer diante da catástrofe? Não me parece seja o caso de sair xingando indiscriminadamente nem a chuva, nem sequer os governantes. A Praça da Bandeira no Rio, segundo li numa enchente de anos atrás tem 4 rios subterrâneos e fica quase ao nível do mar. Difícil é que não encha... Recentemente li que até haveria jeito de minimizar as próximas enchentes ali, mas não suprimir de todo seu efeito. E que isso demandaria um esforço que eu cá, diante do que se fez com a verba estrangeira para a despoluição da Baía de Guanabara, tenho sérias dúvidas venha a se levar a cabo.
(Vem cá, nunca vão processar os responsáveis por aquele sumiço não? Embolsa a grana, deixa o biólogo que mais defendia a Baía ser ameaçado de morte e fica tudo bem?)
Já estou eu aqui falando dos governantes.. mas eu disse “indiscriminadamente”...
Por outro lado as benfeitorias no morro do Bumba sem dúvida alguma foram benfeitorias. Que bom que as fizeram, só as posso aplaudir. Faltou apenas o pormenor básico de primeiro ver se a área comportaria. Estudos encomendados foram ignorados. Posso imaginar um burocrata dizendo pode ficar tranqüilo que desabar não desaba, só se fosse chover muuuito! Pois choveu.
Quanto ao pessoal do Laboriaux que o prefeito quer remover, compreende-se o prefeito, mas ele também precisará compreender que essas pessoas são, ou descendem de, gente que foi reassentada ali por outra Prefeitura 50 anos atrás. Faz-se necessário um tratamento especial em termos de infraestrutura e acompanhamento; o município lhes deve isso.
E nessa hora triste, mais do que nunca lembremos que educação ambiental e cidadania, que plantio e replante e preservação são fundamentais para ajudar, digo ajudar, a evitar tragédias como essas. Um abraço pesaroso aos que perderam gente querida.

domingo, 4 de abril de 2010

quichua

Nessa Páscoa estou minimalista. Mas em breve o portal terá links para artigos; ficará mais fácil ler por exemplo o que foi publicado no jornal virtual Negritude há dez dias, A Ética nos cutos Afro-Brasileiros. Por hoje fiquem com Deus, a chuva que cai e esse poema também minimalista, publicado em Eu Comi a Lua:

POEMA QUÍCHUA

Chácara: garoa, charque.
Garoa: charque, chácara.
Charque: chácara, garoa.

(O bom Aurélio explica o título do poema pra quem conferir essas três palavras...)
BOA PÁSCOA!!!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Já que o tema rendeu e até de Viçosa minha prima comentou a dobradinha tradicional da farmacopéia paraense, andiroba e copaíba, este um poderoso cicatrizante e regenerador, falemos mais da melaleuca e companhia. Aromoterapeutas a chamam por algum motivo pelo nome inglês, Tea tree, mas não é uma camélia e nem creio seja árvore. Espécie altamente exótica que vem do Pacífico, seu óleo importado e caro costuma ser vendido direto do balcão sem passar pelas prateleiras. Perguntei um dia à atendente se tinha melaleuca. Ela não conhecia, apontei o frasco. - Tchitri! - disse condescendente a terapeuta na fila. A atendente, indignada e triunfante: - Também não. O que está escrito aqui é te-á tê-ê! - Acho a atendente inteiramente certa, ninguém aqui é obrigado a saber falar inglês e mais vale dizer, - Olhe só embaixo, que está escrito Melaleuca alternifolia, é o nome científico. - No mínimo a moça fica sabendo que toda planta tem pelo menos dois nomes e um é o científico. Essa erva é bom cicatrizante e repelente de piolhos, não me consta porém que elimine parasitas já existentes. Previne, não remedia, e não protege a energia como ainda outro cicatrizante e regenerador, o dendê, a coisa que menos arde no mundo.
Mais outro acréscimo exótico é a nim indiana. Recentemente descobri que tem uso interno também, por lá é mesmo uma panacéia e acima de tudo é inseticida. Agora em algumas lojas se acha o sabonete e o chá. No sabonete, as palavras desconcertantes, Deixar secar normalmente no corpo. Na verdade parece ter argila por liga e alguma saponácea natural (como a saboneteira, que temos nativa aqui igual à de lá) e pode ser deixado na pele que não só não arde como até hidrata, pois nim trata pele seca! E o chá pode servir para banho…
Micuim, mais difícil de eliminar que piolho por ser tão minúsculo e capaz de renascer tal a fênix de suas cinzas ano trás ano, normalmente dá em cachorro e em gente. Gatos, raramente ou nunca. Por primeira vez vi micuim em gato, mesmo devidamente protegido com andiroba. Peguei o tal sabonete de nim, deixei secar normalmente e a gata parou de coçar e de se queixar. Nem o gato que costuma pegar de tudo teve micuim, mas também ele não sai de cima da erva-de-santa-maria. Como tem gente que chama de mastruço ou mastruz (pra deixar barato), e como mastruz ou mastruço designa umas quinze outras plantas medicinais, sempre bom saber que oficialmente é Chenopodium ambrosoides L. Além do nome dado por Lineu há outras sinonímias científicas; uma é bem sugestiva, Ch. antihelminicum.
Erva de santa maria, andiroba, nim indiana, dendê da Bahia que pra quem leu até aqui revelo, descobri que para micuins funciona mais que tudo: com tanta coisa boa nascendo do chão ninguém precisa passar químicas com cheiro de DDT na pele de criança. Nem de adulto.

terça-feira, 16 de março de 2010

Menos um pirata no Tietê. Muitos humoristas são mal-humorados, e não poucos se suicidam. Fundar igreja de Daime é que é raridade. Pois logo esse tinha de partir de forma brutal e levando o filho junto.Glauco passou a vida nos fazendo rir e morreu nos fazendo chorar. Conseguiu fazer caber mais coisas em sua vida do que muitos que chegam aos oitenta. Que não atribuam à ayahuasca a estupidez dessas mortes; não haverá de faltar quem culpe as vítimas. A essa hora Glauco deve estar aprendendo a fazer samba com Adoniran: São Paulo ficou mais triste e o Brasil todo também. Um abraço solidário ao Céu de Maria pelo luto duplo.

domingo, 7 de março de 2010

besuntando...

Primeiro frio do ano…. E volta às aulas recente… isso pode querer dizer, e geralmente diz, respectivamente micuim, piolho, ou ambos. Micuim, de que volto a falar aqui, é aquele micro-carrapato que aguarda paciente até a sua presa, no caso você, passar onde ele está. Tem alguma noção da energia do nosso corpo também, o danado, pois em casos de infestação grave (a primeira em geral, depois a gente fica esperto!) costuma colonizar o corpo subindo pelo percurso dos meridianos. Piolho dispensa introdução.
Sempre recomendo NÃO usar químicas de farmácia não apenas pelo cheiro horrível, nem sequer pela intoxicação certa pela brutalidade da cura (fica intoxicado sim. Até se não notar, seu fígado nota) mas em primeiro lugar porque funcionam menos!
Além de pente fino e pente elétrico, ou o excelente e caríssimo óleo de melaleuca, o que sempre recomendo é óleo de ANDIROBA. Fantastico para micuim também.
Barato e natural. Escolha o mais barato. Há marcas e lojas que acham certo vender por dez ou doze o que outros vendem a seis ou sete. Besunte o local que coça e esteja pronto para besuntar muitos locais durante o dia ou a semana. Se você trabalhar em escritório ou recepção talvez, considerando, você ache melhor passar um discreto indicador nos pontos afetados do que coçar alucinadamente… Piolho também reage bem ao floral Crab Apple, mas eu não ficaria só nele, compraria a andiroba.
Micuim costuma aparecer morto escorregando ao longo dos braços; é aquela poeirinha cinza, raramente preta e mais graúda. Se a sua pele for escura, ainda assim vai conseguir ver o bicho na ponta do dedo, e é quase impossível de matar na unha como piolho ou pulga: se não tem certeza que está morto, tire com água ou lenço de papel. E vai tentar colonizar as narinas quand atacado, não é burro não… Um micuinzinho no ovo que não eclodiu ano passado pode ficar oculto nas dobras de um casaco, por exemplo, e desabrochar feliz no primeiro frio sem você ter chegado perto de cães ou de serra! Tá, isso não ocorre se você ferver toda a roupa de cama e tal. Quando for ferver o seu edredom então me avise que eu mando o meu, está bom?
Outro dia li que uma criança de 3 anos salvou a avó num princípio de derrame, ligando para o número de emergência que ela tinha ensinado. Se conseguem fazer isso, imagina levar para a escola o frasco e besuntar quando coça!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

lua cheia

Seria infantilidade nossa – ou excesso de romantismo, o que creio que dê na mesma- acreditar que só porque a Lua está linda e cheia naquele dia tudo está bem.
Pelo contrário, a Lua cheia potencializa tudo, inclusive as negatividades. Espelha (afinal no I Ching ela é o Lago também), traz à tona. Traz à tona também alimárias indesejáveis, o que de certa forma é bom quando há o que se fazer a respeito, já que as vemos; quem já não viu baratas ensandecidas rodando sob a Lua? Bem, eu já vi, enxameando, na “arena” de pedra portuguesa da Lapa: um caso em que não havia o que ser feito... Sempre lembro de um mestre (decididamente não era por excesso de romantismo que pecava) dizendo, “a Lua está cheia amanhã, oba, vou tomar purgante que aí sai tudo que é verme que possa haver.”
Na acupuntura o ponto da Lua Cheia, que é também ponto meteorológico, não por acaso é no meridiano da Bexiga; sendo o maior, percorrendo o corpo humano quase inteiro (inteiro, com a ajuda de seus meridianos irmãos do Rim e do Intestino Delgado) é bem adequado para nos proteger de influências nefastas naturais. Mas sempre bom lembrar, na Lua Cheia como na Preta o ideal é não aplicar agulha. Podemos usar cristais, chás, emplastros, e numa urgência sementes de mostarda, afinal...
E nunca é demais lembrar que se a lua está no auge tal dia, no seguinte começa a decrescer, independentemente do que diga a sua agenda... Agendas e jornais costumam contar “fase de Lua Cheia” do plenilúnio à fase seguinte, quando de fato já está na míngua.
Para a magia, Lua Cheia não é uma fase, é um estado que dura 24 horas e pronto! Fases há duas, crescente e decrescente... Vai começar a decrescente, bom momento para limpar o que se precisa!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

água doce!

Atravesso período de problemas técnicos ligados a todos os aspectos do computador. Mas serão resolvidos. Por ora saí daquela companhia que também rege a maioria das tevês a cabo. Sempre bom lembrar que em inglês e ao pé da letra, “net” é rede, aquela de pegar peixe mesmo. Bem, essa peixinha aqui foi nadar noutras águas.
E como falei outro dia de água do mar hoje preciso falar de água doce. Não terá muito a ver com floral e menos com acupuntura (digo “menos” porque a base do floral afinal é água doce) mas tem a ver indiretamente com fitoterapia, e a ver ou não lá vou eu.
Sempre que abro o jornal e leio (a freqüência se tornou eleitoreira nas últimas semanas) que o presidente pretende ou promete N casas populares, até sem ler o que já li: que têm esbarrado no problema de água e esgoto, penso que esse senhor e assessores vão deixando passar uma excelente oportunidade de mostrar inteligência. Imagina que propaganda seria, melhor que todas as candidatas-indicadas do mundo, saber que estão construindo moradias populares inteligentes, com água usada indo para a descarga, com captação de água de chuva na caixa d´água (e na caixa, tela contra os mosquitos, claro). E acompanhamento, que nunca existe, para, por exemplo, cuidar bem da tela e ter onde trocá-la se rasgar, para reaproveitar água de lavar vegetais na rega e por aí vai.
E isso, gostaria (gostaria?! Precisamos!) de ver não só em casas populares, como em todas as novas construções, sem falar na ajuda para converter as antigas!
Sem água não há vida. Salve as baleias, salve os peixes e salve a chuva que cai!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

iemanjá acha saco um saco!

Vamos dançar pra Iemanjá na praia, avisou uma amiga. Achei que seria bonito e levaria pelo menos um abraço rápido. Na hora marcada porém haviam esquecido de avisar o sol, que não abrandava. Nem sinal da amiga nem de danças. Plano B, dei as costas e desci pela Praia de Copacabana, misericordiosamente à sombra. Na esperança de no Leme achar algum vestígio da festa resultante do Presente de Iemanjá, que acontece como cantou Caymmi, quando o sol está queimando mas ninguém dá fé.
Caminhada agradável, pés dentro d´água, molhando a barra do vestido branco. Entre o Posto 6 e o início do Leme recolhi sete sacos de plástico com o recheio que ia catando. Quando via uma caçamba perto d´água ou um gari, entregava. O prefeito disse bobagem: coco verde não faz mal ao mar. O prefeito tem razão: o carioca é porco.
Um dos sete sacos era, que vergonha, distribuído pela Prefeitura exatamente para recolher lixo. Os outros sacos eram de mercados e lojas. Deviam ter servido para trazer oferendas e na hora H foram esquecidos. Palmas, rosas, valoroso gari, não fazem mal ao oceano. Plástico faz. E mais se for o famigerado saco; todo mundo já viu as fotos na internet.
Mar puxando e bandeira vermelha. Iemanjá também acha saco um saco. Não levei flores ao orixá, deixei isso para os seus filhos. Mas juntei aos pontos cantados a que ela fazia jus o meu Presente de Iemanjá.
Ainda que no caso não trouxe nada, tirei. Há casos em que menos é mais.
Odo Yá!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

sarando os magos

Apesar do belo nome, o Aurélio pelo menos não lista uso medicinal para a folha do saramago, crucífera do Velho Mundo não aclimatada aqui até onde sei. (O nome oficial é Raphanus raphabustrym -pois é- sempre segundo o Aurélio; lembro que nomes científicos às vezes há tantos quanto os populares.) E não me digam que o Aurélio não fala dessas coisas porque, justamente, fala bastante dessas e doutras, apoiado sempre em funda pesquisa. Deduzo então que o nome, derivado do nome árabe, não sugere uso mágico e medicinal, nem mesmo medicinal só para os magos.
Pena; em compensação o outro Saramago, o de óculos, está relançando Jangada de Pedra especialmente para ajudar o Haiti.
Boa hora para quem não tem um exemplar comprar, quem já tem, quando o relançamento chegar até nós, comprar para presentear.
Até porque faz uns anos já que Saramago exige papel todo reciclado para os seus livros, e clareado de forma não agressiva.
Que um dia não muito distante todos os livros se imprimam assim. Era isso.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

agulhas, máfia e exageros

Um livro que ainda não li mas de que já gostei é Tokyo Vice, de Jake Adelstein. O Globo publicou extensa matéria há algumas semanas, revelando inclusive que o que o autor ganha com direitos autorais vai todinho para pagar seguranças... Pois a Yakuza não gostou nada que se descrevesse a que ponto ela infiltra toda a economia japonesa.
Recomendo sem ter ainda lido.
E uma coisa que me chamou a atenção foi a relação das tatuagens com morte prematura. Pois é.
Não se trata de uma pequena tatuagen no ombro ou aonde melhor lhe aprouver. E sim daquela vistosa decoração corporal que visa enfeitar o corpo inteiro e que alguns "tatueiros" têm por referência. É verdade que os tais mafiosos nipônicos também bebem muito, junta uma coisa com a outra e morrem cedo, o fígado intoxicado.
Pois a agulha do tatuador mexe com glândulas sudoríparas e também, claro, pontos de acupuntura. Em si esse quesito já pode deixar você desconfiado se é boa idéia ficar perfurando uma determinada área do seu corpo com agulhas sem intenção terapêutica. Mas repetindo, área pequena uma vez na vida é uma coisa... Mexer com todos os meridianos (e as tais glândulas a que se refere Adelstein) é outra.
O raciocínio vale para orelha furada em muitos lugares. Há controvérsias se hiperestimula os pontos de refelexologia auricular ou se ao contrário os detona para todo o sempre. Assim ou assado, eu não faria. Já basta o tradicional furo do brinco que quase todas usamos detonar (ou hiperestimular) o ponto do Olho. Não precisa exagerar!

domingo, 17 de janeiro de 2010

guerreira

Se existe uma das mortes em Haiti que não devamos chorar muito é a de dona Zilda Arns, que morreu de pé, fazendo o que gostava, ajudando as pessoas. Todos teremos de ir um dia, e dona Zilda tinha adiado várias vezes a viagem à ilha, como se o seu Eu superior desejasse exatamente essa passagem para ela. Foi em plena posse das faculdades todas, ainda com sonhos e projetos. Que agora cabem à Fundação realizar. Está com seu irmão, outro batalhador, olhando pela família que claro, sente saudades. Que continuem olhando, lá de cima, pelo Brasil pelo qual tanto fizeram!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

em 2010...

Que ninguém escove os dentes com a torneira aberta. Na verdade nâo precisa molhar a escova.
Que todos aprendam a separar o lixo, inclusive o gari.
Que descubram como reciclar pilhas (e fabriquem menos objetos a pilha).
Que aqueles nossos correspondentes amantes da cópia aberta sejam iniciados aos mistérios da Cópia Oculta, aquelas letrinhas azuis no alto à direita que eles ainda não entenderam para quê serve.
Que por conseguinte possamos deixar de ver o nome em listas de 20, 30, 40 ou mais desconhecidos ("são todos amigões meus, não tenha cuidado").
Que você não receba um único correio falando de prótese peniana. Principalmente se você for mulher.
Nem de churrascaria se você for vegetariano.
Que as pessoas lembrem ou descubram todos os problemas que criação de bois traz ao planeta e comam menos carne, em especial a vermelha; que os animais sacrificados sejam abatidos de forma digna e rápida.
Que manter pássaro em gaiola ou poleiro se torne tão brega e cafona que ninguém mais queira manter.
Para começar está de bom tamanho, não é?
Ah! e que vocês todos possam vir ao lançamento, ainda esse ano, do livro cujo contrato acabei de assinar....